quarta-feira, dezembro 28, 2005

Passageiros

Emygdio de Barros : Considerado por Ferreira Gular como um dos gênios da pintura brasileira. Emygdio é um artista fruto do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira, no Centro Psiquiátrico Pedro II, do Museu do Inconsciente, no bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. O artista nasceu em 1895, natural do Rio de Janeiro, fez curso técnico e ingresou no Arsenal da Marinha. Por destaque em seu trabalho foi designado para fazer um curso de aperfeiçoamento na França. Após a sua volta em 1924, observa-se alterações de seu comportamento, deixou de freqüentar o emprego e passou a perambular pelas ruas sem destino. Ficou internado por mais de três décadas. O trabalho do artista circula por diversas exposições. Morreu em um asilo geriátrico em 1985. (Fonte de Consulta: extraídos dados biográficos do Museu do Inconsciente)
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Olá! Meus Amigos Leitores, antes de encerrar o ano de 2005, remexendo o baú esquecido em um dos corredores da Quitanda, resolvi deixar pendurado no varal este "achado". Foi um momento em que pude lidar com o retrovisor para: olhar, pensar e repensar a minha trajetória. Sempre faço um retrospecto, uma auto-crítica neste período, que por coincidência combina com o meu aniversário realizado recentemente e o final de ano. Daqui, não vai surgir nenhuma análise, reflexão ou balanço das atividades deste quitandeiro. Resolvi também, não fechar para balanço, deixo a porta aberta, para entrada e saída de visitantes e amigos que passam por este espaço.
A encantadora presença de Ramom e outras situações em que estive envolvido, limitaram e reduziram a minha presença, como sempre faço em visita aos blogs de amigos, vizinhos e simpatizantes.Espero em um breve período, me organizar, para então retomar a minha condição de leitor destes maravilhosos blogueiros e seus escritos. Peço desculpas para os que, ainda, não consegui arrolar os seus respectivos blogs na lista de links.Mais desculpas, ainda peço para os que, não pude responder os comentários.A minha resposta de imediato, é muito obrigado pela presença e a participação de vocês neste espaço. Espero que curtam muito, muito os festejos de final de ano.

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Ao passar por ela
Recebi um olhar
E um lindo sorriso.

Presentes Cruzados
Silenciosos
Enigmáticos
Que interromperam
O meu silêncio.

Caminho ligeiro
Seguindo o caminho
Do vento.
Meu destino

Nada no bolso e no coração.

Meu olhar sob encanto acompanha
O movimento, o balançar
Do corpo moreno
De cabelos ondulados
Levando meus sonhos
Instantâneos

Somos

Passageiros ligeiros
Passos Apressados
Despedem do olhar
E dos corpos

Você em uma direção
Eu em outra.
Seguimos no anonimato
Para um encontro marcado
Nas paralelas
Passarelas
Da vida.






segunda-feira, dezembro 26, 2005

Desejo, Um Feliz Final de Ano

Alice Vinagre: Artista Plástica, nascida em João Pessoa, em 8 de setembro de 1950.Graduada em pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, em 1984. Há uma interessante página de sua autoria na internet.Sem dúvida, um dos melhores caminhos para se chegar a conhecer o universo singular desta artista paraibana.Não conhecia a sua produção, mas encontrei com esta pintura que me despertou de imediato uma curiosidade.
Artista premiada em nosso país e no exterior, com intensa atividade, participando de exposições coletivas e individual.Sua obra faz parte de acervos importantes de fundações e museus.Indicações na internet, localizam também exposição no Bandepe e referências como moradora em Recife.
(Fonte de Consulta: Itaú Cultural, site da autora,Cyberartes)
Para ver e admirar Alice
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Olá! Meus Amigos Blogueiros e Leitores, registro hoje, neste espaço os meus agradecimentos, pela forma carinhosa com que se manifestaram por ocasião de meu aniversário, pela felicitação de Boas Festas, deixadas no espaço dedicado aos comentários na Quitanda, pela homenagem prestada em seus blogs, pelas imagens de doces que ornamentaram de algum modo, um momento muito especial para mim.Desejo para todos, um feliz final de ano.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Mergulhos

Antonio Henrique Abreu Amaral: Pintor/Gravador/Desenhista - Nasceu em São Paulo, em 1935. Talentoso artista que vive e trabalha em São Paulo. Irmão da historiadora e critica de arte Aracy Amaral, da cineasta Suzana Amaral e da autora de teatro de animação, dramaturga e diretora Ana Maria Amaral.Participa de exposições no Brasil e no exterior.Produziu livros, como o álbum editado sobre Xilogravura. Ganhador de diversos prêmios.(Fonte: Itaú Cultural, Pintura Brasileira.Com, Isto É Online) Seu trabalho artistico, é iniciado em 1952, na Escola do Museu de Arte Moderna de São Paulo.Em 1956, estuda gravura com Livio Abramo. Trabalhou como assistente de Alfredo Bonino, em sua galeria no Rio de Janeiro.Conheceu pintores e poetas, como Pablo Neruda. Foi aluno no MAM/SP, do artista plástico Roberto Sabonnet.Considerado um autor que imprime uma temática realista e social, fazendo uso de cores intensas. Paricipou recentemente da exposição Cow Parade, o maior evento de arte pública do mundo.Nesta exposição de ruminantes espalhados em diversos pontos da capital paulista, totalizaram 150, feitos em fibra de vidro em tamanho natural.
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Olá! Meus Caros Amigos Blogueiros e Leitores, deixo no varal da Quitanda este texto. Ontem ao visitar o Blog Avenida Copacabana, me deparei com a nota de falecimento do blogueiro Guilherme e com a bela e justa homenagem ao amigo, prestado pelo amigo Jôka. Não cheguei a ter contato com Guilherme, no entanto, vez por outra, dava uma navegada em seu blog em silêncio, lia, apreciava e voltava um outro dia qualquer, era o meu compromisso de retornar como tenho feito em vários blogs que visito e que aprecio. Sou solidário a todos os amigos e aos comentários feitos ontem no Avenida.
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Mergulhei no vasto mundo
nada encontrei.
Achava
Imaginem, encontrar
com a alegria.
com a felicidade
de ficar sempre
em sua companhia.

Voltei a dar mergulhos
nadei
mergulhei
respirei.
Descobri em um canto
pelas vias do
coração
além da ilusão
a solidão
solidificada
a tristeza
dissimulada
em um sorriso
escondido.

Submerso
Escrevi meu
Verso
que no reverso
lembrei que
não sei dizer
e escrever
o seu nome.

Havia, lembro
depois de vários
mergulhos
Um retrato
desbotado
bem no fundo
lá no fundo
do meu vasto
mundo.


segunda-feira, dezembro 19, 2005

A Lua

Andréa Fachini : Artista nascida na cidade de Cataguases, em Minas Gerais, no ano de 1955. Graduada em Comunicação Visual, pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1979. Graduada pela Universidade Salgado de Oliveira, em Educação Artística. Foi aluna da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Seu trabalho tem sido mostrado em diversas cidades, como: Niterói, em exposição no Museu do Ingá.Esta imagem foi retirada da exposição virtual da interessante página Niterói Artes. Andréa, mantém esta página na internet Sua obra aponta para uma constante afirmação como uma grande artista em nosso panorama das artes plásticas.É referência na Galeria Virtual Rio Arte Cultura, em destaque como uma artista muito sensível e com uma arte encantadora em seu universo de cores e flores.
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Olá! Hoje, aqui no Rio de Janeiro, o sistema de banda larga feito pelo Velox, ficou fora do ar por grande parte do dia. Apenas agora, que eu pude colocar o texto escrito no varal para apreciação dos meus amigos leitores e blogueiros. Vez por outra, ficamos sem conexão, o que é muito lamentável. Não informam a previsão de retôrno, deixam o serviço de atendimento sempre ocupado com uma gravação para ligar mais tarde.Cortam abruptamente a comunicação e o consumidor que se dane.
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A Lua Nova passeava
Em meu quarto
Iluminando sonhos lunáticos
surgidos nas redes de nós
improvisados
costurados
arquitetados e
projetados
na minha vida.

Lua Minguante
Silenciosa, distante
Sua presença é
Testemunha dos meus amores
de minhas dores
dos
dissabores
das risadas desatadas
da alegria
que permanece
anestesiando
meu interior.

Meu espelho!

Minha fala silenciosa
emudece meus
pensamentos, com
a permanente
a vontade de
ficar
Só.

Distantes das recordações
Acordo seguindo rastros
Com a claridade de meu passado.
Iluminando o meu futuro sombrio.

Procuro o sono
Perdido nos intervalos
das noites lúgrubes e
nos momentos marcados
pelos desencontros.

Sua imagem desenhada
em meu coração
Antagoniza
Agoniza
Nas profundezas
E incertezas
De meu navegante ser.

"Blue moon, you saw me standing alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own"
Escuto. Ouço a canção.
Olho pro céu.

Lua Nua flutua na janela
Passarela das aventuras
noturnas de
meus olhos cansados
e colados pelo
último sorriso
estampado.

Faz dela, as
rotas de
minha sobrevivência.
Preciso! e muito
continuar vivo.













sexta-feira, dezembro 16, 2005

A Mudança

Hilton Berredo: Um dos integrantes da exposição "Como vai você, Geração 80?". Pintor e Arquiteto. Nasceu no Rio de Janeiro, segundo a Revista Museu, vive e trabalha em sua cidade. A pintura que apresento para vocês, estava integrada ao módulo de eventos promovido pelo MAC/USP. O artista participa de várias mostras individuais em nosso país e no exterior. A RIOARTE, órgão vinculado à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em sua coleção- Corredor Cultural, publicou nos anos 90, o livro A Cor: Pesquisa e Texto:Hilton Berredo. Uma interessante pesquisa sobre as fachadas coloridas das casas antigas na paisagem carioca. No site da ABI, há referência ao artista plástico, em foto com a sua esposa Giselda Fernandes, que é bailarina, mostrando a união das artes.

Olá! Estou colocando no mural da Quitanda, o texto que finalizei durante a semana, espero que gostem. Desejo um ótimo final de semana para vocês. Estou procurando acertar o blog.

