sexta-feira, setembro 30, 2005

A Opção de Cristina

Caulos - "Natureza Morta". Pintor/Escritor/Artista Gráfico. Autor de um trabalho gráfico mais importantes publicados no país, o livro Só doi quando respiro, abordando ecologia e publicado em 1976, pela gaúcha LP&M.Autor de outros livros editados pela mesma editora.Caulos, nasceu em Araguari, em Minas Gerais, no ano de 1943.Caulos, participou como artista gráfica em jornais brasileiros, como: Pasquim,nos anos 60 e 70.O artista participou de diversas exposições no Brasil e no exterior.Trabalhou no Jornal do Brasil.Trabalho na segunda metade da década de 60, na Marinha Mercante.Luis Carlos Coutinho - Caulos, participou de vários autores editados pela LP&M, como Millor, Verissimo, Tabajara Ruas, Flávio Rangel e muitos outros. Há também a edição de Fala, Amendoeira, de Carlos Drummond de Andrade, publicada pela Record, o desenho de capa,é de Caulos. (Fonte: Bolsa de Arte e LP&M Editores)

Olá! O sol brilha no céu de Copacabana. Deixo este texto no varal. Hoje tenho aula de digitação dada pelo meu neto.Penso em recepcionar o mestre, afinal, são lições de vida.É uma interação muito rica, vou aproveitar este momento.Uma boa tarde de sexta, para os amigos leitores e blogueiros.


Cristina era filha única. Sua mãe não poderia ter mais filhos, em sua gravidez , houve todo um acompanhamento médico, mas na hora do parto, Helena sofreu um problema, que nunca ficou muito claro, apavorada, por ter ficado vários dias, inconsciente no hospital, após o nascimento de Cristina; resolveram, ela e Walter a não ter mais filhos.
Cristina brincava sozinha em seu quarto. Evitava as outras crianças. Tinha medo de tudo, de bichos , do mar, de gente, dos garotos, dos gritos da mãe e do pai.Cristina ficava escondida atrás das cortinas, até que alguém, desse por sua falta e fosse chamá-la.Sua mãe por diversas vezes, encontrava com Cristina falando sozinha, diante do espelho.
Cristina crescia, era estudiosa e quieta. Conversava na escola com as poucas amigas que fez na turma, as três mais velhas do que ela.Marcavam alguns encontros, nos fins de semana, na casa de uma delas;Cristina escutava mais do que falava. Esboçava um sorriso envergonhado e uma curiosidade quando o assunto era namorado.Ficava muito entusiasmada quando o assunto, era sobre a novela que assistia. Sabia de tudo sobre os galãs. Contou uma vez e pediu segredo para uma das três amigas, que ficara apaixonada por um galã da novela das sete.No grupo quase não comentavam sobre livros. Cristina era uma leitora. Um dia descobriu uma cronista de nome Marisa Raja Gabaglia, começou a curtir muito e procurar por mais livros escritos por ela.Achou alguns livros em um sebo de Copacabana. Leu também sobre o amor bandido da escritora por um famoso cirurgião plástico que estava atrás das grades, envolvido por atividades criminosas; Marisa apaixonou-se pelo cirurgião ao entrevistá-lo em uma cadeia.
Cristina, alguns anos depois, formou-se em jornalismo em uma faculdade da zona sul.Antes de conseguir o seu primeiro emprego, resolveu casar com Carlos, seu primeiro e único namorado. Abandonou a profissão para dedicar-se ao marido.Quando conheceu Carlos, havia mudado muito, amadurecido, convivia melhor com os amigos e os pais.Perdeu alguns medos.Não sabe ao certo se, teria adquirido algum outro.
Lembrou, um dia. das cenas de seu casamento, das noites de núpcias, que por sinal recorda, que houve, um imenso temporal que inundou a cidade.Não conseguiram ir para o lugar que passariam a lua de mel, tiveram que optar de ficar, no bairro do Flamengo, em um hotel. Dia seguinte, iriam pegar o ônibus na rodoviária. Naquela noite, em conversa com o marido, lembra, que perguntou apreensiva para Carlos, se iria doer? Carlos tranqüilizou Cristina, dizendo que ele seria delicado, lançando em seguida beijos em sua face e no pescoço.Abraçados envolvidos pelo amor e pelo momento, foram dormir.
Na volta, mudaram-se para o bairro de Botafogo.Um apartamento cedido pelo pai de Carlos, um pequeno apartamento, ideal para quem estava começando a vida de casado.À noite de ansiedade, ainda permanecia em seus pensamentos.As imagens de penetração, e de sexo oral que pela primeira vez fazia no marido. Na segunda noite, Carlos experimentou o sexo anal. Na bagagem dele, alguns filmes pornográficos, que desejava assistir com a mulher.
Carlos ficava saciado com o sexo que praticava diariamente. Por outro lado, Cristina fazia as rotineiras tarefas de casa. Ficava exausta.Carlos voltava do trabalho e gostava de ver toda a casa arrumada, a mulher limpa, de banho tomado, perfumada, com o jantar preparado. Gravidez anunciada, Carlos passou a ficar agressivo e voltava um pouco mais tarde do serviço. Falava áspero com Cristina e queria mais sexo. Assustada, Cristina fazia sempre; uma vez tentou rejeitar, levou um tapa. Carlos, pediu desculpas, mas não admitia que a mulher dele o evitasse.
Discussões passaram a fazer parte da rotina do casal.Cristina ficava temerosa pelas mãos de Carlos, que exaltado, gesticulava muito.A barriga de Cristina dava sinais de crescimento. O amor parecia querer ir embora, assustado. Carlos se revelava um alcoólatra e tinha impulsos de querer bater em Cristina, que tentou mais uma vez fazer sexo oral no marido. Carlos acabou dormindo, Cristina, sem prazer, ficou acordada. Pensava muito na gravidez, na criança que cuidaria com muito amor.Chegou a pensar no sexo do bebê.Acalentou projetos e planos. Pensou melhor em seu futuro.
Tomou uma decisão após a leitura de um jornal. Ali, foi um momento de reflexão, de sua vida, de seu casamento e da profissão que abandonou para dedicar-se ao marido.Juntou em uma mala seus pertences e o enxoval do bebê. Acabara por jogar fora alguns medos e tomou a decisão de separar de Carlos; voltar para a casa dos pais e recomeçar a sua vida como mulher, mãe e jornalista. Tinha um recado na casa de sua mãe, era um convite para trabalhar em um jornal.Aceitou, marcando a entrevista Nasceram duas vidas, uma menina de nome Anita e uma jornalista de nome Cristina.

quinta-feira, setembro 29, 2005

A Companhia de Regina

Laerpe Motta - Óleo s/tela. (Museu de Arte de Londrina)- Pintor, Desenhista, Escultor e Artista Plástico - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1933.Em 1995, como publicitário ganhou o prêmio máximo em um concurso de cartazes, para o 36ºCongresso Eucaristico Internacional.Em 1977, ganhou prêmio como escultor para a Casa da Moeda.Artista premiado em Paris.

Olá!Deixo este texto no varal, para secar, acabou de sair do fôrno da cozinha de pensamentos da Quitanda.Desejo uma ótima quarta-feira.

Regina tinha acabado de fazer 40 anos, no dia de 17 de setembro. Vários amigos e amigas compareceram a pequena reunião que promoveu, naquela noite de sábado.Ofereceu, aos convidados, cervejas e salgadinhos. Mais tarde, a torta e o bolo foram oferecidos. Cantaram parabéns e aos poucos, os amigos foram dispersando e se despedindo da aniversariante. Fim de festa, o apartamento desarrumado. Regina, cansada e feliz, aguardava um telefonema que ainda não tinha sido dado. Não recebeu o telefonema que aguardava. Os dois filhos do casamento com Marcos; a menina Vera e o rapaz Orlando, beijaram e abraçaram a mãe, mas avisaram que iriam sair para encontrar com a turma, para comemorar o aniversário de uma colega da escola, em uma discoteca.Voltariam tarde.
Regina aproximou-se da janela para ver os filhos saírem e observar se viria uma pessoa conhecida, caminhando da rua Raul Pompéia, em direção ao seu prédio na rua Souza Lima.O telefone insistia em ficar mudo e Regina, mantinha-se ansiosa.As horas passaram, nem a visita aparecia, nem o telefone tocava.Desistiu, foi tomar banho.Acendeu a luz, ligou o chuveiro, a água escorria.
Diante do espelho, olhando de frente, despida, atentou para os peitos caídos, a barriga um pouco flácida, algumas estrias, as coxas com um pouco de celulite.Encarou mais uma vez, de frente para o espelho, que apenas confirmava, um doce olhar, um lindo sorriso e um bonito rosto.Reflexos de sua parte exterior.Colocou a tristeza de lado, ao lembrar daquele rapaz que passou por ela e achou uma mulher gostosa, uma coroa enxuta. Achou um pouco atrevido, mas no fundo gostou. Percebeu que o rapaz ainda deu uma olhada em seu corpo e a parte em que fixou o olhar para a parte dos seus quadris.Distraída em seus pensamentos e nos intervalos dos sonhos de olhos abertos.Aquele homem, aquele olhar, deram garantia para mim, que não era só a beleza que ele privilegiava, o corpo bonito, a idade. Acho que ele me viu por inteira, Sei que Marcos, me abandonou por uma mulher mais jovem, que começou como sua secretária, mantinha um romance com ela, por mais de dois anos.Mas passou!Cada um morando em sua casa, eu com os meus filhos e Marcos com a nova mulher.
De manhã, levantei cedo, o sol parecia querer conversar comigo, me abraçar e dizer que sou muito importante, não haveria de ficar preocupada com as gatas, as sereias da praia. Atravessei a pista e fui em direção ao Leme, eram quatro quilômetros que me levam ao prazer de viver.Trabalho como professora, outro meu prazer, embora, hoje em dia, o trabalho de lidar com alunos, seja bem diferente de quando me formei e iniciei a minha profissão .Pensei um dia, fazer teatro, queria interpretar personagens de minhas fantasias.Meu pai e minha mãe ficaram chocados com a idéia e trataram de remover o meu intento o mais rápido possível.Disseram que o meu destino estava traçado, eu tinha vocação para lidar com crianças, usei como meu argumento final para eles, que eu iria me dedicar ao teatro infantil. A conversa não evoluiu, não prosperou. Não insisti, desisti. Hoje, pelo calçadão , em companhia de meus pensamentos, ando só. Sei que sou bonita como sou, uma mulher atraente, inteligente e muito companheira. Amiga de meus filhos e sei ser uma boa mãe.
Na verdade não sei se preciso de um companheiro, mas se pintar, acho que vou pensar mais vezes.Sei que sou bonita e gostosa, para inicio de conversa, isto é bom demais.Aquele olhar do rapaz na rua, disse muito mais, disse que sou mulher.Vou passar em uma livraria, na Avenida Copacabana, escolher um romance, pegarei o primeiro que me agradar, não importa o autor, será minha agradável e interessante companhia.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Preocupações de Mãe.

