quinta-feira, junho 30, 2005

O Muro.


Ivan Serpa - Pintor/Desenhista/Gravador - Nasceu no Rio de Janeiro, em 1923 e falece em 1973, no Rio de Janeiro - Artista muito premiado - Um dos articuladores do grupo Frente (1954/1956), composto por vários intelectuais, dentre eles, podemos citar: Ferreira Gular, Mário Pedrosa (1900/1981), Lygia Clark (1920/1988), Lygia Pape (1927/2004), Franz Weissemann (1911),Helio Oiticica (1937/1980) Abraham Palatnik (1928), Decio Vieira (1922/1988). Serpa foi autor do livro Crescimento e Criação, com texto de Mário Pedrosa. Em 1970, funda com Bruno Tausz, o Centro de Pesquisa de Arte no Rio de Janeiro Posted by Hello

Em exposição no varal da Quitanda.Foi feito com a mistura de concreto e sonhos.

Ali, tem um muro.
Como eu enxergo?
Se ele é invisível .

Continuo vendo este muro.
Ele, é antigo! Eu sei!
Estranho, cresce junto comigo.
Não sei se me pertence.

Tentei derrubar, não consegui
Pedi ajuda e ninguém veio.
Dei murros neste muro
De nada valeu o esforço .

Continua firme, sólido e só.
Vejo o muro e não pulo.
Está alto, bem alto.

Divido minha sombra com ele.
Continuo não vendo o muro
Fico próximo, ou, fico distante.
Não importa, ainda continua.
Invisível .

Vou pintar o muro
Urro e não vejo.
Fico mudo
Sou mudo.

Corro em direção ao muro
Ali, todo duro.
Nem sei, se eu, ou, o muro.
Queria fazer um furo.

Olhar do outro lado do muro
Eu Juro!
Procuro!
Não consigo!
Dependuro no concreto deste muro
Frases de liberdade.
Abaixo o muro!
Onde está o muro que não vejo?

Está em mim, eu nem sabia
Se, sabia, fingia.
Ando cercado de muros
Puros.

quarta-feira, junho 29, 2005

Ilusão


Carlos Pertuis - Artista Plástico, nasceu no Rio de Janeiro, em 1910 -"Sem Título"(Óleo sobre cartolina) - Participou da Exposição de Frankfurt, com apoio do Museu do Imagem do Inconsciente, instituição criada pela psiquiatra Nise da Silveira (1905/1999),que foi aluna do Instituto C.G Jung, em Zurique - A alagoana Nise da Silveira, foi uma das maiores divulgadores da concepção junguiana de análise do inconsciente.Presa na época do Estado Novo, foi companheira de cela, de Olga Benário Prestes.Personagem do livro Memórias do Cárcere, do alagoano Graciliano Ramos. Foi criada uma coleção de arte psicopatológica . Produzidos nos ateliês criados no Hospital Psquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro,situado no bairro do Engenho de Dentro,  Posted by Hello

Entrei cedo, pela manhã e fui direto à padaria dos confeitos de letras em fôrma, dos doces escritos, das bombas mal traçadas, colocadas no forno aquecido por páginas feitas em papel de embrulhar,são alguns dos ingredientes que utilizo, para as mercadorias expostas nos salões da Quitanda.O resultado, está aqui, pendurado no varal de poesias, para secar ao vento.


Hei você! Empresta sua ilusão.
Perdi a minha, na esquina.
Andei procurando, nos bolsos,
Nos tetos,nas ruas, nas estrelas
e no meu coração
Sumiu! Fugiu! Morreu!
Nem se despediu.

Deixei uma lágrima para ela
De presente.
Crente, que não ficaria mais
Ausente.

terça-feira, junho 28, 2005

Lençóis Cerzidos


Tarsila do Amaral - Nasceu em Capivari, São Paulo, em 1886 - Artista Plástica/Escultora/Desnhista - Pintou vários quadros considerados como obras-primas, no panorama da pintura nacional. Casada com Oswald de Andrade - Participou do Movimento Antropofágico, onde produzem um manifesto. Criam a Revista Antropofágica, considerada com a nata do movimento modernista.Pinta o famoso quadro, o Abaporu,oferece como presente de aniversário ao marido, que ao ver tal imagem, fica assustado, expressa-se, dizendo: "que é uma composição extraordinária, selvagem:Uma coisa do mato".Tarsila, passa por várias fases. em sua pintura, todas representativas, em observações registradas sobre a nossa realidade, com pinceladas das cores exuberantes.Pintora engajada, esteve presa, pelas idéias que defendia. Morreu em 17 de janeiro de 1983.. Posted by Hello

Acabei de colocar no varal de escritos diversos, saiu do fôrno, como se diz na gíria editorial.

Encontrei sua alma vestida
Anoitecida na cama
Olhando as estrelas
Tecendo desejos silenciosos
Traçados em seu corpo.
Sua alma geme fremente.
No movimento ardente
Do corpo em chamas.
Reclama e
Ama! Rápido,
Cubro seu desejo em beijos
Ouço seu coração nos abraços
Dos prazeres dilatados
Convertidos
Por baixo dos lençóis cerzidos
Com tecidos coloridos
Pelas tintas do
Destino clandestino
De um amor fugaz.

segunda-feira, junho 27, 2005

Fatias de Sonhos


Helio Oiticica - Pintor/Escultor - Nasceu no Rio de Janeiro - 1937/ 1980 - Integra o grupo Frente em 1953, participa de vários projetos na cidade.Autor de Parangolé, que ele considerou como "antiarte por excelência". Hélio foi neto de José Oiticica,filológo, professor do Colégio Pedro II e militante anarquista brasileiro no início do século XX. Inventor da palavra Tropicália, que acabou sendo incorporado ao movimento musical, de Caetano Veloso e Gilberto Gil Posted by Hello

Uma breve ausência e retomando pela manhã, as atividades da Quitanda. Comecei remexendo em uma antiga agenda; tenho algumas, que são guardadas em minhas gavetas onde costumo repartir, memórias, lembranças e congêneres... O dia de hoje, havia anotações, sobre o escritor João Guimarães Rosa , apontando que no ano de 1908, nascia em Cordisburgo, a 120 km da cidade de Belo Horizonte. Sem dúvida um dos nossos maiores escritores. Nesta cidade, encontra-se também, a Gruta de Maquiné, com 650 metros de extensão, é considerada como a maior de Minas Gerais. e foi descoberta pelo botânico e zoólogo dinamarquês Peter Lund, em jornada pela bacia do rio das Velhas.
Gosto muito de Guimarães Rosa e quando tive locadora de vídeos no bairro do Catete, no ano de 1996, escolhi Sagarana, como a razão social da firma. Sagarana, um livro que totalizam nove contos. Sua primeira edição data de abril de 1946, com o selo da editora Universal, de Caio Pinheiro, um amigo de Guimarães Rosa. Edições posteriores, foram publicadas pela Livraria José Olympio e que mais tarde, foi adquiridos os direitos autorais pela Editora Nova Fronteira. Neste livro, há explicações através de uma carta de Guimarães Rosa a João Conde, revelando os segredos de Sagarana, na verdade é uma transcrição do livro Relembramentos: João Guimarães Rosa, meu pai, de Vilma Guimarães Rosa, publicado pela Nova Fronteira. O livro Sagarana, o seu último conto, foi adaptado para o cinema, que é: A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965), uma produção brasileira de Luiz Carlos Barreto, Roberto Santos e Nelson Pereira dos Santos , com direção e roteiro de Roberto Santos (1928/1987), música de Geraldo Vandré. No elenco destacam-se: Leonardo Villar, Jofre Soares (1919/1996), Maria Ribeiro, Mauricio do Valle (1927/1994), Solano Trindade, Geraldo Vandré, Ary Toledo...
Neste mês de junho, no dia 25 do ano de 1957, o Presidente Juscelino Kubitschek, em reunião com o mercado editorial, ouvindo, via INL (Instituto Nacional do Livro), os livreiros, editores e autores, acolheu reivindicação da classe, que passou a obter, tarifas postais reduzidas e ficando isenta de todos os impostos, exceto o de renda. Avanços importantes para o crescimento da indústria gráfica.
Neste mês, no dia 26 de junho de 1969, circula no Rio de Janeiro, o primeiro número do jornal O Pasquim, fundado por Jaguar, Ziraldo, Millôr, Sérgio Cabral, Luis Carlos Maciel, Claudius, Carlos Prosperi, Marta Alencar, Miguel Paiva e Tarso de Castro, que inclusive foi editor do jornal por oitenta números.Havia uma secretária, que se não falha a memória , era dona Neuma. Jaguar, definia na ocasião como:”Vamos fazer um jornal pra baixar o cacete, então todo mundo vai dizer que é um pasquim. Vamos chamar ele de Pasquim de uma vez pra cortar a onda dos caras”. O Pasquim, foi um jornal nascido em Ipanema, embora, com sede em Copacabana, na rua Saint Roman, 142. Apesar da censura, o jornal, inovou na linguagem, na introdução de novos temas e podemos também, observar, mudanças de comportamento.Considerado por muitos, como o mais representativo da chamada imprensa alternativa.Teve uma tiragem inicial de 20 mil exemplares, atingindo cerca de 200 mil nos anos 70. Ainda poderíamos encontrar como colaboradores do jornal, jornalistas, como Paulo Francis, Sergio Augusto, Ivan Lessa, Fausto Wolff, Ruy Castro. O jornal é desativado em 1991, sofreram censura, atentados a bomba e boicote nas bancas de revistas. Em período negro, recebeu colaboração de diversos intelectuais. Como: Chico Buarque, Antonio Callad, Rubem Fonseca, Henfil.
Voltarei a falar mais tarde sobre imprensa alternativa, agora, mostro o que encontrei pendurado no varal de escritos da Quitanda,


Recortei fatias de meus sonhos para colar
Na realidade, aparei as pontas,
costurei outras, remendei os retalhos.
Coloquei os viés e voei...
Voltei a sonhar e nada de ficar grudado
No estreito caminho por onde passava.

Caminhei por linhas tortas imaginadas
Traçadas,
Por lembranças do nosso tempo. Na paisagem,
Um temporal de emoções vazavam
Pelas ruelas de nossos corações.

Suspirei, tornei a sorrir. E sonho.
Sim! O sonho que você ajudou
A construir com a magia das cores
Abstratas, exatas
Das noites enluaradas que brilhavam
Em nossos momentos de amor.
O enredo de um filme que mostrava
Agora,
Apenas a minha dor,
A frágil dor da perda de um
Sorriso.

sexta-feira, junho 24, 2005

Escritos Silenciosos


Luiz Aquila - Artista Plástico, nascido no Rio de Janeiro, em 1943, filho do pintor e arquiteto Alcides Rocha Miranda. Aquila, obteve diversos pr�mios, tanto no Brasil, quanto no exterior, Foi aluno de Aluizio Carvão e Tiziana Bonazola no MAM.Xilogravura com Goeldi. Deu aulas na EAV/Paque Lage Posted by Hello

De passagem pelos corredores desta Quitanda, estou tendo oportunidade de conhecer pessoas encantadoras, na verdade,são blogueiras,leitoras, visitantes que transitam pela blogosfera. Na laboriosa vontade de criar um canal em que possa representar possibilidades, de múltiplas formas de dizer, conversar.Para a conversa fiada, para o papo informal. Aqui, na Quitanda, este espaço, está aberto.Entrem! Por favor, estejam a vontade!Mostro hoje, mais um escrito que estava guardado em uma das gavetas das estantes repletas de sonhos.

Entrei em seu quarto, ela estava sentada, ali no canto, acordada,
Com as mãos no rosto, escondida pelos cabelos grisalhos.
Soluçava baixinho, suspirava na cadência da dor.

