terça-feira, abril 25, 2006

O Jogo

Britto Velho : Carlos Carrion de - Artista nascido em Porto Alegre, em 1946. Residiu em Buenos Aires de 1957 a 1965 . Esteve morando em Paris para estudos e foi estagiário da gráfica Desjobert, na metade dos anos 70. Residiu em São Paulo e atualmente mora em Porto Alegre. Britto Velho um artista bem atuante no sul do país. Sua obra serve de inspiração para debates na área de Educação, como o promovido pela UNISINOS.Uma obra fascinante, merecedora de uma visita, uma olhada, é o seu momento mágico diante da obra de um talentoso e importante artista plástico sulino. Participou do livro em homenagem aos 90 anos do escritor gaúcho, psicanalista e humanista Cyro Martins, falecido em 1995, na cidade de Porto Alegre. Britto Velho, é também referência no panorama das artes plásticas e em livros que tratam da análise de sua obra, publicados por diferentes pesquisadores. (Fonte de Consulta : Bolsa de Arte, CELPCYRO/RS, Vanet.com.br, Universia Brasil, Garagem de Arte )
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Olá!
Meus caros amigos leitores e blogueiros, estou de volta para colocar um texto no mural deste espaço. Um texto em que, uso o recurso dos personagens travestidos de animais para desenvolver a história que pretendo contar para vocês. Acho que vocês repararam que eu gosto deste meio de comunicação, desta narrativa criada com as tonalidades de um gênero literário que remonta aos tempos imemorais, que é a fábula.
Fico muito grato pelas visitas. Deixo claro que também faço as minhas, embora, no momento não tenho alcançado o meu número ideal de visitas e que pretendo atingir em breve. Um grande abraço.
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Lula Lelé, acordou cedo, colocou um boné e o calção, fez alongamento e foi curtir o dia, era um domingo de sol. Estava sem muito o que fazer, as viagens programadas, só no mês seguinte, aconteceriam. Desde que, foi para o Reino da Bicholândia, vivia feliz que nem pinto no lixo. Tudo andava às mil maravilhas. Os poucos boatos que circulavam, não o incomodavam, pois, eram criados por elementos da oposição.Procuravam sarna para se coçar. Na verdade um grupelho liderado por quatro tucanos, dois ratos e seis porcos, que de uma hora para outra, passaram a dar entrevistas para um veículo de comunicação, espalhando maldosamente, que ele estava ficando lelé da cuca. Que vivia no mundo da lua. Pura intriga. Era falta do que fazer, invencionices dos adversários, argumentava, tranqüilizando os aliados, dentre eles, se destacavam, os crocodilos de papo amarelo.
O domingo era dedicado ao lazer.Lula Lelé não tava fazendo nada e os seus auxiliares também, achou que seria ótimo dia para bater uma pelada, chamou para formar o seu time: os amigos ursos e os amigos da onça.Teve alguma dificuldade devido o intempestivo interesse de um cordão de puxa-sacos, que insitiam em participar da partida.Na arquibancada estavam as torcidas organizadas, que aguardavam o inicio do jogo. Cinco policiais e vinte pastores tomavam conta do recinto.Um hipopótamo, empunhando uma bandeira de torcida, chegou atrasado, tentou pular a cerca levou logo uns catiripapos e foi posto pra correr.Um gavião chegou atrasado, mas pode entrar, sem nenhum incomodo. Alguém próximo, ouviu que o gavião se identificou como sendo do mesmo time de Lula Lelé, recebeu de imediato passe livre.Uma familia de polvos, foram afastados do local sem nenhuma explicação. Resignados foram parar em outra freguesia. Aliás, minutos depois do incidente, uma foca irritada, comunicava aos quatros ventos, que o cheiro de polvo, dava alergias a Lula Lelé, que desandava a espirrar e dar cambalhotas. Teriam que ficar a léguas de distância, por ordens da equipe de segurança.Um cavalo que não queria subir as escadas de acesso ao jogo, começou a soltar a torto e a direito, diversos coices. Entrou em cana.Foi direto para o xilindró.
Um princípio de tumulto, logo debelado, foi causado por um tamanduá, que andou batendo a língua nos dentes ao avistar sem querer, o bode Ludovico, que sumido, apareceu conduzindo uma maleta, todo serelepe acompanhado por uma dezena de burros militantes do partido. Disfarçados, entravam pela porta dos fundos.Ovacionaram a maior autoridade em campo.Em coro gritava em uníssono: o chefe é bom companheiro, o chefe é bom companheiro e ninguém pode negar. As salvas de palmas foram ouvidas em várias quadras. Lula Lelé abriu um largo sorriso, abraçado ao tamanduá.Uma ovelha negra a tudo assistia, escondida em um pé de manacá.Cinco cachorras entraram em campo para animar a festa. Seguidas por dez franguinhas, cinco hienas e meia dúzia de pererecas bailarinas foram convidadas para participaram na coreografia do evento.Assim, que as pererecas adentraram ao gramado, um grupo de pintos puseram-se de pé, em posição de sentido. Ficaram entusiasmados pelo que viram. Um mais afoito gritava: Linda! Linda! Gostoosaaa!A pererequinha do meio, sorridente, agradecia.
Hora de começar a partida. Meia dúzia de gatos pingados, funcionários em greve do lado de fora, juntos com as zebras que sairam do partido, ensaiaram uma ensurrecedora e barulhenta algazarra.No palanque instalado junto ao campo, o locutor com voz de taquara rachada, informava que encontraram agonizando um ganso afogado no lago.Prometeu instaurar um inquérito administrativo e uma cpi, o mais breve possível. Soltaram muitos traques e fogos de artifício, que foram ouvidos e sentidos por todo o ambiente. Os dois times davam voltas no gramado, aquecendo, com altas doses de pinga, alguns, ficaram tontos e foram mais cedo para o vestiário.Uma hiena foi convidada para arbitrar a peleja.Um pequeno e respeitável público ficou empoleirado na parte superior, muitos seguravam em cabide, pois, não havia mais lugar.Um orador pediu a palavra e não foi concedida. Impacientes pediam o incio da partida. O sol a pino. Ninguém entendia o atraso, foram feitas consultas e não sabiam a resposta.O silêncio foi interrompido por um sapo que de boca aberta e de barba feita, insistia em cantar.Bota a viola no saco.Bastou um rugido do leão, para a turma ficar em pé.
Macacos gritaram: Senta que o leão é manso.