Ismênia Coaracy - Nasceu em Sertãozinho, em São Paulo, em 1918.Pintora, Ilustradora e Professora. Inicia sua pintura em 1946, como autodidata, mais tarde cursa gravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna.Em 1958, integra o Grupo Guanabara. A imagem em exposição na galeria da Quitanda, faz parte da mostra desta artista plástica paulista, é Cartas de Baralho.Sua obra está presente em várias coleções em nosso país.Uma interessante artista com mais de 56 anos de atividade no panorama das artes plásticas no Brasil e no exterior.Participa de exposição no Centro Britânico, a sua obra Signos do Zodíaco, inspiradas em palestras e cursos que freqüentou no Planetário, na Escola de Municipal de Astrofísica, no Parque Ibirapuera.Ismênia, é uma artista bem atuante.Em 2004, houve uma exposição em homenagem aos artistas do Grupo Guanabara.(Fonte: Itaúcultural, Arteseartistas, Guiaparaná e a Cultura Inglesa)

Olá! Coloquei este texto para secar no varal desta Quitanda.Desejo a todos que neste espaço aparecem, um grande final de dia.


Zeca, desliga este rádio, não é a primeira vez, que peço para você . Desliga o rádio!.Zeca, já preparou os deveres da escola? Zeca, já tomou banho? Zeca, telefona para o botequim de seu Joaquim, para saber se o seu pai está bebendo com os amigos?Já cansei de falar para o seu pai, para quando chegar do trabalho vir direto para casa. Zeca, quando você vai arrumar o seu quarto? Está um chiqueiro, tudo fora do lugar.Garoto, deixa de ser malcriado e não responda para a sua mãe. Zeca, já separou o seu uniforme para amanhã? Zeca, engraxou os sapatos? Escovou os dentes? Zeca, quem anda ensinando você estas coisas de sexo? Zeca, vá guardar estas revistas de mulheres nuas.Anda logo! antes que seu pai chegue. Zeca, vá colocar esta roupa suja no cesto.Zeca, fecha esta torneira. Garoto, abaixa esta tampa do vaso sanitário, depois de usar, quantas vezes avisei. Zeca, você deixou comida no prato. Que barulho é este? Telefona para o bar, que o seu pai, ainda não voltou, deve estar enchendo a cara. Respeito é bom e eu gosto. Fala baixo, se não eu grito. Vou deixar você de castigo, não vai sair para encontrar com os amigos da escola. Estou cansada de dizer para ficar fora das más companhias.Não fique misturando com esta gentinha.Zeca, telefona para o seu pai, para trazer pão.Zeca, o que você, está fazendo calado e trancado no banheiro? Zeca, o que andou fazendo, que não foi à escola? Levanta! está na hora. Acabei de passar esta camisa e você já manchou? Pare de assistir o futebol, troca de canal, a minha novela vai começar.Vá para o seu quarto! O banheiro, está todo molhado.Zeca, o seu pai ainda não voltou. O que está fazendo aí no escuro? Acenda a luz!.Zeca, o seu pai, ainda não voltou para casa.Reparou que o seu pai, não está em casa? Quando ela abriu a porta percebeu que a cama, estava vazia.Olhou pela janela e avistou pai e filho caminhando, carregando malas. Estavam distantes e não pode chamar mais por eles. Foi para o quarto, apagou a luz e dormiu o sono de quem, não é mais a rainha do lar.

terça-feira, setembro 27, 2005

O Sumiço do Bode

Eugênio Sigaud -"O Comicio",Óleo s/eucatex,1976 - Arquiteto, Pintor e Gravador, nasceu em 1889 e faleceu aos 80 anos, em 1979. Um dos fundadores do Núcleo Bernadelli, surgido em 1931, na Escola Nacional de Belas Artes,no Rio de Janeiro. Promovido por um grupo de alunos, com os objetivos, segundo o critico de arte Frederico de Morais, para: "democratizar e renovar o ensino de arte, introduzir modificações no Regulamento do Salão e abrir novos espaços para artistas que estavam aparecendo". Eugênnio de Proença Sigaud, segundo o crítico Quirino Campoflorito que identificou nele,um dos artistas que dedicou-se aos temas de natureza social.Divide também sua fase pictórica em quatro: 1921/1924; em estudos - 1924/1935; em fase de pintura objetiva; 1935/1937, pesquisa de técnicas e de materiais para pintura mural e cavalete;1937/1945, fase de inspiração em assuntos proletários, especialmente operários da construção civil.O artista nasceu no interior do Estado do Rio de Janeiro, no ano de 1904, muda-se com a familia para Belo Horizonte. Em 1921, diplomou-se como engenheiro agrimensor e agrônomo.Mais tarde, em 1932, formou-se como engenheiro arquiteto, que exercia em conjunto com a pintura.Dedicou-se ao muralismo,as ilustrações em livros e jornais.Declarou em entrevista Fernando de Morais a sua opção ideológica, se posicionando como comunista.Eugênio era neto de nobres franceses e tivesse nove irmãos, entre eles: o bispo Dom Geraldo de Proença Sigaud, da linha mais conservadora da igreja, membro da TFP(Tradição Familia e Propriedade), tendo o deputado Plínio Corrêa de Oliveira, seu fundador.Eugênio, foi conhecido como o "pintor dos operários".(Fonte: Bolsa de Arte, Pintura Brasileira e Pro Arte Galeria).


Olá! Tempo de chuva e de temperatura baixa aqui em Copacabana. Apareci ontem por pouco tempo.Fiquei treinando os exercicios de digitação recomendados pelo meu neto de um ano.O dever de casa, era simples, com as mãos espalmadas, bater fortemente nos teclados e o resultado prático, não houve nenhum. A conclusão que chego, não sou o pupilo que o meu neto espera, prefiro a digitação em sua prática normal, ou seja, com os dedos.Desconfio que ele esteja desistindo deste método, pois, preferiu ficar empurrando uma cadeira por todo o apartamento, espero que ele não invente e passe a dar aulas de direção. Um boa terça-feira para todos.



Quem acabava de chegar era o velho bode Ludovico, usando óculos de aro fino e um cavanhaque embranquecido, discípulo de grandes intelectuais brasileiros.Sua formação intelectual,começou na infância, em vez de ficar jogando bola de gude, ou bola de meia, na esquina, preferia ler José Oiticica, que apanhava emprestado de um primo de segundo grau do famoso intelectual Bode Orelana. O velho hábito do cachimbo na boca, que por tanto usar, a deixava torta.Sua fase anarquista foi muito breve.
Charuto, quando fumava, era os de Havana e a bebida era um “mojito”, hábitos que adquiriu quando freqüentava La Bodeguita. Intelectual de esquerda, militante trotskista; com breve passagem pela luta armada e um rápido exílio em Havana e depois para a Suécia. Na faculdade onde lecionava, levava, sempre, além dos livros: de Régis Debray, Che Guevara ; “Moral e Revolução” e a “Revolução Permanente”, mais um caixote, que seria colocado, caso houvesse necessidade de uma manifestação-relâmpago. Sua presença era muito solicitada, sempre que havia um discurso festivo. Era um líder carismático, poderia contar com ele, sempre disposto a acirrar a luta de classes, entre os homens e os animais.
Afinal, alí, era o local ideal. Tinha sempre um discurso contundente preparado contra a globalização do planeta, contra a miséria e a fome. Pela paz. Pela melhor qualidade de vida. Desta vez, o convidaram para participar de uma manifestação canina, realizada no calçadão da praia de Copacabana, entre as ruas Joaquim Nabuco e Francisco Otaviano, no posto 6.Compareceu ao local e observou muito cachorrinho de madame, mesmo assim, colocou o caixote e começou o discurso: Liberdade para os cães ! Abaixo as focinheiras!Distribuição de ração para os cães sem tetos.Todo poder aos animais e aos moluscos.Bravo! Apoiado! latia sem parar um pastor alemão.Que em seguida pediu a palavra.Naturalmente, lhe foi negada, não estava inscrito como orador.Foi embora de rabo entre as pernas, disfarçando com um sorriso amarelo.
Sempre quando alguém reconhecia Ludovico,ele não fazia questão de lembrar, do último discurso proferido, pois, quase sempre não havia unanimidade na platéia, salvo de alguns gatos pingados simpatizantes. Como sempre terminava antes da hora, um minuto antes do término de sua contagiante e inflamada retórica, que por sérias e graves divergências, acabava com alguns bons pontapés no traseiro, dado por uns crocodilos. A cena sempre se repetia, quando não terminava em apupos pelas pessoas passantes na rua. Os homens insistiam em achincalhar com o papo do bode, implicavam até com o cavanhaque. Certo dia, na parte da manhã, surpreendendo a todos, ou, se foi denunciado por uma araponga, acabou saindo apressado do local, deixando cair o caixote e um dos livros que carregava. Muitos ficaram surpresos. Sumiu sem deixar rastro. Fugiu, para qual lugar? Se ninguém sabe, ninguém viu. O que teria acontecido com o velho bode esquerdista?Um militante aguerrido na luta animalesca.Na alta cúpula do partido de esquerda, que assumiu o poder, conduzido pela massa de animais descontentes, ninguém soube informar em que local poderia estar o velho bode.Todos altos dirigentes do governo e do partido,ignoravam que havia acontecido, o sumiço do bode.Houve dois cães de guarda, que juraram de patas juntas, que almolçaram com ele, no Esquilo da Floresta.Depois, retificaram, na verdade, era um sósia, parecia ser um parente próximo.
Miau, o Gato simpatizante de um velho partido de esquerda.. havia marcado um ponto com o companheiro de luta, mas ele faltou, deixando Miau muito preocupado. O que teria acontecido com Ludovico, o velho bode? Duas cobras criadas, preocupadas, indagaram para duas águias que sobrevoavam atentas o local., se alguma delas, tinham visto o velho bode. Não houve resposta.Um elefante, antigo trabalhador de circo, que pagava mico a todo instante, de tromba amarrada, ignorou também a pergunta das duas cobras.Uma hiena apressada, achava que o velho bode, estava entregue as traças na biblioteca; foi o bilhete que deixou, ao passar pelas duas cobras, sem parar. Uma tartaruga e um cágado, foram em direção à biblioteca, para confirmar a veracidade do bilhete, que lhe foi entregue por uma das cobras..
O sumiço do companheiro Ludovico, o velho bode, mobilizou um bando de amigos ursos.Os amigos ursos, avistaram de longe e foram dar a benção ao cão pastor, que trazia, além do evangelho, uma sacola cheia, junto ao corpo, acompanhado por seu rebanho, que acabavam de sair do culto. Prometeram , assim que souberam do sumiço do bode, fazer uma reza forte e recolher donativos em prol do sumido.
A manchete da Gazeta, anunciava com destaque o sumiço do bode e na página três, a notícia que denunciava, após escutas telefônicas autorizadas, de que o velho bode, sumiu, carregando uma enorme e pesada mala preta; no dia da confusão. Nada comprovado, apenas leves suspeitas de uma ratazana, que colaborava nas investigações e que tinha a fama de dedo duro. Mas o bode não aparecia, tinha realmente sumido. Uma afoita gaivota que ficava a ver navios, passou informação que, viu do alto, o deslocamento do velho bode, acompanhado de uma cabra.Mas o desmentido foi feito a seguir pelo cão policial encarregado da abertura do inquérito sobre o sumiço do bode. Por onde andará, o velho bode, militante de esquerda desaparecido? Qual teria sido o rumo, se é que não perdeu o prumo. Sumiu sem deixar pistas, despistando todos...