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Havia algum tempo que estava desempregado.Levantava cedo, arrumava o quarto e cuidava com muito zelo da penteadeira que trouxe de sua antiga casa, em uma vila, na Tijuca. Nascera naquele bairro da zona norte, mas tinha o bairro de Copacabana, como a sua grande opção para morar e trabalhar. Alimentava este sonho da familia, é verdade, não era só dele. Alfredo seu pai, não pode realizar. Ele, um dos idealizadores da mudança de bairro, morreu infartado, no dia de finados. Depois do enterro, Jorge, prometeu para si e para Olga, que cumpriria o sonho de seu pai. Alfredo, um alegre sapateiro, que adorava contar piadas, jogar carteado, jogar no bicho, que insistia em jogar no burro e no carneiro; tinha sempre um palpite, cercar pelos lados, pelas dezenas, centenas e grupos. Consultava horóscopos e dos sonhos, sua interpretação, que espalhava ser infalível. Mais tarde saía à rua para ver o resultado colado no poste. Vez por outra, arrumava uns trocados com o resultado e ficava radiante, com a sorte.Passava no bar do Almeida, para uma cervejinha gelada.Encontrava com amigos para uma roda de bate-papos. Ao sair do bar, levava para casa uma garrafa de Grapette, refrigerante que Jorge, adorava.Olga preferia tomar mate.
Alfredo, tinha sempre uma nova piada para contar para os amigos, mas em assuntos de politica, assim, como o futebol, era muito passional. Manifestava sua torcida por uma escola de samba, cujo símbolo, é uma ave de rapina de hábitos diurnos; no entanto, ficava na dele, apreciava calado o resultado pela televisão das campeãs do carnaval. Gostava mais não vibrava, tanto, quanto os gols do Vasco feito no Flamengo. Lia às segundas, a coluna de Otelo Caçador. Alfredo, era um cinéfilo. Sempre que podia, optava por uma sessão noturna, após o jantar. Assistia, de preferência aos filmes no cinema Madri, ou, no Comodoro, situado em uma galeria da rua Haddock Lobo. Nos finais de semana, pegava o ônibus, geralmente, uma linha, em que o ponto final ficava na Usina.Escolhia um cinema na Praça Saenz Peña, depois, um café no Palheta. Papai, andava queixando-se de umas dores, de cansaço e que pretendia pela milésima vez, fazer um regime, não deu mais tempo.
Jorge, sempre recorda as nuanças da beleza de sua mãe, diante da penteadeira com banqueta em madeira maciça, dos reflexos daquela imagem, que por muito tempo, ficava em silêncio admirando. Sua beleza acompanhava o tempo. Até o momento em que Olga, sua mãe, o convidava para entrar. Jorge, meu filho, pode entrar, não precisa ficar aí parado. Com um largo sorriso, ia de encontro da mãe, com beijos e abraços.Naquele quarto vivia momentos de encantamento.Sentava na ponta da cama, com os olhos respondia a conversa com a mãe.Pedia para pentear os seus cabelos, ela aceitava, com um sorriso e com elogios a sua habilidade com escovas e pentes.
Olga pela manhã preparou o café como de costume, deixou tudo arrumado, em ordem, como Jorge, gostava de encontrar a mesa, ao entrar na cozinha.Olga deixara um bilhete pregado à porta da geladeira.Vou à casa de tia Marli e volto na parte da noite. Beijos.
Jorge levantou da cama, foi direto para a penteadeira da mãe; sentou na banqueta, olhou para o espelho. Abriu a primeira gaveta, encontrou batons de diversas tonalidades, os pós recém comprados que passava no rosto, imitando a mãe, colocou os brincos que estavam escondidos em seu armário.Retirou de uma bolsa, produtos de maquiagem.O rosto maquilado, vestiu a blusa azul que retirou do guarda-roupa de sua mãe., pegou o vestido que deu de presente de aniversário para a mãe. Olhou mais uma vez para o espelho, sentiu-se lindo.
Achou que era o momento de ler os classificados do jornal e deu de cara com um anúncio de vaga em salão de cabeleireiros, no bairro de Copacabana. Telefonou, marcou uma entrevista, no dia seguinte, inciou o seu trabalho, como ajudante.O primeiro corte, na primeira cliente, seu sorriso diante do espelho.Estava perfeito, os elogios começaram aparecer.Jorge diante do espelho, refletia ares de mudança de vida e de algo que estava escondido.
No dia seguinte, comprou jornal para ler os classificados, na sessão de imóveis.Percorreu os olhos e achou um apartamento, colocado à venda, na rua Francisco Sá, próximo à praia. Telefonou para Olga, marcaram de encontrar na imobiliária; acabaram de comprar o apartamento.Na hora da mudança, redobrou as recomendações para o pessoal da transportadora, alertando para o cuidado com a penteadeira. Diante da penteadeira, Jorge sorriu, pegou o sonho que um dia também foi de seu Alfredo, o estojo de maquiagem, começou a se transformar.Olga sua mãe, sorridente, começou a pentear os cabelos de seu filho. Achou que estava muito lindo.O telefone toca, era Silvio, convidando Jorge para jantar. Mãe, pega por favor, aquele vestido que comprei para sair hoje à noite.



quarta-feira, dezembro 14, 2005

Fantasmas

Luiz Zerbini: Nasceu em São Paulo, em 1959. Pintor, Escultor e Artista Multimídia. Formado pela FAAP, em artes plásticas. Participante de diversas amostras individuais e coletiva. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1982. Fonte: Galeria Fortes Vilaça/SP, Enciclopédia de Artes Visuais. Participou da exposição "Onde está você, geração 80?" A pintura do autor exposta neste espaço, foi matéria de um artigo da Revista Isto É, em 2002. Interessante exposição que passa pela temática do amor, dos sonhos, fantasias e erotismo, que são representadas no universo do artista.Este trabalho na ocasião foi indicado para ser visto, para não perder a oportunidade de conhecer um dos grandes pintores que faz parte do panorama das artes em nosso país.



Bom dia! Estou colocando este texto no mural da Quitanda. Peço desculpas aos amigos blogueiros, estou inserindo aos poucos os links de seus blogs.
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Naquela manhã ensolarada, Geraldo, aproveitou para matar o tempo, resolveu remexer em um velho álbum de fotografias.Primeiro chamou por Maria, ela não respondeu. Sinal que tinha saído, pois, não respondera ao seu chamado.Não havia mais necessidade de gritar por seu nome. Neste horário, lembrou Geraldo, ao olhar para os ponteiros do relógio da parede de seu quarto; que a sua companheira Maria, iria assistir à missa rezada por Monsenhor Abilio, da Igreja Nossa Senhora de Copacabana.
Na volta para casa, Maria passava nas barracas de seus conhecidos da feira, para comprar o de costume.Encontrava sempre uma amiga ou conhecida na barraca de venda de pastéis e caldo de cana, era o começo de conversas.Nestas ocasiões circulavam informações: de quem havia falecido, o encontro para o chá e a excursão, o remédio indicado pelo cardiologista, da caminhada no calçadão, da promoção do supermecado e dos cuidados redobrados com a pivetada em volta da praça.
Geraldo ficou mais tranqüilo, estava só. O filho telefonara na véspera, para informar que viajaria para Petrópolis, voltaria à noite.Geraldo, escolhera o álbum de capa marrom, sentou-se em uma cadeira de balanço, em frente ao espelho. Sabia em silêncio, que em cada foto, uma história, um momento, um passado, que estava ali, emoldurado diante de seus olhos.Nas primeiras fotos, deixou escapar um sorriso, um largo sorriso, que registrava o contentamento de voltar os olhos para o passado.Um encontro com recordações encobertas e escondidas pelo tempo.Lembrou do amigo da foto, mas esqueceu o nome.Sérgio, acho que era Sérgio, não, não era Sérgio, ele era um pouco mais alto e nunca deixava de usar óculos.Lembrou de Felipe, sim, era ele, o mais erudito do grupo.Gostava de citar frases em inglês e francês, segundo, comentava-se na época; estava aprendendo alemão em curso no centro da cidade.
De repente, ficou paralizado diante de uma foto estampada com um sorriso angelical, de olhos castanhos brilhantes.Ficou estático, mas com uma resposta para aquele sorriso, respondeu com um outro sorriso.Com um rápido olhar, desviou para o espelho, ali, estava a sua face refletida, envelhecida, tingida pelo tempo com as cores brancas de seus cabelos.Não hesitou, era Sandra, a dona daquele sorriso da foto.E agora do seu silêncio.Falou baixinho, por onde andará aquela grande paixão? A última noticia de Sandra, fazem mais de dez anos, de lá pra cá, nada além do silêncio.Sandra havia casado com um antigo namorado e viajado para o exterior.Nunca houve uma confirmação, disseram depois, que tinha retornado para o Brasil, com dois filhos e separada do marido.
Maria chega da missa, carregando duas sacolas da feira.Abro à porta, ajudo a colocar as compras na geladeira. O telefone insiste em tocar, atendo. Do outro lado da linha, uma voz inconfundível; - Geraldo, Geraldo meu querido custei muito para achar o seu telefone, encontrei com César e pedi o número para ele. Como você está? Sei que você está casado com Maria. mas quero me encontrar com você. - Precisamos conversar, quero rever você.Vamos marcar na próxima semana?. - Geraldo, você está me ouvindo?Não respondi, fiquei mudo, surpreso.Desliguei rápido. Aproveitei e coloquei o álbum no lugar, bem escondido.
Da cozinha, Maria grita perguntando, com quem eu falava. Disse qualquer coisa inaudível. Maria é engano, acho que era um fantasma.- Fantasmas, não falam ao telefone, respondeu Maria. Pois é, eu também acho, era um trote, nada mais...ou seria um fantasma, esta certeza, eu tinha.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Lugar do Sonho

Cátia Garcia: "Rastro das Cores" - Artista plástica, natural de São Paulo, no ano de 1962. Há na internet uma página sobre esta artista e poeta. Fonte de consulta (Arteplástica.com). Seu ateliê foi criado em Alphaville, São Paulo.Seu marido também, é artista plástico. Participa em diversas exposições na cidade de São Paulo. Uma artista de destaque no panorama das artes em seu estado. Filha de estilista e artesã da moda. Dados extraídos do site da autora e artenarede.








Olá! Meus Caros Amigos Blogueiros, hoje ao inserir dados no blog, cometi um equívoco natural de quem ignora os procedimentos de rotina em informática. Mirei em que vi e acertei o que não vi, daí, gerou erros em meu blog. Peço desculpas nas referências aos links, estou tentando rearrumar. tentando recuperar os endereços das páginas que estavam elencadas nesta Quitanda. Aproveitei e mudei de template, como me agrada a cor azul, optei por este. Sinto muito ter perdido os diversos comentários feitos em suas visitas, zerou tudo. É um recomeçar e pra mim, um aprendizado. Prometo em breve, voltar a visitar os meus queridos amigos blogueiros, até o momento, tenho feito de forma precária. Desejo para vocês um ótimo inicio de semana. Coloco no varal, um texto preparado no final de domingo, depois, que o meu querido neto voltou para casa com os pais.
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Não, não me lembro em que lugar
deixei meus sonhos.
Que
Desapareceram sem deixar
vestigios.
Eles
Escaparam durante à noite
pela janela dos meus olhos.
Deseperado
Deixei um aviso estampado
em meu coração.
Procuro Sonhos perdidos
Envoltos por
Ilusões passageiras e
Imagens reais
Necessito com urgência
De um encontro com o
Amor
Sem dor
Recompesa-se
Quem o achar.
Com um abraço apertado
Um sorriso de felicidade
e a minha mais alta
estima e consideração.





terça-feira, dezembro 06, 2005

Beth T

Calasans Neto : Artista baiano, nascido em Salvador, no ano de 1932. Envolvido com a temática de sua terra. Iniciou pintura com Genaro de Carvalho, depois, estudou com Mário Cravo, na Escola Nacional de Belas Artes da Bahia. Calasans se destaca entre as suas diversas expressões, o trabalho em madeira.
Considerado nos anos 50, como agitador cultural, fundando com Glauber Rocha e outros artistas a Jogralesca, um grupo de leitura de poesias de forma teatralizada, posteriormente, criou a revista de arte Mapa, um espaço para circular as suas idéias, a respeito de literatura e arte. Criou mais tarde uma editora com tiragem limitada de nome Macunaíma, produzindo livros de arte/ilustrados. Foi capista de alguns dos livros de Jorge Amado, como Tereza Batista cansada de guerra e Tieta do Agreste. Nos anos 80, Calasans retornou a pintura, expressando as cores do universo baiano. Importante pintor regional e com exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior. Fonte de consulta: artigo de Cassandra de Castro Assis Gonçalves - Fapesp/ MAC/USP

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Olá! Peço desculpas, aos amigos blogueiros por não ter ainda, condições de fazer a minha visita habitual aos seus blogs. Quando arrumo uma brecha, faço de maneira prazerosa esta visita. Tenho feito poucas, é verdade, mas espero o mais breve possível me organizar para que eu possa retomar estes contatos. Aqui isento o meu neto, ele não participou deste momento, a confusão e a limitação de tempo, cabe exclusivamente a este amigo quitandeiro. Desejo para vocês uma ótima terça-feira. Deixo em exposição no mural da Quitanda um texto, que é parte de um mais amplo que tenho desenvolvido. Um grande abraço.

