quarta-feira, junho 22, 2005

Das Flores Colhidas no Tempo


Manabu Mabe - Pintor/Ilustrador - Participante de várias Bienais, tanto no Brasil, quanto no exterior.Ilustrou O Livro de Hai-Kais, editado por Massao Ohno/Roswitha Kempf. Nasceu na Província de Kumamoto, Japão, em 14/09/1924 - Veio para o Brasil, com a família em 1934.Morou na cidade de Lins. Falece em São Paulo, em 22/09/1997 Posted by Hello


Visitei o jardim de minha infância
Das flores colhidas no tempo
Dos Perfumes
Das Cores
E Dores
Dos Amores-Perfeitos
Dos Bem-Te-Vis
Dos galhos de outono sem patriarca
Da Manga-Rosa
Quero o gosto e o sumo.
Da Rosinha, Minha Canoa, que esqueci de ler
Nos jardins da casa rosa da esquina
Que eu espiava o corpo de menina em flor
Desfolhava o meu prazer.
Das Rosas híbridas
Ouvi o canto de Rosinha de Valença
Do Rancho da Rosa Encarnada, de Torquato Neto
Da Cor-de-Rosa do Índio de Orígenes Lessa
Da Rosa do Povo do Nome da Rosa
Das Rosas Formosas, das Rosas que falam
Dos Cravos de Abril.
Da Rosa que brigou com o Cravo
Das Rosas Chorosas, Indecorosas
Murchas, Silenciosas, Espinhosas
Goza a Rosa Cheirosa
Andei pelo Jardim da Solidão de Clara
Nos Passos da Rosa dando panos pra manga
Das Palmas batidas para Rosa Mota
Do Jardim Iluminado
Do Jardim de Inverno e da Primavera
Dos tempos de outrora. Da Rosa de Luxemburgo
Dos Jardins das Delícias do blog que conheci
Nas cestas das floristas que enfeitam meus sonhos
Prefiro Rosas, Meu Amor,
Circunda-te rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada. Odes de Ricardo Reis.
Dos acordes das Magnólias molhadas na chuva
Nos Jardins Prometidos de Cesária Évora
Das Bromélias Amélias e Sorridentes Heras
Das Madressilvas loucas brincando com as Begônias.
Das Melenas Douradas com cheiro de Rosa Mosqueta
Das Avencas Delicadas
Da Rosa Montero que ainda não li
Da Rosa de Hiroshima e o Lírio-Da-Paz
Da Rosa Rebelde da novela das sete
Das Trepadeiras insaciáveis.
Das Borboletas violetas pintadas de lilás
Dálias soltas flutuando nos jardins
Da Flor da pele dilacerada, esquecida no chão.
É de Cravo, É de Rosa,É de Manjericão
Na frescura de uma sombra folheando o
Caderno Rosa de Hilda Hilst. Da Rosa Amarela
Pois ela era uma Rosa. Ele era uma rosa.
As outras eram manjericão. Que pena,de Benjor
Quero Sempre-Viva, Quero Rosa Mimosa
Quero Maria Rosa de Rosa. Da Rosa Choque
Quero a amizade de Rosa Lepek amiga das Rosas
A Rosa com cirrose. Quero minha ilusão plantada
A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil
Quero as sombras das azinheiras do Alentejo
Que não vi. De Lisboa de meus amores
sonhados no dia de amanhã.
Descansar na Alameda das Rosas de prosas
Com Antúrios esculturas de minha felicidade.
Ler Guimarães Rosa e SubRosa da Meg
Atravessar os canteiros de folhagens vistosas
ornadas nas estufas de meus pensamentos.
Pelas magníficas ninféas e lótus.
Escorrer as Lágrimas de Cristo pelas matas e florestas
O som da Rosa de Ouro na voz de Clementina de Jesus.
Quero ficar sem medo da Boca-de-Leão morder as Hortências.
Quero evitar ser arranhado pelas unhas-de-gato.
Olhar para o campo e escutar o trotar das Cavalhinhas
Das floradas de Alpínia.
De Capuchinhas e Ramalhetes.
Não pise na grama!
Na grama onde fiz minha cama.
O cheirinho de alecrim, das flagâncias de Flor de Lis.
De Florbela e seus poemas.
Quero passear pelo roseiral de Rosa Mosqueta
No meu jardim da vida cantado por Djavan
Quero levar na mão direita, rosas para
Edmundo, Paulinho e Dory.
Quero arrancar os espinhos e seguir as Andanças
Do meu coração.
Quero os gorjeios dos pássaros
Quero a Rosa de Noel ao som dos chiados de pardais.
Correr pelas aléias imaginadas na adolescência
Olhar o sabiá que sabia ser sábia
Ir para junto das sombra das palmeiras
Cantar a Canção do Tempo
Levar um bouquet de Rosas para o casamento de Margarida e Donald
Ouvir o vento cantando La Vie en Rose de Piaf.
Quero balançar a roseira.
Quero regar Azaléias nas manhãs enluaradas.
Ao lado dos Ipês, ouvir Chico segurando suas Tulipas.
Dançar ao som das folhas verdes de minha esperança.
Na Festa das Rosas, esbarrar com a Rosa e seus botões.
Troncos e ramos forram a paisagem de minha vida.
Nas fontes e bosques verdejantes.
Não ter votado na Rosinha
Que nem tudo eram rosas nos canteiros perdidos.
Rosas rasteiras, escondidas e podadas em minhas lembranças.
Olho daqui Dona Flor.
Respirei o néctar do amor que perfumam o ar.
O sol dos girassóis aflora lá fora.
Apareceu a Margarida Olé Olé Olá
Ela está em seu castelo tomando copo de leite.
Olé Olé Olá
Venha meu amor!
Não fique triste, foi a Camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu.
Venha, desabrocha meu coração,
Com a flagância da Flor da Idade.
Para não dizer que não falei de flores.
Seja minha Dama da Noite por hoje e sempre
Vem fazer amor-agarradinho
Minha linda flor de nome Marilene.

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