sábado, setembro 24, 2005

A Passeata


Inimá de Paula - (Fonte:Casa das Artes). Há na internet uma excelente página, com mais de 1811 obras, expostas deste importante artista mineiro, mantido pela Fundação Inimá de Paula, fundada em 1998.Nasceu em 7 de dezembro de 1918, em Itanhomi, Minas Gerais.Faleceu em Belo Horizonte, em 1999.Pintor, Gravador, Desenhista e Professor.Começou os seus estudos em Juiz de Fora no núcleo Antonio Parreiras, entre 1938 e 1940.Participou do Movimento Modernista de Fortaleza, com vários outros artistas na década de 40. Fundou a Sociedade Cearense de Belas Artes, junto de Antonio Bandeira e Adelmir Martins. Era considerado por muitos, como o artesão das cores, o nosso grande fauvista.Mudou para o Rio de Janeiro. em 1945 e mais tarde foi para Belo Horizonte.Um artista engajado,filiou-se ao Partido Comunista em 1945,foi professor da Escola do Povo, participou de diversas exposições no Brasil e no exterior.Há um livro sobre o artista, de autoria de Frederico de Morais, editado pela Léo Cristiano.Lecionou pintura na Escola Nacional de Belas Artes e na Escolinha Gignard.Seu nome, uma referência obrigatória para na consulta sobre a história das artes brasileira. Posted by Picasa

Olá! Dia de sol, de intensa luminosidade na Cidade Maravilhosa. O povo carioca agradece.Acabei de colocar este texto para secar no varal.É uma versão integral.Desejo para vocês um ótimo sábado.

O que você vai ler neste texto, é a pura realidade, nada foi alterado.O que se segue é o relato feito em off, de duas focas, como testemunhas oculares da história, solicitaram ao amigo quitandeiro para, em furo de reportagem ser publicado neste espaço.As duas focas depois de publicado,me telefonaram avisando que perderam as credenciais para a cobertura jornalistica na Granja do Ovo Virado. Este material por ter sido produzido por duas focas,no entanto, não se trata de fofocas.

Um grupo de carneiros, cabritos, burros novos e velhos, macacos, cabras-machos, galinhas, patos, gansos, marrecos, ovelhas e bodes resolveram organizar um protesto por melhores condições de vida, mais emprego, de amplo atendimento aos segurados do sistema de saúde público; um lar para os bichos abandonados e idosos.
De manhã bem cedo, o galo cantou, convocando a turma do poleiro que entrava no primeiro turno da Granja do Ovo Virado, para que em protesto, voassem em passeata. De megafone no bico, Zé Carijó, tentava organizar a manifestação das penosas, que reivindicam mais creches empoleiradas. Um grupo minoritário radical, reivindicava o desejo de soltar a franga. Para um bando de galinhas malhadas, foram fornecidos alguns cartazes para as galinhas que estivessem, mais exaltadas, que cacarejavam sem parar em busca do pinto ideal. Pleiteavam também , que os galos de crista baixa, tivessem livre acesso a doses de gemadas e uma porção diária de amendoim.A passeata seguia o seu rumo e o seu prumo.
Um peru cambaleante, com bico cheio de farofa e segurando uma garrafa de cachaça, no meio da passeata, começou a endurecer em suas posições, gorgolejava em alto e bom som: Fora com os Moluscos da Granja! Fora com os Moluscos! Parecia um dissidente,comentava um coelho que acabara de sair da Toca, com a poposuda anta, vestida de coelhinha.Os gorilas impecavelmente trajando paletós verdes, estavam vigilantes, prontos para agirem em caso de insubordinação da ordem e se fosse necessário, a orientação era para soltar os cachorros.
Urubus malandros, disfarçados sobrevoavam urubuservando com vôos rasantes para filmarem manifestantes e seus lideres. As bicadas, mordidas, cusparadas e cassetetes eram armas imprescindíveis.
Houve um momento de tensão em que os gorilas mais exaltados, gritavam para os seus semelhantes: “Xô! Xô Chuá! Cada macaco no seu galho.Eu não me canso de falar”. Como resposta, do outro lado, os macacos também gritavam: Atenção! Macacada! Atenção! É chegada a hora! Macaco unido, jamais será vencido! Uma multidão começava a ser formada.Uma cabra vadia passeava tranqüilamente entre os grupos.
Uma perua tonta e em depressão, com panfletos embaixo da asa esquerda segurava-se como podia com a asa direita, em um poste preto. Os porcos ostentavam cartazes, faixas, bandeiras e apitos, do outro lado da pista. No meio da pista, de braços e patas dadas, alguns amassos e enfileiradas estavam: ovelhas, cabras, cabritos e carneiros que começaram a balir cada vez mais alto e prosseguiam em marcha, liderado pelo Bode Velho, um militante trotkista do Partido dos Animais Radicais – PAR.
Um viadinho saltitante, muito alegre, assistente político do companheiro militante, distribuía, adesivos pedindo mais liberdade para as pacas , cutias , cotós e tatus, com a rubrica do Viado Livre, uma ONG em defesa da minoria indefesa.
Um boi solto, era perseguido por uma vaca louca. Estavam bem alheios a esta manifestação animalesca. A vaca não dava sossego ao boi. Uma abelhuda se infiltrara no movimento, para passar informações para o cão-policial. A primeira informação que foi passada, é que havia uma mosca-morta entre os manifestantes; a impressão era de ter sido atingida na mosca por fortes jatos de inseticida. A notícia seguinte, dava conta que alguém andou afogando o ganso. Mas haveria necessidade de confirmação e para isto, teria de se deslocar para o lago. O interessante, era poder contar com a ajuda dos grilos falantes, sempre dispostos a colaborar com as forças da repressão.
Dois cabritos mais corajosos e jovens, começaram a berrar.O Bom Cabrito não berra, anunciava o cartaz carregado pela Cabritinha, encostada em um canto da parede da velha loja falida e abandonada.
Alguns burros, que não ficaram empacados e uns poucos parentes da Jumenta Celestina, antiga ativista sindical, participavam ativamente da manifestação, dispostos mesmo a distribuírem coices pra todos os lados, ficaram constantemente zurrando sem parar. Autoridades como o Delegado Dr. Pardal Sparrow e sua fiel ajudante, Dona Rolinha, apareceram no local. Em momentos de tensão, Dr. Pardal tinha o hábito de segurar Dona Rolinha, por trás, pela asa e não largava enquanto, não sentisse que a situação estava sob controle. Rolinha gemia no ouvido do delegado amigo, ficava inquieta nesta situação, excitada diria alguns companheiros de profissão da lei.
Avistaram duas focas da imprensa-marrom, que eles consideravam como extremamente chatas, preferiam a imprensa cor-de-rosa. DrºPardal, sem piar, percebeu que tinham a intenção de entrevistá-lo, tratou de se esquivar, foi comprar sorvetes na padaria da esquina. Fez o pedido discretamente: dois picolés, de sabor abacaxi na lanchonete americana, que sempre virava alvo de protestos do pessoal ativista. Uma pedra é lançada contra a vidraça da lanchonete, ficaram assustados.
Um cão vira-latas morador de rua, reclamava da difícil vida de cão. Um gato de botas desempregado, assim como os demais membros de sua família e da imensa população da comunidade da Maré e Lua Cheia., dormiam ao relento, próximo a um poste, vizinho ao preto em que a perua tonta tomava conta para não cair. Um papagaio endividado com o banco, ficou convencido pelo papo de jacaré, que recomendava de brigar na justiça dos homens para obter os seus direitos. Duas arapongas em conversas no orelhão, prestavam atenção no papo dos dois. Uma zebra surgida não se sabe de onde, insuflava o gorila para prender um bando de pombos desocupados, que sujavam a via pública. Gatos pingados que se formavam para engrossar o protesto.Um asno da família da Jumenta Celestina, como não estava entendendo nada do que esta acontecendo, além, de sofrer de agarofobia, abandonou a manifestação para fazer a sua fé no jogo do bicho, iria apostar nas dezenas: 09, 10, 11 e 12. Adorava um joguinho, qualquer um, não gostava era de perder, logo era chamado de burro pois, não admitia ser, nem de longe.
Uma cachorra sarada, depois de viver como dois pombinhos, reclamava para quem quisesse ouvir na esquina, lugar onde ela ficou para assistir a manifestação, que o seu atual companheiro; este safado, cachorro, sem vergonha, dou duro o dia inteiro na academia, e agora quer me fazer de gato e sapato. Um tucano desajeitado, com o saco vazio nas costas, tentou participar da manifestação estendendo as asas para arranjar alguns goles de cachaça. Estava com um bafo que afugentava qualquer um que tivesse interessado em ajudar. Não arrumou nada, acabou parando em outra freguesia .
Todos que ali estavam, reclamaram, protestaram, reivindicaram, exigiram, mas não se fizeram ouvir pelo Molusco, habitante da Granja do Ovo Virado.Decepcionados, iludidos, ludibriados com promessas de melhorias do sistema de saúde, da previdência e da distribuição da gemada básica. Melhor distribuição dos tostões, da melhoria da qualidade de vida, dos transportes. Melhoria salarial dos funcionários públicos que trabalhavam na Granja e cercanias.Os relatos foram feitos pelas focas da Gazeta, no entanto, nada pode ser publicado, atendendo ordens superiores. Os animais reunidos naquele momento; dispersados, apenas manifestaram insatisfação com o sistema eleitoral que permite que oportunistas travestidos de algum animal trabalhador, assuma o poder . A ilusão está no poder. Fomos enganados e nem sabemos direito, ao certo, os reais motivos.