Sua voz sussurrante, ecoava em meus ouvidos.
Acenou com uma das mãos, a outra segurava
um copo vazio.Pelo gesto esboçado, tímido,
evocava silenciosa à vontade de beber.

Coloquei água em seu copo, sempre preferia ao natural.
Caminhei em sua direção, também, silencioso. Mudo!
Abri à janela, o frescor da noite, invadiu aquele momento.
Afastei as cortinas. Coloquei uma cadeira antiga que tinha
sido de sua mãe, estava conservada, lustrava sempre com
Óleo de peroba.

Lembro de sua preocupação com aquela cadeira, gostava
De dizer que brincava e conversava com o tempo.
De quando, brincava de pique esconde, de fechar os olhos
Que contava de um a cem, procurava pelos cantos, alguém .

Das cantigas de roda, das músicas desafinadas das meninas
O anel que tu me destes, era vidro e se quebrou. O amor que tu
Me tinhas. Era pouco e se acabou.
Pular amarelhinha, gostava, e muito.

Estávamos mudos, silenciosos, apenas, por olhares, conversávamos
Era uma leitura silenciosa.Lágrimas que escorriam.
Palavras não ditas, frases mais que perfeitas de um tempo.
Retocados pelas lembranças.

Nos bailes bailados nos embalos de sua companhia.
Ficaram perdidos nos encontros, que agora, me
parecem ser de despedida.

quinta-feira, junho 23, 2005

Na Tela de Sonhos


Claudio Tozzi - Arquiteto Construtor de Imagens.Pintor e Denhista - Nascido em São Paulo, em 07/10/1944 -Influenciado pela arte pop americana.Premiadissimo artista, realizou no Rio de Janeiro, painel da estação Maracanã do Metrô.Autor de vários painéis em espaço público das cidades Posted by Hello

Na tela de meus sonhos
Desenhei sua imagem
Esculpi minhas lembranças
Colori meu desejo.

Silenciosa e Misteriosa
Caminhava afastando meus
medos e segredos.

Segurei sua mão
Encostei em meu coração.
Com beijos, mostrou o caminho.
Segui perdido, conduzido.

O quarto em penumbra escondia
nossos corpos.
Despidos
Atrevidos.

Os sorrisos de felicidades,
cumplicidades aquecidas
ligadas por fragmentos
de momentos inesquecíveis.

Foram testemunhas do nosso
amor.

quarta-feira, junho 22, 2005

Das Flores Colhidas no Tempo


Manabu Mabe - Pintor/Ilustrador - Participante de várias Bienais, tanto no Brasil, quanto no exterior.Ilustrou O Livro de Hai-Kais, editado por Massao Ohno/Roswitha Kempf. Nasceu na Província de Kumamoto, Japão, em 14/09/1924 - Veio para o Brasil, com a família em 1934.Morou na cidade de Lins. Falece em São Paulo, em 22/09/1997 Posted by Hello


Visitei o jardim de minha infância
Das flores colhidas no tempo
Dos Perfumes
Das Cores
E Dores
Dos Amores-Perfeitos
Dos Bem-Te-Vis
Dos galhos de outono sem patriarca
Da Manga-Rosa
Quero o gosto e o sumo.
Da Rosinha, Minha Canoa, que esqueci de ler
Nos jardins da casa rosa da esquina
Que eu espiava o corpo de menina em flor
Desfolhava o meu prazer.
Das Rosas híbridas
Ouvi o canto de Rosinha de Valença
Do Rancho da Rosa Encarnada, de Torquato Neto
Da Cor-de-Rosa do Índio de Orígenes Lessa
Da Rosa do Povo do Nome da Rosa
Das Rosas Formosas, das Rosas que falam
Dos Cravos de Abril.
Da Rosa que brigou com o Cravo
Das Rosas Chorosas, Indecorosas
Murchas, Silenciosas, Espinhosas
Goza a Rosa Cheirosa
Andei pelo Jardim da Solidão de Clara
Nos Passos da Rosa dando panos pra manga
Das Palmas batidas para Rosa Mota
Do Jardim Iluminado
Do Jardim de Inverno e da Primavera
Dos tempos de outrora. Da Rosa de Luxemburgo
Dos Jardins das Delícias do blog que conheci
Nas cestas das floristas que enfeitam meus sonhos
Prefiro Rosas, Meu Amor,
Circunda-te rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada. Odes de Ricardo Reis.
Dos acordes das Magnólias molhadas na chuva
Nos Jardins Prometidos de Cesária Évora
Das Bromélias Amélias e Sorridentes Heras
Das Madressilvas loucas brincando com as Begônias.
Das Melenas Douradas com cheiro de Rosa Mosqueta
Das Avencas Delicadas
Da Rosa Montero que ainda não li
Da Rosa de Hiroshima e o Lírio-Da-Paz
Da Rosa Rebelde da novela das sete
Das Trepadeiras insaciáveis.
Das Borboletas violetas pintadas de lilás
Dálias soltas flutuando nos jardins
Da Flor da pele dilacerada, esquecida no chão.
É de Cravo, É de Rosa,É de Manjericão
Na frescura de uma sombra folheando o
Caderno Rosa de Hilda Hilst. Da Rosa Amarela
Pois ela era uma Rosa. Ele era uma rosa.
As outras eram manjericão. Que pena,de Benjor
Quero Sempre-Viva, Quero Rosa Mimosa
Quero Maria Rosa de Rosa. Da Rosa Choque
Quero a amizade de Rosa Lepek amiga das Rosas
A Rosa com cirrose. Quero minha ilusão plantada
A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil
Quero as sombras das azinheiras do Alentejo
Que não vi. De Lisboa de meus amores
sonhados no dia de amanhã.
Descansar na Alameda das Rosas de prosas
Com Antúrios esculturas de minha felicidade.
Ler Guimarães Rosa e SubRosa da Meg
Atravessar os canteiros de folhagens vistosas
ornadas nas estufas de meus pensamentos.
Pelas magníficas ninféas e lótus.
Escorrer as Lágrimas de Cristo pelas matas e florestas
O som da Rosa de Ouro na voz de Clementina de Jesus.
Quero ficar sem medo da Boca-de-Leão morder as Hortências.
Quero evitar ser arranhado pelas unhas-de-gato.
Olhar para o campo e escutar o trotar das Cavalhinhas
Das floradas de Alpínia.
De Capuchinhas e Ramalhetes.
Não pise na grama!
Na grama onde fiz minha cama.
O cheirinho de alecrim, das flagâncias de Flor de Lis.
De Florbela e seus poemas.
Quero passear pelo roseiral de Rosa Mosqueta
No meu jardim da vida cantado por Djavan
Quero levar na mão direita, rosas para
Edmundo, Paulinho e Dory.
Quero arrancar os espinhos e seguir as Andanças
Do meu coração.
Quero os gorjeios dos pássaros
Quero a Rosa de Noel ao som dos chiados de pardais.
Correr pelas aléias imaginadas na adolescência
Olhar o sabiá que sabia ser sábia
Ir para junto das sombra das palmeiras
Cantar a Canção do Tempo
Levar um bouquet de Rosas para o casamento de Margarida e Donald
Ouvir o vento cantando La Vie en Rose de Piaf.
Quero balançar a roseira.
Quero regar Azaléias nas manhãs enluaradas.
Ao lado dos Ipês, ouvir Chico segurando suas Tulipas.
Dançar ao som das folhas verdes de minha esperança.
Na Festa das Rosas, esbarrar com a Rosa e seus botões.
Troncos e ramos forram a paisagem de minha vida.
Nas fontes e bosques verdejantes.
Não ter votado na Rosinha
Que nem tudo eram rosas nos canteiros perdidos.
Rosas rasteiras, escondidas e podadas em minhas lembranças.
Olho daqui Dona Flor.
Respirei o néctar do amor que perfumam o ar.
O sol dos girassóis aflora lá fora.
Apareceu a Margarida Olé Olé Olá
Ela está em seu castelo tomando copo de leite.
Olé Olé Olá
Venha meu amor!
Não fique triste, foi a Camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu.
Venha, desabrocha meu coração,
Com a flagância da Flor da Idade.
Para não dizer que não falei de flores.
Seja minha Dama da Noite por hoje e sempre
Vem fazer amor-agarradinho
Minha linda flor de nome Marilene.

terça-feira, junho 21, 2005

A Militante Heloneida Studart


Milton Rodrigues Dacosta - Pintor fluminense e muito premiado, nascido em Niterói no ano de 1915 - Um dos fundadores do núcleo Bernadelli, junto com outros pintores, como:Pancetti, Sigaud e Malagoli, em 1931. Pintores que se reuniam nos porões do prédio da Escola Nacional de Belas Artes. Posted by Hello

Hoje resolvi transcrever um texto/artigo da jornalista, escritora,dramaturga, feminista e deputada estadual Heloneida Studart,nascida em Fortaleza, no ano de 1932. Recebi de uma amiga e guardei em uma das gavetas das estantes da Quitanda. Não acompanho as atividades da parlamentar no dia-a-dia, no entanto, fui seu eleitor em algumas ocasiões, tanto no PMDB(MDB), como no PT. Tenho por costume votar sempre em uma mulher para um cargo político e em um homem.Divido meu voto nos dois gêneros e sempre perto do meu perfil ideológico.Tenho exposto nas prateleiras, pois sou leitor, como já disse, com uma tendência a priorizar o autor nacional; dentre os autores, que fazem parte do acêrvo deste quitandeiro, é um livro em segunda edição, publicado pela Civilização Brasileira, no ano de 1978;sua autora é Heloneida Studart, o título é: O Pardal É Um Pássaro Azul.O desenho de capa,é de Dounê.Neste ano foi eleita deputada pelo MDB. Heloneida, tem uma trajetória de lutas; engajada nas causas das mulheres,militante dos movimentos feministas e atuante deputada estadual.Autora de um livrinho editado pela Vozes, que vendeu muito, cujo título é: Mulher, Objeto de Cama e Mesa e de uma peça de teatro: Homem não entra, com interpretação da artista, deputada pedetista, rubro-negra, Cidinha Campos, por cinco anos deste monólogo. Acho Heloneida, muito combativa,esta moradora do Leme; lembro que na última eleição, havia um comitê na Avenida Copacabana, com a cor rosa que imprime sua identidade; seu portal na internet,também, tem esta cor.
O artigo que apresento aos meus três leitores, foi remetido a mim, apenas com autoria, omitindo o título, que é: O Amor nos Tempos do Sexo, que pode ser encontrado na página da deputada Heloneida Ausência de autoria, falta dos créditos é muito usual na internet, é um território livre, há diversos casos, em que creditam autoria de um texto para um autor que desconhece totalmente sua elaboração/criação.Trocam e inventam autores.Já foi objeto de artigos em revistas e na rede, ou nos blogs, este reparo, quanto a autoria do que circula pela net.Gostei do que li e penso em dividir com vocês.

Heloneida Studart

Não me interesso por reis, nem os do baralho. Mas como me interesso pelo amor e, principalmente, por histórias de amor, não pude evitar o envolvimento quando li que aconteceu o final feliz da saga amorosa do príncipe Charles, herdeiro do trono da Inglaterra e dessa senhora de meia-idade, Camila Parker, sua eterna namorada.

Trinta e quatro anos de amor! Trinta e quatro anos entre dificuldades de toda ordem, imposições da família real, intrometimentos da Igreja Anglicana, casamentos com pessoas diferentes, cerimônias espetaculares (o casamento dele com Lady Diana foi um dos eventos de maior pompa que o Reino Unido já viu), filhos de outros matrimônios e o amor dos dois lá, brilhando, como uma luz extra-terrena, um sol perpétuo.

E nem se pode dizer que era um desses afetos eternizados pelas afinidades intelectuais e psicológicas como foi, por exemplo, o de Sartre e Simone de Beauvoir. Nada disso. O romance do feio e desengonçado filho da rainha Elisabeth com a feiosa Camila tinha fortes raízes eróticas, como mostrou o telefonema gravado de um diálogo enre os dois ("Eu queria ser um Tampax" etc.).