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Beth T, era assim que alguns a conheciam, isto quer dizer, os rapazes de sua turma da escola e da rua. Vencedora da última eleição promovida pelos freqüentadores dos bancos da Praça Afonso Pena, na Tijuca, bairro em que morou por muitos anos, na fase de sua alegre adolescência, nos anos 60. Realmente era de fechar o comércio, diferente, de hoje, em que os traficantes, exigem do comércio do bairro, que feche as portas por motivos variados. Importante, que se cumpra ordens, transmitidas por seus moleques de recado. Atemorizam moradores e comerciantes. Inquietam o bairro e a cidade.
Mas Beth, não só parava o trânsito, como o comércio. Sua caminhada pelas ruas do bairro, era testemunhado por diversos olhares, de um ligeiro frenesi e outros tantos mexericos, por parte das garotas. Era a presença da Deusa morena, de cabelos pretos e olhos de jaboticaba; de silhueta perfeita, muito distante da ditadura da beleza que se impõe para consumo nos dias atuais. Beth era linda da cabeça aos pés. Andar elegante, de mini-saia. A imagem da mulher romântica, sonhadora.Musa de poetas que vagavam pela ruas da Tijuca.Cantada em prosa e verso.
Beth foi estudante de uma escola pública do mesmo bairro em que morava. Vestida de azul e branco, seu uniforme, a transformava em uma mulher encantadora, charmosa. De encantos mil. Disputava e ganhava quase sempre por unanimidade, os concursos de beleza feminina da escola, aliás, havia um voto em contrário e sempre, o de João Chuchu, que se considerava a vencedora.Sentia-se injustiçado pelo júri. Por diversas vezes, dizia que seria a última vez, que disputaria uma eleição, estava convecido, de que era marmelada.João Chuchu, vestido com uma calça boca-de-sino; não resistia ficar distante das passarelas e no ano seguinte, estava ali, junto, participando do desfile.Sob os aplausos e delirios da platéia.Por uma questão de ordem, era eliminado ao dar os seus primeiros passos na passarela.
Beth T, mudou de vida, mudou de bairro e mudou um pouco a sua beleza, ficara mais bonita, mesmo envelhecendo.Usava naquele dia, óculos escuros. Carregava na mão, um livro de Fernando Sabino, à distância, parecia ser No Fim dá Certo. Beth, combinava cultura e beleza.Cuidava da alimentação e do corpo.Beth, neste dia, caminhava só.Morava só.No final de Copacabana, em um pequeno apartamento de sala e quarto.Via sempre de sua janela, o príncipe Roberto de Cleto, do programa infantil Vesperal Trol ou Teatrinho Trol e, que fazia par com Norma Blum, ou com outras princesas como: Neide Aparecida, Íris Bruzzi e da inesquecível bruxa, na interpretação de Zilka Salaberry, que via passar em Copacabana, assim como: Fábio Sabag, que via sempre caminhando pela orla.
Beth tinha um cachorro vira-latas, de nome Kim, que ganhou de uma vizinha idosa que morava no final do corredor. Kim, morreu de velhice.Neste dia, morreu um pouco de Beth, junto com o cachorro que foi sua companhia por 17 anos. Amizade com aquele cachorro, fôra interrompida.Com uma lágrima escorrendo em seus olhos, lembrava das brincadeiras e os latidos de Kim, dos móveis roídos pelos seus dentes afiados, dos panos estraçalhados, que tomava conta.De sua companhia para ir à rua passear, dos confrontos evitados com outros cachorros.Ela jurava que via o Kim, sorrindo quando ela chegava em casa.
Em uma noite de muito calor, deu uma passada na Sorveteria Lopes, pediu um copinho de sorvete, com sabor de pistache, dali, entrou na livraria Entrelivros, comprou jornal e um livro em promoção. Cumprimentou um amigo que saia de um pé-sujo, consultou o resultado do jogo do bicho. Deu águia na cabeça - Continua

domingo, dezembro 04, 2005

EU ACUSO

Meus amigos, o garoto que está preso pelos meus braços, é a pessoinha responsável pela minha ausência durantes estes dias no blog. Daí o meu sumiço. Assim que chega, ele anuncia sua presença ao chamar por vô, antes de tocar à campaínha Para mim, como já tive oportunidade de declarar, é o momento de instalação do estado de alegria. Eu fico tão contente que nem pinto no lixo. Ramom muito engraçado, exala brincadeira por todo momento em que está conosco. Mas não é só brincadeira, reconheço que tem um momento de seriedade, e é quando aplica as famosas lições de digitação aleatória e com a palma da mão aberta mirando qualquer tecla. O dedinho também é um elemento importante nas aulas, serve para apontar as coisas que nem sempre é possível de ser atingida ou permitida. Se ele imagina que me ensina, eu também ensino, pois oriento que há interdição para determinados alvos apontados. Começa a entender o Não! a negativa necessária para a convivência.
Ramom, penso às vezes, que caiu do céu, e parece com um anjinho e as travessuras que faz, é própria de sua natureza angelical. Se alguém me perguntar se gosto de falar sobre o meu neto, eu confirmo, não só escrever, narrar as peripécias, bem como conviver com este pinguinho de gente. Sua presença altera o nosso cotidiano, chego a me transformar ou pelo menos liberar aquele lado "criança" que nós possuimos e o deixamos soterrados dentro da gente, encombrindo com altas doses de seriedade e outros papéis que nós adultos desempenhamos, na familia e na sociedade. O reinado de Ramom, é absoluto, em sua homenagem, vou para à cozinha fazer vitaminas. Na hora do banho, também, divido com Marilene, eu dou o suporte, apanho tudo que tem direito: toalha, sabonete, banheira, xampu e o levo para ser enxugado.
Gosto muito de observar sua evolução/desenvolvimento/linguagem; aprecio quando pega uma pequena cadeira e conduz pelos espaços da casa. Da amizade que criou com um macaco, que ele chama de "caco". Marilene comprou para ele na sexta, um ursinho de pelúcia, transformou-o em um novo amigo. A presença infantil de meu neto, ao meu redor me proporciona uma desorganização, um sensação de quebrar as amarras da rotina. Brinco e me divirto muito, meu esqueleto, por ora, reclama, mas é suportável, ficar no chão e acompanhar as brincadeiras. Dar um abraço bem apertado ou como diz minha querida amiga e avó Mércia, de encostar costelas, curto de montão, quando assim faço. Como não temos o ônus de castigar, pois, cabem aos pais, ficamos livres e damos liberdade. Liberdade é o que eu sinto ao sair de mãos dadas pela rua com o neto, com aqueles passinhos claudicantes. De correr atrás dos pombos no calçadão, tudo isso, enfaixado por sorrisos, gritinhos e um falar para os outros, que só ele entende. Muito engraçado quando dispara a falar. Ontem mesmo, tocou campaínha, eu falei: vamos ver quem é? como a pessoa errou de apartamento, logo não apareceu, ele danou a falar umas frases para o imaginado visitante. Ri muito e o incentivei a supostamente imaginei ter ficado na maior bronca por não ter aparecido nenhuma pessoa. Ramom gosta de visitar os avós paternos. Por tudo que aconteceu a partir do mês de julho, tenho apenas a declar, que ele, apenas ele, é o responsável pela minha breve ausência; simplesmente, por achar o meu neto, um garoto maravilhoso.
Agradeço muito pela visita feita e os comentários feitos ao post anterior, dedicado ao artista plástico, blogueiro e querido vizinho Jôka P. O amigo Jôka é sucesso em qualquer ambiente que se faz presente. Um bom domingo, agora pela manhã vou dar uma caminhada.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

O Talentoso Jonas P, Um Artista do Rio

Jonas Eduardo Prochownik - Jôka P : Artista Carioca, morador de Copacabana, nascido sob o signo de Virgem, no ano de 1958. Um homem de grande sensibilidade e de enorme habilidade no manejo das cores.Este espaço sempre foi dedicado ao artista envolvido com as artes plásticas em nosso país.
Chegou o momento, de ficar em exposição neste primeiro dia de dezembro, um dos meus artistas preferidos.Como tenho vontade de querer dividir com os meus amigos, para que apreciem a arte de fazer arte deste artista, resolvi postar como abertura do mês de Dezembro, um dos seus trabalhos. Declaro, que ao escolher uma obra, das várias executadas por este talentoso artista, confesso, que foi uma tarefa muito dificil. Fiquei confuso, tal a diversidade de temas. Como sou ouvinte de rádio, optei por escolher este quadro aqui exposto.Fiquei inspirado em uma matéria na coluna "Galeria", no blog "no minimo", publicado pelo blog Avenida Copacabana , um espaço blogueiro bem badalado, com sacadas inteligentes,muito divertido e com uma paginação da melhor qualidade, tudo isto, com a assinatura do artista plástico Jôka P. O artista que ama Copacabana.
A mídia impressa, o destaca, como pode ser examinado, em matéria recente no jornal O Globo, na coluna do jornalista Gravatá, fazendo indicação de uma frase citada por Jôka e recomendando para ser visitado pelos leitores.Seu blog Avenida Copacabana, é pontuado com um bom índice de visitantes blogueiros, amigos e leitores . Há sempre o brilho do artista. Tenho acompanhado sempre em leitura, o blog; sou testemunha ocular do reconhecimento de sua qualidade artistica e intelectual. Encontro em vários comentários, sempre elogiosos, para os seus posts. Percebo as amizades surgidas durante este tempo, diga-se de passagem,que são muitas, assim, como os laços afetivos.
Após a leitura da matéria, fui fazer uma visita virtual na Galeria de Arte Prochownik , situada na Rua Visconde de Pirajá, 82, subsolo, em frente à Praça General Osório, no bairro de Ipanema. Neste espaço rola a exposição de diversos artistas.Achei muito interessante, é o caminho para você poder conhecer algumas das obras do nosso talentoso artista. Mais do artista, pode ser feito, com uma visita em seu blog. Na web, encontra diversas referências para esta galeria. Jôka, meu vizinho, está ali, ao lado, compartilhando a sua arte com outros grandes artistas, em um mesmo patamar. O edificio onde localiza esta galeria, têm uma posição de destaque no panorama da cultura, do bairro de Ipanema.Muitas coisas acontecem naquele local. Conheço o prédio, há uma pluralidade de atividades ligadas ao ambiente cultural, abriga galerias de arte, como a do meu querido vizinho, curso da Aliança Francesa, livraria, locadora. Nos anos 70, abrigou a badalada livraria Muro e no subsolo a livraria infantil Murinho. Lembro que fui em alguns lançamentos publicados pela editora Kairós, como: Arte em Revista e livros de Mário Pedrosa. Conheci o seu editor, José Castilho Marques Neto,também autor de um livro sobre Mario Pedrosa, publicado pela Fundação Perseu Abramo, posteriormente, veio a ser editor da Unesp.
Acho muito simpático este prédio. Jôka P, é um grande e talentoso artista que conheci pela internet, através de blogs. Aproveito para pedir licença ao querido autor, para colocar em exposição, uma de suas obras, desde já, meus sinceros agradecimentos. Parabéns, você merece...

terça-feira, novembro 29, 2005

Amor Fugaz

Clóvis Júnior : Ano de 2004, Embaixada Brasileira em Londres, ali, uma exposição do artista brasileiro, considerado por muitos como o poeta da tela. O tema de sua exposição "Pinturas Mágicas", encantou o povo londrino e os brasileiros presentes nesta exposição, na Galeira 22 da embaixada. O artista pertence ao grupo de pintores que se expressam através da pintura naïf. Montou exposição no Musée International d` Art Naïf. O artista paraibano, nasceu em Guarabira. Participou de diversas exposições em nosso país e no exterior. Fonte de consulta: Arte Naïf, BrazilianArtists.net








Olá! Aqui em Copacabana, tempo de sol e calor. Movimento de corpos e de ondas. Abro uma parte da Quitanda, onde estico o varal, para colocar em exposição, o texto que apresento aos meus caros leitores e amigos. Uma boa quarta-feira para vocês. Obrigado pela presença neste espaço.
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Desejos silenciosos
Percorreram o meu corpo.
Em linguas faladas
frenéticas
trocadas.
lambuzadas.

O movimento ardente
Do corpo em chamas.
Me chama.
Me ama.

Apressado

Cubro seu desejo em beijos
Ouço seu coração nos abraços
Dos prazeres dilatados.

O relógio sem ponteiros
marca o tempo.

Registra
O
Destino clandestino
De um amor fugaz.


segunda-feira, novembro 28, 2005

Ilusões















Erico Santos
: Erico di Primo Leitão dos Santos. Fonte - Site oficial do artista.

Pesquisando na internet, encontrei a pintura deste artista plástico gaúcho de Cacequi, Rio Grande do Sul, nascido em 1952. Presença importante no panorama das artes no sul. Participante de diversas exposições, com mostra coletiva e individual em nosso país e no exterior. Uma referência constante em obras publicadas sobre artes plásticas.Tem contribuido com palestras e artigos em jornais e revistas sobre arte. Sua página é muito rica em material sobre o artista, e destaca-se o imenso noticiário a seu respeito. Nesta página pode ser vista a tela que o artista ofereceu ao Grêmio Foot-ball Porto Alegrense, em homenagem aos 102 anos do clube gaúcho.

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Olá! Depois de um breve recesso, estou de volta para mostrar mais um texto que exponho no varal da Quitanda. Agradeço muito pela presença e os comentários feitos neste espaço. Contamos com a encantadora presença de Ramom por estes dias. Estou descobrindo que gosta de dormir, pede colo e depois, fica encostado no ombro do avô. Acho que identificou o ombro amigo. O que ainda me preocupa, é que continua renitente em comer alimentos mais sólidos. Desejo para vocês, um ótimo inicio de semana.