sexta-feira, setembro 23, 2005

De Caniço e Samburá


Aloysio Novis - "Sem Título" (Fonte:Atelier Villa Olívia / RJ - no bairro da Saúde).Há página do artista na web, de onde foram consultadas as fontes para os dados biográficos.O artista nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro.Seu interessante trabalho artistico está espalhado em diversas exposições em nosso país e no exterior.Além de pintor, é gravador e fotógrafo.Seu trabalho também se destaca em diversas publicações, elaborados pelos melhores criticos de arte no país, servindo de referência para estudiosos e apreaciadores de sua singular arte deste também, engenheiro/arquiteto.Há pinturas de Novis, na Galeira do Jornal Rio Arte. Posted by Picasa


Olá! Começo de primavera e dia de chuva aqui pelas bandas do Rio de Janeiro.O que está exposto hoje, é uma versão integral.



Este título também é de um filme estrelado por Jerry Lewis, uma comédia americana dos anos 60. O rádio estava ligado em uma estação que naquele dia tocava uma marcha carnavalesca , que há muito tempo eu não escutava. Lembrei muito bem, quando a bandinha do América, nos bailes de carnaval do clube, animava a turma.Vários grupos de rapazes e moças brincavam nas batalhas de confetes, nos bailes. Pescador, Sim, era esta, de autoria de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, gravada em 1962 . Presente em trilhas musicais da Atlântida , que eu, Alfredo, Marta e Vera, íamos aos cinemas da praça Saenz Peña, que era o grande pretexto para sairmos juntos. Lembro de um dos seus versos: "Maré tá cheia, fico na areia, Porque na areia dá mais peixe que no mar", terminava com: "Todo bom pescador ama o sol, Todo bom pescador pesca em pé, Não precisa pescar de anzol, É só com os olhos, feito, jacaré"
O tempo não ajudava muito, mesmo assim, Mário, saiu com vontade de pescar, marcou com Marta para encontrá-lo na esquina da rua Siqueira Campos com Domingos Ferreira, em frente à padaria, por volta de nove horas da manhã.Quando eu cheguei, Marta estava me aguardando, olhando de imediato para o relógio. Um pequeno atraso e as desculpas feitas em uns beijos. Para pescar,teria de passar no apartamento de um amigo que mora na Santa Clara, para pegar emprestada uma vara.Quer dizer, a vara de um amigo pescador, que estaria disponível no domingo.Não entendo nada de caniço. Que confusão,que andei fazendo com os intrumentos de pesca, para espanto de Marta. Simplesmente um caniço, ou melhor, uma vara surf casting, para pesca de praia...Meu amigo pescador tinha diversas varas, na confusão, pedi para minha amiga, uma antiga namorada, para segurar logo na minha vara, que eu tinha escolhido inicialmente. Ficou espantada! Logo na frente do amigo. No entanto, acabou disfarçando e pegando, acabou entendendo que não era a minha vara e sim a que o meu amigo emprestou.Para não misturar com as outras varas; Marta, acabou deixando a minha vara em pé, encostada na parede, para tomar um cafezinho oferecido pelo dono da vara. Meu amigo Alfredo tinha em casa várias varas para serem usadas nos diversos tipos de pesca.Era um colecionar de varas. Distraída, Marta ao voltar da cozinha, onde deixou a xícara, acabou pegando em outra vara, que não a minha. Sem graça, percebeu que estava segurando a vara do meu amigo. Que muito mais sem graça, apontou para ela, onde estava a minha vara.Mesmo apontando para o lugar da minha vara, Marta acabou achando uma outra. Com duas varas na mão, acabou por confundir qual na verdade seria a minha vara que o amigo emprestou.Teria de perceber pelo tamanho da vara. Qual seria a ideal? Perguntou para o amigo, qual era o tamanho da vara. Ele disse: Marta, pode superar a 4,50m. Curiosa, Marta olhou discretamente para a minha, quer dizer para a vara emprestada do amigo.Entendeu de imediato as diferenças.O tempo mudou e o sol desapareceu.Olhei naquele instante pela janela da sala. Marta confusa, por ver e se confundir com tanta vara, que perguntou para mim, se não era interessante eu ter uma vara própria.Acabei convencido por Marta e devolvi a vara ao meu amigo. Desculpe pelo trabalho amigo, você conhece Marta, quando cisma com uma coisa, não há santo que a faça mudar. A sugestão era para sair em busca de uma vara. Caminhamos pensando qual seria o tamanho ideal para a minha vara.Marta quis examinar com as mãos e olhos as varas expostas. Pegou uma que coube na mão, afinal, também iria segurar na vara. Acontece que teve de atender um telefonema, enquanto, examinava uma enorme vara, parecia ter escolhido aquela, cochichou baixinho em meu ouvido, mas a noticia que recebeu, teria que suspender a escolha da vara e voltar para casa. Teria que transferir a data da pescaria. Mas antes, não deixou de lembrar, que eu teria de ter uma vara, ficava muito chato andar pedindo varas para os amigos, para pescar. Aceitei a opinião de minha antiga namorada, teria de comprar uma. Olhei diversas varas com tamanhos e valores diferentes. Acabei escolhendo uma, de bom tamanho para uma boa pesca, ideal para pescadores iniciantes; que na falta de vara própria teve por um momento, procurar a vara alheia. E para não ficar na mão da próxima vez, acabou usando a própria comprada em uma loja de Copacabana.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Marhaba! Keef Halek? Sabah Al Kair!


Angelo Milani - (Fonte: Art-Bonomo.Com) O artista tem uma página oficial na internet.Artista paranaense morando em São Paulo.O Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), abrigou uma exposição deste talentoso artista, que atuou em diversos pa�ses da Europa e da América Latina.Lendo noticia no Deutsche Welle, encontrei o nome de Angelo Milani, dentre outros, em uma exposição no Museu Ludwig, na cidade de Koblenz. Posted by Picasa

Olá, mais uma vez, coloco em exposição, parte do texto que produzi.Optei pelo modo parcial, achando que de outro modo, não caberia neste espaço, assim, vou mostrando o que tenho feito.As palavras em árabes, estão traduzidas no começo do texto, através dos cumprimentos.

Olá! Como vai você? Bom dia! Querida Arlete, você acertou Ricardo, está mesmo parecendo com um árabe, falava Mauro, com a sua amiga de longa data, em conversa ao telefone. Como você é minha dileta amiga, espero contar com sua discrição, vou contar o que um amigo me contou outro dia. Mas para isso, gostaria de lhe oferecer, isto é, um convite - costumo ser gentil com as damas. Poderíamos almoçar fora, empregada não apareceu, o que você acha? Por volta das treze horas, combinado? Acho um bom horário. Arlete, passo em sua residência.Vamos andando e conversando pelo caminho, a galeria fica perto de casa. Chegamos e sentamos em uma mesa próximo a saída. Pedimos o cardápio. Aceitaria um prato de Homus bi Tahine, Caftas? Aceita Esfihas? Uma coalhada? Uma fatia de Basbussa? Falafel? Não se acanhe!Vamos! Pega esta, tá uma delicia! Provei! Uma belewa? (folheado de nozes).Calma! você vai me entupir. Penso, que mais do que isto, você pode ganhar uns quilinhos e não quero ser responsável, caso alguém repare, que seu manequim não é o mesmo. Claro! Não esqueci dos kibes, se você preferir, posso lhe oferecer um pouco de Baba Ganouj, um prato com pasta de berinjelas, para manter você na linha, no bom sentido... Depois de falado tudo aquilo, Arlete acabou por pedir uma dose de arak, uma bebida árabe a base de anis, desnecessário recomendar, não abusar, para acabar, não trocando as pernas, como em alguns casos, acontece, se não ficar atento, de trocar os braços. Outro dia destes, soube de algumas situações relatadas por um antigo amigo - acho que cheguei a comentar com você sobre ele - disse a mim, relembrando o que realmente, aconteceu, com a mulher do vizinho, uma moradora das proximidades da Praça do Lido, em Copacabana. Considerada por muitos, como uma mulher de respeito. Casada há muito tempo com um coronel reformado. Você como amiga, vou confidenciar, apenas o inicio do que me foi contado. Não posso revelar o nome, pois, também não sei. O que apenas sei, é que deixou de ser Amélia, aquela que faz alusão à música de Mário Lago e Ataulfo Alves.
Num belo dia, segundo palavras deste meu amigo, que já mencionei a você; ela, a moradora do Lido, recebera de presente de um amigo marombeiro que freqüentava a academia e a praça de Copacabana. Tudo aconteceu após a leitura do livro Jardim das Delicias, escrito pelo muçulmano, o sheik Nefzaui. Na ausência do marido, segundo as fofocas chegadas ao meu amigo, a respeitosa senhora, decorou todas as posições existentes naquele livro dos prazeres. Na dúvida de alguma posição aproveitava os momentos de cochilos do marido, para rever a posição.Como uma vez, perguntou ao marido se estava interessado em olhar as ilustrações do livro que Margarida, colega de academia, esquecera em sua casa. Tá pensando que estou precisando, de ler estas imoralidades? Mulher eu ainda dou no couro? Ou não? Demorou a responder, claro bem e como... Pra ser sincera, acho que não há ninguém melhor do que você. Passado algum tempo, guardou o livro na estante em um lugar de fácil acesso para ela. Deixou lá, esquecido. Dentro das páginas, foram feitas observações manuais e relevantes de determinadas posições. Se ele não quer ler, eu quero, escrito a lápis no pé de página. E agora o que faço? Preciso aparecer na academia, ali cada um observa todos e onde todos observam cada um. Foi quando reparei que aquele rapaz,não tirava os olhos da parte do corpo, que mais me preocupo.Margarida durante a nossa conversa, também, tinha reparado que aquele rapaz, estava olhando para mim.Margarida, quero ficar com aquele homem.Preciso fazer os exercicios do livro.
Arlete, ficou curiosa na leitura do livro. Antes de você me perguntar, se posso conseguir apanhar emprestado o livro, eu lhe respondo: Posso! Se você não esquecer de devolver. Uma vez, uma amiga, veio aqui em casa e pediu emprestado, um monte de livros, lembro, de Onze Mil Varas, de Apollinaire, editado pela Escrita, Quadrinhos de Carlos Zéfiro, organizado pelo cartunista Ota, editado pela Record, Uma Mulher Diferente, da Cassandra, parece que era uma edição da Brasiliense, dois livros da Leila Micollis, um em parceria com Herbert Daniel, editado pela Achiamé e um outro pela editora, que criou, a Trote, não recordo o título do livro, levou um tempão para devolver. Quando devolveu, pediu desculpas pelo atraso; disse que estava na casa da namorada, como tinha rompido a relação , ficou este tempo todo com ela, que não devolvia e eu que não pedia. Agora, resolvemos, mais uma vez dar uma chance para nós. Estamos morando juntas. O riso de felicidade era cúmplice daquele momento.Despediu-se dando um beijo e um forte abraço.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Sem Título