Ele a amou toda a vida como Florentino Ariza amou Firmina Daza, em Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel Garcia Marques. Não valeu o tempo, não importaram as rugas, as pelancas. O mundo inteiro, convertido aos mitos da beleza e da juventude, torceu para que ele amasse a formosa Diana. No entanto, o príncipe desengonçado só amou a sua bruxinha, com aquela cara amassada e cheia de marcas, com aquele corpo desgracioso.

Camila Parker Bowler é uma vitória do amor sobre todos os estereotipos do nosso tempo. Juliana Paes, com seu traseiro formoso, inspiraria amor igual? E Luma de Oliveira, com suas coxas célebres? Seguramente, não.

Essa inglesa feia, de 57 anos (ela é até mais velha do que o príncipe) mostrou a todas as mulheres, as que não são jovens, não são belas, nunca aplicaram silicone ou usaram botox, que uma mulher pode ser amada por ela mesma - e para sempre. A obsessão pelos corpos sarados, pelas formas perfeitas, pelo estilo feminino top-model foi derrotada por esse obstinado romance.

O romantismo ganhou, o sentimento prevaleceu e as mulheres tidas como feias também podem sonhar com seu príncipe. Seja ele príncipe de verdade, ou de fantasia. Pertença à Casa de Windsor ou à casa nenhuma, com sobrenome Pereira ou Silva.

Camila Parker, quando subiu ao altar, em cerimônia discreta, deve ter se sentido a mais linda das noivas. E certamente, à noite, quando mais uma vez se despir diante dele, o príncipe vai enxergar, não o corpo flácido de uma senhora, mas o corpo esbelto, juvenil, perfeito que possuem todas as mulheres, de qualquer idade, quando são amadas.

segunda-feira, junho 20, 2005

Achados e Perdidos


Alberto Guignard - Pintor fluminense(25/2/1896 - 25/06/1962) Considerado como um dos mestres da moderna pintura brasileira.Influenciado por Cézanne e Matisse e pelo surrealismo. Posted by Hello


Percorrendo os labirínticos corredores desta casa blogueira de variedades culturais,fui dando largos passos em direção ao espaço WC. Em um canto, avisto, livros e papéis,é bom que se compreenda também, como: jornais amarelados,revistas diversas de um lado, mais atrás,no canto superior, LPs antigos, um monte de fitas em VHS, com poeiras diversas que encobrem sobras do resultado de minha experiência como dono de uma locadora.Neste espaço em que fica localizada a Quitanda,divido o que sobrou para cds e outras quinquilharias, onde volta e meia, tento obstinadamente arrumar; dar um jeitinho brasileiro, à moda chaveana... desarrumo para ficar arrumado.
Embora, algumas pessoas, que manifestam de forma sempre democrática, discordando de minha arrumação, insisto e explico que é no caos, que me oriento e acho as coisas consideradas e dadas como perdidas.Surgem como verdadeiro achado.
Confesso, que nem sempre obtenho êxito, nas tentativas de localização de algo. No entanto, estou convicto de que procurando alguma coisa, às vezes, encontro outras, que nem imaginava ter no depósito de minhas mercadorias, muitas delas, feitas de sonhos, pesadelos e cacarecos.
Arrumava, é melhor assim, arrumava uma pilha de livros, quando caiu, em cima de meu pé sem provocar sérios danos, um livro de um autor gaúcho de nome Dionélio Machado (1895/1985), escreveu Os Ratos,Prêmio Machado de Assis de 1935,considerado o seu mais famoso livro. A edição que disponho, é a terceira, com a orelha feita por Carlos Heitor Cony, editado pela Civilização Brasileira, no ano de 1966.O prefácio à terceira edição, é do crítico paulista Mário de Andrade, com a data de 18/10/1944. A primeira edição é de 1935.Também, é muito considerado pela crítica um outro romance do autor, cujo título é: O Louco do Cati,que foi ditado, ao invés de ser escrito,pois era, um momento de enfermidade do autor, saiu publicado em 1942 e reeditado em 2003, pela editora Planeta. Lembrei, que Os Ratos, foi adquirido em uma queima de livros da própria editora, um grande saldão de livros, incialmente feito na própria loja da Sete de Setembro, 97. Na quarta capa do livro, o slogan da editora: "Mais Um Lançamento De Categoria da Civilização Brasileira". Detalhe, a capa deste livro, não é do pioneiro do design gráfico do mercado editorial brasileiro, que revolucionou as capas, o vienense Eugênio Hirsch, um dos nossos maiores capistas.O autor da capa, é de Marius Lauritzen Bern. Dionélio Machado foi autor de mais livros. A liqüidação dos livros, foi ampliada tempo depois, para a grande rede de livrarias, que era a Entrelivros, de vários sócios, inclusive o jornalista José Silveira, que escrevia no JB. O cineasta, que pulou fora antes da ida ao poço, foi Jorge Iléli, que trouxe o filho de seu amigo e cineasta Paulo Wanderley; partiu para montar uma livraria, editora e distribuidora Unilivros.A principal loja da Unilivros era na rua Visconde de Pirajá,207 e da Entrelivros, poderia ser considerada a loja do Largo do Machado,29. Houve um racha do pessoal da Entrelivros,a livraria agonizava, alguns sobreviventes, montam a StudioLivros em Ipanema. Mais tarde, partem para o shopping Rio Sul. A Unilivros e StudioLivros, fecharam todas as lojas.Quando estive na Unilivros, percebi nos clientes que eu conhecia, por exemplo, os artistas, que era bem freqüentada por eles, o dono como disse era cineasta. Observei e lembro que os maiores clientes-leitores, que mais compravam livros, são os atores: José Wilker disparado como um grande consumidor, em seguida, posso apontar a atriz Fernanda Montenegro e um outro devorador de livros é o diretor de tv Manoel Carlos.Claro que há mais artistas, jornalistas,professores, havia um público muito heterogêneo.
Há uma livraria na zona sul, no bairro do Leblon, que está havendo uma pendenga judicial entre os sócios.Chegou a ser publicada uma notinha na coluna de Ancelmo Góis no jornal O Globo.Não sei qual será o destino.
Meus caros três leitores, vi muita livraria tradicional fechando às portas, indo à lona e novas que não tiveram fôlego para aguentar o rojão, desaparecendo precocemente do mercado.
Aqui, no Rio de Janeiro, começou a cair uma chuva fina e insistente,junto veio trazendo o frio. Agora sinto o cheiro de chuva e do mar; particularmente, gosto desta temperatura. De tanto andar, por estes corredores vazios e de prateleiras cheias, que acabei olhando para o varal e encontrei alguma coisa escrita pendurada, que mostro a seguir:

Quero você fazendo sexo na
Cama ou na lama
Quero você em chamas
Quero ouvir o seu gemido

Quero beijar o seu prazer
Quero que você rasgue a
Fantasia.Que
Entre na folia
Quero sua poesia.

Quero seu sexo sem
Nexo
Quero seu corpo molhado
Suado
Quero apalpar os seus seios
Quero por todos os meios
Você sem pudor
Você com calor

Quero seus segredos em meus
dedos.
Quero um segundo
Quero suas coxas abertas
Quero os movimentos libertos
Quero decifrar este mundo.

Quero minha língua em sua língua
Não quero morrer à mingua.
Quero provar o seu sabor
Quero seus gestos obscenos

Quero abrir portas e janelas
Quero sua parte
Quero e desejo apenas
este momento.

domingo, junho 19, 2005

Dias da Semana


Juarez Machado -Pintor /Desenhista/Escultor/Chargista - Nasceu no dia 16 de março de 1941, em Joinville - Mora em Paris, desde de 1978 Posted by Hello

Desde que surgiu este espaço, eu curti muito a idéia de se colocar, alguma manifestação artística, principalmente ligado as artes, não importando em que linguagem poderia ser expressada. Usei de uma simples questão de gosto, como ponto de partida para eleger este ou aquele artista que ficaria exposto em um dia qualquer da semana, aqui, nesta galeria da Quitanda.
Faço sempre também com interesse de divulgar da maneira que eu tenho e sei, o artista nacional, que assume para mim importância relevante neste panorama.
Neste dia que se transformou em nublado, dei uma rápida saída e voltei a seguir, para fazer uma leitura dos jornais.Outro dia comentava sobre Patricia Galvão e hoje vi no Jornal do Brasil,propaganda de um novo livro editado pela Agir, que foi incoporada a Ediouro, trata-se de Paixão Pagu: A Autobiografia Precoce de Patricia Galvão.Que registra como texto inédito escrito por Pagu em 1940, recém-saída de prisão da época da ditadura de Getúlio Vargas.
Encontrei em uma pasta encostada, perto dos caminhos de WC.O espaço reservado em que guardo escritos feitos ou mal feitos.Antes que vá para a lata de lixo da Quitanda e não fique para a história, resolvi mostrar para os meus dois leitores.

Nem sei se hoje ou amanhã é
Domingo Pé de Cachimbo, se o
Cachimbo é de barro
Bate no jarro.

Nem sei se hoje é Domingo
Ou se é amanhã
Domingo nem sei se pede cachimbo

Ou se o buraco é fundo,
Ou se acabou o mundo.

Quero é brincar, amar
Nem sei se queria ler.
Mas se dizem que hoje é
Sábado pé de quiabo.

Nem sei se haverá sabatina.
Ou se hoje, é sexta-feira que
se parece com a segunda-feira,
Se é sexta-feira 13
Se dá sorte ou azar.

Ou se é fim-de-semana.
Se é quarta no quarto,
Se é quinta-feira e se
Não tenho pressa de
chegar na sexta-feira
Se vou pra feira.

Ou se odeio segunda-feira como diz o
Garfield.
Ou se é Domingo, véspera de segunda-feira
Ou se é segunda-feira e fico doido para
chegar na sexta-feira.

Se é dia ou noite de sexta
para chegar no sábado.
Ou se é quinta-feira e
se está distante de segunda-feira.

Nem me importa que dia é hoje
Quero apenas rasgar este calendário
e amar você todos os dias.

sexta-feira, junho 17, 2005

Sobre Editoras


Kurt Schwitters - Pintor/Escultor/Poeta Alemão - 1887/1948 - Participante do Dadaísmo - Movimento artistico e literário, de essência anárquica, criado em 1915 por artistas, poetas e intelectuais exilados em Zurique, durante a Primeira Guerra Mundial (1914/1918) Posted by Hello