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Minhas ilusões foram soterradas
e esquecidas debaixo dos sonhos
Noturnos.
Soturnos.
Despertei.
Levantei.
Abri os olhos
Aproveitei
Removi entulhos de felicidades empedernidas
Recolhi fragmentos de alegrias passageiras
Retirei retratos das paredes de meu coração
Varri sorrisos empoeirados
Cimentei desejos
Embrulhei o passado
em papel de presente.
Encobri as cicatrizes da lembrança
Encaxotei pensamentos
Despachei momentos
Doloridos e ofegantes.
Naquele instante,
Lembrei que poderia
Sorrir para mim
Pensando em ser
Outro.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Diante do Espelho

José Paulo Moreira da Fonseca - "Livros e Janela" Pintor e Poeta: Nasceu no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, em 1922 e faleceu na mesma cidade,aos 82 anos, em 04 de dezembro de 2004.Formado em Direito e Filosofia.Reconhecido pela critica nacional e internacional, por seu importante trabalho exposto em vários acervos. A editora Leda Miranda, publicou em 1996 pela Uapê, o livro Noturno em Vargem das Pedras.Em uma reportagem para o jornal da PUC/RJ, publicado no ano de 2000, noticia que ele foi a primeira matrícula na faculdade para o curso de Direito, na ocasião em que a PUC estava sendo fundada.Seu pai foi médico do cardeal Leme.Há muitos intelectuais que conviveram ou escreveram sobre o autor, registrando a sua importância na história da cultura brasileira e da cidade que tanto amou.Maria Clara L Bingemer, em artigo para o Jornal do Brasil, na ocasião de seu falecimento, uma bonita matéria, sobre o "Meu Amigo de Olhos Claros." Fonte de Consulta: Pitoresco, Jornal da PUC e Editora Uapê



Bom dia! Muito Obrigado aos amigos que me visitaram. Deixo este texto pendurado no varal, em exposição.

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Sentado diante daquele espelho
Não me reconheci
Espantado
Debrucei-me diante daquela
Imagem distorcida pelo tempo
Parado
Inerte

Apalpei meu rosto
Fiquei mais perto do espelho
Andei de um lado ao outro
A minha imagem me acompanhava
Fixei meu olhar
Descobri que
Meu sorriso não aparecia
Sumia
Parecia
Refletir apenas o meu interior.
Solitário.

Esbocei um novo sorriso
Forçado, Ensaiado, Decorado
Nada adiantou.

Mudei de posição
Olhei para o outro
Lado do espelho
Nada adiantou.
Insisti
Desisti
Pois
Espelhava apenas o silêncio.

Eu olhava para mim e
Me perdia no tempo
Lembrei do momento
Cinzento
Embaçado
Dos intantes do meu presente .

Sim, apenas aquela cor
Delineava a minha imagem
A cor que pintei
O meu futuro.

O sorriso desapareceu com o tempo
Fugiu e me deixou
Só.
E
Sem nenhuma máscara.
Diante de mim
Sou apenas o que
Fui.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Uma Doce Criança

Ele aparece de novo neste espaço.Há sempre um lugar cativo nesta Quitanda, para abrigar este garoto muito levado.Diga-se de passagem, ele invadiu o meu coração e meu pensamento, assim, como da avó Marilene. A foto acima, é flagrante de uma de suas peraltices.Meu neto adora visitar os avós.É a constatação de uma alegria recíproca. Mal chega, chama por vô. Alias, fui o primeiro a ser chamado por ele, antes de qualquer outra palavra decifrada por nós, deste linguajar. Ramom é muito grudado a mim.Adora o pc, quando está desligado, pede apontando para ligar.Ministra aulas de digitação avançada, acertando o teclado de modo aleatório.Gosta muito de música, expressa pela linguagem corporal, balançando o corpo. Ouve Adriana Calcanhoto e presta atenção quando eu canto( deve achar bem esquisito, o avô emitindo sons/cantando)algumas músicas, muitas do universo infantil e do folclore.Dá muita risada por qualquer barulho provocado, por exemplo: batida com a mão em qualquer superfície.É extremamente curioso. Parece que fica fazendo uma leitura labial neste momento.Tem sido muito rico este contato.Por outro lado, há uma preocupação de nossa parte, em relação a sua alimentação.Aqui começa um grande drama.Participamos como coadjuvantes.No palco, é o ator e seus autores.
Somos de alguma forma espectadores por algum tempo, da rejeição que ele tem por alimentos sólidos e salgados.Os pais preocupados seguem estritamente a orientação da pediatra, tudo está condicionado e submetido aos ditames da médica.Desprezam qualquer orientação familiar.Incrível meu neto rejeita qualquer coisa que é apresentado a ele, no que diz respeito a comida.Expressa claramente de modo negativo.Identificamos uma falha da mãe ao introduzir no período adequado,este tipo de alimento.Pior, que nem a pastosa, eventualmente, um destes potinhos da mutinacional.Sempre mamadeira.Não foi proporcionado uma interação com colheres e pratos, por conseguinte, o universo da comida.Acredito que o modo (prepraro/tempero) de quando foi feito a comida tenha contribuido para que ele se comporte desta maneira.
Apavorado os pais, consultaram o pediatra que foi do pai, prescreveu remédios, como ferro; mas penso que não aplicam de acordo com a orientação. Fizeram esta consulta, mas preferiram continuar com a pediatra que é dos filhos da irmã.A pediatra nem havia indicado remédio como suporte desta fase.Um mês depois da consulta do pediatra de meu filho, foram para a pediatra original e mostraram que a pediatra indicou o mesmo remédio, logo, todos os pediatras são iguais.É o que o casal proclama.
Talvez estejamos defasados ao mundo infantil e suas respectivas modernidades. Não nos intrometemos. Contribuimos com a seguinte ajuda: comprando fraldas e alimentos lácteos.
Engraçados os filhos, cuidamos deles, enquanto pais, mas não reconhecem a experiência com eles.Repelem qualquer conversa. Para o nosso espanto, demonstram não ter autonomia para a educação e o crescimento da criança.Hoje postei um assunto doméstico mas que envolve uma preocupação dos avós.Sábado teremos a presença literalmente, desta doce criança.

terça-feira, novembro 15, 2005

O Sonho de Teobaldo.


Elpídio Malaquias - Nasceu em Cariacica, Espirito Santo, em 1923. Participou de diversas exposições individuais, no período de 1977 a 1983, nas galerias da UFES e Homero Massena.Há uma galeria com o seu nome, onde foi instalada uma exposição de artistas plásticos do Espírito Santo,localizada na Assembléia Legislativa. Fonte:Caderno 2, Século Diário//Diário de Vitória. Posted by Picasa
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Olá! Agradeço inicialmente aos meus queridos amigos leitores e blogueiros, com a importante presença nesta página.Estivemos envolvidos com a presença encantadora e sapeca do neto Ramom.Aproveito e deixo um texto para ser saboreado ao sabor do vento.
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Havia um bom tempo, que Teobaldo não pensava em outra coisa, desde que leu o anúncio em uma revista esquecida no escritório em que trabalha. Ficou muito empolgado com a idéia e passou a reservar parte de seu salário para conseguir o seu intento.Não ganhava muito em seu trabalho no escritório de advocacia, no centro da cidade. No entanto, todos os meses, separava uma parte do salário e guardava no armário de seu quarto.
Fazia um trabalho de rotina, do escritório ao tribunal e no final do expediente, encontrava-se com a namorada Lizete, uma paulista, de cabelos tingidos de louro, antiga moradora do Parque Santo Antonio, no Capão Redondo, que veio transferida para trabalhar no bairro da Lapa, na filial da editora, no Rio de Janeiro. Passou de secretária, para ser a gerente de vendas.
No último dia do mês, Teobaldo presenciou ao andar pela rua Uruguaiana, esquina de Presidente Vargas, um pivete, arrancar do braço de uma senhora, uma bolsa que trazia junto ao corpo. Foi tão ligeiro, que em disparada, atravessou à pista, sem dar importância para o policial, que apitava de modo estridente o trânsito.Os gritos de Pega! Pega! Pega Ladrão, de nada adiantaram, ficaram perdidos entre os carros e pedestres. Teobaldo fora pagar a última prestação do crediário, depois, entrou em uma pastelaria, comeu pastéis de carne e tomou caldo de cana. Dalí, seguiu para o escritório. Dona Marilda, a secretária boazuda do Dr. Gomes Junqueira, estava doente e não apareceu. Pela parte da manhã, telefonara avisando que iria ao médico.O escritório estava sem movimento, era freqüentado por poucos e antigos clientes. Passava grande parte do dia, vazio.
Ninguém por perto, aproveitou para pegar a revista e mais uma vez ler o anúncio e imaginar com a possibilidade de realizar o sonho.O seu grande sonho. Foi interrompido pelo sinal do telefone, era Lizete, que pedia emprestado, uma grana para comprar um liqüidificador em promoção. O aparelho anterior, disse ela, ao telefone, acabou deixando para a mãe, na mudança.Teobaldo, ouviu calado. Concordou em emprestar, contou o dinheiro no bolso. Contou por duas vezes, iria contar uma terceira vez, mas desistiu; acabou depois, marcando um lugar para entregar o dinheiro para Lizete. Afinal, havia planos com Lizete, para o futuro. Um futuro que Lizete imaginava no passado e no presente. É o sonho de toda mulher, dizia sempre para Teo, era como chamava o seu namorado, na intimidade.
Esta ajuda não estava nos planos de Teobaldo, que acabava sempre concordando com a namorada. Pensativo, começou mais uma vez a folhear a revista e percebia o sonho esvaecer entre os dedos. O telefone, mais uma vez, interrompe o seu momento. Atendeu o telefonema, era Marilda, perguntando por Dr. Gomes Junqueira, respondeu, que ele tinha ido ao foro e não voltaria para o escritório. Voltou a leitura da revista, depois de ter anotado que a secretária telefonara. Aguarde, você vai ver o que pode lhe acontecer, pensou baixinho, em silêncio, mas empolgado. Não quero que reclame, vou trazer felicidade, vou deixar você louca. Marilda, vou transformar a sua vida, a minha e das demais mulheres. Serei o maior comedor deste prédio, quiçá, do mundo. Esta empolgação acontecia, ao lembrar de ter lido em uma livraria da rua Miguel Couto, o livro Pastores da Noite, de Jorge Amado, bem na página 11: “Não se pode dormir com todas as mulheres do mundo mas deve-se fazer um esforço”.Aquela japonesinha, do sexto andar que me aguarde, vibrou Teobaldo. Começou a fazer as contas, mais as duas do escritório vizinho, uma coroa de óculos do terceiro andar, a secretária do Dr Brandão do oitavo, mais....
Dr. Gomes Junqueira, chegou cedo ao escritório, na quinta-feira, ficou trancado em uma saleta, revendo alguns papéis. Eu e Marilda, percebemos, que ele deve ter encontrado ontem, com a sua ex-esposa, nos corredores do tribunal. Ficava arrasado, depois de um casamento de vinte anos; Leda, sua única mulher, o abandonara para viver com Margarida, sua colega de faculdade. Há mais de um ano, que o doutor, passou a ser um ávido consumidor de revistas masculinas da redondeza.Teobaldo ao comprar as revistas, a pedido do patrão, sempre pensava, que o dia em que uma mulher, uma celebridade, ou mesmo uma artista, me conhecer, não vão se arrepender, não me esquecerão jamais. Nem sei se vou atender a todas, pois, vão acabar desistindo de sairem com jogadores e pagodeiros...
Outro dia, conversava com Guto no elevador, quando entrou uma moreninha, que é uma gatinha, parece trabalhar naquela firma de exportação, do nono andar.Guto, você nem reparou, que seios maravilhosos, toda perfumosa, deve ter saído do banho e vindo trabalhar.O celular toca, era Lizete, marcando para encontrar na Cinelândia, em frente ao antigo cinema Pathé, às 18:30, para juntos comprarem, um presente de casamento dos amigos.Uma mulher carregando uma criança no colo, pedindo para comprar remédio, interrompe a caminhada de Teobaldo, este responde de modo negativo. A mulher vai embora reclamando, xingando.
Teobaldo, levantou cedo e retirou o dinheiro guardado em seu armário.Esboçou um sorriso de contentamento, de felicidade. Recortou desta vez, o anúncio, colocou no bolso da calça, junto com o dinheiro. Pegou o metrô, algumas estações depois, despediu, dando dois beijos em Lizete, que saltou na estação da Glória, ele seguiu até a estação do Largo da Carioca. Assim que saiu, foi surpreendido por um grupo de pivetes, que levou todo o seu dinheiro.Era um assalto! Não adiantava reclamar. Ficou com o sonho e anúncio que prometia aumentar o tamanho de seu pênis em até 24 centimetros.