Leda Catunda - Fonte: Galeira Fortes Vilaça) Nasceu em São Paulo. em 1961.Vive e trabalha na cidade.Pintora, Gravadora. Artista Intermidia e Professora. Graduada em Artes Plásticas pela FAAP - Fundação Álvares Penteado, no ano de 1984. Sua primeira exposição individual é no Rio de Janeiro, na Galeria Thomas Cohn.Lecionou na FAAP. Doutorada em Poéticas Visuais pela ECA/USP, em 2001.Representane da chamada Geração 80.Há uma matéria interessante na Revista Marie Claire, infomando que aos 38 anos editou um livro pela Cosac & Naif Edições; uma retrospectiva de sua carreira e atuou na megaexposição em São Paulo.Foi considerada na ocasião como causadora de um furor não só pelo seu trabalho, como pela sua beleza fisica, provocando o imaginário masculino.Casada por mais de 15 anos com o artista plástico Sérgio Romagnolo e tem duas filhas.Participou de diversas exposições, mas considerada como a de maior visibilidade, foi a realizada no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, no ano de 1983.Leda criou também capa de livros. Posted by Picasa

Hoje deixo exposto, parte de um texto que desenvolvo, algumas pessoas sabem deste projeto. É uma das frentes que escrevo, pois tenho pluralizado e experimentado algumas formas de narrativa.Quero lembrar aos amigos que aqui comparecem prestigiando este espaço, estou fazendo comentários sôbre os comentários feitos.


Na sexta-feira, dois homens e duas mulheres ficaram reunidos para assistirem a novela das oito. Susana tinha imposto esta condição, só depois da novela, iriam sair. Haviam combinados que assim que terminasse a novela e após um telefonema que teria de ser feito, o encontro seria na quadra da escola de samba, Acadêmicos da Zona Norte. Duas caixas de cervejas, foram reservadas, tinham sido pagas por Susana. Ao atravessarem a pista, do outro lado da quadra, uma blitz policial, estava sendo feita.A mesa de bar, vazia, parecia aguardar a presença deles. Havia poucas pessoas no local. Muita cerveja, suor e samba, era o ritual dos membros daquele grupo. Cervejas, copos misturados com restos de cigarros e de alguns petiscos naquela mesa no canto do bar, bem à direita de quem vai ao banheiro. Susana segurando um copo de cerveja, ajeitou de imediato a alça do vestido e olhou para o relógio, que marcava vinte e três horas;certificou-se que eram as mesmas do seu relógio de pulso.Pegou o celular e voltou a telefonar, ficou preocupada, estava desligado.
Dois homens de preto, e de óculos da mesma cor, aproximaram da mesa e perguntaram algo, que não souberam responder. Diante da negativa, os dois ficaram por mais alguns instantes, pareciam procurar alguém. Um deles, de repente, foi até ao banheiro, não demorou muito, saindo em seguida. No lado de fora da quadra, um carro, esperava por eles, assim que entraram, o carro disparou; o barulho foi ouvido por Susana, que também, não deixara de reparar quando o homem mais baixo e um pouco calvo, mais mal encarado do que o outro, passara por ela, fazendo um sinal com a cabeça de agradecimento. Achou muito estranho, comentou em voz baixa com Leonor.
Sentada em uma das cadeiras de uma mesa antes do final da quadra, Flor, uma sambista, acompanhava o ritmo dos instrumentos de percussão batendo com as mãos na mesa enquanto, decorava a letra do samba enredo vencedor daquele ano. Seu Carvalho, lisboeta, dono do Café e Bar Luso, que ficava instalado perto da quadra da escola de samba, alisava o bigode, tal era a felicidade pelo faturamento, que quase sempre acontecia naquele horário. Ariosto, auxiliar de garçom, não tirava os olhos de cima daquela morena sensual. Tinha combinado com Pedro Chulé, seu colega de trabalho, que a mesa, aquela mesa, só quem atendia, era ele. Pedro Chulé, fôra o apelido dado por Ariosto quando moravam juntos no mesmo quarto daquele apartamento em Copacabana, no final do posto 6.
Manuel Carvalho , veio para o Brasil, após a Revolução dos Cravos, acontecida em abril de 1974, não gostava nenhum pouco da música composta por Zeca Afonso, Grândola, Vila Morena, que acabou virando hino da revolução. Que mudou Portugal e a vida de Manuel Carvalho.. E viu a euforia do povo português, pela ultima vez , dali em diante procurou amadurecer a idéia de morar no Brasil e o que foi feito.Mudando-se, na primeira semana de maio, com a familia por indicação de amigos para o bairro da Tijuca, lá pelos lados da rua Professor Gabizo, nas imediações do Hospital Grafee Guinle.
Augusta, do outro lado da sala, conversava com o sobrinho, sobre o tio, dizendo, como gostava de um bom fado. A música portuguesa, mantinha os vinculos com a terrinha, o marido, escutava sentado em uma poltrona, enquanto limpava um Lp de Carlos do Carmo. Em todas as manhãs de domingo,como de hábito, logo cedo, colocava a musica de Amália Rodrigues, que ele gostava de dizer para muitos; ser, uma das maiores fadistas de todos os tempos. Era ouvinte, de todos os fados, procurava saber dos lançamentos. Tinha passado em uma loja e encomendado uma fadista que ao ouvir, na casa de um amigo, gostou muito. Uma cantora portuguesa de nome Mariza, era o que tinha anotado em um papel. Manuel tinha uma canção em particular que ouvia sempre, em uma altura mais elevada do que o costume, aliás, ele e os vizinhos do andar em que morava - Lisboa Antiga, trazia as boas recordações dos velhos tempos de namôro com Augusta. No almoço em casa, costuma ficar em companhia do vinho tinto Barca-Velha, que conheceu nos tempos de jovem, quando frequentava altas recepções que tinha acesso, levado por seu pai. Gostava de outros vinhos do Porto e tomava, que por um motivo ou outro, quando não tinha o de sua preferência. Uma vez em conversa deitado com Augusta, revelou que tomou um vinho tinto brasileiro da vinicola Miolo.
Augusta, sua mulher, nasceu em Póvoa de Varzim, no distrito de Aveiro, em Oliveira do Bairro; gostava de ouvir o guitarrista Carlos Parede, fã ardorosa do guitarrista. Estava a escutar, uma outra canção que gostava, cantada por Roberto Leal, Arrebita, a música que tinham acabado de ouvir, antes de preparar o almoço e seguir para o bar. Antes de sair, ajeitou-se diante do espelho. O sobrinho, ainda, brincou com a tia, que ela estava muito bonita. Despediu com um beijo na face, de seu sobrinho que estava criando, único filho de sua irmã mais velha solteira, que morreu infartada em Queluz
Manuel Carvalho, torcedor aqui no Brasil, do Clube de Regatas Vasco da Gama. Tinha cinco anos quando o Estádio de Carnide , mais tarde conhecido como o Estádio da Luz foi inaugurado.Nunca mais esqueceu daquela data.Torcedor do Sport Lisboa e Benfica, benfiquista, acompanhava sempre que podia os resultados do seu clube de coração.Ia aos estádios gritar Bem-fica!!Bem-fi-ca e esperar os golos acontecer.Quando era derrotado, vinha pra casa com uma tristeza estampada no rosto e um mau humor difícil de se conviver.Nos anos 70, conheceu Augusta em uma das ruas de Lisboa. Manuel vestia uma camisola oficial do SL Benfica.e tinha acabado de esbarrar em Augusta, que trazia junto ao corpo, o livro de Eça de Queirós, Correspondência de Fradique Mendes Manuel, andava desligado enquanto caminhava, pela Avenida General Norton de Matos e cantarolava baixinho, ”Sou, Sou Benfica”.

terça-feira, setembro 20, 2005

Um Texto Para Ramom


Bruno Pedrosa - Um artista cearense, que é pintor, joalheiro, escritor e escultor radicado na Itália, em Veneza. Nasceu em 1950. Um artista de estilo contemporâneo, que realizou mais de cem exposições individuais em diversos países.Tem conquistado e muito admiradores de sua arte.Existe uma página oficial do artista na internet.O artista foi monge do Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro.  Posted by Picasa