Meus Caros Dois Leitores, o mercado editorial anda agitado, com as transações efetuadas recentemente. Sinal dos tempos!Quem está nos descobrindo, são os espanhóis, estão vindo pra ficar.Desta vez, além da presença ,o objetivo, a ser alcançado, são as grandes editoras.As notícias que circularam durante a semana pelo Observatório da Imprensa e pelo site da Câmara Brasileira do Livro,informam que a tradicional editora Nova Fronteira, fundada pelo ex-governador e jornalista Carlos Lacerda (1914/1977), em dezembro de 1965 e atualmente comandada por seu neto, Carlos Augusto Lacerda;foi adquirida pela Ediouro. Para quem não se lembra, esta é a Edições de Ouro, que surgiu em 1961, que é a maior e tradicional produtora de palavras cruzadas, através de suas revistas de passatempo, Coquetel. São proprietários de uma gráfica , Tecnoprint. Publicou um respeitável catálogo em formato de bolso de grandes clássicos estrangeiros e uma extensa lista de autores brasileiros, como: Castro Alves, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Vinicius de Morais, é importante salientar que tinham preços acessíveis, baratos mesmo. Atualmente investem em histórias em quadrinhos, tendo o jornalista Rodrigo Fonseca, como editor. já foi proprietária de livrarias, mas depois, desativaram.Foi fundada em 1939, por dois irmãos, Jorge e Antonio Gertum Carneiro, sendo que um deles, foi assassinado.O controle da editora, está com os herdeiros, creio que o nome de um deles, é Jorge Carneiro. Fiquei pasmo com a noticia, realmente, surpreendente.
Lembro na condição de leitor e de antigo livreiro, de alguns autores da Nova Fronteira, assim como, que na parte inferior após o seu logotipo, na quarta capa, o slogan: "sempre um bom livro".Lembro que houve uma polêmica, a respeito das edições de Fernando Pessoa, que em Portugal, os direitos de publicação, pertencem a Assírio Alvim, e que foram negociados com a Companhia das Letras e a Nova Fronteira, que consta em seu catálogo, doze títulos de Fernando Pessoa, não reconhecia através de nossa legislação, a venda destes títulos para a Companhia e que continuaria a publicar Fernando Pessoa, a revelia da editora portuguesa.Confesso que não sei explicar qual foi o resultado. Que houve um abalo entre eles, houve.
Editora de grande penetração no mercado, a Nova Fronteira,.abria qualquer porta, não só pelos bons autores de seu catálogo, como os dicionários produzidos. Qual a livraria, que deixaria de ter um dicionário e se este fosse o Aurélio? Fui muito amigo, de um vendedor pracista da editora e posteriormente, dono de uma boa livraria em Copacabana, a Criação, mas por falta de clientes, acabou fechando. Livraria que se "preza", não pode deixar de comprar dicionários. A Nova Fronteira, passou por várias fases, inclusive, acabando com o departamento de vendas, entregando a um distribuidor para a cidade do Rio de Janeiro, sendo que editora tem sede nesta cidade.A Nova Fronteira, de certa forma, se complementa com as editoras Nova Aguillar e mais recentemente, a Lacerda Editores, tendo como editor responsável,Sebastião Lacerda e que foi fundada em 1996.
Na parte societária, tinha um sócio de peso, como o ex-presidente do Banco Central, o senhor Armínio Fraga.Corria, quando eu atuava, nos bastidores do mercado de livros que a Nova Fronteira, estava balançando, e foi socorrida pelo BNDES. Na década de 90, eu aponto como um momento também de grande crise para o mercado livreiro.Livrarias tradicionais, editoras pequenas e grandes vivenciam crises, que levam algumas a encerrarem suas atividades.Acho que a Nova Fronteira piorou muito, com a retirada do Dicionário Aurélio de seu extenso catálogo, perdendo os direitos de edição, que foram obtidos por uma editora de Curitiba, o grupo Positivo.A Nova Fronteira revigorou o antigo Dicionário Caldas Aulete, que foi publicado no final do século XIX.
A Ediouro está realmente com fome de livros, comeu a metade da fatia da Nova Fronteira, além de se deliciar com as editoras Agir e Relume-Dumará. Fico aqui, imaginando a vida de um pequeno editor, aquele que está iniciando, o autor que não tem selo que edita ,por conta própria, não chego a dizer, dos autores, que financiam suas obras em determinadas editoras, ou conseguem financiamento para editar e co-editar;como é difícil, fazer a colocação (venda) nas livrarias.Agrava muito quando é o tipo de rede, como a livraria paulistana Siciliano, do senhor Oswaldo Siciliano.Os livreiros dão prioridade as editoras de ponta, como: Companhia das Letras, Rocco, Record, Objetiva e Nova Fronteira. Se o quadro atual, das editoras citadas, não modificou e se houve, deve ter sofrido pouca alteração.Uma grande transformação do mercado editorial, aconteceu, com a presença da Companhia das Letras,a partir de 1986;lançando cerca de quatro livros por mês, com boa apresentação gráfica,pela qualidade dos textos e também fundamental, uma gráfica.O editor Luis Schwarcz, da Companhia das Letras, atuou por algum tempo na editora Brasiliense,fundada em 1943. Uma editora, que eu considero como de esquerda, diferente, por exemplo, da Nova Fronteira ou Record; ao lado de Caio Graco da Silva Prado (1931/1992), filho, do historiador Caio Prado Jr.(1907/1990). Importante lembrar, que grande parte das tradicionais editoras brasileiras, são controladas por famílias.
Os espanhóis estão chegando, o grupo Prisa-Santilhana, abocanhou um bom pedaço da Objetiva. engolindo 75% desta boa editora.Vou voltar a este assunto. O melhor disto tudo, é que continuaremos a ter o prazer pela leitura.

quinta-feira, junho 16, 2005

Patrícia Galvão : Pagú


René Magritte - Pintor Belga, nascido em 21/11/1898, em Lessines. Falece em Bruxelas em, 15/08/1967. Um dos maiores representantes do movimento surrealista, ao lado dos pintores espanhois: Salvador Dali (1904/1989) e Juan Miró (1893/1983)e do alemão Max Ernest (1891/1976). Posted by Hello


Hoje, procurei um livro, que sabia ser muito difícil de encontrar.Fui à rua, com este propósito. Claro! Não encontrei.Parti rumo ao sebo de um amigo. Acordei com vontade de ler Patrícia Galvão,conhecida como Pagú, militante comunista, escritora e jornalista. Eu,estava interessado, através desta autora, um contato com o que se convencionou, classificar como literatura proletária.Patrícia, uma mulher bem atuante, ainda muito jovem, recém saída da Escola Normal; engaja no ano de 1928, entra em contato com o movimento antropofágico de Raul Bopp e foi o escritor, quem lhe deu o apelido de Pagú. Editou, com o seu marido Oswald de Andrade, com quem teve o seu primeiro filho,o cineasta Rudá de Andrade. o jornal,O Homem do Povo, assinava uma coluna "A Mulher do Povo" O livro que eu procurava e acabei não achando, era o romance Parque Industrial, escrito sob pseudônimo de Mara Lobo e que foi publicado no ano de 1933.Houveram algumas reedições deste título. Patrícia Rehder Galvão, nasceu em São Paulo, no ano de 1910 e morre no Brasil, em dezembro de 1962, após uma cirurgia de um câncer feita em Paris. Pagú, teve mais um filho de nome Geraldo Galvão Ferraz,escritor e jornalista, fruto de seu casamento feito com o jornalista Geraldo Galvão, após, sua saída da prisão e do rompimento com o Partido Comunista.Nesta busca por Pagú, encontrei referências de uma exposição de Desenhos de Pagú, organizada no MIS e com a presença dos dois filhos. Fundou com o maridoGeraldo Ferraz e com Mário Pedrosa, o jornal Vanguarda Socialista.Há, um livro editado sobre esta fase de Pagú, em co-edição com o grande batalhador do livro, o nordestino e ex-marinheiro. O potiguar economista José Xavier Cortez,recentemente condecorado com o titulo de cidadão paulistano, o dono da Livraria e da Editora Cortez. No ano de 1980, ele monta sua editora, sucesso desde daquela época.
Lembro que teve forte atuação e prestigio na área de Serviço Social e Educação. Conheci Cortez, desde os tempos em que fora associado ao Moraes - Cortez& Moraes. Houve um período em que mantiveram os dois nomes, a sociedade, que durou 11 anos. Não tenho muita certeza, se a separação foi provocada pelo editor Moraes, ter publicado o livro Mein Kampf(A Minha Luta) de Adolf Hitler. O livro circulou sem selo, nada que pudesse ser identificado.A Editora Moraes,criou um bom catálogo, muita coisa interessante; editaram no inicio dos anos 90, o livro Cem flores para Wilhelm Reich,do autor Roger Dadoun.
Pagú é também em sua homenagem, o Núcleo de Estudos de Gênero, da Unicamp e funciona desde de 1993, editam o Caderno Pagú. Foi também homenageada no cinema com Eternamente Pagú, sob direção de Norma Bengel,lançado em 1988. Há uma composição musical de Rita Lee e Zélia Duncan, cujo título é: Pagú.Um documentário, interpretado pela atriz Edith Siqueira e com narração de Raul Cortez.

quarta-feira, junho 15, 2005

Livros & Cia


Almada Negreiros - José Sobral de Almada Negreiros - Escritor e Artista Plástico Português. Nasceu em 7/04/1893 e faleceu em 15/06/1970, no mesmo hospital em Lisboa, no mesmo quarto onde, faleceu, o seu amigo, o poeta Fernando Pessoa. Almada Negreiros foi um dos introdutores do Modernismo em Portugal e fundador da revista "Orpheu", em 1915. Posted by Hello


Na segunda-feira passada, em Lisboa, faleceu o histórico militante comunista Álvaro Cunhal, aos 91 anos. Nasceu na freguesia da Sé Nova, em Coimbra, no dia 10 de novembro de 1913. Ingressou na Faculdade de Direito, aos 17 anos.Liderou o PCP – Partido Comunista Português , foi o secretário-geral, entre 1961 e 1992. Membro do partido desde os anos 30, viveu por muitos anos na clandestinidade, foi preso e torturado por diversas vezes. Amigo de Jorge Amado e do poeta Pablo Neruda, que lhe dedica o poema “La Lâmpara Marina” Foi Ministro sem Pasta, no governo revolucionário de 25 de abril de 1974. Autor também de vasta obra e artista plástico. Utilizou por muito tempo o pseudônimo de Manuel Tiago, apenas, no ano de 1995, reconhece publicamente, como sendo o romancista. Em 1996, publica um ensaio sobre estética, que são arrolados, em quatorze capítulos e publicados, pela Editorial Caminho, uma das maiores editoras portuguesas. A Camionho, publicou grande parte da obra de outro escritor português, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago,com cerca de 28 títulos
Autores brasileiros constam em seu catálogo, como: Frei Beto, publicou Fidel e a Religião ; Edilberto Coutinho, eu não consegui identificar o titulo de Edilberto; Rodolfo Konder: A Ascensão dos Generais e Sob o Comando das Trevas. Localizei o angolano Ruy Guerra, que em 1999, lançou 20 Navios; Dias Gomes, editou uma de suas obras de excelente vendagem, que é, O Santo Inquérito; uma vista rápida em seus autores encontramos em co-edição com a UFRJ, a obra Cátedra de Jorge de Sena. Publicou muito autor nacional, como a Tia dos melhores e maiores blogueiros,que tem publicado: A Princesa e a Abóbora, com ilustrações a preto e branco de José Ribeiro, classificado como: infantil-juvenil e ficção Paulo Lins, João Ubaldo Ribeiro, Graciliano Ramos,diversas obras foram publicadas, Moacyr Scliar,José Ramos Tinhorão, Sebastião Salgado entre outros.
Lendo pela internet um dos jornais que tenho acessado constantemente, como o Portugal Digital e o Diário Digital, são esperados milhares de pessoas para acompanhar o cortejo fúnebre, a ser realizado nesta quarta-feira, 15 de junho.
Na BBC Brasil, há noticia sobre a escritora brasileira Nélida Piñon, que foi a primeira escritora em língua portuguesa, a ganhar o Prêmio Príncipe Astúrias de Letras. Superou os grandes nomes da literatura mundial como: o escritor Premio Nobel, o alemão Günter Grass, o peruano Mário Vargas Llosa, ganhador de diversos prêmios, como em 1995, na Espanha, ao receber das mãos do Rei Juan Carlos, o Miguel de Cervantes, importante premiação das letras espanholas, Arthur Miller, dramaturgo falecido em fevereiro de 2005, aos 89 anos; autor de uma peça bem conhecida como:A Morte de um Caixeiro Viajante. O autor casou em 1956 com a atriz Marilyn Monroe,uma outra competidora, foi Susan Sontag, norte-americana, escritora, ensaísta, ativista que se revelou como bissexual em 1995 para uma revista em Nova York, faleceu, em 28 de dezembro de 2004.
O quitandeiro, aplaude, com entusiamo, uma das melhores escritoras de nossa terra, a ocupante da cadeira número 30 da Academia Brasileira de Letras, acadêmica Nélida Piñon, pela premiação, tenho na fila dois livros dela para ler: em nova edição pela Record, o calhamaço A República dos Sonhos e uma edição antiga da Francisco Alves, A Casa da Paixão .

terça-feira, junho 14, 2005

Devaneios.