terça-feira, novembro 08, 2005

Ludovico, o Bode















Gledson Amorelli
- "Colheita de Algodão", óleo s/ tela, 1997. Fonte: Museu de Londrina - Gledson Franqueira Amorelli Pintor, Escultor. Cenógrafo e Professor. O artista mantém uma página na internet. Nasceu na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, no ano de 1948.Foi aluno do Mestre Gignard e Frederico Bracher Jr.É em Minas que inicia os seus estudos, através destes artistas.Participa de várias exposições em nosso país e no exterior.Em 1974, cria a Escola de Pintura Pró-Arte; em 1979, passa a viver no Rio de Janeiro.Fonte de consulta; Site do Artista e Enciclopédia de Artes Visuais.
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Olá! Dia chuvoso e de frio em minha cidade.Hoje, preferi colocar a continuação de um texto que desenvolvo, envolto em uma ficção animal, com tinturas de sátira.No final do dia, terei aulas de digitação ministradas pelo neto.Quero agradecer a todos os amigos blogueiros e leitores que compareceram neste espaço.Fico muito grato pelos comentários feitos.
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Bode Ludovico, passeava disfarçado de cabra-macho.Colocou uma peruca loura, óculos escuros e salto alto. Imaginava, assim, que ninguém iria reconhecer, mesmo tendo a companhia de sua inseparável mala preta, grudada ao corpo.Com trânsito livre pelas cercanias do Plano Alto do Centro, continuou sua caminhada, apesar da hora. Atravessou a praça vazia, de um lado para o outro.Olhou para o céu e viu apenas, um solitário condor; certificou-se, de que não era uma araponga desgarrada.Caso contrário teria de reclamar com o Bispo.Acendeu um cachimbo, pois, bodes, às vezes, gostam de cachimbos. Cumprimentou uma raposa, que acabara de sair da toca.Olhou para uma bonita perereca do brejo, que saltitava a sua frente e uma rebolativa gata siamesa, que ao lado de uma coelhinha, chamavam atenção dos passantes daquela mega quadra.
Ficou impaciente ao aguardar no semáforo, para atravessar a pista.Ameaçou duas vezes e desistiu de atravessar.Os carros e os humanos, o deixavam muito assustado.Enfim, atravessou e quase que tropeçou nas próprias pernas ao andar mais rápido, pois, o tempo de travessia de pedestres era minimo. Enxotou um galo que na calçada, pedia uns milhões para o leite dos pintinhos...Passou em frente da sede do sindicato e viu Casé, o jacaré que anda em pé, lendo um livro de Carlos Eduardo Novaes. Reconheceu Cândido Urubu, descendo de um Land Rover Defender, adentrando pela porta dos fundos da entidade.Ludovico, neste instante tivera a certeza de não ser reconhecido.O disfarce estava perfeito.Duas ratazanas passaram por ele, foram seguranças dos sindicatos da região, lançaram cobras e lagartos no ar, que ele ficou desconfiado ao escutar, um possivel envolvimento do chefe da casa.Uma repentina tosse tomou conta de Ludovico, tossia sem parar.O espirro do bode, chegou a assustar uma barata tonta que transitava calmamente, em direção ao boteco.
De longe, avistou o Sapo Barbudo de papo com a Águia Careca, em um palanque; pelo sorriso estampado do Sapo, percebeu que estava muito feliz por este encontro. Três hienas sorridentes, aplaudiam aquele momento histórico.Gritavam alucinadamente, no megafone: o Chefe é um bom companheiro, o chefe é um bom companheiro, o Sapo é um bom companheiro, ninguém pode negar!O cavalheiro Zen Nahda, chegava a galope em seu velho pangaré, todo esbaforido, com noticias do Plano Alto do Centro. A nota esclarecia, que a Águia mandara evacuar o recinto, pois suspeitava de algum membro da comissão de frente, que ali, estava infiltrado um famoso terrorista candango; segundo informações sigilosas escritas a bico de pena; havia uma observação neste sentido, no relatório, descrevendo que um individuo com aparência de um animal peludo, teria explodido uma bomba de chocolate no chão da quadra escola de samba.Uma animada conversa entre um Elefante, Tio Sam e o Tucano, pareciam tratar de planos para o futuro.Silenciaram quando perceberam que uma manifestação de grilos falantes, seguiam em passeata,tendo a frente, duas antas, três micos e um veado-campeiro, distribuindo panfletos.Algumas garças e diversas araras estavam cantando uma música do Rappa em um carro de som “ a minha alma está armada e apontada a cara pro sossego, pois paz sem voz não é paz é medo”.Xô Águia Careca!
Ludovico quando assistiu aquela circense cena, caiu na gargalhada e não notou que Dom Raton, antigo agente da Ilhota, passou por ele e o reconheceu. Por sua longa experiência, Dom Raton, percebeu que tratava-se de um disfarce por demais conhecido.Não havia mais dúvidas,aquele estranho ser de peruca loura, pertencia ao mundo dos herbívoros ruminantes. Dom Raton, garante que abandonou este tipo de servicinho, mas vez por outra, não dispensava uma boa oferta. Nas horas vagas, passou a ser guia turístico na periferia das cidade-satélites. .Pele bronzeada, pelos grisalhos. Se faz de simpático com todo mundo. Dom Juan Ratón, desenvolvia projetos para o turismo.Espalhou agencias pelo pais de divesos tipos e tamanhos.Havia acabado de inaugurar uma agencia de encontros para a prática de sexo selvagem, com as diferentes e melhores modelos de gatas,algumas delas casadas, lebres saradas e piranhas do pedaço.Em uma revista semanal um anúncio em destaque: Atende executivos, confira! Temos book! Sigilo absoluto!Aceita cartões de crédito!Comprove! Seu próximo passo, será, abrir a agencia Bambi; as coisas iam de vento em popa. Sua mais recente jogada de marketing, para o próximo ano.
Ludovico, recebeu um estranho telefonema, do outro lado da linha, um convite para uma missão.Uma missão impossível...dali em diante, Ludovico sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. O noticiário politico emudeceu, os analistas politicos tiraram férias forçadas.A venda de jornais e revistas sofreram uma bruta queda nas vendagens.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Ramom, Um Neto Encantador


Ramom : Um neto encantador Posted by Picasa Hoje resolvi colocar em exposição para os meus queridos amigos leitores e blogueiros, a foto de meu querido neto.A foto em cartaz, demonstra o quanto tem de peralta este garoto.O local, onde procurou tomar como assento, é parte da nossa cama.Adora ficar neste pedaço, vai ligeirinho na direção deste espaço.Ele é parte integrante de nossa felicidade. Sou assumidamente babão de meu neto, assim, como a avó Marilene.

Momentos de Felicidade


Chico da Silva Posted by Picasa Nasceu em 1923 no Acre, na fronteira do Brasil e do Peru e foi educado pelos indios da região. Aos 10 anos, mudou-se para Pirambu, um bairro pobre de Fortaleza.Trabalhou em diversos tipos de serviços, como: consertador de guarda-chuva, de fogão, sapato, etc...
Francisco Domingos da Silva, no ano de 59, passa a trabalhar sob os cuidados da Universidade do Ceará. Em 1961, grande parte do conjunto de sua obra passou a fazer parte do MAUC - Museu de Arte da Universidade do Ceará.Chico da Silva passou grande parte da sua vida na condição de analfabeto.Foi descoberto como artista, quando pintava os muros da Praia Formosa, no ano de 1942, por Jean-Pierre Chabloz, descrito em um artigo, onde reclamava da ausência da arte primitiva no Brasil.Participou com alguns de seus trabalhos em diversas exposições no exterior, entre elas,obteve uma premiação especial na Bienal de Veneza.Faleceu em 1985 no Ceará. Fonte de consulta: MAUC e Outras Palavras -
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Olá! Agradeço aos meus amigos blogueiros, pela simpática presença e os comentários feitos, aqui neste espaço.Quero declar publicamente meus agradecimentos para as doces e queridas amigas blogueiras: Janaína, do blog Alfarrábio; Saramar, dos blogs Escrevinhações e Falares e Carla Cristina, do blog Nunca te vi, Sempre te amei; citando e publicando textos de minha autoria.Sinto-me honrado por ser incluido em seus blogs. Muito Obrigado!

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Nas ruelas de meus sonhos
Escondi pesadelos
Percorri transversais do tempo.
Colando as
Lembranças mais remotas
Para olhar as paisagens da vida
Debrucei diante de imagens penduradas
Recolhidas no correr do tempo.
Cinzento.

Rascunhei
As páginas escritas
Por palavras cruzadas.
Bordadas e pintadas nos
Manuscritos das batidas do coração.
Partido.
Solitário.
Esquecido.

No reverso do verso ausente.
Ontem, como hoje,
Desenho desejos encarnados
Estampados por empoeirados
Momentos de felicidade.

segunda-feira, outubro 31, 2005

O Prazer

Raquel Taraborelli: "Sol na Varanda", Fonte: Galeria Brasil - Nasceu em 1957, em Avaré, Estado de São Paulo.Artista com participação em grandes exposições. Estudou pintura com Djalma Urban. Em 1986, realiza a sua primeira individual.Vive e trabalha em Sorocaba.Formada em engenharia.Ganhadora de diversos prêmios e homenagens.O seu trabalho está publicado em diversas obras, inclusive no JB Ecológico Ano 2,Nº 16, em 2003.
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Olá! Meus Caros e queridos amigos blogueiros, estou de volta. Depois, desta breve ausência, motivada pela pane que sofreu o computador. Perdi muita coisa e recuperei algumas.Peço desculpas pela falha de um post publicado na sexta, custei a chegar a um acôrdo com o Picasa/Hello.No mesmo dia do defeito no pc, a minha televisão emprestou solidariedade ao computador e pifou de vez.Agora, com televisão nova, comprada no sábado.Para completar o ciclo, a televisão de minha sogra, que mora conosco, pifou no sábado, chamamos o técnico, ficou de vir no mesmo dia e nem compareceu ou deu qualquer satisfação.Incrível como estas relações em nosso país são estruturadas: prestadores de serviços e consumidor. Agradeço a manifestação carinhosa e pela presença de queridos amigos blogueiros e os comentários feitos. Quero tornar público meu agradecimento a querida blogueira Saramar do blog Falares, por ter postado uma poesia que ela escolheu aqui na Quitanda.Coloquei no varal,ao sabor do vento, um texto poético, uma vez que, algumas amigas, reclamavam da ausência da arte de poetar.Desejo para todos uma ótima semana.
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Peguei carona em um dos meus sonhos.
Para ir em busca dos seus.
Misturei aos meus pensamentos
abstratos

Partes dos fragmentos do meu
coração pintado por
fortes tinturas de
Emoções e Paixões
delirantes.
Viajei pelas artérias do
meu corpo.

No caminho recolhi
o seu retrato na
janela de meus olhos.
Escondi sua imagem
em meu coração
emoldurado.


Ouvi os batimentos
de felicidade esvoaçante
Incendiando o meu interior
Neste encontro do seu
corpo junto ao meu.
Beijos e abraços
enlaçados.

Fantasias despidas
vestiram os nossos desejos
Mágicos.
Penetrando nos recônditos
emudecidos.

Assim,
Você dentro de mim
Despertou momentos
de encontros secretos
com o
prazer solitário.

segunda-feira, outubro 24, 2005

A Breve Infância do Bode Ludovico.