Lula Lelé doido para dar uma bicuda,ficou impaciente. Sério pediu providências. Um estranho naquele ninho, gritou: cadê a bola? Muitos foram voluntários para procurarem a bola, saíram em disparada, alguém encontrou debaixo da cama. Toda embrulhada. Pegaram a bola e só então perceberam que ela estava murcha.Não houve jeito, tiveram que transferir o jogo.Muitos saíram reclamando, decepcionados, desiludidos.Assim, terminou o jogo promovido por Lula Lelé.Nada de prorrogação.Terminou, acabou o tempo, reclamou gritando o grande público que não partipou do jogo, estavam do outro lado, do lado de fora, como sempre assistindo o espetáculo.

segunda-feira, abril 17, 2006

Lindos Sonhos

Érico Santos : Érico Di Primo Leitão dos Santos - Nasceu, no ano de 1952, em Cacequi, Rio Grande do Sul. Formado em Direito, no final dos anos 70. Nos dados biográficos de Érico, observamos a sua atuação como: advogado, artista plástico, ilustrador, cartunista e desenhista publicitário. Ainda, pode ser incluído a função de procurador autárquico e o exercicio do magistério. Despontou para a pintura nos anos 70, destacando-se em diversos salões e nas mais importantes mostras coletivas e individuais. Seu trabalho está registrado na Igreja do Perpétuo Socorro de Porto Alegre, ao pintar a Via Sacra. Um artista bastante atuante em seu estado. Particpa de júris, é referência obrigatória em livros e revistas especializadas, bem como, palestrante dos mais influentes no panorama das artes no Rio Grande do Sul. Muito aclamado pela crítica. Fonte de Consulta : Artista Net, ArtCanal, Galeria Acrilex e a interessante página oficial do artista Erico Santos

