sábado, julho 25, 2009

De volta ao trabalho











No post anterior, escrevi que estava de volta, aqui era o meu lugar. Gosto deste espaço, utilizo para revelar um pouco de minha trajetória no mercado editorial. Neste mês fiz um ano (dia 18 de julho) que trabalho como livreiro virtual, nos portais Estante Virtual, Gojaba e SebosOnline atuando em duas versões, para Estante Virtual, criei o nome de fantasia: Banca da Carioca, e para os outros dois portais escolhi: Esquinas do Tempo, inspirado no nome de outro blog que escrevo. Dali para cá, ganhei novo fôlego, mergulhei de corpo e alma no universo do livro, em sua comercialização, na verdade é dali que extraio o meu oxigênio. Neste retorno ao livro, conheci os livreiros que trabalham no Largo da Carioca e o pessoal da periferia. Foi uma experiência, sem dúvida, proveitosa, pois acredito que tenha conferido em meu currículo como o único livreiro com experiência em diversos segmentos do mercado. Faltava vamos dizer para preencher o currículo, o trabalho na rua, de onde conheci pessoas que se arvoram em dizer que são livreiros. Cheguei a ter ataque de risos... São na verdade despreparados intelectualmente, com pouca ou nenhuma intimidade com a leitura e com a escrita. Fica dificil compreender este grupo como livreiro, há claro exceções de dois livreiros. que ali, transitam. É importante lembrar que estão surgindo novos livreiros, pricipalmente sebistas, mas é assunto para mais adiante.
Se pensarmos por exemplo: em Alberto Mathias, um dos mais antigos livreiros do Rio, o neto André, falecido Carlos todos da tradiconal livraria Padrão, na Miguel Couto, no livreiro Edson Nascimento(falecido) da Interciência, na Presidente Vargas, trabalhei com ele. Pensar nos livreiros Ernesto e Lucien Zahar das importantes livrarias na área de ciências humanas (Galáxia e Ler), no Rui Campos (Muro e Travessa), nos livreiros Graça e Chico da Dazibao e Luzes da Cidade, dona Vanna da Leonardo Da Vinci. Kiki e Aluizio Leite (falecido) da Timbre, na Gávea, o historiador José Antonio, da Arte Palavra (fechada) em uma galeria da 7 de Setembro, da jornalista Claudia Amorim e a sua mãe dona Yaci, sócias da livraria infantil Malasarte, na Gávea. Havia em Ipanema, lembro agora da figura lendária do livreiro José Sanz (falecido) da livraria do Pasquim, no Leblon, do Luis da Mar de Histórias, no Posto 6.
Poderia lembrar de Maria Antonia, como livreira e editora da Duas Cidades, que conheci, cheguei a ser distribuidor da editora, de Raimundo Jinkings (falecido) que conheci de nome, também como distribuidor, foi livreiro bem atuante em Belém. Falar de livreiros é passear pelos outros estados, mas prefiro no momento, escrever sobre os localizados no Rio de Janeiro. Há o pessoal de Niterói, como o livreiro e professor universitário Aníbal Bragança da importante Livraria Passárgada, fez história, de Antonio Gomes Eduardo da rede Gutenberg, da Casa da Filosofia ( do irmão de Aníbal) e da Livraria Debates, da livraria Encontro transformada em Diálogo. Por hoje, chega, pretendo retomar o assunto mais adiante. Os pedidos me chamam. Agradeço aos que me visitaram, foram palavras bem estimulantes, foram a força necessária para voltar e retomar o caminho da escrita.

* Imagem de Carybé (1911-1997) - Pretendo mais adiante, escrever sobre o artista, como ilustrador, principalmente em parceria com Jorge Amado.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Eu voltei, agora para ficar.



Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar. Eu voltei pras coisas que eu deixei, eu voltei, e se alguém achar que virei cantor, pode ficar aliviado, pois continuo livreiro. Sem esta de cantar a composição de Roberto Carlos que serviu apenas como fio condutor do que penso escrever neste espaço.
De uns tempos para cá carregava a indecisão de sair da “rua”, se deveria ficar mais algum tempo, protelei, adiei o quanto pude esta decisão. Depois do choque de ordem urbana que o prefeito aplicou na cidade, com mais uma tentativa de organizar o insano caos urbano. Achei que era a oportunidade que me ajudaria a tomar a decisão, foi o empurrão que necessitava. Ficou claro para mim que deveria atuar apenas como livreiro virtual. No espaço da rua, com elevada sonorização dos pregões do pessoal que vende cd, dificultava estabelecer qualquer conversa com a clientela interessada em comprar livros. Assim, anulava o meu papel de livreiro, pois a fala (a conversa) um ótimo veículo para venda dos livros, estava comprometida. A pressão sonora interferia nesta relação (o saxofonista desafinado e a gritaria produzida pela turma do cd ), foi sem dúvida um dos fatores que contribuiu em muito a tomada de decisão. Por um lado, não devo ignorar que as condições do tempo, sujeitos a chuva e trovoadas, pesaram nesta vontade de sair da rua. Na rua tive uma boa experiência, revi amigos e vi surgir outros amigos. Estava convicto que estava apenas de passagem.
Minha inquietação e as perspectivas de atuar apenas como livreiro virtual selaram a minha decisão. Na situação em que me encontrava e o espaço que dispunha para vender, afunilavam as iniciativas de apresentar ao público leitor um acervo variado. Tive várias idéias, todas abortadas. As vendas não correspondiam ao trabalho, pois tornava dispendioso minha ida ao Centro. Cheguei a ensaiar a redução de dias e horário, passei um período vindo após o almoço em casa.
Uma das áreas atingidas foi o espaço de livros na Rua Bitencourt Silva, entre a Caixa Econômica e o Edifício Central. Este intento atingiu a gregos e troianos. O desespero, a incerteza de como ficaria aquele espaço ocupou aquele momento. Dois livreiros inicialmente foi o que restou no primeiro momento, os que estavam em dia com a taxa de ocupação estavam garantidos, dias depois, os outros livreiros foram retornando, parece que não haveria mais com que se preocupar. Um dos livreiros que se orgulhava de estar em dia com a taxa, por isso, declarava que o lugar que ele ocupava estava pago. Fazia questão de dizer que a extensão de sua bancada, uma das maiores dali, era aquela metragem. Alegava que um fiscal demarcara o pedaço. De uma hora para outra o seu espaço ficou reduzido pela prefeitura, os argumentos que sustentavam os prolongamentos de sua bancada para mim e os outros, caíram por terra. Era evidente o abuso do uso do espaço público. Era o famoso jeitinho brasileiro.
No primeiro momento ao partilhar um mini-espaço oferecido pelo livreiro Alberto Pereira, me entusiasmou, uniria a possibilidade de venda com a nova experiência no trabalho de rua., depois, pude perceber que a tradução desta nova atuação, não correspondia, as vendas eram poucas e espaçadas, mesmo com o enorme fluxo de pessoas que ali transitam, a grande maioria não tinham o status de leitor.
Bom, fico por aqui, volto em um próximo post.

*Imagem: Octavio Araujo