Cicero Dias - Pintor Pernambucano - 1907/2003 - Um dos grandes expoentes do Modernismo - Recebeu do governo francês a Ordem Nacional do Mérito na França, em 1998, aos 91 anos - No MNBA, existe em sua homenagem, a Sala Cícero Dias. Posted by Hello


Devaneios encarcerados em meu corpo desabitado.
Encarquilhado.
Enclausurado.
Dilacerados em pedaços que açoitam o tempo.

Reato minha ilusão em seu sorriso
Obsceno.
Aceno de uma esperança que dança,
Nos salões das lembranças, nos passos
Dos espaços vazios, ao som daquela velha canção.

Anseio pelos seios que não manuseio.
Vontades encardidas encontradas,
Aparecem nos recantos.
Camuflados de segrêdos desfeitos.

Brinquedos conectados ao prazer
Em corpos entrelaçados, lambuzados.
Afagos delineados por mãos descidas,
Ensandecidas, perdidas e adormecidas.
Aquecidas.
Desmedidas.

Desamarro o seu sossêgo parido em suas entranhas.
Suaves toques de dedos trêmulos.
Insaciável língua palpitando o prazer
Imaculado, Latejado e Jorrado.
Espasmos contínuos viscerais colados
Naquela branca folha de jornal com
Noticias,
Recortadas no passado.

segunda-feira, junho 13, 2005

Os filmes de fim-de-semana


Aldemir Martins - Artista Plástico Cearense - Nascido em 1922. Dedica-se aos temas da região nordestina.Premiado na Bienal de Veneza em 1956 Posted by Hello


No dia de sábado, resolvi pegar dvd para assistir. Aluguei 4 filmes: Olga,foi o primeiro e gostei muito. Sou apenas espectador, não vou buscar interpretações analiticas e estruturais do filme, tampouco, a interação filme/telespectador.Não reúno condições de invadir este terreno, fico restrito ao olhar e comentar com minha companheira.Leio comentários nos jornais, mas não me baseio como veículo, para alugar filmes. Serve também para livros.Trabalhei muitos anos com editores, procuro os lançametos ou reedições, não vou atrás do que fulano ou beltrano resenhou. Uma porrada de livros nem passam e eles nem querem comentar, só aqueles...um bom tema para interessados, é fazer análise destes cadernos literários destes jornalões. Houve recentemente a demissão de uma jornalista responsável por um destes cadernos, parece que ela é casada com um poeta...Os jornalistas ganham muitos livros das editoras. Houve um jornalista do Jornal do Brasil que me pediu livro para resenhar e precisava ver a exigência da entrega do livro no dia em que ele solicitou. Tinha de ser naquele dia.
Quando, montei uma locadora de fitas nos anos 90 e seis meses depois, tive de fechar, por total falta de clientes.Desde então,não freqüentei mais cinemas e reduzi idas às locadoras. Sagarana, esta era a razão social.Não me desfiz totalmente das fitas, preferi proceder deste modo.Perdi muito dinheiro ao desfazer de meu estoque em duas situações, na livraria e na distribuidora/editora. As lojas de livros compram por uma mixaria os livros que você desfaz. Hoje, afirmo, um dos segmentos que conseguem bons lucros com a comercialização dos livros, são os chamados sebos. Criei em uma galeria no Catete esta locadora, em um prédio com numeroso número de apartamentos.Todos conjugados. Serviu para ter bons papos; com os que eu tinha com o ator José Drummond, principalmente sobre cinema nacional. O ator tem uma visão muito boa e critica do cinema.Ele constatava que o filme nacional, tinha imensa dificuldade de ser locado.Via com os próprios olhos. O interessante que foi no momento de crise das locadoras, quando fechava uma após a outra.Entrava a televisão a cabo, cabeando diversos bairros, isto, acredito que tenha sido um dos fatores para o desaparecimente de grande parte das locadoras.O bolso do consumidor atingido, foi um dos contribuidores para o fechamento das locadoras e mais tarde da desistência da televisão por assinaturas. Muitas locadoras reduziram espaços, como a poderosa Blockbuster; outras fecharam filiais em outros bairros. Vivi a crise. Tinha um bom acervo de filmes brasileiros. É uma postura que eu tenho, tanto em filmes, sempre priorizar o filme nacional e na literatura, o espaço maior que dedico e consumo, é o autor nacional. Que está sempre em desvantagem em relação ao produto cultural estrangeiro. Não sou xenófobo. Mas eu que lidei por muitos anos com o produto cultural nacional. O próprio autor de Olga,Fernando Morais, foi editado por uma pequena editora nacional, a paulistana Editora Alfa-Omega, de Fernando Mangarielo. Fui seu divulgador na universidade, eu atuava só no terceiro grau. Ao logotipo da editora, era acrescentado a frase: Autor Nacional-Cultura brasileira.
Como disse, peguei outros filmes, um que considero um bom documentário de Paulo Thiago sobre Carlos Drummond de Andrade - O Poeta de Sete Faces, produzido em 2002. Titulo retirado do livro "Alguma Poesia". Gostei de ver a emoção de Adélia Prado ao narrar um poema de Drummond, ela como diz, ficou "travada". Adoro Adélia. O mestre Leandro Konder e diversos outros artistas.
O terceiro filme, foi o francês Albergue Espanhol, de Cédric Klapisch. Achei muito bom, interessante, atual.Aborda a identidade cultural, lembrei de muitos blogueiros brasileiros que acompanho,em suas narrativas nos países em que atualmente moram ou viajam.Gosto deste olhar sobre a vida cultural, social e politica.Todos sairam do nosso país por diferentes motivos.Gosto muito de uma blogueira que mora na Suécia, de nome Maria Fabriani, uma jornalista e filha de um poeta e tradutor.O blog é: Montanha Russa
O último desisti, por também, não ter mais tempo, pois foi reduzido com a alegre presença do levado da breca de meu netinho de onze meses. Paro com tudo que faço, para me dedicar e ficar babando as coisas que ele faz. Muito legal, esta condição de avô e particularmente de minha mulher, como avó. O filme que eu pretendia assistir foi Magnólia, de Paul Thomas Anderson, que dirigiu: Boogie Nights - Prazer sem Limites. Antes de devolver o dvd, liguei e fiquei embasbacado com a negligência da distribuidora New Line Cinema, por acaso, foi colocada em versão em português, com legendas no mesmo idioma. A fala dos personagens eram bem diferentes da legendada. Ouvia-se uma coisa e lia-se outra. Pude assim, perceber como anda mal, as traduções.
Meu neto sorri e é sorridente, por qualquer coisa, desde um barulho ou uma alteração de voz que eu improvisei, acha a maior graça. Coisa linda é a infância, depois, nós adultos em seus vários níveis, modificam, reprimem...as suas diversas fases de crescimento. Estou apenas recortando a minha realidade, de determinado segmento social. Ao descer para à rua, vejo outra infância, aquela, abandonada, mal tratada, desprezada pelos politicos. Dos que cheiram cola, furtam, se prostituem no calçadão de Copacabana. são os menores que nos assustam e provocam o nosso medo. Agridem de todas as formas, minha rua, é uma grande hospedaria para todo tipo de menor. Alguns se posicionam no sentido de incomodar, de dificultar a passagem do pedestre pela calçada. Gosto sempre de ressaltar, que há um crescimento da pobreza, o surgimento de moradores de rua, de mendigos.

sexta-feira, junho 10, 2005

Ando por Caminhos


Piet Mondrian - Pintor holandes (1872/1944) "Composition A", 1920 Posted by Hello

Escritos feitos, rascunhados são guardados nas gavetas ou pregados no mural do salões de minhas memórias. Hoje, mostro um dos achados, para os meus dois leitores:

Ando sem rumo
Sem prumo
Ando por caminhos
Desfeitos
Refeitos
Ando Procurando
Nas curvas
Ando sem nexo
Desando em cambaleantes
Olhares tortuosos dos anjos morenos
celestiais.
Persigo os traços
das calçadas envernizadas pelo brilho
da lua crescente
das ruas poídas de silenciosos desejos
vendidos nas esquinas.

Ando perdido nas travessias,
Ando pulando muros,
Dando murros,
Soltando urros.
Converso com as Estrelas
no palco que ensaio
o monológo silencioso.
Holofotes iluminam
Meu corpo
em decúbito.
Soluçantes vontades
encenadas.
no espetáculo
de meus sonhos.
Pinto e visto os figurinos
nos manequins
confeccionados na cola
de minhas emoções.
Meu ato, desato as cortinas
pregueadas na ilusão passageira.
Mergulho no porão de meus sentimentos
textos e contextos
dos caminhos que fingi
saber um dia andar.

quinta-feira, junho 09, 2005

Com o Sexo na Língua.


Carlos Zefiro - (Alcides Aguiar Caminha) - Carioca - 1921/1992 - Desenhista, Compositor e Ilustrador de Historias em Quadrinhos Eroticos, nos anos 50/60 - Conhecidos como "catecismos", pelos consumidores.  Posted by Hello

Dentro das gavetas e armários deste espaço, há recortes de manifestações literárias,compostos por diversos tipos de escrita.Textos curtos com graça ou sem,construídos no anonimato, são partes integrantes do cotidiano deste quitandeiro. O mais importante é que não faz parte de nossa preocupação até o momento,interesse em se debruçar em nenhum tipo de análise, nem mesmo esbarrar com as preocupações pertinentes aos linguistas e outros estudiosos. Não cabe aqui, nenhuma observação semântica do humor, ou as estruturas das narrativas revestidas de estereótipos. Utlizei anedotas que circulam pela web. Arrolei algumas, por demais conhecidas. Esclareço, que não deixo de ver as piadas, anedotas, chistes como fenômenos de linguagem. Admito, que mesmo distante, encaro as coisas transcritas aqui embaixo, como veículos do que se pode considerar um discurso proíbido, uma vez que, são excluídos dos contextos sociais, dos salões desenhados por comportamento e de fino trato.Importante lembrar, que faz parte de qualquer cultura, dos diferentes povos, logo, entendo ser de amplitude universal, faz parte do inventário da língua de cada nação. É um modo de dizer e configurar o outro através da linguagem. Estas frases fazem parte do imaginário brasileiro. Recado: Para os meus dois leitores, está sendo relançadas as obras de Carlos Zéfiro, pela Cena Muda. Uma banca de jornal, na Visconde de Pirajá, em Ipanema, de propriedade da sobrinha-neta de Cora Coralina, a editora e livreira Adda Di Guimaraes.

O garoto de quinze anos chega para a garota de vinte e diz:
--Quer namorar comigo?
--Não, eu não gosto de criancas.
--Não faz mal. A gente evita.

O que voce acha do sexo na televisão?
-Dependendo do tamanho do aparelho de TV, da tranquilamente para trepar
em cima dele.

.O jovem casal em lua de mel está há cinco dias trancado no apartamento.
Depois de um cigarrinho, ele vai chegando de mansinho e sussura no ouvido
dela:
--Vamos fazer um negócio diferente, amor. Vira!
--Ah não! Mamãe bem que me disse que voce ia pedir isso! Não viro, não!!
--Mas amorzinho, voce não disse que queria ter um nenem?

.Uma conversa entre um psicólogo e um "testicocéfalo" semi-analfabeto:
- O Sr prefere o sexo oral ou o sexo anal ?
- O oral, é craro. É muito melhor de hora em hora que uma vez por ano..

Mamãe, estou decepcionada com o Zezinho. Estamos casados há um ano e
ele nunca me pediu para virar.
- Calma minha filha, isto vem com o tempo. Por enquanto ainda e cedo.
Vai aproveitando.
- Mas na última noite, eu insinuei que queria virar mas ele deu a maior
bronca. Disse que se eu virasse poderia engravidar.