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Olá!
Depois dos momentos de Páscoa, apareço para deixar um pequeno texto de minha autoria. Fizemos uma "festinha" do Coelhinho para Ramom, ficou doidinho, não parava de tanta alegria. Neste domingo comprei o Jornal do Brasil, que está em promoção com o preço de capa bem mais baixo, a metade do valor e um novo formato tipo berliner para bancas de revistas, uma vez que , para assinantes, é apresentado sob o formato standart. Deixei de ser assinante do JB, há muito tempo e nem pretendo voltar a ser. Por curiosidade, comprei no jornaleiro e confesso que não fiquei seduzido pelo novo formato, preço e tampouco, nem os possíveis novos colunistas, não consegui me transformar em leitor. Tentei há duas semanas, por empolgação com a leitura da divulgação do novo jornal O Dia, acabei por comprar, divulgava também, novos colunistas. Achei pura espuma. Não vislumbro como poderá conseguir brigar com O Globo, assim imagino, creio que teria de ter algo a mais. Algo que pudesse atrair os leitores do JB em busca de uma nova imprensa, de um novo jornal. Apareceram os filhotes de O Dia e o Extra, com preço barato e com poucas páginas, todos com matérias chupadas dos jornalões. A equipe de jornalistas, é bem reduzida. Li e não me interessava continuar como leitor. A briga por leitores está bem acirrada. Até o momento sou apenas espectador. Sou um leitor que acompanhou o nascimento, morte e decadência de alguns jornais, principalmente, os alternativos à partir dos anos 60. Esta experiência de observador de começo, agonia e fim de editoras, também estive presente.
Ontem, uma dileta amiga, a escritora paulistana Arlete Meggiolaro, colocou na internet o seu interessante site Orvalho D`Alma que abre espaço para publicação de sua produção literária e de outros escritores. Vale a pena conferir. Sucesso é o que lhe desejo querida amiga.
Desejo uma ótima semana para os amigos leitores e blogueiros.
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Mergulhei no universo de seu corpo
Descobri tantas coisas
de olhos fechados
que acabei sonhando
Lindos sonhos de
Amor.

terça-feira, abril 11, 2006

A Paixão de Neide

Enéas Valle : Nasceu em Manáus, em 10 de junho de 1951. É professor da EBA, escultor e matemático. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Participa com exposições em diversas galerias. Foi co-editado com a Universidade Federal do Amazonas, o livro "Hiperespaço Curvista", prefaciado por Milton Hatoum, conta a trajetória do artista em mais de 30 em plena atividade. Uma das obras bem citada de Enéas é: Geópolis que reúne 12 pinturas do artista e que ficou exposta na Galeria Toulouse. Participa no segmento Engrenajens e Engenhos da exposição Onde você está, Geração 80? Participa da exposição Doze Telas e a Sétima Arte, na Casa de Cultura Laura Alvim.
(Fonte de consulta - Art bonomo, Revista Museu, Galeira Virutal do Jornal Rio Arte, Olhar Virtual/UFRJ, Galeria de Arte da UFF, Galeria Toulouse, BB )
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Olá!
Wilton, Marilene e Ramom, desejam aos amigos leitores e blogueiros uma Feliz Páscoa, repleta de chocolate.

Peço desculpas por não ter postado a continuidade do texto de quarta-feira passada. Deixo este texto pendurado no mural, espero que gostem.

Neide trabalhava no salão de cabeleireiro de Adamastor, seu amigo e patrão. Chegando em casa, esparramou-se no velho sofá, depois de ligar a televisão.Tinha o hábito de deixar a televisão ligada, era a sua companhia, deste modo, não imaginava, estar só. Aguardava este momento com grande ansiedade, pois iniciava naquele dia, a sua novela... Aliás, gostava de todas e em qualquer canal. Mas aquela, que começava, tinha um interesse particular. Trabalhava o galã, que tanto admirava e que para amigas intimas, dizia estar apaixonada. Colecionava fotos e revistas a respeito do ator. Na verdade, ficou apaixonada. O casamento com Juvenal, restou apenas poeira.A todo instante, olhava para o relógio.Irritava com a morosidade dos ponteiros. Estava com fome.A grana curta. Na geladeira, pouca coisa que sobrara da última visita ao supermercado. Restavam dois pacotes de macarrão instantâneo, foi o que acabou comendo, junto com a ilusão. Para não perder um minuto sequer, comia diante da televisão.Quando o artista apareceu, o seu coração começou acelerar. O banho e arrumação da casa, ficaram para depois.Neide morava só, não teve filho em seus sete anos de casamento com Juvenal.