Dionisio Del Santo: Nasceu em Colantina, no Espirito Santo, em 1925 e faleceu na cidade de Vitória, em 1999.Começou a pintar de forma autodidata, a partir de 1951.Reside no Rio de Janeiro, desde de 1949.No Museu Nacional de Belas Artes, há trabalhos doados pelo artista em exposição.Pode ser observado na página do Museu na web, na coleção de Gravuras Brasileiras. A obra de Dionisio, está presente na serigrafia, como referência na coleção de Fabio Settimi. No MAES - Museu de Arte do Espirito Santo, há grande destaque para a coleção do artista, considerada a maior do Brasil, provinda de doações.Dionisio foi vencedor de várias exposições, como a do IBEU, em 1978 e participação em várias mostras.Um pouco antes de sua morte, o MAES, promoveu uma restropectiva de sua obra.Fonte: Escritorio de Arte, MAES.
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Olá! Como já é do conhecimento dos amigos, hoje pela manhã, caiu um forte temporal na cidade do Rio de Janeiro, ruas alagadas e acidentes.No momento em que escrevo, a chuva deu uma parada. O tempo para ver os estragos. Ramom, o meu neto, compareceu na sexta e ontem para ministrar aulas em meu colo.
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Nascido no meio de uma família de bovídeos , logo, foi abandonado para viver com os avós. Seus pais há muito tempo não rezavam mais unidos. O pai fora acusado pela mãe de ter sido um cabra safado; ele por sua vez, acusava a sua companheira, de ser uma cabra vadia.Conviveram por muito tempo com estas ofensas, trocas de elogios e chifradas. Não havia mais hora para começar, a qualquer hora do dia, discutia-se a relação por qualquer coisa.Ela o chamava de cabrão, de chifrudo. Reclamava aos quatro cantos, para quem tivesse interessado em ouvir, que há muito tempo, não a cobria mais e nem para as suas tetas caídas, ele olhava. Perdeu o interesse. Ele, por outro lado, escrevia bilhetes em mal traçadas linhas, dizendo que ela, dava mais que chuchu na serra.Que ela vivia na zona, com um famoso chupa-cabras, seguindo os seus cascos. Aquela união estava chegando ao fim. Não demorou muito, cada um , seguiu o seu rumo.
Ludovico ao escutar e presenciar aquele cenário, mesmo tapando as orelhas e os olhos, os que os pais diziam um para o outro, acabava sempre no maior bode Cresceu ouvindo avó Cabrália, contar historinhas na hora de dormir. Uma das que deixava mais assustado era a do Bode Preto, mas sempre pedia para repetir, o trecho que mais gostava: “Certa vez um caçador, ao atravessar uma ponte, avistou um vulto do outro lado...”, outra história que ouvia com interesse, era sobre a Cabra Cabriola , que era um monstro horrível, botava fogo pelos olhos, nariz e pela boca e que entrava nas casas das crianças, durante a noite para devorá-las. Sua avó, garante que ela, chegou a ver a tal cabra, uma espécie de meio bicho, meio monstro, quando morava em um roçado, no sertão.Confidenciou ao neto foi quando fez xixi na cama e por pouco não apareceu. Preferiu aparecer na casa do vizinho, que moravam vários meninos.
Sua brincadeira preferida, era a cabra-cega e pular a cerca para paquerar uma cabritinha. Ludovico, adolescente, ficou apaixonado por um pé de cabra.
Há muito tempo que não recebia noticias de seu pai, no entanto, mais tarde a única e definitiva noticia dele, era de que tinha comido capim pela raiz. A noticia foi trazida pelo pombo-correio Honório.Que sempre que encontrava tempo, gostava de trocar umas idéias com Ludovico, ensinando as coisas da vida. Honório, pombo experiente, sacou que Ludovico, ficara triste com a noticia recebida. Gostava do pai, embora, o pai, não pudesse dizer o mesmo dele.Ludovico era ligado ao pai, deixou como homenagem o crescimento de sua barbicha. Gostava de apostar corrida com o pai e vencia todas.
Meses depois, sob um imenso lamaçal provocado pelas violentas chuvas na região, ficou atolado no lameiro. Era lama por tudo que era lado. Ludovico movia-se com dificuldade, passou um pano nos óculos e começou a ler o bilhete que acabava de receber.Reconheceu pela caligrafia, tratar-se de um primo de segundo grau. Dentre as várias conversas para encher lingüiça, havia uma, que mereceu atenção por parte de Ludovico, era um convite para uma boquinha, lá nos arredores do Plano Alto do Centro. O primo insistia e declarava as facilidades, as mordomias, caso ele aceitasse o convite. A resposta para o primo, de imediato, parto em seguida para assumir o cargo, desde que, seja um trabalho honesto, em prol dos homens e dos animais, aceitaria sim, de bom grado.
Largarei esta vida do sertão, de miséria, de minha mãe, aquela cabra vadia que me abandonou e deixarei em paz o meu querido pé de cabra, seguirei o meu destino, de mala e cuia, sem medo de ser feliz.Dali em diante, a vida do Bode Ludovico, mudou completamente.Passou a ser um militante das causas humanitárias.

sexta-feira, outubro 21, 2005

O Passeio do Leão Léo.

Vera Sabino:Artista catarinense, nascida em Florianópolis, em 2 de novembro de 1949. Autodidata.Uma pintora bem ativa, participando de diversas exposições e ganhadora de diversos prêmios.Vera Sabino, mantém uma página na internet. que merece ser visitada.A artista celebrou mais de 30 anos de arte.Vera tem uma grande exploraração em universo pictórico com temas de agrado ao público. Casada com o artista plástico Semy Braga.Realizou exposição no BADESC. Sua cidade está presente em sua obra. Fonte: ANCidade e a página da autora.
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Bom dia, dia de sol, um dia maravilhoso. Hoje pela parte da tarde, recebo a visita de meu querido mestre para assuntos de digitação.Um neto-mestre exigente, ao chegar, se o instrumento de ensino dele estiver desligado, me chama, apontando "esse", é a senha de querer ficar em meu colo. É tão bonitinho que ao chegar, do lado de fora da porta, chama pelo Vô.Desejo para os amigos leitores e blogueiros, uma ótima sexta-feira.
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O Leão Léo, fugiu do circo e da receita. Cansado desta vida, resolveu a bel prazer, dar uns bordejos pelos arredores do Plano Alto do Centro. Fazia calor, um sol a pino, véspera de feriado; caminhava todo contente, no entanto, parou encafifado diante de um ambulante que vendia mate. Olha o mate! Mate Leão! Mate Leão! Mate Limão ! Um pouco surdo, por causa da idade, surpreendeu-se com o vendedor que gritava, esbravejava: Mate!Mate! Mate! Pensou em rugir bem alto, para mostrar quem era, pra saber com quem ele estava falando. O vendedor, teria de parar de gritar Mate Leão!. Afinal, ele estava diante do Rei da Selva, é do conhecimento de todos, que lá na selva, eu sou o Rei. Sou o Rei e ponto final. Aqui, não tenho tanta certeza. Como pensar, morre apenas um burro. Léo pensou e acreditou piamente que ainda continuava a ser o Rei, pois, estava na Selva da Cidade. Uma selva de pedra, como costumava a dizer para os amigos ursos. Depois, de muito matutar, filosofar, concluiu que o ambulante, não falava diretamente com ele. E seguiu a sua longa caminhada pela cidade.Animais e pessoas quando encontravam com ele, fingiam que não existia, que era um leão de pelúcia, tamanho GG.
Mais adiante, ao atravessar a quadra, escutou um garoto chamado Ramom, pedir ao avô, para comprar um mate.- Vô, compra um mate Leão ? O avô comprou, pagando dois copos. Léo, ficou assustado, mas não ameaçou o garoto. Ramom, inicialmente ficou apavorado ao ver aquela fera a dois palmos do seu nariz. Léo, gostou tanto dele que queria dar uma lambida, um abraço no garoto, desistiu, pensando que poderia ficar com medo. A sede de Ramom era tanta, que ao tomar o mate, matou a sede. Léo, imitou aquele pinguinho de gente, pediu um natural e o outro de limão. Meu neto, pode ficar tranqüilo, senta que o leão é manso.Léo, despediu do garoto e foi em frente na sua caminhada. Olhou para o céu e os monumentos, os prédios enormes. Não deu muita bola para aquele lago, apenas olhou sua imagem no espelho. Passou por um velho conhecido, leão-de-chácara e cumprimentou efusivamente. Saudações Leoninas!
Andava distraído , quando cruzou no caminho uma camaleoa, com uma pele um pouco enrugada, talvez por ficar muito tempo ao sol e de rabo grande. Léo fingiu que não viu, olhou de canto do olho, atravessou a quadra. Disse para si, um bonito rabo. Perto de um poste, ouviu, dois homens, um em pé e o outro sentado, sem nenhuma cerimônia, falavam para cercar o leão pelos lados. Ouviu e não gostou, por pouco, não mostrou as garras para eles.Como faz o seu caminho ao caminhar, resolveu dobrar a esquerda. Passou uma grande dificuldade, acho que era a idade, bastava dar uma virada. Maior flexibilidade. O jeito foi mudar de posição, mas o suficiente para ver uma leoa com os filhotes, em uma imensa fila no posto de atendimento. Observou em silencio e sorriu. Brincava ao sol com os seus irmãos, um leãozinho. Gosto muito de te ver leãozinho, um filhote de leão no meu caminho.Gosto de te ver ao sol leãozinho.Que juventude, com a sua juba em pé, saltitante, mostrando as garras.O mico leão dourado, ao me ver passar, tirou o chapéu e fez grandes elogios, lembrou de minhas atuações no circo, como acrobata. Na verdade, o circo estava cheio de palhaços, muitos me faziam ficar em situação periclitante, trabalhar em dobro sem receber um vintém por isso. Os palhaços sempre tinham dinheiro e todas as facilidades. Deixei o respeitável público na platéia, que estava lotada, todos animados, gostavam do espetáculo circense.
Leu em uma banca de jornal, em destaque, que o Leão ia atacar os seus próximos adversários: um urubu , uma macaca, um porco, um peixe e traçar um suculento bacalhau. Antes o Leão, de peito estufado, tinha dito, que papou um gavião e um jacaré. Na verdade, nunca experimentei este variado farnel.Leão mais esquisito, para mim, basta aquele meu primo lá do norte. Por falar em parentes, lembro de um bem distante, que fez bastante sucesso nas telas de cinema. Coitado, desde de 1928, que pegou um trabalho extra na MGM; entrava em cena, para dar uns rugidos e nada mais, adornado por um circulo, com as palavras esquisitas: Ars Gratia Artis, que segundo me falaram , quer dizer: Arte pela Arte.
Plano Alto do Centro mudou muito, uma confusão de posição, na hora do rush, você, nem sabe se vai pela esquerda ou se encontra mais adiante uma via pela direita, ou dá uma parada pelo centro. São tantas setas, que confundem.Saí daquele circo, estava saturado de tanto palhaço chegando sem parar, todos enriquecidos com sais minerais. Cada um, mais engraçado do que o outro. Anões malabaristas circulam pelo circo, candidatos ao picadeiro. O espetáculo não podia parar.Respeitável público! Queremos informar que todo dia, é dia de show, para aqueles que desejarem saborear uma suntuosa pizza, favor entrar na fila. Calma, Excelência! A sua hora vai chegar! Respeite as normas da casa.Assim, estava afixado na portaria.
Outro dia, antes de entrar no picadeiro, o meu ex-domador, um careca chato, barrigudo, diga-se de passagem, falava com o Mágico de Oz, sobre o dvd Born Free, o filme narra a vida de Elsa, uma leoa órfã, trazida da selva africana. Lembrei do filme exibido nos anos 60 e da canção premiada do filme.Este filme, gostei tanto, que cheguei a ficar apaixonado por Elsa. Só em lembrar,as lágrimas percorrem a minha cara. Uma linda música. Das poucas vezes que fui ao cinema, outro filme que assisti, foi The Lion King, do leão Mufasa e do filhote Simba. Cheguei a dançar ao tocar a trilha, enquanto assistia ao filme. No escurinho do cinema, eu paquerava uma tigresa que comia pipocas, estava em companhia de um senhor leopardo. A tigresa , tinha um corpinho de uma gata selvagem, unhas negras e íris cor de mel.Nunca esqueci desta cena.
Estava ficando tarde, tinha de retornar para casa, antes de Léa, virar uma onça.. Andei muito pela cidade, escutei boatos, barulhos e até tiros eu ouvi.Bati em retirada. Até com os amigos da onça, cheguei a conversar. A cidade está um caos, um circo cheio de palhaços, que cada vez, aumenta mais.
As luzes das cidades continuam acesas. Vejo, ao passar diante de um prédio, um embrulho no lixo embrulhado por um jornal da semana passada, com a seguinte manchete: Está desaparecido, destino ignorado, quem souber o paradeiro, favor avisar: Bode Ludovico, figura proeminente, sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Logo ele, aquele Bode, que vivia no maior bode, com todas as mordomias. Coloquei a minha juba de molho, a coisa aqui tá preta.Que chegam a dizer, que ninguém viu nada.Nem ele. o Sapo Barbudo sabia, você acredita?