Um cara que entrou na farmácia gritando:
- Me dê uma camisinha que hoje vou dar aquela transa !!!!!!
- E o farmacêutico indignado com a presença de senhoras:
- Cuidado com a língua, rapaz !!!
- Então, me dê duas camisinhas !!!

O cara tinha o pinto muito pequeno e foi ao médico pra ver se
corrigia o defeito, mas o médico disse a ele que não tinha jeito, que
era uma coisa da natureza e que ficasse tranquilo, pois tinha muitos
homens na mesma situação dele, portanto não era motivo de preocupação.
Mas de tanto ele insistir o médico ensinou-lhe uma técnica,
disse:
- Quando voce estiver transando, pegue as suas bolas e puxe para
trás que o pênis aumenta um pouco. E lá se foi o cara todo contente
pra casa.
Mal anoiteceu ele ja estava cercando a mulher, doido para testar o
novo método.
Quando estavam no auge da transa, ele pegou suas bolas e puxou
pra trás, só que na puxada, ele pegou junto os pentelhos da mulher
e ela começou a gritar:
- Ela: ai, ai, ai...
- Ele: entra rasgando meu gigante.

Sexo é como truco, se você não tem um bom parceiro, é melhor que tenha uma boa mão.

Amnésia é o cara não lembrar o que é clitóris, depois de estado várias vezes com a resposta na língua.

Voce sabe qual é o cara mais gentil do mundo ? Resposta: É o Bráulio
Mas, Por quê ?
É o único que se levanta para voce sentar...



quarta-feira, junho 08, 2005

O Poeta Paranaense Leminski


Juan Miro - Pintor e Escultor Espanhol:1893/1983 - "Interior Holandes", 1928 Posted by Hello

No dia de ontem e no ano de 1989, morria um poeta muito interessante e que faz parte do panorama da poesia brasileira, nascido em Curitiba, em 1944. Paulo Leminski, um estudioso e divulgador da lingua e cultura japonesa, através dos haicais. Um dos representantes desta corrente no Japão foi Bashô.Aqui, em nosso país houve além do Leminski, haicaístas com: Alice Ruiz (foi casada com Leminski), Olga Savary, Débora de Castro,Paulo Franchetti, Teruko Oda, H. Masuda Goga e muitos outros.
Estudiosos apontam o escritor baiano Afrânio Peixoto (1875/1947), como sendo o primeiro a divulgar o haiku - a poesia tradicional japonesa. Uma junção das palavras haikai e hokku, construida por Masaoka Shiki (1867/1902). O maior poeta japonês desta arte, considerado o primeiro, foi Bashô Matsuo (1644/1694), houveram outros poetas do gênero no Japão e no mundo..Esta forma poética, é caracterizado por três versos curtos e de conteúdos vinculados à natureza. Pesquei na net, um dos poemas mais conhecidos de Bashô( que significa bananeira em japonês) traduzido por Paulo Franchetti:

O velho tanque -
Uma rã mergulha,
barulho de água.

Podemos observar uma outra poesia também escrita por ele:

O silencio
As vozes das cigarras
penetram as rochas

Transcrevo um outro poema:

Primeira chuva de inverno
o macaco também parece querer
uma capa de palha.

Uma que eu encontrei muito interessante:

Porta fechada
deito- me no silencio.
Prazer da solidão.

Outra que achei muito legal:

Chuva cinzenta:
hoje é um dia feliz
mesmo com o Fuji invisível.

Esta encontrada em site português:

Não esqueças nunca
O gosto solitário
do orvalho.

Achei na net poemas de Paulo Leminski, que penso em mostrar para meus caros dois leitores. Estes poemas são narrados nas chamadas da televisão educativa, TV E, da Rede Brasil:

Nunca cometo o mesmo errro
duas vezes
já cometo duas três,
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez.

Como não tenho nenhuma pretensão analitica da obra de Leminski, quero apenas, lembrar que nesta data, que este poeta paranaense nos deixou, mas que continua vivo, muito vivo, em sua obra e em seus admiradores. Também, são preservados na figura da poetisa, escritora Alice Ruiz e nos três filhos do casal. Finalizando, deixo pregado no varal da Quitanda, este poema:

Razão de Ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

terça-feira, junho 07, 2005

Uma Página Aberta


Bruce Nauman - Artista plastico norte-americano Posted by Hello



Um dos espaços que transito sempre na Quitanda, é o espaço dedicado à memória. Há baús, gavetas e prateleiras onde são colocadas as reminiscências, volta e meia, assopro a poeira, passo a limpo, os sonhos que revestem esta tela, costuro os retalhos, aparo as sobras, pego o carretel guardado, as agulhas e vou traçando o tempo, remendando as lembranças vagas.É uma revisão constante, para mim, um bom exercício. Hoje remexi nos papéis escritos por linhas tortas que me conduziram, de imediato, às páginas viradas do tempo. Fui parar no período em que andei vendendo livros na Feira do Livro.Sim! Meus caros dois leitores, fui barraqueiro. As que são montadas em praças públicas.Funcionavam no meu tempo, cerca de 12 horas de segunda à segunda. Com a violência imperando na cidade, houve por medida de segurança uma redução no horário e nos dias. Geralmente é realizada, à partir do mês de abril, no dia do nascimento de Monteiro Lobato(dia 18/4). Atualmente parece que não se cumpre este ritual e nem são mais obedecidos os antigos critérios de exposição nas praças do Rio.Seguindo um roteiro na montagem das jurássicas barracas, nos bairros.Soube que modernizaram as barracas. Para a realização da feira, dependem da liberação de um órgão da prefeitura, que é o Parques e Jardins, responsáveis pelas praças, nem sempre é possivel a liberação do espaço.As praças já não comportam o grande número de barracas, há outros interessados em usar as praças.
As feiras são promovidas pela ABL(Associação Brasileira do Livro), que cobra muito caro pelo uso da barraca ou do solo, tem de ser associado para trabalhar na feira.O estatuto da associação, é para inglês ver. Esta entidade da classe dos livreiros foi dirigida por um livreiro que ficou por um longo tempo, saiu , apenas por ter morrido. Alguns insurgentes livreiros tentavam se organizar como grupo de pressão, no entanto, rápidamente eram abortados pelos dirigentes da associação. Quem se organizasse em oposição,(algumas vozes dissonantes que não ecoavam muito longe, apenas ficavam nos bastidores, ficavam cochichando. Qualquer esboço de manifestação contrária à organização da feira,promovia reação do grupo que o sustentava politicamente o presidente da entidade, agiam de imediato para suspenção ou mesmo a expulsão dos quadros de associados, daqueles que ousavam discordar.A livraria Dazibao foi uma das penalizadas. A feira do livro era um bom negócio na "passagem"(aluguel) das barracas para os colegas livreiros, isto é, quando o número sorteado para determinada feira, não tivesse a vontade de explorar a barraca, ele repassava, para quem pagasse um bom preço.Muitas barracas não pertenciam aos titulares. A melhor feira é a da Cinelândia, a mais rentável, naturalmente a que se paga a maior taxa.
Eu explorava a barraca da Edições Graal, permissão que eu obtivera por parte do editor Paul Christoph. Diga-se de passagem, um bom editor, perdi o contato com ele, sei que foi para a Campus, depois Ediouro, de lá pra cá , não tive mais noticias.Nesta barraca, eu trabalhava só com editoras com o perfil de esquerda.Era um momento de efervescência cultural, de comícios na Cinelândia, que é uma praça no centro da cidade, palco de multiplas manifestações de qualquer natureza. Um espaço democrático, com circulação de muitas pessoas. Um lugar muito tradicional, uma área que concentrava um grande número de cinemas,hoje, a maioria dos cinemas fecharam. Os gays também circulam naquela área.Há muito furto, batedores de carteira aos montes. Arrombamento de escritórios, a minha editora, foi arrombada, não sei bem o que pretendiam, pois, não levaram nada, apenas, desarrumaram o escritório.
Nos anos 90, tive uma editora no prédio do tradicional cinema Pathé. O cinema, hoje virou templo evangélico.
Conheci muita gente que se tornaram clientes da barraca, dentre eles, lembro que conheci um escritor, que foi um dos criadores do jornal, considerado como da "imprensa alternativa", (uma categoria creio, que foi criada por Alberto Dines) de vinculos com a esquerda; chamava-se O Lampião da Esquina, não recordo se intulado como Lampião.uma publicação de identidade homossexual, era voltado para o público gay.Um espaço de esclarecimente e militância. Circulava por mês e durou pouco tempo, de abril 1978 até junho de 1981, totalizando 31 números. Foi o inicio do discurso gay na mídia.O editor da qual me refiro, é Aguinaldo Silva, escritor, jornalista, roterista, autor de inúmeras novelas de sucesso e teatro.Nasceu em Carpina, no estado de Pernambuco, no dia 7 de junho de 1944. No jornal faziam parte vários homossexuais: Antônio Chrisóstomo, Darcy Penteado(1926/1987), Gasparino da Matta, João Antonio Mascarenhas, criador do Grupo Homossexual Triangulo Rosa., falecido em 1999, Glauco Mattoso, Jean - Claude Bernadet, João Silvério Trevisan, Peter Fry. . Surge o SOMOS, grupo de afirmação homossexual, integrado por gays e lésbicas em .São Paulo, pouco tempo depois, há um racha no movimento, surgindo o grupo lésbico-feminista.
No inicio dos anos 80, resolvo, montar uma livraria, com mais dois sócios que abandonam a sociedade um ano depois.Como eu estive ligado a causa indígena quando fazia antropologia e estagiário do Museu do Indio, acabei escolhendo o nome de Quarup, que não era uma referência ao livro de Antônio Callado e sim ao ritual das tribos do Xingu. Meu filho tem o nome do cacique Raoni. Quando criei a livraria já tinha me afastado do interesse de estudar a sociedade indigena. Tinha feito uma opção de trabalhar com livros. Era um época em que pipocavam lançamentos de livros nas livrarias e em alguns casos, os lançamentos eram feito em bares.Tratei de arrumar lançamentos, houve um que me trouxe uma boa divulgação foi dado pelo meu conhecido na feira do livro, o escritor Aguinaldo Silva, junto com Doc Comparato,que é médico, dramaturgo, escritor e roteirista; fizeram uma noite de autógrafos na Quarup. O livro é um peça de teatro chamado As Tias, editado pela Achiamé. Minha livraria era localizada no terceiro andar e ficou lotadissima, muito artista global.Os autores estavam em evidência. Fizeram trabalhos juntos.Depois, tomaram rumos diferentes. Doc Coparato, lançou um livro referência,chamado Da Criação ao Roteiro,editado pela Nórdica e por uma editora portuguesa.Conheço um livro de Agnaldo, que é dedicado a Doc, chama-se Memória da Guerra, editado pela Record, em 1986.
Uma livraria conhecida de Ipanema tinha ido a falência, que era a Muro, um dos seus proprietários, atualmente é dono de livraria badalada na cidade.Fiquei surpreso ao descer o subsolo da Visconde de Pirajá 82, estava lacrada por ordem judicial, não esqueço deste lance, algumas editoras pediram a falência da livraria. Reconheço a importância da livraria Muro,nos anos 70/80, não sei se poderia ser considerada como da "esquerda festiva", acho que foi criada na metade da década de 70. Havia também, a Murinho, livraria destinada ao público infantil. Conheci os seus donos, principalmente o pessoal ligado a mim, quando eles passaram pela experiência de ter loja no Catete e na praça Saens Peña.O mobiliário da loja do Catete, que ficava em uma galeria, acabei comprando, parte foram utilizados em minha loja. A Quarup, no segundo semestre de 1984, pelas dificuldades financeiras que eu estava enfrentando, forçaram a encerrar suas atividades. Muitas livrarias em Ipanema, acabaram fechando. Vou voltar a este assunto em outra oportunidade.Deixo apenas uma página aberta para contar um pouco da história do mercado editorial.