Quando não tinha clientes, ficava no salão, olhando para a televisão de 29 polegadas. Adamastor implicava com ela, dizendo que era uma fanática, não trocava por nada, o seu momento de ficar diante da televisão. Não estava nem aí, para os comentários. Tudo aconteceu durante o frustrado casamento com Juvenal. Quando determinado ator apareceu pela primeira vez na novela, que Neide, começou a sonhar cada vez mais com o ator.O ator, era casado, segundo as fofocas das revistas semanais.Neide, não fazia muita questão do estado civil do artista, achava se ele a conhecesse, ficaria com ela. Muitas vezes, durante a noite, perdia o sono e começava a escrever cartas de amor.Comprava diversos tipos de papéis de carta.Todas acabavam no lixo, nenhuma delas, foram endereçadas ao artista. Ficava envergonhada. Curtia sua paixão em silêncio. Nestas ocasiões, gostava de ouvir Roberto Carlos, em seguida, começava acompanhar a música, cantando.Pensava em ir até a emissora, mas desistia em seguida, não tinha coragem.

Uma vez, conversava com Lina, sua prima, ao telefone, enquanto comia um pacote de balas, confidenciava, que os verdadeiros motivos de sua separação.Abandonei aquele safado, em tom de irritação, continuava convesando com Lina...De um ano pra cá, continuava, agora com um semblante entediado. Lina, não imagina, o sufôco em que eu vivia. Juvenal chegava em casa sempre bêbado, suado e pensava em fazer sexo. A todo momento, levantava minha roupa, era insaciável...Era na cama, no chão, no banho, em pé, de tudo que era jeito. O homem só pensava naquilo, em transar.Sexo e bebida.O ato sexual dele, era selvagem, sem carinho, sem amor, só queria aliviar os seus instintos.Era agressivo, se eu por acaso rejeitasse.Gostava de me ofender. Dorme, não! Neide, quero fazer amor e não guerra. Não me enche! Não estava muito afim de sexo. Juvenal só gozava dentro de mim e mais nada.Eu ficava inerte,doida para acabar o mais rápido possível.Quando era na cama, Juvenal virava de lado e começava a roncar.Lina, minha querida prima, obrigado por me ouvir. Quando você aparecer aqui em casa, prometo que continuo.

Em uma certa manhã, Neide, abriu o armário e começou a colocar as roupas de Juvenal dentro de duas malas, as garrafas que sobraram em uma sacola. Na parte da noite, estava diante da televisão, diante da novela, completamente apaixonada. Pegou uma caneta e começou a escrever mais uma carta de amor.Na mesinha, um pacote de balas.

sexta-feira, abril 07, 2006

A Vizinha

Fúlvio Pennacchi: "Pescadores¨. Nasceu em 1905, na Itália, chegou ao Brasil, em 1929, em discordância com o fascismo. Natural da cidade de Toscana. Mora no Estado de São Paulo. Falece em 1992. aos 87 anos. Participa da I Bienal de São Paulo.(Fonte de Consulta : Arte e Pintura Brasileira, Caros Amigos) Pertenceu ao Grupo Santa Helena, junto de Franciso Rebolo, um dos seus amigos. Realizou o painel clássico , no TRT de São Paulo, na Capela do Hospital das Clínicas, Acervo MAC/Grupo do Santa Helena, Guia Campos). Ao chegar em nosso país, não viveu da pintura; lecionou Desenho no Dante Alighieri e foi proprietário do açougue Boi de Ouro. Pintou afrescos no Hotel Toriba, em Campos do Jordão. Participa ativamente dos cartazes de propaganda nos anos 30. Sua importância na propaganda brasileira, é abordado por estudiosos, como: Annatereza Fabris e Roberto Whitaker Penteado e Gabriel Zellmeister.
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Olá! Hoje é dia da visita de Ramom. Estamos contentes. A presença de meu neto, é um acontecimento, preparo vitaminas ou sucos, também, é o dia de devorar alguns biscoitos e comer muito pouco qualquer outro tipo de alimento. O que se há de fazer. Temos com paciência esperar que os maus hábitos alimentares sejam modificados no decorrer de seu crescimento. Torço pela brevidade desta fase.
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Há dias que estou adiando o momento de escrever, inspiração que é bom, anda sumida, ou melhor, aparece e desaparece por segundos. Percebo, que os dias passam e eu, continuo inerte diante desta máquina. Levanto e me distraio com algo sem muita importância. Depois, procuro o que andei escrevendo, mas ao reler, acho que poderia ser publicado em outro momento, pois, necessitaria de ser reescrito, ou ir direto para uma lata de lixo. São textos esparsos que coloco no fundo do baú.Alguns atuais e outros, nem tanto.O certo, é que tem havido um grande hiato em minhas escritas