Neste texto, foram inseridas passagens de duas músicas de Caetano Veloso: Leãozinho e Tigresa.

quarta-feira, outubro 19, 2005

O Militante

Rosina Becker: Nasceu no Rio de Janeiro, em 1914 e faleceu em 2000. Artista com grande destaque no panorama da arte primitiva brasileira.Em sua obra, observa-se a presença de sua temática,nos elementos do folclore brasileiro, religiosos e populares.Participou em diversas exposições, como no Museu de Arte Contemporânea da USP.É importante lembrar que é no Rio de Janeiro, no bairro do Cosme Velho, que está localizado, o Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil - MIAN Vale a pena fazer uma visita em sua página na internet.É apontado como o maior e o mais completo acervo de pintura naïf no mundo.Seus artistas são considerados os "poetas anarquistas do pincel". Podem ousar tudo.Fonte: MIAN, TNT Escritório de Arte, Art Canal

Olá! Deixo mais um texto pregado no Mural.Dia de chuva e frio, aqui no Rio de Janeiro.

O militante, jumento Celestino, exemplar funcionário público municipal de Luar de Prata, recentemente aposentado por tempo de serviço e por excesso de carga pesada.Vivendo uma vida que não pediu a Deus.Cheia de dividas e dúvidas. Numa manhã de domingo, em conversa fiada com sua antiga companheira de luta, concluiu, que há muito tempo não era chamado para fazer nenhuma boquinha, nas festas do sindicato.
A companheira cabrita Clementina, em sua velha mania, de falar pelos cotovelos, acabou contando, que ficou indignada, ao saber nos bastidores, que havia acabado a mamata no sindicato. Terminou a fase do bom e do melhor. Muita grana sumiu pelo ralo, pelas malas e cuecas dos combatentes companheiros. Que segundo dizem, não chegaram a ver a cor do dinheiro. Mesmo assim, com os informes passados, pela leal companheira; estava sentindo desprestigiado, abandonado pelos antigos companheiros de sela.
Ele sempre colaborou muito, em arrecadar fundos para o sindicato, a organizar festas, arrasta-pés inesquecíveis, com muita birita e cerveja a dar com um pau. Chegou a criar uma caixa para colocar as verbas extras, das rifas que passava para os amigos. Até um bingo, foi montado na parte dos fundos do sindicato, foi com a sua colaboração.Celestino era um cumpridor de suas tarefas, acabara esquecido, como aposentado, viveu como burro e agora vislumbra um futuro negro pela frente. Parecia, ter sido posto no olho da rua.Levado um pontapé no traseiro.Tratado com desdém.
Logo ele, que esteve muitas vezes amarrado em árvores, postes; pegando muito sol e chuva no lombo. Algumas vezes, ameaçado de prisaõ.Verdade que não ligava muito, pois, cada um amarra o burro conforme a sua vontade... Conduziu muita carroça pelos morros da cidade. Chegava muitas vezes a dar com os burros n`água. Com muita burrada pela vida, assim, vive sem reclamar. Não se conformava em ser abandonado pelos amigos.O resto,era o resto.
Lembrou em conversa, do período acirramento em suas posições para reivindicar melhores salários, com idas diárias ao sindicato. Lembra dos áureos tempos, de varar a noite. Empacava em discussões intermináveis nas assembléias da categoria, inclusive com o amigo da onça, um militante da vanguarda do atraso.Hoje figura como dissidente de prestigio inabalável, sempre escondeu a sua condição de carreirista.
.Celestino nunca leu um livro sequer durante a sua vida de militante, como gostava de espalhar com muito orgulho. A pensar morreu um burro, dizia a sua querida avó. Preferiu preservar a vida. Houve um tempo, em que pensava na morte da bezerra. Coitada, teve uma morte triste, foi atropelada por um burro-sem-rabo, carregado de imensa pilha de caixas de papelão; avançou o sinal e deixou ali, estendida, esvaindo-se em sangue , na contra-mão atrapalhando o transito. Não prestou nenhuma ajuda, seguiu em frente...
Celestino, freqüentou pouco, muito pouco, as aulas; gostava mais de brincar no pátio ou na grama. De pular carniça com o Urubu Malandro. Não queria passar a falsa impressão, por estar carregado de livros era doutor. Uma vez, o companheiro Asnático, em plena assembléia, para me provocar, zurrava sem parar, me chamando de iletrado. Só por não ter abaixado a minha orelha, enquanto, falava. Não sei aonde que eu estava que por pouco, ia perdendo as estribeiras. Contei até 10, duas vezes. Que audácia daquele mequetrefe, mandar presente para mim, o Pai dos Burros, devolvi, assim que chegou, aqui no estábulo.
Sempre rejeitei vários tipos de leitura, quer dizer, lia o jornal do sindicato, O Burrico e comprava revistas para colorir.. Burro velho não perde a mania, olhava a coluna Idéias de Jerico e gostava de comentar com o Ludovico, nosso nobre militante, respeitado por todos, animais e humanos de qualquer condição social Soube outro dia, à boca pequena que sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. O que teria acontecido, com o velho Bode Ludovico? Foi visto da ultima vez, carregando uma pesada mala preta, nos arredores do Plano Alto do Centro. Ninguém confirmou a presença dele nesta região. Fiquei pensando com os meus botões. Debaixo deste angu tem caroço. Logo ele, deve ser intriga da oposição , querem arrumar um bode expiatório. Só pode!

segunda-feira, outubro 17, 2005

Preocupações do Papa Gaio Ignácio.

Genaro de Carvalho: Nasceu em Salvador, Bahia, no ano de 1926 e faleceu em Salvador, em 1971.Genaro, é conhecido como pioneiro da tapeçaria moderna no Brasil.Incentivado por seu pai, começou a ter contato com tintas e pincéis. Veio para o Rio de Janeiro, para estudar desenho na Sociedade Brasileira de Belas Artes, em seguida, envolveu-se com o movimento de renovação artística, passa a fazer parte do grupo de Mário Cravo, Carybé,Carlos Bastos, Rubem Valentim. Ganha bolsa do govêrno francês em 1949, participa de diversos salões de arte na capital francesa.Surge o interesse em tapeçaria mural. Sua temática, são árvore, flores e pássaros.Não há qualquer referência a temas politicos.Alguns estudiosos, identificam em sua obra, elementos da tapeçaria popular, uma relação com o folclore baiano. Fonte - MAC/USP

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Olá! Deixo este texto no varal para secar ao sabor dos leitores.Meu neto esteve aqui, após uma consulta de emergência para fazer nebulização e utilizar uma medicação mais eficaz.Imagino, que a alegria de estarmos juntos, é um atenuante para a sua rápida melhora. Chegar na casa dos avós, é uma tradução de alegria e liberdade. É dançar com as músicas infantis,é reparar que gosta muito de ouvir Alecrim e outras do folclore infantil.Adora descobrir as coisas, objetos, sons. Tem uma ligação muito grande comigo, ao chegar no elevador, começa a me chamar.Nem imaginava que tal coisa poderia acontecer, do meu neto, procurar, de vir para o meu colo e a minha companhia.Se ele fica adoentado, nós como avós, repartimos este momento, com solidariedade e apoio ao casal.
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Pelo corredor, bem devagar, caminhava Ararajuba, cochichando com o Papa Gaio Ignácio. Ar circunspecto, barba por fazer, de muletas; por causa de um tombo em uma partida de futebol, disputado com muita garra, na Granja Ovo Virado. O adversário, o vitorioso time Currupaco Papaco, da vizinha Pelota da Cruz de Malta, situada na periferia de Plano Alto do Centro. Pelo modesto placar de 3 a 0. O time da casa, quase não vencia, com esta sina, acabava esquecendo a iludida torcida, que um dia foi esperançosa. Ignácio, desde que viu e leu o Tio Patinhas, Mulher Maravilha, Pateta, Capitão América e a Águia Careca, começou a falar mais enrolado, que nem ele, entendia, cada vez mais, se surpreendia, extasiado.Alguns diziam que delirava com o modelo econômico da nação amiga.Resolveu começar agradando os amigos do Fundo Perdido. Ficava emplumado, de bico em pé, com as histórias que eram narradas, ao pé do ouvido, pela Dona Maritaca, na beira da cama, na hora de dormir. Viajava mais em pesadelos do que em seus sonhos, de fazer uma Granja, semelhantes, as que viu lá fora.Idéias megalomaníacas, dominaram sua mente.Vai mostrar ao mundo, com quantos paus se pode fazer uma Granja.Pegou a Vaca Aflitosa pelo rabo.De hoje em diante, não se fala mais, nesta Vaca Aflitosa, ela foi para o brejo.
Quem os visse andando, naquele corredor, percebia a irritação de Ignácio...Parecia estar de cabeça quente.Uma coruja que assobiava perto daquele morro, ao lado do pé de manacá, escutou e espalhou para a comunidade, que o Papa Gaio Ignácio, andava sondando pelo paradeiro do Bode Ludovico. A todos que perguntara, ninguém soubera responder, inclusive aos urubus que sobrevoavam o céu da Granja. Para o enviado especial e porta-voz, a resposta, era a mesma, ninguém sabe, ninguém viu.
Desde que, a Voz da Floresta, em primeira-mão, noticiou em escandalosa manchete por várias semanas seguidas; informando que uma cobra criada, viu um vulto, que à distância parecia ser o famoso Bode Ludovico, de posse de uma imensa mala preta e marrom, junto com o Macaco Malaquias. Não houve mais sossego naquelas terras, lagos e quadras. A noticia prosseguia, informando que o repórter, ao entrevistar a sua fonte, que esta lhe garantiu, de pés juntos, embora, fosse na calada da noite, o acontecido; ela estava convicta, de que se tratava do Bode Ludovico, acompanhado do famoso Malaquias. Tinha tanta certeza,quer dizer, a não ser, se ele fosse gato, pois, à noite todos os gatos são pardos.
Do outro lado da Praça Central, Sapo Gordo, como era conhecido o proprietário do clube de futebol, apreciador de charutos, se vangloriava de seu glorioso time aos quatros ventos. Em entrevista a uma rádio local, afirmava e vociferava que o clube, o seu clube, jogava sem patrocinador...e que era o único clube no mundo , que estava com tudo sob controle e ordem de pagamento para ser efetuado dentro de três meses. O que se ouvia, era intriga da oposição, que sempre insatisfeita, reclamava sem razão. Um bando de vagabundos, uma playboyzada, filhinhos de papai. Pior, é que tem a liderança de uma anta, que sempre foi dominado pela mulher, uma capivara, oriunda da baixada. E ria como uma hiena, embora, fosse sapo, ao falar da oposição.
Tião, o velho macaco, que conhece os meandros do futebol, segundo o noticiário da Bola Furada, em reportagem especial de oito páginas; dera uma entrevista bombástica, revelando os bastidores do futebol. Até hoje, se menciona a reportagem. O que se comenta, é que este dirigente, acabou fazendo da atividade esportiva, um trampolim para suas pretensões políticas, foi eleito vereador da cidade; da vizinha cidade satélite de Plano Alto do Centro.
Daí, que primeira vez, o time obteve diversos resultados positivos. Dizem os adversários que a sorte foi ter um parente de segundo grau, do primo da prima da perereca da vizinha; como árbitro das peladas. Contando com os fortes vínculos familiares, e ajuda de Nossa Senhora das Vitórias, acabou realizando um negócio em família, nada foi comprovado, apesar das ligações telefônicas e bancárias, feitas pelo pessoal especializado. Descobriu , após, longas e estafantes investigações, que os animais envolvidos, gostavam apenas de chupar laranjas da terra.
Ainda, não apareceu na região, um clube de futebol capaz de derrotar este time. A transmissão exclusiva da Rádio AM Voz da Bicharada, narrado pelo intrépido Gaguinho, premiado locutor esportivo.O dirigente estava orgulhoso, de agora em diante, não daria mais zebras.Foi-se o tempo das vacas magras.As entrevistas foram retomadas, após, o longo período de abstinência do clube.
Lambari, muito revoltado de um lado comandava a torcida organizada, de outro Trovão, comandava a torcida do clube adversário.. Todos freqüentadores habituais da praça da cidade, gangues conhecidas por sua violência, tratou de fazer um arrastão pelas ruas da cidade.Como em boca fechada não entra mosca. Os moradores, todos que assistiram as cenas, ficaram emudecidos. Ninguém ousou abrir o bico.
O pároco da igreja pintada recentemente através de donativos feitos por seus freqüentadores, teve que reduzir o número de missas, por conta das assustadoras ameaças de invasão para roubar o que os fiéis levavam para a igreja.
Lambari e Trovão, juntaram as suas forças. Um estranho recado chegou até aos ouvidos de Lambari, em um telefonema, que depois, descobriu, ter sido interceptado.Lambari, ficou muito satisfeito, parece que ia pintar dinheiro na parada. Um antigo exemplar da Voz da Floresta, jogado em um canto, anunciava a presença do Bode Ludovico, no Plano Alto do Centro. O que estaria fazendo o Bode, naquele lugar? O boato estava espalhado.

sábado, outubro 15, 2005

Conversas de Sábado: Ouvindo a Memória.

