segunda-feira, junho 18, 2007

Papo de Segunda

Mário Cravo Júnior: Escultor, Gravador e Desenhista. Um dos maiores artistas baiano e de grande importância no panorama das artes de nosso país. Nasceu em Ribeira do Itapagipe, Bahia, no ano de 1923. Pai do talentoso artista Mário Cravo Neto. Doutor em Belas Artes pela UFBA. Artista com exposição individual e coletiva no exterior. Considerado como um dos fundadores da Arte Moderna da Bahia.


Fonte de Consulta: Wilkipédia // Mario Cravo Neto //Acervos.art.br // Camara do Governo // Organização Odebrecht





Na semana passada ao voltar a caminhar pela orla em direção ao Posto Seis, passei por um trecho da praia destinado aos jogadores de peteca. Foi o momento em que lembrei do livreiro Ernesto Zahar, proprietário da livraria Ler, morador de Copacabana e freqüentador assíduo daquele espaço. Muitas vezes em minha caminhada ou corrida, presenciava ali, como praticante de peteca, sempre de sunga, o livreiro Ernesto e os seus parceiros de jogo.
Conheci diversos profissionais que trabalharam na Livraria Ler, tanto na Rua México, quanto na filial do Mercado das Flores. Bons tempos da Livraria Ler, realmente a livraria tinha uma tintura de esquerda, não sei se seria uma livraria de oposição ao regime militar, diferente do que aconteceu com editoras, por exemplo: a Kairós Livraria e Editora, uma pequena editora paulista, cujos sócios eram: José Castilhos Marques Neto, Magali Gomes Nogueira e Moisés Limonad, três militantes da Libelu, vinculados a Organização Socialista Internacional. Aqui recomendo para quem desejar aprofundar no tema, o interessante estudo de Flamarion Maués, publicado na Revista História, SP, vol. 25, nº2 p.115-146, 2006. Aliás, faz parte de sua tese de mestrado: Editoras de Oposição no período da abertura (1974/1985) defendida no Departamento de História da USP, em fevereiro de 2006.
Aqui no Rio, houve atentados em jornaleiros e livrarias, apreensão de livros, caso da Ler de edições portuguesas de Carlos Mariguela, Márcio Moreira Alves e outros autores; incêndio, como o caso da Livraria Leonardo Da Vinci, da livreira Vanna Piraccini. Época de atentados, censura, anos de chumbo.
Houve um pessoal oriundo da Ler que abriu uma livraria na Rua Senador Dantas 117, no segundo ou terceiro andar, ali, foi instalada a livraria Espaço Dois. Os livreiros eram: Cícero, Celso e Américo. Um outro vendedores de livros partiram para Niterói, como o caso de Silva e outroa como: Joaquim e Everaldo, foram para a Livraria Vozes, da Rua Senador Dantas. Houve um, que foi para a livraria Argumento, o livreiro Celso Rolim (Livraria Apolo). Houve uma debandada da Ler, cada profissional tomou rumo diferente. A loja do Mercado das Flores havia fechado.
Na sexta-feira, recebi um pouco tarde a noticia de falecimento de um profissional do livro, grande batalhador, sobreviveu às duras penas como distribuidor da Perspectiva por mais de 30 anos e inicialmente com a Cortez & Moraes, depois do racha, apenas com a Moraes. Soube antes de fechar a minha distribuidora, ele tinha conseguido a Ateliê para distribuir. Seu nome: Arnaldo Vasconcellos Carqueija deixa os filhos Marcelo e Mônica. Fiquei abalado com o falecimento de Arnaldo, trabalhei com ele e os filhos em sua distribuidora Expectativa, localizada na Rua do Rosário 137, mais tarde as dificuldades como distribuidor o levaram decidir que para sobreviver teria de transferir para a sua residência no Méier, foi o que acabou fazendo. Fui seu vendedor por um tempo. Dificuldades muitas, era difícil vender com o desconto menor, mesmo ele tendo exclusividade das editoras. Conversava e muito com Arnaldo, quando passei a ser também distribuidor, ele, costumava passar na distribuidora para bater um papo, colocávamos em dia, a situação do mercado de livros. As distribuidoras viviviam agonizando, algumas como a minha estavam entrando em um processo de coma, o resultado não demorou, entrou em colapso como as demais distribuidoras, encerrando as atividades.
Um outro profissional que soube que teve um final trágico foi o dono da Livraria Ciência e Cultura, com filiais pelo Espirito Santo e pelo Rio, seu nome: José Alberto Aires Pinto, que cheguei a mencionar quando falei da livraria Ao Livro Técnico em um post anterior.