Volto e sento nesta cadeira pouco confortável, olho para todos os lados, inclusive para o teto. Penso em buscar assuntos da vida diária, de meu cotidiano. Não demorou muito, meu silêncio é interrompido. A vizinha do andar de cima, arrasta os móveis, que demonstram sinais evidentes de seu distúrbio.O barulho que faz me pertuba. Sempre me incomoda, fico irritado, mas submetido as boas maneiras, ao fino trato, deixo pra lá, não reclamo. A vizinha, uma senhora que vive na companhia de um cão, que também contribui com os seus latidos.Ignoro a raça do canino.

A senhora, me parece, convive bem com o barulho, pelo menos, se estivesse insatisfeita como eu, terminaria com o barulho.Acho que nestes casos, prevalece o individualismo. A falta de respeito pelo outro. São pessoas totalmente voltadas para si. Ela é uma geradora de irritantes momentos que passo a qualquer hora do dia. Sim,para espanto de vocês leitores amigos, até durante a madrugada, a barulhenta senhora, começa arrastar os móveis.Um outro barulho que escuto, é o das corridas que faz dentro do apartamento.Anda ligeiro de um lado ao outro. Incessante são os movimentos dos passos. Estranho hábitos de alguns moradores.Engraçado como o outro, no caso, moradores de um mesmo prédio, dispensam um tratamento nada cortês.Moram por muito tempo no mesmo espaço, se cruzam pelo caminho,sequer, cumprimentam.

Coisa de doido! E cada um com a sua mania. Como não sou médico , não consigo identificar a sua provável patologia. Imagino que ela desenvolve alguma doença, creio ser uma pessoa insone. A mulher não dá uma trégua.Só desce pelas escadas e quando o faz, é de modo barulhento, com os batidas do calçado nos degraus.

Estou convicto que ela, não tem nenhuma preocupação com o ruído que produz.É o tipo de pessoa que faz barulho ao caminhar, percebe-se quando transita pela área comum do prédio; os sinais evidentes demonstram que lá vem ela, sempre sonorizando a sua presença,isto quer dizer, que a garantia do meu silêncio acabou.

Reconheço que a vizinha é parte integrante dos sons urbanos.Copacabana é um barulho só, no momento, escuto, buzinas, sirenes, um som de tv, helicópteros e cachorro latindo. Não possso esquecer, o ruido irritante das ferramentas das diversas obras nos apartamentos, lojas. No outro lado do prédio, um obra da companhia de gás.Como abrem buracos pelas vias públicas.Moro em uma área de elevado índice de poluição sonora, bem na muvuca de Copa.Hoje rolou um tiroteio aqui em Copa, na praça do Lido, com mortos e feridos. O safado do ladrão roubava um apartamento. Acabou vestindo um paletó de madeira e retirou-se para descansar nos quintos dos infernos.Outra loucura, é o comportamento dos motoristas ao encontrarem um caminhão da limpeza urbana, atrapalhando o trânsito, iniciam uma pura manifestação de insanidade, ameaçam os trabalhadores, xingam, buzinam tanto, acham que assim, vão ficar intimidados e abrirem a passagem. É a falta de respeito pelo trabalho do outro, naturalmente pelos ouvidos dos outros.O mais interessante, assim que um inicia a buzina, os demais motoristas na fila, ficam solidários e começam a engrossar o som.Seja ele quem for, que esteja ao volante, não consegue lidar com a diferença e o momentânea obstrução.A impaciência, a intolerância supera o seu status.
Confesso que ainda sobrevivo.Vivemos em uma selva urbana.