Resolvi hoje colocar no varal um texto datado que escrevi no embalo do nascimento de meu neto. Algumas pessoas amigas tiveram a oportunidade de ler na ocasião.Revendo e pensando na importância de sua presença em nossas vidas. A partir do que escrevi para o neto, me abriu a possibilidade de reiniciar a crença de que sei escrever, narrar, contar histórias. Naquele momento amadureci a idéia de se criar um blog e o que foi feito. Na minha concepção foi gesto necessário para o encontro de uma fase do meu passado, em que eu como jovem, insistia por teimosia em escrever poesias de cunho social. No engajamento politico e estudantil. Depois abandonei a idéia de ser escritor. Virei cientista social com opção para a Antropologia. Fiquei ligado a causa indigena, passei pelo Museu do Indio e pela Comissão Pró-Índio aqui no Rio de Janeiro. Fiquei interessado por outros temas, mas logo abortei para me dedicar ao mercado de livros. Uma opção que durou por mais de 20 anos. Tive uma trajetória bem singular neste ramo, passei por diversas fases, desde um simples auxiliar de balconista, divulgador editorial até ser livreiro nos anos 80. Editor e distribuidor nos anos 90. Estive envolvido com esta produção intelectual em várias editoras, estabeleci contato com autores e trabalhei com os variados editores e distribuidores.Hoje, estou fora do mercado.Com uma extensa bagagem, a opção que o mercado faz, é pelo jovem sem experiência, com pouco ou nenhum contato com o livro. Hoje muitos deles pela forma de consulta através de terminal não tem noção da estrutura fisica do livro. Afirmo, pois tenho a visibilidde dos bastidores da comercialização, tenho uma visão bem ampla ao estabelecer uma leitura deste universo do livro, principalmente no Rio de Janeiro. Na condição de distribuidor mantive contato com diferentes vendedores de livros, com livrarias de diferentes perfis. Observei que muitos deles, não possuem nenhuma intimidade com a escrita, com a leitura, já ouvi depoimentos de vendedores que não suportam ler. Fui pracista e distribuidor no Estado de São Paulo, no Rio de Janeiro e parte do interior.Com toda a sinceridade, qual destes vendedores( vou recortar o universo da venda, apenas o segmento do pessoal de livraria) tem esta experiência, se alguns deles que tenham o nome como editor, ou como produtor editorial.Passei por barraqueiro em feira do livro nas praças da cidade.Tive por alguns anos a exploração da barraca das Edições Graal. Participei e atuei em bienais do Rio e São Paulo. A resposta do mercado para mim, é que sou um profissional caro, eles preferem a mão-de-obra barata.Muitos vendedores ignoram o que estão vendendo, são refratários ao conhecimento. Há livreiros badalados que preferem as moças e os jovens de boa aparência.Reconheço que tem de dar oportunidade ao jovem, o mais importante não é levado em conta, que é a formação do profissional do livro.Sei da existência da Unesp,com a Escola do Livro.Um grande abraço.Ps: Retornei ao assunto, pois é um dos temas tratados por esta Quitanda.


Cornetas, atabaques, miados de gatos, latidos de cachorros, tambores e uma orquestra de grilos anunciaram que nasceu o Pequeno Grande Príncipe Ramom. Sim! Havia dois meses, que esta noticia estava estampada na Gazeta de Copa. Escolhido, por votação democrática como o mais lindo daquele reino. As fotos nas copas das árvores alegravam a todos e confirmava a noticia , que se espalhava aos quatro ventos. Ramom, vem aí.
No Reino Não Muito Distante, a Rainha Carla, sempre encantadora, naquela manhã, embalava sua Alteza, O Príncipe Ramom no seio maternal. O Rei pançudo de pouco riso e muito siso, não parava de rir, contagiando súditos e familiares. O avô Barbudo fazia o papel de bobo da corte, de tão feliz que estava. Imagine! correu a noticia vindo pela boca da foca Maroca, que a avó Marilene Bonitona pra chuchu diminuía o cigarro depois de uma séria crise. Mas a Mosca Lili, apostava que aquilo era uma invencionice; ela, lembrou, que chegou uma vez apostar todos os seus tostões e perdeu; aquela avó Bonitona, esqueceu e voltou a fumar. O esquilo Babu e a anta Serelepe, convocaram a macacada para ir à festa de comemoração pelos dois meses do príncipe. Rufaram os tambores, acordando o Galo cego no poleiro.A cobra Isaura, com um curativo na língua, aprontou-se, vestindo uma bermuda. O sapo Arthur,aparava os bigodes , olhava no espelho e coaxava bem alto. O Bem-te-vi Nestor avisava que tinha visto sua Alteza todo bonito em trajes da realeza, ainda, sonolento no trono. Bastavam alguns minutos, ali, estaria em carne e osso, agora, bem mais carne do que osso, estaria pronto.
O Rei pançudo Raoni, de babador emprestado e lambuzado de chocolate, temeroso de levar um jato quente de água, ficava se protegendo na primeira pessoa que passasse pela sua frente. Os habitantes do reino, entre eles a apaixonada Camila, maravilhada com o som produzido no banheiro pelo desafinado cantor da multidão P. Mariano, que lembrava para muitos, o de uma maitaca rouca. Muito mais magra, a apaixonada Camila, curtia muito enquanto o dela não chegava. Aproveitou o momento solene para encantar a platéia, dizendo: “ Batatinha quando nasce se esparrama pelo chão . Menininha quando dorme põe a mão no coração” e piscava os olhinhos sonhando com o cantor... Vai chegar com certeza, dizia ela para amigas e os namorados das amigas. Mãe Ângela, mãe guerreira , lutadora e sorridente, ficava com um olho no príncipe e outro na charmosa filha, que abraçava com o ardor maternal o Pequeno Grande Príncipe, que tinha chegado, carregado no colo pela multidão ensandecida que aguardava na entrada do castelo. Berravam e gritavam! É lindoooooooooo! É um baraaatoooooo!Bonito e gostosão!Ramom! Ramom!Ramom!
Enquanto o cachorro Mimoso, dava cambalhotas, o pardal Severino, primo do professor Pardal, batia as asas e ensaiava, os canoros pigarros para saber: ” Cadê o toicinho daqui? O gato comeu. Cadê o gato? Foi pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou. Cadê a água? O boi bebeu. Cadê o boi? Foi amassar o trigo. Cadê o trigo? A galinha espalhou. Cadê a galinha?Foi botar ovo. Cadê o ovo?O padre bebeu. Cadê o padre? Foi rezar a missa. Cadê a missa? Já se acabou!” . O coelho Shaolin sorria de um lado para outro, tropeçando no pé da BISAVÓ. Todos dançavam o forró, naquele momento, todos não! Interrompeu, lembrando, a pombinha Leonor: o Rei, não tolera este som...Todos ficaram receosos. Ficava furioso em ouvir tamanho lixo cultural. Hei de fazer meu filho um verdadeiro metaleiro! Gritava e espumava. A plebe manteve-se calada e soturna, diante das ameaças da majestade. Hei de fazer o meu herdeiro, um metaleiro ! Bisava o Rei. Hei de fazer... Com tudo isto, vovô Barbudo dançava, balançando o esqueleto de tão desajeitado que o príncipe assustado, começou abrir um berreiro que não havia ninguém que pudesse parar. Chupetas de todos os tamanhos, mamadeira de cores variadas, foram oferecidos e nada amenizava aquele choro. Depois de pensar , matutar e dar algumas tragadas no cigarro baforento, no canto da sala, em um estalo só, descobriu que apenas bastava o avô parar com aquela coisa esquisita, que assustava o nosso Pequeno Grande Príncipe Ramom. O que foi feito rapidamente. Sorridente e aliviado por não ver mais o avô naquela situação.
Chegou a hora da despedida, os pais do príncipe voltariam para o castelo principal. O rei pomposo de pertencer ao oficio do Dotô Arcasso do outro lado do reino, ia alguns passos a frente da comitiva, um enorme séqüito, seguia atrás bem devagarzinho, comportados, os passos de sua majestade. A Sábia Sabiá, cantava em despedida, encerrando aquele singular momento.
Na carruagem cinza prateado em que era transportado, abria outro berreiro,ouvidos à distância; era o sinal do momento mais aguardado por ele, o príncipe. Chegou o grande momento da mamada no seio da mãe, a Rainha Carla. Dois meses se passaram e, o príncipe a cada vez que era visto, era aplaudido. Para a festa ser realizada, bastava, o sorriso singelo de uma linda criança aparecer para ser presente de todos naquela festa. Uma festa que jamais o reino esquecerá....pois, veio junto com a felicidade e alegria de uma criança, que só ela, pode trazer.
Passada a hora , todos foram para os seus quartos e o salão festivo apagava a luz. O brilho maior acabava de sair e adormecer no colo dos pais. A vovó Bonitona de tão cansada que estava, acabou adormecendo e roncando perto do vovô...
Acabou se o que era doce, quem quiser que conte outra...
Era uma vez, no Reino Não Muito Distante..............

Wilton Chaves – pai do pai do Lindo Ramom – RJ, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

segunda-feira, setembro 19, 2005

As Duas Garças


Romero Brito - Achei muito interessante este artista que tem como caracteristica em sua arte, alegres e coloridas telas.O artista em entrevista para a Revista Época, menciona que a sua arte, faz parte da decoração de diversas celebridades.Declara nesta mesma entrevista que:"Quero que a minha arte seja consumida por todos". Seu trabalho tem sido muito solicitado por empresas de vários segmentos industriais e comerciais, como : a Grendene para desenvolver uma linha de sandálias, com a sua art pop que agrada a jovens de diferentes classes sociais. É um artista gráfico, que merece sempre atenção do público, inclusive sendo referendado pelo título do artista plástico brasileiro mais bem sucedido no exterior. Romero um artista pernambucano, que mora em Miami. Um artista de renome internacional.São cores vivas e passam muita alegria, assim, vejo as suas telas.  Posted by Picasa

O sol estava sumindo na hora em que eu começava a escolher o texto que iria ficar exposto no varal.O texto que segue sofreu pouca alteração para exposição.Espero que gostem. Desejo um ótimo dia para vocês leitores e blogueiros.

