terça-feira, setembro 06, 2005

Shirley Pata Choca.


Oscar Araripe - Nasceu, em julho de 1941, na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Mudaram mais tarde para o bairro do Encatado, filho de médico e professora.Nos anos 60, a familia muda-se para Ipanema.Oscar entra para a Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, faz parte do CACO-Livre(diretório estudantil).. É bolsista nos Estados Unidos de 1966/1968. Os Estados Unidos, vivem o momento da guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis.Oscar se interessa por teatro e escreve um ensaio sobre o teatro americano contemporâneo. Faz uma viagem à França.Volta ao Brasil e faz tradução para a Editora Vozes, sobre teatro.Em Ouro Preto, adapta e encena com Maria Fernanda e Othon Bastos, o "Romanceiro da Inconfidência", de Cecilia Meireles, mãe da atriz da peça.A censura o persegue.Milita na Ação Popular(AP).Escreve uma sátira para teatro em três atos, mas foi perdida em um taxi, na cidade de Roma.Organiza passeata em Roma contra o AI-5. Volta ao Brasil em 1969. Passa a ser colunista do jornal Correio da Manhã. Exerce o papel de critico de teatro, repórter, editorialista cultural e redator. Trabalhou ainda na Última Hora e Jornal do Brasil. Edita com Augusto Rodrigues, o jornal Arte-Educação. Editou livros pela Artenova e pela Rocco.Em 1982, com prefácio do escritor e dono da editora Marco Zero, Márcio Souza, publica:"Marta, Júpiter e Eu".Foi fundador da Sociedade Internacional da Educação Através da Arte, INSEA. O artista mantém uma página na internet. Sua trajetória é extensa e muito rica. Posted by Picasa

Ontem eu tive aula extra, dada por meu neto.Não estava programada esta aula, mas como um bom aluno, aceitei de bom grado.O curso foi rápido, o mais interessante, foi demonstrar as habilidades com mão sobre qualquer superfície. Adora um som. Ele ficou grande parte da tarde, tomando conta do avô.Marilene, ficou por muitas horas, fazendo o exame de cintilografia.Quando veio para casa, não pode segurar o neto e nem beijar, devido ao corpo ainda, estar sob os efeitos da radiação.Deixei este texto, ou melhor, parte dele, que escrevo com o intuito de amadurecer um projeto de livro.Nada é definitivo, pode ser tudo alterado. Estico o varal e deixo exposto.


Tocou o telefone e ao mesmo tempo a campaínha da porta. Naquele domingo de sol, Shirley Pata Choca, acabava de acordar, ainda sonolenta, levantou, abriu a janela O relógio marcava onze horas e trinta e dois minutos. Pensou e escolheu para vestir o biquíni de bolinha amarelinha, para uma caminhada na orla da Lagoa da Capivara. Tinha combinado na véspera de encontrar com Zizi, a galinha cantora. Estava atrasada para o encontro, cerca de vinte minutos. Correu para atender, apenas com um pé da sandália, na dúvida, preferiu atender ao telefone sem antes dar uma caprichada, no rebolado. Grasnou bem alto, para alguém abrir a porta. Hoje acordei mais feliz que pinto no lixo.Hoje é o encontro com o meu amor. Macacos me mordam! Não acredito que ninguém esteja ouvindo, alguém tocar a campainha. Quem tocava insistia, o barulho incomodava. Grita mais alto para o sobrinho.Que entretido, nos joguinhos eletrônicos, não prestava atenção em nada, além do que fazia. A buzina na rua me deixou irritada, aquela vaca não pára de buzinar. Olhou da janela, reclamando. Ajeita o lenço na cabeça, pensando ser o Claudionor, o seu eterno amor. Não, não era! Era o filho da vizinha, que veio jogar botão com o sobrinho.
Gostava de adivinhar quem telefonava, a maioria das vezes, acertava. Alô! Alô! Alô!responde. Não estou ouvindo.. Abaixa esta televisão!!! Grasnava bem alto para o sobrinho menor, que junto com o filho da vizinha, assistiam ao Pato Pateta na tevê. Quem fala? É o Pato Rouco? Patoooo, é você? Já cansei de reclamar para a TeleOnda, nada de consertarem. Ai, Jesus! Vai ver que foi aquela Patola, quem esbarrou no fio, ao fazer limpeza nesta casa, que mais parece um chiqueiro.. Tô cansada de reclamar e orientar que não deve mexer nos fios.Teimosa e desatenta como é, esbarrou neste fio. Ainda mais, que ouvi dizer, por uma irmã de uma vizinha, que ultimamente estava curtindo o maior barato, pois, estava ficando com aquele velho Camundongo, ator de peça infantil e não prestava mais atenção em nada.
Fala. Fala, pode grasnar a vontade, seu Pato de uma figa! Quem éééé?´Vou desligar! Ameaçou Pata Choca! Um momento, espere, por favor, pigarreou. Sou eu amiga...Pata. Pata Choca, ouve do outro lado, o que parecia ser um zunido. Eu quem? Já sei, já sei, gorgolejando assim, fazendo gluglu, só pode ser a perua da Onézia. Sou eu sim, querida. Não tava podendo falar, pois Chico Peru, estava duro que nem pau, aqui ao meu lado, não saia de perto. Anda desconfiando de mim, vê se pode? Não posso pegar o telefone, que ele fica atrás, parado, todo duro, nem se move, não quer perder um lance do que falo com minhas amigas. Pior amiga, com aquele bafo de onça insuportável.Mas tenho de aturar.Afinal, foi com ele que casei, de véu e grinalda. E tem mais, adora ficar dando palpites em minhas conversas. Outro dia, imagine, não parou de grulhar. Eu calada, tive de engolir sapos, estou acostumada, mesmo que alguns pensem que é uma arte.

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