Nota: A continuação do texto anterior, O Ciúme, dará prosseguimento na próxima quarta-feira.

quarta-feira, abril 05, 2006

O Ciúme

















Adélio Sarro : Pintor, Muralista e Escultor. Natural de Andradina, interior de São Paulo, nascido em 7 setembro de 1950. Reside em São Bernardo do Campo. Artista autodidata. Trabalho e talento uma combinação perfeita para este artista plástico, filho de agricultores. Trabalhou na roça, foi servente de pedreiro.Iniciou os seus trabalhos na pintura em 1972. Com intensa atividade, em exposições em nosso país e no exterior. O resultado de seu sucesso, é registrado em mais de 2500 obras. Citado em diversos livros de arte, iclusive em textos monográficos. Em sua obra há influências de muralistas, assim, como a forte presença da religião, nota-se um lirismo poético em suas cores e formas. Sua pintura, sua arte, é notada em Aparecida do Norte, em sua Basílica no interior da Capela de São José. Expõe no Espaço Cultural do Aeroporto Internacional de São Paulo. (Fonte de Consulta: Agulha/Revista de Cultura, Oscar D`Ambrosio/Artcanal, Markus Artes/SP, ArteLatina, Prefeitura Municipal de Garça, Karine Jacon Sarro, Portal da Câmara dos Deputados/Noticias de Sarro)
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Olá!
Estou aqui, depois de minha caminhada pelas areias da praia de Copacabana. Caminhando, conversando e ouvindo o barulho das ondas. O sol colado no corpo, o bronzeado tomando conta, invadindo espaços do corpo escondido. Gaivotas sobrevoando o barco cheio de pesca. Corpos indo e voltando da caminhada. Mergulhos. O cenário é maravilhoso, muito singular.
O texto que apresento estava em meu baú, tirei para expor e pendurar no mural, espero que gostem. Agradeço aos amigos, pela presença e os comentários. Um grande abraço para vocês.
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Desde o último Natal que ficara assim. Nem a Missa do Galo, que tanto gostava de assistir, não freqüentava mais. Andava cabisbaixo, não ligava para os amigos, tampouco, para duas ou três amigas galináceas, ou as duas cachorras e uma velha piranha. Os amigos de bar, preocupados , bem intecionados, apelaram e apresentaram a saltitante perereca da vizinha, mas não esboçou qualquer reação. Não acreditaram no que estavam vendo, pois a pererequinha, pela fama conquistada, levantava até defunto. Chico, preferiu ficar na posição de repouso, inerte. De papo pro ar, recolhido em seu canto e encostado no velho saco preto, passava o tempo. As vésperas de Natal, eram sempre preocupantes, ficava tenso, gaguejava e dava de assobiar disfarçando. Certa vez, ao caminhar cambaleante ouviu maldosos comentários que o deixara deprimido. Decepcionado e muito. Ao voltar para casa, encafifado, acabou cochilando e sonhando com Onézia, totalmente depenada, despida.

Onézia, preocupada com o estado de saúde de seu companheiro, mudou a ração alimentar, trocando um punhado de milho por um saco de amendoim e reduziu para uma dose de cachaça, antes de dormir. Pouco adiantou, ou melhor, não surtiu o efeito esperado. No dia seguinte, Chico Peru, soube pelo cumpadre Sabiá, que abriu o bico, espalhando que afogaram o ganso em sua casa. Pronto! Sobrou para Onézia. Muito cabreiro, ficou com uma pulga atrás da orelha. Urubu Malandro e o Macaco Prego, agiram de imediato, combinaram uma reunião, no intuito de ajudar Chico Peru, contrataram o serviço do detetive mais famoso da área.

Ao acordar na manhã seguinte, começou a endurecer com Onézia, que ficou muito contente ao perceber que o seu velho companheiro Chico Peru, não estava mais encostado com preguiça de se levantar. Se ele está assim, querendo endurecer comigo, não vou precisar de dar altas doses de gemadas de ovos de codorna, uma receita caseira de mamãe, que jurou de pés juntos, que papai tomava. Era infalível. Lembro ainda criança, que papai, corria de pau na mão, atrás de mamãe. Mamãe era uma perigosa perua, loura, vivia maquiada e falava francês. Papai, coitado, morreu em um Natal, um pouco tristonho, com os trajes vestidos por mamãe.