segunda-feira, junho 06, 2005

Sobre o Cotidiano


Giorgio De Chirico - Pintor de origem grega, nascido em 1888 e morreu em Roma, em 1978. - Principal representante da 'Pintura Metafisica", precursor da Estetica Surrealista. Posted by Hello


Estranho comportamento de alguns setores do comércio.Aqui, no Rio de Janeiro, por exemplo: os supermercados fingem não ser de sua obrigação e responsabilidade manter pessoas com a finalidade de colocar as mercadorias compradas pelos consumidores em sacolas. O supermercado muito "sábiamente" transfere este papel para as pessoas que trabalham na caixa registradora. Observei, neste segmento, uma ampla participação do sexo feminino neste tipo de atividade. Tal ordem de exploração,exige um duplo papel de trabalhadora; caixa e empacotadora, sendo que, este último, a caixa finge, que não é com ela, como a mercadoria tem de ser colocada nas sacolas, cabe ao consumidor, de modo servil, calado, cumprir este papel,o de empacotador, que é regulamentado e devidamente remunerado.É uma profissão, logo, tem de ser vendido como forma de trabalho remunerado. Como estes segmentos, sentem, é esta a impressão que percebo, vergonha de reclamar; calados, mudos sem a noção de seu papel neste contexto, acaba por fazer o que não lhe compete.No último domingo, estava em um supermercado e observei como são bem comportados estes consumidores.Resolvi experimentar que tipo de respostas obteria, e procedi da seguinte maneira, fiquei de braços cruzados, pois não sou funcionário da empresa e tampouco, me dão descontos por fazer esse trabalho.Você não desempenha este papel em outro tipo de comércio, apenas os supermercados aproveitam desta boa vontade do consumidor.Se houvesse um permanente protesto, o supermercado se colocaria de outra forma, se houvesse fiscalização para que cumprisse a lei estadual, em que eles são obrigados a manter profissionais para este tipo de serviço.
Duas caixas depois, uma firma de entregas , fez o papel de empacotador, isto é, simples. o trabalho que ele fazia, seria correspondido pela remuneração de um valor que eu ignoro e nem vem ao caso, mas que só foi feito por ele, porque, obteve ganhos com esta tarefa.É uma exploração no tratamento do consumidor, além dele escolher o supermercado por algum critério, ainda divulga a logomarca da empresa, através de sacolas.Dá uma visibilidade à empresa.O comportamento deste segmento de consumidores, apenas reforça a situação de desemprego. Quantas pessoas ficaram desempregadas ou não são empregadas,se os mercados utilizam esta mão-de-obra, sem nenhum custo. Quando fico irritado eu provoco, a formação do aumento da fila, de modo que, gera uma demora no atendimento aos consumidores. Quando aparentemente assumo esta função, fico bastante moroso, até que a caixa, cumpra querendo ela ou não, o papel que não cabe nem a ela, nem a mim.Ela, se estiver insatisfeita com as relações de trabalho, que vá queixar-se com a empresa ou aos órgãos competentes.Eu,além do protesto, fico exposto aos olhares de censura e reprovação.
A falta de troco é de praxe, nem adianta, matérias jornalisticas como as do jornal O Globo, apontando esta irregularidade e nomeando as empresas.A fiscalização só funciona através dos holofotes e das cameras da tv.O supermercado e outros segmentos do comércio, resolveram de algum tempo, não dar o troco quando ele resulta em um centavo. Não entendo este procedimento de algum gênio do marketing; de que uma mercadoria, no valor da unidade nove(9), não tem de dar troco ou satisfação ao cliente. Muito interessante o olhar de recriminação que são lançados contra você, ao pedir, o insignificante valor de um centavo, seja do caixa ou do da pessoa que está próxima. Muito dificil é arrendondar o troco em seu beneficio, sempre, a favor do "patrão". Acho uma falta de respeito, seria mais transparente e honesto, você colocar o preço na quantia exata e não desta maneira, um jeito esperto e típico de quem gosta de levar vantagens. No final resulta em ganhos para o empresário, claro, que para o caixa que não deve ser, pois, emprestaria uma imagem equivocada ao trabalhador, ser ele desonesto, gerador de desconfiança, se houver dinheiro demais no caixa, com certeza, não fica para o responsável pelo caixa ou o gerente.Tem o destinatário certo...O código do consumidor, é ignorado por estes comerciantes, tratam com desdém as leis que protegem os cidadãos.
Como a falta de respeito impera e vigora entre determinados grupos sociais, se o mundo é dos espertos, porque se haveria de respeitar as leis formais. Há determinados tipos de leis, que são respeitadas, aquelas em que o mundo do tráfico dita como ordem a ser cumprida. Imaginem como estas relações são exercicidas em uma escola, por exemplo, li em uma noticia de jornal, que uma garota foi pega em flagrante colando em uma prova, a professora disse que ia dar zero, a aluna respondeu em tom de ameaça, dizendo em voz alta: "Isso não vai ficar assim". Ser professor hoje é sinal de que vai ser desrespeitado: desobedecem, desacatam, partem para briga,ofendem, enfim, a violência é a linguagem do cotidiano nas escolas.Professores vivem amendrontados. Claro, que a violência está presente em vários lugares, a qualquer hora do dia,é a linguagem de várias classes sociais, principalmente dos excluídos.Não ignoro, ser produto e indicador de um contexto agudo de desigualdade social e que não vejo a menor possibilidade de minorar esta situação.
Não se consegue andar pela rua sem trazer consigo a desconfiança e o medo, há um exército de pedintes de todos os tipos, a insegurança está instalada em cada cidadão. O descrédito com os governantes, é generalizado, vejo que é o veículo incrementor da conduta que eles, os politicos, configuraram na mente da população. Convivemos com uma geração de jovens alienados, os valores transmitidos pelas familias e alguns agentes sociais, são invertidos.Percebo aqui em Copa, que a pobreza urbana, aumenta assustadoramente.
As escolas municipais, são destruidas pelo vandalismo, pela falta de noção ao próximo, da coisa pública. Há falta de diálogos, entre eles e a familia.Há uma fragilização dos códigos da sociedade mais ampla, instituições são denunciadas por Grupos criam espaços sociais próprios; uma cultura de consumo que é desenhada como caracteristicas de cada um, construindo códigos próprios e valores de comportamento diferenciados.Há uma diluição da percepção do entendimento de cidadania.O que se lê nas manchetes dos jornais, é o norte de que este país não tem jeito. As elites dominantes são conservadoras, sua inserção com o poder que governa o país, é feito ao jeito deles. O atual governo está amarrado por vinculos bastante sólidos, eles mudam para ficar como está.Com esta politica perversa de distribuição de rendas, dos juros exorbitantes, que são agrados ao capital financeiro, o nosso país vai ficar permanecer como está. A paz está longe de ser alcançada, passeatas, servem em alguns momentos como espetáculo, como holofote de determinados atores sociais.A violência meus caros dois leitores em suas diversas formas vai permanecer por muito e muito tempo.
A polícia passou por aqui com a sirene aberta, não sei bem, se atrás ou na frente dos bandidos...

sexta-feira, junho 03, 2005

Uma conversa silenciosa com Drummond


Escultura do poeta Carlos Drummond de Andrade, criada pelo artista mineiro Leo Santana. Instalada em Copacabana, em frente à rua em que o poeta morou, no dia 31 de outubro de 2003 - Cententenario do Poeta. Posted by Hello