Celso Tuiuiú, vestido com uma camiseta da banda que ele mais curtia, dirigia uma moto toda turbinada de cor vermelha.Isto fazia crescer o bico de umas passarinhas, gatas e lebres, ligadonas no reggae e na moto. Seguidor do movimento rastafari, desde os tempos em que passou por uma visita de três meses na Jamaica. Quando conheceu Bob Marley, Jimmy Cliff, Peter Tosh , Gregory Issacs e outros jamaicanos. Celsinho, como as gatas, lebres e passarinhas o chamavam, logo que surgia no meio da pista, era sinal de um tremendo agito. Um escândalo! Assim, que desligou a moto, teve uma assanhada, comentou quase sussurando, Lili, a gata malhada para Lina, uma gata sarada que estava fazendo hora, para prestar atenção que uma lambisgóia passarinha, começou a cantar mesmo desafinada: ” Vital e sua moto mas que união feliz. Corria e viajava era sensacional A vida em duas rodas era tudo que ele sempre quis...” Maior azaração!Algumas mais assanhadas ainda, tiravam as peças íntimas e jogavam para que ele desse autógrafo.
Celso Tuiuiú fingia que não ouvia, o que elas diziam ou cantavam. Tinha fama de querer ficar com todas, na verdade não pegava uma sequer, embora, sempre rodeado de belas passarinhas, lebres e gatas.Era o que fazia questão de comentar, o velho macaco Tião, para quem estivesse interessado em ouvir histórias, contadas por ele, sentado em um galho de arruda.Havia muita coisa a ser revelado de Celso Tuiuiú, tudo que podia ser contado por um preço de banana, bastava, para tanto, pagar.ou melhor, depositar no caixa dois, que ficava em seu lado direito. Não havia necessidade de ser comprovado o depósito.
Do outro lado, da Lagoa da Capivara, Dona Graça Garça, solteira, cheia de graça, vivia se engraçando para o primeiro que aparecesse naquele pedaço. Andou arrastando as asas para aquele Sapo Cururu que mora na lagoa. Mesmo sabendo que ele estava muito afim de uma perereca do brejo seco.
Graça, desconfiava ser aquela, conhecida por todos lá no brejo.Uma namoradeira, que vivia dando mole para todo mundo. Bastava alguém olhar para a perereca, que pensava ser uma paquera. Para ficar. Graça, achava a perereca muito vulgar. Não gostava nenhum um pouco da perereca. Uma oferecida, isto sim, reclamava aos quatros ventos.
Graça Garça, cheia de Graça, achava que Celso Tuiuiú, gostava mesmo era de aparecer. Ficava se admirando através do espelho da moto, que comprara de segunda mão e a prestação.Era o que mais queria. Tuiuiú tinha planejado trabalhar por conta própria, um antigo sonho, ser entregador de pizzas. O que parecia ter conseguido. Tinha o habito de colocar as músicas de reggae bem alto próximo da moto, principalmente as da Banda Afroreggae, que era amarradão.Formava logo um círculo vicioso em sua volta, além de barraquinhas de comes e bebes; tudo a preço popular, a noventa e nove centavos, com direito a troco de um centavo.
Graça Garça na parte da tarde, tinha recebido uma carta, da Garça Vaqueira, sua prima, dona da pousada La Luna, situada lá pros lados de Planalto Novo, convidando-a para passar um fim-de-semana. Na carta por linhas tortas, escreveu que havia muitos babados para contar. Inclusive segredos, guardados até então por sete chaves, daquele ingrato Boi Voador. Resolveu adiantar algumas coisas que teria de conversar com a prima através da carta que enviara. Estou arrasada! disse grafado em vermelho, lido no terceiro parágrafo da carta. Querida prima: eu como você e o resto do mundo, sabe, abandonei toda a família para acompanhá-lo, pelos pastos do mundo, desabafava. No final da carta,lembrava magoada, que pegou muita poeira nos olhos pelas estradas e campos afora... atravessou riachos, passou por lameiras, pinguelas, vilas e aldeias. Ela, uma verdadeira companheira, sempre por perto, contentava-se em comer alguns insetos, carrapatos, o que aparecesse pela sua frente.Arrumou muitas vezes a cama, pois, nem isto ele fazia. Até que, descobriu em uma noite de lua cheia, ainda sem sono, por meio de uma pomba-gira, que o companheiro era um boi de piranha
Nestas ocasiões, lembra ao ler suas reminiscências, com os olhos marejados, que sua mãe pretendia batizá-la de Amélia, aquela sim, era uma garça de verdade. Estava conformada pois, sua infância não lhe traz boas recordações. Recordou, por instantes, dos momentos em que ficava implicando com a cabra-cega, que ficava presa junto a um poste de lâmpada queimada. Teve uma infância triste e pobre, que não conseguia sair da memória.Agora tinha riquezas em detalhes para ser contado para a prima, que fazia algum tempo, não lhe visitava.Fofocas e noticias acumuladas e atualizadas.
Paciente e submissa como a maioria das garças da comunidade do Morro da Sacola do Pastor, situado em um dos conjuntos do complexo dos alagados. Um local conhecido por sua alta periculosidade. Toda essa história de vida, estava registrada em sua agenda cor de rosa., juntou para provar para a prima que não estava mentindo.Nem apagou quando viu por acaso, registrado no mês de abril, que tinha sido paquerada por um elegante porco-do-mato, que morava nas moitas vizinhas e que viveu por muito tempo, com uma porquinha-da-india , que por sua vez, o abandonou para viver com aquele cara de fuinha..
Garça Graça, vivia só, somente só, abandonada por Tuiuiú, seu antigo companheiro, que até com fé chegou a contrair núpcias. Nestas ocasiões lembra, os sacrifícios que passou, comeu o pão que o diabo amassou e pequenos invertebrados em seu período mais difícil de sua vida conjugal. Sacrificou, muito a sua vida, para ficar junto ao idolatrado amado Celso Tuiuiú e não valeu a pena, como contou para a sua prima, em conversas de fim de tarde, na varanda da pousada. As duas garças, tinham muitas coisas em comum, mais do que imagina a vã filosofia.

domingo, setembro 18, 2005

O Palco


Sônia Menna Barreto - "Enxuta", Óleo s/linho (Fonte:Palavrarte) - Há uma página da artista na internet (Sônia Regina Gomes Menna Barreto de Barros Falcão).Artista paulista, nascida em 5 de novembro de 1953.Com 7 anos começou a desenhar em cursos de artes plásticas de 1961 a 1962.Nos anos 80, freqüenta o ateliê do pintor português Waldemar da Costa e alguns anos depois, o ateliê de Luiz Portinari, irmão de Cândido, no Centro de Artes Cândido Portinari.Em entrevista para um site dedicado a mulher, Sônia, aponta o Luiz Portinari como quem percebeu a inclinação de sua pintura para o surrealismo. Nesta entrevista, ela registra a presença do surrealismo brasileiro no panorama de nossa arte.No inicio da década de 90, faz exposição de suas gravuras em Nova York. A trajetória artistica de Sônia é muito rica, participou de diversas exposições, atingindo após mais de 20 anos de carreira, a entrada para a Royal Collection da familia britânica.(Fonte:WMulher). Importante lembrar que é a primeira obra brasileira incorporada a esta coleção.A artista usa uma técnica chamada gicleé, que é uma palavra francesa usada nos Estados Unidos, em suas gravuras. Há um artigo elaborado pela artista na internet, em que ela informa esta técnica.Sônia vive e trabalha em São Paulo.Recomendo visitar o site da autora para apreciar tão talentosa artista. Posted by Picasa

Um domingo bem friorento aqui em Copa e vou aproveitar fazer algumas coisas pendentes.Hoje, eu volto ao momento poético e que penso, por ora, em diminuir o seu fazer,passando a dedicar a outras narrativas; desenvolver os textos que esbocei quando o neto nasceu.Reduzido o meu tempo de navegar hoje, peço desculpas por não fazer as visitas que tanto gosto de fazer aos blogs de meus queridos amigos.Como estava em falta com os diversos e queridos amigos, informo, que a partir de hoje,comecei a comentar os comentários feitos.Peço mais uma vez, desculpas, por não ter tido a iniciativa de reponder há mais tempo.Estimulado por estes mesmos amigos, resolvi remover alguns obstáculos que impediam de fazer tais comentários.Quero registrar que não foi por falta de educação que procedi desta maneira. Li todos os comentários e sempre encaro, como bem-vindos neste espaço.Um bom domingo e um excelento inicio de segunda-feira.Um grande e forte abraço para todos.

Subi em um palco onde
Representei minhas emoções
Desatei meus atos
Vesti personagens em figurinos
Recortados em papéis
Carbonos
Abri as cortinas do passado
Juntei palavras recolhidas
Ao vento.
Esquecidas no tempo.

Bordei fantasias costuradas
Nas
Ilusões do cotidiano
Que iluminavam o meu coração
Apaixonado
Fragmentado
Um dos
Autores dos textos
Das peças que andam em
Cartaz
No teatro de minha
Vida .

sábado, setembro 17, 2005

O Amor de Nádia.


Manoel Santiago - "O Curupira" - Lenda Amazônica, Óleo s/tela, 1926. (Fonte:Bolsa de Arte) - Nasceu em Manaus, Amazonas em 1897 e morreu no Rio de Janeiro, em 1987.Pintor. Inicia seus desenhos em 1903, ao mudar-se com a familia para o Belém(PA). Viaja para o Rio de Janeiro e matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes e assiste aulas com Eliseu Visconti.Considerado um dos maiores pintores amazonenses. Foramdo em Direito.Em 1923, cria o Salão Primavera.Ganhou diversas medalhas, dentre elas, no ano de 1965, ao receber na Exposição do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro.Segundo dados biográficos, é considerado um artista figurativo e impressionista. Posted by Picasa


Depois de algumas horas aprendendo a digitar com o meu neto, aproveitei, que me deu um descanso.O garoto foi nocauteado pelo sono. Percebi que era a oportunidade que precisava para expor o texto no varal.Peço desculpas para os queridos amigos leitores e blogueiros, ainda, não decidi fazer comentários ao que se comenta neste espaço.Preciso ainda de um tempo, para organizar o meu tempo.Quero deixar registrado que visitas aos respectivos blogs, eu sempre procuro manter e que passou a fazer parte de minha rotina. Gosto de comentar os inteligentes posts que tenho lido, que se traduz pelo enorme prazer da leitura que faço.