Escuta querido, quase que ia esquecendo, vê se pode? Tentando uma conversa, com o seu Peru. Sou, uma perua caseira, fico do poleiro para o fogão, do fogão para o poleiro. E do poleiro para as vitrines do shopping. Só aparecem boatos para atazanar a nossa vida. Da outra vez, você acreditando nos comentários, sempre maldosos, acabou colocando o pinto pra fora. Você perdeu o juizo começou a gorgolejar alto, apontando que a mãe dele, sim, era uma galinha. Fiquei com muita pena.O pintinho foi posto para fora; ficou murcho, caladinho, envergonhado. No frio, sem nenhum agasalho. Você pagou um mico danado. O que se há de fazer, se andaram colocando minhocas em sua caichola.

Só me faltava esta. Chico Peru, não tendo o que fazer, desde que pediu aposentadoria, cismou que estou de caso, que fui apresentada a um pinto novo. Que imaginação, apenas, arrastei uma das asas.Mas não pintou nada, entre nós. Logo eu que não sou de pular a cerca, quer dizer, pulo a que tem nos fundos do quintal, isto é, quando chove muito e fica uma poça bem diante do portão. Como tenho que sair, o jeito é pular a cerca. Meus argumentos não o estavam convencendo. Chegou um momento que começou a segurar o pau, dada a fúria que partiu para cima de mim. Não tive outro jeito, a não ser, segurar o pau.Segurei, com cuidado, estava firme, não tinha como escapar.Chico não parava de se movimentar.Estava agitado.
Que idéia do Peru, esta, em achar que eu fico de cruzamento com outras raças; arrastando as asas para o primeiro que aparece em minha frente. De onde você tirou esta idéia? Reclamei!
(continua)

sábado, abril 01, 2006

O Recado.





















Clóvis Irigaray : "Madona Indígena" - Importante e polêmico artista matogrossense e parte integrante do panorama das artes plásticas de seu estado. Artista de renome nacional e representante de uma linguagem artistica muito interessante e com caracteristícas bem singulares da arte de Mato Grosso, que está em permanente exposição. Autor de uma série intitulada Xinguana, tendo o indio e aculturação como temas eleitos em sua arte.
(Fonte de Consulta: Diário de Cuiabá, Pellegrim Galeria de Arte
/Chapada dos Guimarães, Maxpress net, Gazeta Digital e Acubá).
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Olá!
Dia de sol, aqui em Copa. Hoje é dia de festa, parabenizo minha afilhada Melina Chaves, faz mais um aninho, na verdade, são: duas décadas e trinta e seis meses, que vai ser comemorado com músicas da Xuxa e da Turma do Balão Mágico, além de tortas e guaranás. Melina, não vai ser desta vez, que o padrinho vai lhe presentear com a Bárbie, mas com certeza, será no próximo...
Uma grande noticia, foi a revelação de que Marilene e eu, seremos novamente avós. O segundo, que também será o primeiro (seja Menina ou Menino) seja bem-vindo. Eu e Marilene, estamos com largos sorrisos. A nossa certeza, mais certa, diria cientifica, é que manterá a tradição da familia, será um torcedor do Vasco da Gama.

A confiar pelos sonhos de Marilene, será uma linda menina, é verdade, Marilene, desde de novembro que sonha com Carla, grávida de uma menina.
A nossa torcida, é de que será uma criança: tão linda, tão serelepe, tão inteligente, tão arteira, tão geniosa, tão adorável, tão divertida, tão amiga, quanto o irmão Ramom.