Caminhava conversando com o vento pelo calçadão
seguindo sem lenço e com documentos
com os olhos cheios de cores, vidrados
naquela maravilha de cenário.
Dos corpos dourados das mulheres de Copacabana
deitadas como sereias, nas areias banhadas de sol,
beijadas por homens, ondas e ventos.
Dos homens e crianças sorridentes sem dentes
da cola que cheiram e brincam indiferentes.
Pega! Pega Ladrão! Grita aflito alguém chorando
a carteira voava entre pivetes, facas e canivetes.
Armas do desejo de possuir.
Roubam e atravessam sorridentes e triunfais;
sou di menor, tio me dá um real.
Vou seguindo em direção ao Posto Seis.
Peço uma licença poética, ao Meu Amigo Poeta
para um dedo de prosa.
Meu amigo, respeito o seu silêncio, mas a infância está perdida.
A mocidade está perdida, mas a vida não se perdeu...ainda.
Naquela avenida abraçada pelo mar
os hotéis sorriem de felicidade.
Turistas perdidos procuram as damas da noite
e os gays da vida, na vida, perdidos na noite,
paqueram aqueles que vivem aqui em Copa e de Copa.
Olha Poeta, em seu silêncio
a paisagem encarnada e ventilada pelos odores
dos corredores, dos caminhantes, dos ciclistas e golpistas;
Copacabana você não me engana, não disse assim Fontoura, mas disse
Caetano e Torquato, nesse país que me engana, aí de mim, Copacabana, aí de mim,ai de mim, ai de mim...
Copacabana virou filme da Carla Camurati, Ai de ti, Copacabana! dizia Rubem Braga, porque a ti chamaram Princesa do Mar.
Porque eu já fiz o sinal bem claro de que é chegada a véspera
de teu dia...estás perdida e cega no meio de tuas iniqüidades e de tua malícia.
E agora, Carlos?
Você sentado eternamente neste banco
poetando este mundo caduco.
Sei que no meio do caminho tinham aquelas
pedras do calçadão e bicicletas na contra-mão.
Tinha a policia descansando, porque ninguém é de ferro.
Carlos, eu confesso, nunca esquecerei desses acontecimentos:
Tinha um corpo estendido no meio do caminho
no meio do caminho tinha um corpo drogado.
Um menino revoltado. Meninas vendendo balas.
Das gaivotas em cambalhotas.
Mar me fez amar Copacabana
pra se amar, um só lugar, Copacabana
cantava Lúcio Alves em 1951;
Princesinha do Mar
Só a ti Copacabana eu hei de amar.
E agora, Carlos?
Lula , esqueceu que foi operário e foi viver no Paraíso
virou amigo de reis e príncipes e afastou os mendigos.
A festa não acabou , a miséria continuou.. As luzes estão
acesas nos quiosques, na praia, nos faróis.
A bebida rola e outras coisas que nem queira saber.
Copacabana sempre nos engana. Do Leme ao Posto 6.
Lembro, Carlos quando você passava por mim, nos anos 80
de braços dados com Maria Julieta pelas calçadas de Ipanema.
Soube que você ficou muito triste com a partida de sua filha,
ela foi pra não voltar e você,depois,seguiu seus passos...
Eu estava do outro lado do balcão de uma livraria
daquele cineasta que dirigiu: Amei um bicheiro.
Ele também foi embora, deixou um livro escrito pela Rosana Cardoso,
que começa,citando seus versos:
É preciso que a lente mágica
Enriqueça a visão humana e do real de cada coisa
Um mais seco real extraia para que penetremos fundo
No puro enigma das figuras, está escrito em Amar se aprende amando.
E agora, Carlos?
A festa não acabou, mal começou.
Copacabana me enganou
e um anjo meio torto, destes
que colocam o boi na sombra disse:
vai, Wilton, ser de esquerda na vida
militante dos sonhos, dos protestos estudantis,
acabei sendo sociólogo, livreiro, distribuidor e editor.
Até uma locadora criei de nome Sagarana.
Dona Vanna Piraccini, uma grande livreira, você conheceu muito,
sei que você estava sempre por lá... Leonardo, era sua passagem,
continua sendo uma excelente livraria. Faz parte da história do livro.
Lembra da campanha que você fez através do JB?
Conclamando os clientes a pagarem as contas,
por causa daquele incêndio criminoso na livraria,
queimando tudo, arquivos e livros, foi no ano de 1973.
Você chegou a fazer poema em homenagem a livraria:
Ao termo da espiral que disfarça o caminho com espadanas...
Quem quiser saber mais que leia as Impurezas do Branco.
Meus olhos e os seus seguem
As bundas bronzeadas, as boas de bunda. Uma bela bunda,
Não sei se seria da Raimunda.
Que além de ser rima é solução
Aquelas que parecem sorrir.
São engraçadas.Esferas harmoniosas sobre o caos
A bunda são duas luas gêmeas
Em rotundo meneio
A bunda é a bunda.
Sabe meu querido poeta
elas nos divertem...Sei que você dedicou
Um Amor Natural para elas.
Lembra Carlos, daquela que pelo rádio da polícia,
ela mandou o seu recado, Kátia Flávia, gostosona
que só usa calcinhas comestíveis e calcinhas bélicas.
A Godiva de Irajá que se escondeu aqui em Copa.
Uma Louraça Belzebu, provocante, disse a Fernanda Abreu
uma vascaína igual a nós. Lembro que publicou vários assuntos sobre futebol.
Quando é dia de futebol, virou título de um livro.Quem reuniu esta seleção de textos, foram os seus netos, achei muito legal esta iniciativa.
O nosso time esta um vexame só.
É governado pelo Tirano da Colina.
Poeta, quantas pessoas sentam ao seu lado
passam aqui para conversar e ouvir poesia
ou apenas fotografar.
Carlos, a Rosa ainda não é do povo, continua com os espinhos
mas elas falam, reclamam, protestam.
Carlos, a coisa aqui, tá preta como disse outro poeta.
O outro, poeta-cantor largou a Marieta.
Mas o que queria lhe dizer; é que continuamos
na luta, na luta... sem pedir licença.
Os poderosos estão cada vez mais ricos.
Os idosos, estes que tiram fotos de você
ainda continuam penando nas filas dos postos da previdência,
nos hospitais. Cresce o número de moradores de rua.
Sei que os seus olhos não perguntam nada,
apenas olham para as pernas brancas, pretas e amarelas.
Por que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Pois é poeta, pernas pra que te quero?
Olha poeta, que rabo muito gira, é de uma portuguesa com certeza,
reparei no sotaque enquanto caminhava olhando Las Muchachas de Copacabana.
Mamãe pro mês lhe mando umas economias Lembrança da filha
Que brilha aqui na capital. É uma estrela internacional
Esta é de autoria do Chico, que continua cada vez melhor...escrevendo livros e suas
Composições, fazendo show. Poeta, adivinhe, onde? Na praia, até uma Inocente do Leblon.
Foi ouvir bem de perto, parece que era um papo animado.
O Arnaldo, sim, o Jabor, anda fazendo meditações diante de um bumbum.
O bumbum da Juliana Paes, você meu querido poeta acho que não conheceu
é uma celebridade da tv, uma artista de novela.
Foi capa de revista Playboy.
E agora, Carlos?
Continuamos morando em Copa, você em um posto
eu, em outro. Moro na metade do seu.
Carlos, quase que ia esquecendo de lhe contar:
Há mulheres colocando silicone, no considerado patrimônio nacional
fazem cirurgia pra aumentar os glúteos, mas prefiro bunda ao natural, acho melhor.
Quero lhe apresentar a puta da cidade, que você falou certa vez.
Ouvi dizer que João amava Pedro
Que amava Teresa que não amava Raimundo. Raimundo que amava Maria
Que saiu da casa da tia e Joaquim que não estava nesta história, acabou mesmo
Suicidando, se jogando de um prédio na esquina de Figueiredo com Domingos.
Um escrito na sala do apartamento de Copacabana, escrito que não engana
Arregalou os olhos de Sebastiana, assim, cantava Eduardo Dusek.
Carlos, quem está distante de nós, é uma doce e querida amiga Elianne, trocou Ipanema
por Cabo Frio, voltou para Ipanema e foi para Natal., levando livros e filhos...
Deixou lembranças...É o nosso amor antigo, nada exige e nem pede...
Carlos, agora, meu caro poeta, vou para casa. Pretendo acordar sem sofrimento.
A dor que deveras sinto, é a dor de não ser um poeta, nem prosador do mundo.
Sou apenas um leitor e agora blogueiro. Com o abraço de sempre
desse quitandeiro, velho apreciador de livros.
Seu admirador.
Obs: Foram consultadas algumas poesias de Carlos Drummond de Andrade em páginas na web como: Drummond: Alguma Poesia e Casa do Bruxo. Versos de Drummond foram inseridos na elaboração deste texto, assim, como os autores citados e suas composições musicais. Esclareço que é uma homenagem singela e sincera ao poeta que sempre via passar por mim e que hoje passo por ele....em sua forma de escultura na Praia de Copacabana, posto 6. O que escrevi,dedico para Marilene, minha companheira por mais de 30 anos, ao filho Raoni, ao seu filho, meu neto Ramom e a minha querida amiga Elianne Abreu..

quinta-feira, junho 02, 2005

Uma Poetisa dos Anos 80 : Ana Cristina Cesar


Flavio de Carvalho - Escritor, Desenhista, Cenografo, Engenheiro - 1899/1973 -  Posted by Hello

Hoje, por uns momentos, sentado diante desta tela, lidei com a falta de assunto. Fiquei paralizado. Os minutos passavam ligeiros por mim, sem me dar muita atenção.Eu continuava na minha...As idéias circulavam e eram apagadas tão rápidas quanto surgiam. Acabei por remexer no passado. Peguei alguns atalhos e fui direto para os anos 80. Lembrei dos tempos em que caminhava pela Rua Visconde de Pirajá, rumo à livraria que montei com as cores da esquerda.Eu, sociólogo e antigo militante do partidão, os outros dois, de organização revolucionárias diferentes, mas que foram trocados pelo embaixador.Tinham chegado há pouco tempo, do exílio.
Eu morava no Posto 6,na Raul Pompéia, em Copacabana.Era um sacrificio esta caminhada, pois, eu estava acima do peso e fumava.Foi no ano de 1983, que tomei uma grande e sábia decisão de parar de fumar. Decidi, após, uma consulta ao meu cardiologista,na época, Dr. Carlos Scherr.Foi no último dia do mês de outubro, quando na esquina da Rua Aníbal de Mendonça, onde estava situada a minha livraria. Atravessei à rua e dei alguns passos em direção ao edificio Top Center. Ouço o meu nome, sou chamado por uma amiga e cliente, dona de uma academia de ginástica. Veio me avisar, que tinha ouvido a triste notícia do suicidio de uma poetisa, no fim de semana. Ao pronunciar o seu nome,fiquei chocado, mesmo não a conhecendo, apreciava o seu trabalho intelectual e seus escritos na imprensa.Tive conhecimento de outros livros de sua autoria.
Desenvolvia intensa atividade jornalistica. uma mulher com uma rica trajetória, uma jovem brilhante. Adorada e admirada por muitos. Tanto, que eu vendia suas poesias regularmente. Lembro que foi editado pela Brasiliense no ano de 1982, na coleção Cantadas Literárias,volume 8, o seu livro de poesia/prosa A teus pés.Sucesso de vendas, havia uma procura,que determinou a segunda edição.A Brasiliense, também, era sucesso em vendas, a editora da moda. Lançou em 1977, um jornal especializado em livros, o Leia Livros. O nome desta poetisa, era Ana Cristina Cruz Cesar - Ana C, como era conhecida. A noticia recebida por mim, foi dada no dia 31 de outubro de 1983. Fui me inteirar do assunto e confirmei, que ela morreu com 31 anos, no dia 29 de outubro, em um sábado à tarde.
Verificando o calendário, hoje é a data de seu nascimento.Filha de um cliente da livraria Francisco Alves,na Rua Farme de Amoedo, onde trabalhei . O seu pai, o sociólogo Waldo Cesar,autor de estudos sobre religião.Waldo César, pelo que sei foi um dos fundadores da Editora Paz e Terra, pertenceu ao conselho editorial, junto com intelectuais marxistas e católicos. A produção editorial da Paz e Terra, aponta para este conteúdo em sua fase inicial. Depois de algum tempo com dificuldades financeiras e perseguida pela censura, resolveram vender para o empresário Fernando Gasparian, que manteve um perfil de esquerda. Com excelente catálogo na área de ciências sociais.A editora Paz e Terra, também produziu uma revista,nesta fase inicial.A censura estava atuante.Fazim estragos.Algumas bombas explodiam.
Gostava muito desta fase,eu que estava envolvido com livros 24 horas, vivi em ambiente de livros. Montei durante a minha formação uma grande biblioteca na área de ciências sociais.Os sebos foram os caminhos para a realização deste acervo.Uma vacilada minha nesta época, era ter lido muito pouco a literatura ficcional.Preferia sempre a literatura especializada.
Olhando pelo retrovisor, perceberemos que foi uma fase muito rica em periódicos,seja revistas ou jornais. Não convém esquecer, da importância da editora Vozes,de sua revista. Uma das editoras e livrarias resistentes ao regime ditatorial.A importância do frei Luis e da editora Rose Marie Muraro, uma fantástica e brilhante mulher, extremamente inteligente, figura importante na história do livro. Trabalhei com Rose(ela sofria um problema sério de visão) na editora Espaço e Tempo, junto com o editor Fernando Sá. Resolvi me afastar aos poucos da editora, com a entrada do "expert" em livros, realmente, um profundo conhecedor de livros, o senhor Gustavo Barbosa, um expoente intelectual da comunicação.Já conhecia esta sumidade, quando trabalhei na Edições Graal. Havia, até então um bom ambiente na editora, uma boa equipe: trabalhava Antonia, uma das filhas de Rose,a irmã do goleiro Paulo Vitor, que foi do Fluminense, o escritor e antigo militante da VPR, Herbert Daniel, que presidiu o grupo Pela Vida e dirigiu a ABIA. Morreu vítima da AIDS, aos 45 anos, em 1992 e seu companheiro, anos depois, vitimado pela doença, lembro agora apenas do primeiro nome, era Claudio.Conheci apresentado por Rose e Fernado, alguns autores da casa,como Eliane Maciel, o sexólogo Marcos Ribeiro, Sylvia Orthof(1932/1997) moradora de Petropólis e autora de diversos livros infantis, junto com o marido que fazia a ilustração. Escreveu sob pseudônimo, o Livro da Sorte, êta livrinho, vende muito,ao cientista politico uruguaio Rene Armand Dreifuss(1945/2003)
Tenho uma vaga noção da participação do Ênio Silveira na Paz e Terra, acho que ele mantinha algum vinculo, creio ter sido o fio condutor da embrionária editora. Sei que no conselho editorial, eu gostava de examinar um por um, havia uma pluralidade de intelectuais, como: Maria Helena Kühner,um católico mineiro, o intelectual Edgar de Godoy Matta Machado, Jânio de Freitas, Luiz Eduardo Wanderley, Alfredo Bosi,creio que o Moacyr Félix, também. Enfim, muita gente da melhor qualidade.Poderia se dizer, que a Paz e Terra, nesta fase, era uma editora ecumênica.
Mas como hoje é a data de nascimente de Ana Cristina Cesar, gostaria apenas de trasnscrever estes versos, mas quero registrar de quem cuida do material da poetisa, é o poeta Armando Freitas Filho e se não me falha a memória, a professora, escritora e editora Heloísa Buarque de Hollanda. Foi consultado o livro de Ana Cristina César, Escritos no Rio, editado pela Editora UFRJ/Editora Brasiliense e o site Reduto Literario

SONETO

Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu

Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida

Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina

E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor

FISIONOMIA

não é mentira
é outra
a dor que dói
em mim
é um projeto
de passeio
em círculo
um malogro
do objeto
em foco
a intensidade
de luz
de tarde
no jardim
é outra
outra a dor que dói