Antônio Dionísio: "Bar Vermelho", Óleo s/ tela. Nasceu em Pitangui, Minas Gerais, em 1937 - Marcineiro, Escultor e Pintor Autodidata. Artista Premiado em diversos salões nos vários estados em que atua.Concentra grande parte das exposições e premiações no Estado de Minas Gerais. Com grande destaque na arte primitiva.Fonte: Arte Visual

Olá! Meus queridos amigos leitores e blogueiros.Passo para deixar este texto, que está apresentado como forma de homenagem a minha madrinha de casamento, que faleceu há mais de um ano.Fomos colegas de faculdade, eu e Marilene, ela e o seu companheiro. Uma grande historiadora e uma excelente professora do ensino público.Foi muito rica a convivência com o casal, isto é, ela e o seu companheiro, sociólogo e mestre em sociologia.Um dedicado profissional na docência.Dedicamos parte de nossa trajetória intelectual, ao estudo das populações indigenas.Depois, tomamos rumos diferentes.Ele foi para o magistério e fui para o ramo editorial e livreiro. Ontem, o meu neto veio passar a parte da tarde comigo e com a avó.Ficamos contentes com a visita, realmente preenche a casa com a sua inesgotável alegria.Um menino sorridente, curioso e melhor ainda, muito inteligente. Chega aqui em casa, chamando por Vô.É muito grudado ao avô e também curte muito, a sua querida avó. Continua com resfriado e com a garganta inflamada, foi medicado, resta apenas aguardar, em silêncio... Um bom final de sábado e um excelente dia de domingo. Um forte abraço.

Maria D`O, uma nordestina, que andava distraída olhando as vitrines das lojas na Rua da Quitanda. Ir ao centro da cidade, era uma das coisas que , preferia evitar; não suportava o barulho, o tumulto, de muita gente andando, é um vaivém constante, frenético, esbarrando em você, como você, não fosse nada, nem um objeto, apenas um obstáculo., que a pessoa transpõe com muita facilidade, inclusive não ser gentil, educado, condições básicas, de quem transita desta forma entre os seus pares. Assim, me parece, atropelam, vão de encontro e fica por isto mesmo, estão sempre com uma pressa, rara são as pessoas que se desculpam. Seguem triunfantes ao seu destino, carregando trofeus de lições de individualismo.Nesta segunda terça-feira do mês de agosto, depois de protelado por diversas vezes, combinei com a querida amiga portuguesa de longa data, um encontro no centro da cidade, no Real Gabinete Português de Leitura, na Rua Luis de Camões, no Centro, a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal.Um bonito prédio.
Fiquei pensando, enquanto caminhava e desviava de um carrinho lotado de caixas de cervejas, que pedia passagem, emitindo um som gutural, por quem o conduzia. As pessoas em sua frente, se encolhiam e ficavam assustadas com a impaciência daquele jovem. O rapaz, me pareceu mal educado, atestei por meu olhar de reprovação.Acha que por estar carregando um material pesado, quem estiver em sua frente, tem a obrigação de deixar o espaço livre, não importando, se há ou não condições para isto. Em qualquer rua de diversos bairros, ou de qualquer cidade, com estas caracteristicas; aparecem este comportamento, com sinais graves das neuroses urbanas se manifestando e reproduzindo. São impacientes, irritadiços, sem senso de humor, embora, o morador do Rio,tenha algumas peculiaridades inerentes ao humor. Mas, é no centro da cidade, a grande atração, o verdadeiro palco aberto para as diferentes representações do cotidiano. Algumas servem mesmo para o sustento, para a sua sobrivivência. Imagino que exerce um poder de transformação no individuo, tanto o pedestre, quanto, aos que se locomovem por qualquer veículo. Estão afoitos, em um exarcebante individualismo com ares de grosseria explicita.Algumas discussões são presenciadas pela platéia, ávida de novidades exibicionistas.Há sempre alguém fazendo alguma coisa e em torno dele, diversas pessoas, o grupo de assistentes, está criado.Malandros e heróis, improvisam uma convivência.
Dobrei a Rua Sete de Setembro, cheia de pessoas trabalhando e sujeiras produzidas também pelo comércio informal, um caos, colocam as mercadorias como se a calçada, aquele espaço, pertencesse ao individuo que está ali exercendo o seu digno trabalho.Ele tem de trabalhar, você necessarimente, alí não tem de transitar, preferencialmente, o de comprar as mercadorias que estão expostas.Você tem de ter a compreensão, alí, naquele espaço que é tomado, apropriado, é melhor ele está alí, do que estar roubando, como muitos alegam. Outro dia, ouvi de um trabalhador de rua, em Copacabana, reclamando, segundo ele, com a madame, como assim identificou, uma senhora indignada, com a falta de respeito.
Entrei pela Travessa do Ouvidor, também muito movimentada e de um fétido odor de esgôto. Neste espaço há uma insignificativa presença dos trabalhadores de rua, poucos se fazem presentes, os que se fixam, é para aqueles que estejam protegidos por licença, obtida na prefeitura. Entrei em uma livraria, para fazer hora., uma vez, que voltaria para casa um pouco mais tarde, devido ao encontro. Lembrei, enquanto, dava uma paquerada nos livros, recordo que esta livraria, vivia às moscas, mas o que eu soube, por um velho amigo, que foi meu namorado, no começo da faculdade, disse ao telefone, que ele arrumou grana e novos sócios. O dono, é mineiro, com fortes vinculos em uma familia do antigo governador de Minas Gerais, no final dos anos 40. O dono desta badalada livraria, foi um livreiro falido nos anos 70, conseguiu derrubar os muros de uma livraria de prestigio em Ipanema, na Praça General Osório, em um subsolo de uma galeria., freqüentada pela esquerda festiva ipanemense.
Deixei para comprar o livro em uma próxima oportunidade, aliás, é um autor que gosto muito. Em minhas caminhadas pelo bairro de Ipanema, sempre o encontrava, próximo a Rua Canning, onde morava e vivia sozinho, desde que separou de Lígia, a sua segunda mulher. Um dos nossos grandes prosadores, o cronista e escritor mineiro Fernando Sabino, que foi casado, nos anos 40, com Helena Valadares, filha do governador de Minas Gerais, Benedito Valadares. Sabino foi também dono de editora, junto com Rubem Braga e Walter Acosta, a Editora do Autor. Desfez a sociedade e montou com o cronista Rubem Braga, em 1966, a Editora Sabiá, vendida posteriormente.
A guarda municipal estava dispersando com muito rigor e com cassetetes, os ambulantes, assim que saí da livraria, percebi uma grande correria do pessoal que colocam suas mercadorias na calçada, seja no solo ou em caixotes improvisados.O ambiente, até a pouco utilizado pelo pessoal, dono da rua, era de muita imundice, uma falta de cuidado com o espaço que se pressupõe, não ser dele. Muitos poucos adquirem a consciência de limpeza. Andei mais um pouco e atravessei a caótica Avenida Rio Branco, um motorista distraido, falando ao celular, avançou o sinal, o guarda de trânsito em conversa, trabalhava. Quando eu pensava no ato deste motorista, passou por mim, um antigo colega, um militante do Partidão (PCB), estava sempre com David Capristano, que na época, era um estudante de medicina.Admirava muito o David e sua irmã Carolina. Tempos dificieis eram aqueles, de repressão e censura em todos os níveis. Nós que estudavamos ciências sociais, éramos visados por agentes do Dops.Alguns colegas, foram perseguidos. Andei pelo centro, passeando pelos fragmentos de minhas memórias. Fui até ao Largo de São Francisco, neste local, está o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ) onde fiz minha graduação.
Nesta área do centro da cidade, há uma grande concentração de pessoas, um variado comércio e muitos escritórios e empresas. Também biscateiros e garçons. O Largo, é via de acesso aos diversos pontos de ônibus, para diferentes bairros da zona norte e do subúrbio. Qualquer dia destes, vou falar sobre a Praça Tiradentes, de grande passado histórico-cultural da nossa cidade maravilhosa e de encantos mil. Ao dizer deste modo, não quero, ignorar a situação sócio-econômica, não estou disposta a mascarar a realidade, enfeitando-a, para distorcer as lentes que a observo e vivo o seu dia-a-dia.
No Largo de São Francisco, algumas vezes, tornou-se abrigo do pessoal sem-teto , do sem-terra, de vários grupos sociais; é uma parte da história da arquitetura e da biografia da cidade. Há a Igreja São Francisco de Paula., uma criação, em que a presença da arte colonial, se manifesta com trabalhos do Mestre Valentim. No meu tempo, havia uma grande concentração de mendigos e bebados e nem poderia deixar de fazer parte deste cenário urbano, a grande pivetada, que vez por outra, em nossas salas de aulas, ouviamos, um grito desesperado de Pega Ladrão! Pega! Pega! Ou, as intermináveis brigas e xingamentos entre mendigos.
Em frente ao prédio em que estudei, muito mal conservado, diga-se de passagem, passou por diversas fases, houve um momento, que pertenceu à Academia Militar, no periodo do Império, depois, Escola Central, mais tarde Escola Politécnica, que passou a ser a Escola Nacional de Engenharia do Brasil, que na década de 60, era chamada de Universidade do Brasil - UB. No final dos anos 60, mudou-se para aquele prédio a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, a primeira era no centro – Faculdade Nacional de Filosofia, esteve também, junto a Faculdade de Comunicação no prédio antigo do Instituto de Eletrotécnica, na Praça da Republica, no centro da Cidade, depois a Comunicação, é transferida para a Praia Vermelha, em 1971, houve a separação destas unidades. A Faculdade de Ciências Sociais, veio transferida do bairro de Botafogo, ou melhor, a antiga Faculdade de Filosofia – FNFi, estava situada em um casarão da Rua Marquês de Olinda, convém lembrar que era um momento de tremenda agitação intelectual.Tivemos vários professores mantidos sob suspeitas, uma de nossas maiores historiadoras Eulália Lobo, foi presa por uma semana, na ocasião da visita de Rockfeller em nosso país. Nesta rua situava, a Livraria e Editora José Olympio. O movimento estudantil, estava presente nas ruas, manifestando-se em passeatas...em palavras de ordem: Fora FMI, Fora Acordo MEC/USAID, Mais Vagas.,Liberdade para os presos , Um dois, três, gorila no xadrez, Yankees Go Home, as barricadas e greves em vários segmentos.
Passeando pela memória, esbarrei com o periodo em que eu residia na Tijuca, à parte em que eu morava, era conhecida como Engenho Velho, há muito foi transformada em Tijuca; eu era aluna do Instituto de Educação. Recordo que a área construida da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (antiga UEG), existia uma favela, a Favela do Esqueleto, que foi incluida naquele periodo de forte politica de remoção dos anos 60, nesta leva, foram incluídas a Praia do Pinto (Leblon) e a Catacumba (Lagoa). Vários estudos de diferentes disciplinas, se debruçaram sobre o assunto. O papo do atual prefeito, passa por esta discussão, de controle das favelas, da favelofobia, sobre alternativas a favelização; alimentaram, o noticiário recente sobre remoção de favelas. Parece que os politicos, gostaram do resultado obtido com as favelas de Cidade de Deus e Vila Kennedy, estranho, muito estranho o nosso país.
Uma curiosidade em passear por alguns lugares que transitei por muito tempo me levou a fazer uma visita nesta parte do centro da cidade e da minha memória.. Foi muito bom o encontro, saímos para lanchar na Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias, de longa tradição na cidade, foi inaugurada em 1894, um exemplo típico da belle époque carioca, com a sua arquitetura art nouveau, pedimos o cardápio e iniciamos uma conversa em volta do tempo, um tempo, presente em nossos olhos, em nossos ouvidos em nossa mente e nos corações de sobreviventes da cidade do Rio de Janeiro.