Os vários pombinhos, que ficam na Atlântida, nas imediações do Posto 3, ficaram preocupados, depois de nosso aviso, pois sofrem com a perseguição implacável e frustrada de Ramom ao tentar alcançá-los, imaginaram como seria com o novo refôrço, apavorados decidiram, assim que o parceiro chegar na área, a debandada vai ser geral. Asas, pra que te quero!
Aos pais, os nossos agradecimentos por uma das mais importantes noticias que recebemos, que sem dúvida, é geradora de nossa felicidade.
Aos amigos leitores e blogueiros, os meus agradecimentos pelas visitas e os comentários.
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Mariana estava distraída cochilando, quando foi interrompida por um zumbido de besouro em seu ouvido. Levantou-se rápido, a tempo de pronunciar em voz alta: - Credo!!! Vai para quem te mandou. Diga que não me achou.; eu te arrenego, cruz credo! Levantou e foi passar uma água no rosto. Desde daquela manhã de terça-feira do mês de setembro, que estava dormindo muito mal. Tivera uma discussão com o seu antigo amor, algumas ameaças foram feitas. Um clima nada ameno estava predominando naquele ambiente.
Após, mais uma briga resolveu romper, desta vez, em definitivo com o seu antigo amor. Tudo por causa, do antigo amor dele, que não lhe dava mais sossego. Vivia pertubando, telefonando para conversar sobre o filho, que ora estava mal na escola com as notas baixas, ora estava com febre. Sempre havia um motivo para estar em contato com Zé Carlos. Não aguento mais, confessou certa vez...este papo de ex-mulher. Que saco! À partir dali, não conseguia ficar pensando em outra coisa, senão, na paixão que chegara ao fim. Mariana tinha tomado uma decisão. Estava convicta de que era a melhor. Haveria de buscar uma saída e encontrou.

Em uma conversa ao telefone com Sérgio, seu irmão, lá pelas tantas, citou Mae West: “Quando sou boa, sou ótima. Quando sou má, sou melhor ainda”. Na conversa, deixou transparecer que a relação chegara ao final, caberia a ela, depois de sua decisão, apenas cobrir com uma pá de cal.Disse para Sérgio, que não haveria choro nem vela. Sérgio acostumado, não se importou muito com as queixas da irmã, era um bom ouvinte.
Passados mais de um mês, Zé Carlos, ainda ressurgia das cinzas, para transitar em seus sonhos e nas noites mal dormidas, as insônias, que tanto se queixava para Edinalva, sua amiga psicóloga. Nestas ocasiões, por puro ataques de ciúmes, retirava todas as fotos de seu amor, que havia colocado no painel de cortiça, e guardava, escondidas no fundo de sua gaveta. Prometendo, que ali, deixaria para sempre. Bastava um telefonema de seu amor, para esquecer as promessas feitas ao santo de sua devoção; era assim que o seu relacionamento se prolongava com Zé Carlos. Entre queixas e beijos. Bastava um telefonema, um jantar a luz de velas e flores, para a felicidade aparecer de modo reluzente.

Após, mais uma noite sem dormir , por sentir-se muito só e abandonada, resolveu enviar uma mensagem instantânea para sua antiga amiga e confidente Edinalva. Ficou bastante irritada, ao acessar a internet e não havia conexão. Logo no momento, em que ela mais precisava. Precisava de distração, de uma conversa amiga, um bate-papo em um messenger, uma visita em um blog. Precisava de estar conectada.
Sem sono, não teve outro jeito, pegou o romance de Rita Ferro, que havia comprado em uma feira de livros. Por volta de uma hora da manhã, o telefone toca insistente, ao atender o chamado, percebe que foi desligado. Só pode ser ela, aquela vaca, que parece ter nascido para tirar o meu sono.
Mariana acordada, com idéias estranhas que tomavam maior parte de seu tempo. Precisava entrar em contato com Edinalva, no entanto, apenas a secretária eletrônica funcionava. O sol batia na janela, fechou a cortina, acendeu um cigarro. Desceu rápido, com pressa e sem tempo para mudar de roupa, saiu com a mesma. De bermudas e blusa azul marinho.
Mariana pensou e achou melhor fazer uma visita, em um bairro vizinho, entrou no prédio de número 65, daquela rua sem saída, cumprimentou o porteiro e foi ao sexto andar , no apartamento 602, tocou a campaínha. Uma senhora de óculos e de lenço na cabeça abriu à porta, espantada, convidou-a para entrar. Não precisou, ali mesmo, deixara o seu recado.
Zé Carlos, não conseguiu falar com Mariana, o celular estava desligado, em casa, não atendia.No entanto, gostaria de dizer o que aconteceu com Silvia: Silvia, foi encontrada pelo seu único filho e levada para a emergência do hospital...tinha sido o recado deixado por Zé Carlos e ouvido, por Sérgio no dia seguinte.