domingo, junho 03, 2007

As Publicações de Ciências Sociais no Rio de Janeiro

Eridam Pimentel : Importante e destacada artista plástica de Brasília. Participou recentemente da Mostra Coletiva sobre As Cores do Carnaval, promovida pela Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Participa do projeto Atelier Aberto desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Sociedade dos Artistas Plásticos de Brasilia.
Fonte de Consulta: Secretaria de Estado de Cultura //Atelier Aberto //Expoarte







Em minhas andanças pelas ruas da cidade, em minha rotina de visitas, freqüentava uma das melhores livrarias especializadas em ciências sociais, a livraria Ler, de Ernesto Zahar. A livraria ficava na Rua México, número 31, na sobreloja, defronte para a Zahar Editores (na época ainda identificada como Zahar, mais tarde, em 1985, passou a ser Jorge Zahar Editor). No mesmo prédio, no térreo, a esquerda de quem entra, fica situada a livraria Galáxia, de Lucien Zahar, irmão de Jorge e Ernesto..Estas empresas pertencem a cada um dos irmãos Zahar e cada uma delas , de participação relevante no mercado de livros de nosso país.Todas as três participavam de feiras de livros, que em rodízio, circulava pelas praças dos bairros do Rio, oferecendo descontos de 20%.

Na verdade eram três irmãos envolvidos com a comercialização e edição de livros; dos três, o que eu mais conversava sobre livros era Lucien Zahar (1925/1998). Gostava de ouvir suas historias, muitas delas uma narrativa em que os três irmãos eram protagonistas da história do livro no Rio de Janeiro.

A livraria Galáxia foi fruto da dissolução da sociedade da editora Zahar, cada irmão seguiu o seu destino, se não me falha a memória, isto aconteceu no inicio dos anos 70. Conheci alguns dos seus filhos que hoje estão à frente das empresas. Engraçado que no momento em que escrevo não consigo lembrar o nome da filha de Lucien, lembro de Luc que auxiliava o pai na livraria, mais ainda quando a doença abateu gravemente seu pai; Ernestinho, filho de Ernesto Zahar ficava na filial da livraria na Praça da Republica, 71, no centro de São Paulo, mas aparecia sempre na livraria do pai. Li em algum lugar que a partir de 2004 por decreto do governo municipal o nome do livreiro Ernesto Zahar passa a ser nome de rua no bairro Recreio dos Bandeirantes. Gostei da iniciativa, uma justa homenagem. A livraria Ler nos anos 70, montou uma filial no Mercado das Flores, número 28, uma pequena loja; vieram na ocasião vendedores da loja da Rua México, que mais tarde alguns destes vendedores passaram a trabalhar em Niterói, em lojas como: Diálogo, Portinari, Casa da Filosofia, Pasárgada do badalado livreiro e professor Aníbal Bragança , Gutemberg e outras da rede do maior livreiro de Niterói, o senhor Antonio.

Minha aproximação maior com Lucien nos anos 90 foi, por ter me transformado em distribuidor de diversas editoras, todas, as colocava sob regime de consignação na livraria Galáxia, de modo que sempre alimentava a livraria com novidades e a prestação de contas, era imediato. Nos anos 70 eu e minha mulher tínhamos crediário na livraria, lidávamos mais com o gerente Jaques Jonis Neto, mais tarde foi gerente comercial da Achiamé e editor da Dois Pontos, nos anos 80.

A Zahar registrava um importante catálogo na área de ciências humanas, principalmente na área de ciências sociais. A produção das ciências sociais do Rio de Janeiro encontrava acolhida na editora, por exemplo, através da família de Octávio Alves Velho militar e tradutor da editora, bem como os seus filhos Otávio e Gilberto. Fui aluno de Gilberto Velho (A Utopia Urbana: um estudo de ideologia e urbanização) e de Yvonne Maggie (Guerra de Orixá: um estudo de ritual e conflito). Muitos antropólogos em suas teses do PPGAS/UFRJ foram editados pela Zahar, assim como as teses do IUPERJ, um centro de pesquisas da Candido Mendes. Na verdade durante os anos 70/80, não só a editora Zahar que publicou o material de ciências sociais produzidos pelos centros acadêmicos do Rio de Janeiro, havia as editoras Vozes, Forense Universitária, Achiamé, Difel, Francisco Alves, Movimento, Campus, Hucitec, Imago e Paz e Terra/Graal. Notava-se a presença de artigos em publicações de periódicos como as revistas Vozes, Civilização Brasileira, Paz e Terra, Debate e Crítica, Revista de Administração de Empresas (RAE) e Ciências Políticas da Fundação Getulio Vargas, Revista América Latina, editada pelo Centro Latino-Americano de Pesquisas em Ciências Sociais, dirigido por Manoel Diégues Junior. Pelo IUPERJ publicava-se a Revista Dados, dirigida pelo cientista social Charles Pessanha.

Voltarei ao assunto em breve.