Nádia acordou um pouco mais tarde, afinal, hoje, era sábado. Estava habituada a acordar cedo, durante a semana; preparar o café, comprar os pães e pegar o jornal, deixado na portaria. Eduardo sempre acordava mais tarde, ficava na cama por mais algumas horas..Ao levantar como de costume, chamava por Nádia. Neste dia, não recebeu a resposta de sua mulher, foi até a sala e encontrou Nádia, sentada em um sofá, próximo a televisão, pensativa. Eduardo perguntou se não tinha ouvido, chamar por ela, balançou a cabeça confirmando e esboçou um leve sorriso, a seguir, um beijo em seu rosto.
- Eduardo, perguntou o que estava acontecendo, pois , notava que ultimamente, andava calada, mesmo assim, ela custou a responder e em poucas palavras, disse apenas: Nada!
Olhou silenciosa para ele, reparando na barba e nos cabelos grisalhos. Na pele morena bronzeada da praia.Olhou mais uma vez para ele e para o presente que ganhara, trouxera o que ela tinha pedido, um vestido de chita, que tinha desembrulhado e não tinha guardado.
Calada olhava para o apartamento, um bonito apartamento na Raul Pompéia, em Copacabana. Foi todo decorado, segundo sua vontade, o que aliás, Eduardo, procurava fazer todas, sem hesitar. Adorava aquela mulher, era muito apaixonado.Eram presentes e os agrados.Delicadezas sempre, ternura, segurança, nutria um carinho todo especial..O pensamento e o silencio foram interrompidos pelo do sinal do telefone. Era a sua amiga.
Cláudia amiga de Nádia, não entendia a sua amiga. – Você está louca? O que você anda pensando? Você amiga, ganhou na loteria e não sabe.Um marido desses? Nem acendendo diversas velas para Santo Antonio.Nunca ouvi você reclamar dele em assuntos de sexo, você espalhava, lembro, que em matéria de potência o homem era o máximo, você sempre salientava, com o seu riso sapeca - Nádia, apenas ouvia a sua amiga de infância.- Espera minha amiga, vou lhe confessar, estou certa que a minha felicidade foi-se embora. – Preciso desligar, volto a falar com você, em outra oportunidade, beijos.
Eduardo em outro aposento estava lendo documentos do escritório, teria de apresentar um relatório na segunda-feira, não poderia acompanhar Nádia, que ao abrir à porta, disse que iria à praia. Levantou e deu um beijo na mulher. Perguntou se precisava de alguma coisa, se estava tudo bem. Nádia respondeu que sim.
Nádia, fechou a porta ao contrário do que smepre fazia, desceu pelo elevador. Ao passar pela portaria, cumprimentou Paulo Roberto, o porteiro-chefe, que vivia lendo a bíblia; entretido, não respondeu o cumprimento. Nádia esperou o sinal abrir da rua Joaquim Nabuco, atravessou e seguiu em direção à Ipanema. No calçadão encontrou um banco vazio perto do posto 8; sentou-se e calada ficou admirando as ondas do mar,os surfistas e banhistas. Ficou por algum tempo, sem nenhuma companhia, até que chegou um rapaz bem jovem, sentou-se ao seu lado.Era um jovem atleta, foi o que mais tarde confidenciou ao telefone para Cláudia, revelando que após alguns papos, o rapaz a convidou para ir ao Arpoador, caminhando.Muito papo e mais ainda risadas.
Próximo ao colégio, estava estacionado a sua moto.Um lindo sorriso ficou estampado no rosto de Nádia. Nunca tinha andado de moto por medo. insegurança, tudo isto foi superado naquele instante.Pensou que foi o resultado do amadurecimento de suas idéias que curtia quase que calada. O sol brilhava, uma linda borboleta de asas de vivas cores, passou sobrevoando a sua volta. Nádia parecia ao subir na moto, ganhar asa. Imaginava um vôo para a liberdade que estava, apenas começando. Naquele dia, não tinha voltado para casa e nem no dia seguinte.O telefone estava tocando... Eduardo abatido e preocupado, custou atender e quando atendeu, ouviu de Nádia, precisamos conversar e muito...desligando em seguida.

sexta-feira, setembro 16, 2005

O Visitante


Walter Lewy -" Paisagem", 1969 (Fonte:MAP) Nasceu em Bad Oldesloe, Alemanha em 1905 e faleceu em São Paulo, no ano de 1995. Pintor, Gravador, Paisagista, Ilustrador e Desenhista Publicitário.Sua primeira exposição individual foi feita em 1932, mas é proibido como judeu a participar da vida artistica.Perseguido viaja para o Brasil, em 1938.Deixa para trás os vários trabalhos artisticos feitos em sua terra, mais tarde, foram enviados para a Holanda.No Brasil, faz amizade e expões no ateliê de Clóvis Graciano, em 1944.Faz diversas exposições no Brasil.Faz ilustração de livros para várias editoras.  Posted by Picasa

Na quarta-feira tive aula extra de digitação.Meu neto é um professor cônscio de suas responsabilidades, assim que chega, aponta para o computador.Começa de imediato aplicar os métodos mais revolucionários de digitação aleatória.Em seguida, olha para este pupilo, para que inicie os movimentos do mesmo jeito dele.É muito engraçado, parece rir da minha inabilidade com os teclados.Diverte-se ensinando, eu como aprendiz, acompanho.Creio, que ele, não está muito certo do meu aproveitamento, tanto que hoje, fará um refôrço extra, para mais tarde, depois de sua avaliação (consulta) médica mensal. Ficarei aguardando, pois, não tem dinheiro que pague por estas aulas.É o misterioso entendimento entre avô e neto.Estou expondo parte de um trecho de alguns escritos que venho desenvolvendo, fruto do nascimento de meu neto, o maior inspirador das várias fases que experimento.

Mariana, distraída olhava para o teto e nem, percebeu a teia de aranha que se formava perto da luminária . Uma enorme caixa que estava atrapalhando a passagem, foi, arrastada para um canto.Eram as coisas que trouxe da mudança, dentre elas uma boneca que ganhou de presente de seu primeiro namorado, que não foram retiradas e colocadas no armário. Agenda colorida que estava em uma sacola,tirou e colocou em sua bolsa amarela. Aquela bolsa, que cabia tudo, entre outras coisas, livros de Lygia Bojunga, Pedro Bandeira e Ruth Rocha , mais alguns segredos e pensamentos.
Tirou um pote de vidro azul da cor do céu, da segunda prateleira, que foi colocado com todo cuidado, assim que entrou ontem em seu quarto.E com o todo cuidado, segurou o pote. Assoprou uma poeira, que estava sobre a tampa azul da cor de anil, girou a tampa para abrir e nada...tentou uma, duas e na terceira tentativa, conseguiu abrir a tampa. Havia ali um pó mágico, que ela ganhara da Emilia e de Narizinho, na última visita que tinha feito ao Sitio do Picapau Amarelo, junto com os colegas e o namorado. Olhou e colocou no lugar. Não era bem aquilo que procurava...
Na prateleira, bem no cantinho, um pouco distante do pote de vidro azul da cor do céu, encontrou o que ela queria apanhar. Era uma lista de papel verde, e uma outra de cor amarela. Ali, constavam os nomes das pessoas que seriam convidadas a participar de um encontro, que estava pensando em fazer. Tinha imaginado e trocado idéias com Celeste por telefone. Galileu, o seu computador, não havia sido instalado, teria de aguardar mais um pouco, para enviar os e-mails e as conversas on-line. Dois besouros, nauqele momento, passaram voando perto dela, apenas um susto! Da janela de seu quarto dava para ver, bem à esquerda ao entrar, o imenso jardim com diversas árvores e flores, poderia ser o local; melhor do que aquele, só havia um, muito próximo dali.Um imenso espaço que parecia estar desocupado.Pensou e ligou para falar de novo com Celeste e em seguida ligou para Silvia, dizendo da idéia de um outro local, que poderia ser realizado o encontro.Celeste não gostou da idéia. Silvia muito menos.Mariana ficou sem compreender, a negativa das amigas. A impressão que teve, era que as duas ficaram com medo.
Bastiana tinha vindo da rua, foi fazer compras na vendinha, assim que encontrou Mariana, falou do boato que corria em Mundo da Lua. Estava sendo aguardado para logo mais, a chegada, em caravana de Boris Floresta Negra. Mais detalhes sobre o visitante, ela não soube dar para Mariana. Silvia, chama por Mariana, no portão e em seguida, ela desce para falar com a amiga. Mariana dá alguns passos em direção da amiga, quando é interrompida por um barulho, vindo do lado direito da rua.
Era um homem, puxando um cavalo, um outro mais baixo, dentro de uma carroça, carregada de meia dúzia de caixas de papelão.Parecia, à distância, ser uma carga pesada, tal a dificuldade que tiveram em colocar na calçada.O mais baixo, parado diante das caixas, não parou a partir daquele momento de olhar para o interior do sitio.Uma janela aberta do lado esquerdo,na parte superior, acabara de ser fechada.

quinta-feira, setembro 15, 2005

O Amor de Silvio


Clovis Graciano - "Músicos",óleo s/ tela, 1974. (Fonte: Murilo Castro) Nasceu na cidade de Araras, no interior de São Paulo, em 1907.Descendentes de imigrantes italianos.Iniciou o sua carreira ao pintar tabuletas e postes da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1927.Nos anos 30, começa a pintar na condição de autodidata.Em 1934, apresenta suas primeiras pinturas em óleo e aquarela; passando a freqüentar, por orientação de Portinari, o ateliê de Valdemar da Costa e o curso livre da Escola Paulista de Belas Artes. Ligou-se mais tarde ao Grupo Santa Helena, em que faziam parte Rebôlo e Zanini, no ano de 1935.Em 1941, realiza a sua primeira individual no Centro Paranaense, na cidade de São Paulo.Participa de coletivas e torna-se um dos fundadores do 1º Salão da Família Artistica de São Paulo. Faz exposições em diversos salões, ganha o prêmio de uma viagem à Europa, pelo Salão de Belas Artes, ficando por dois anos no exterior, de 1949 a 1951.A partir da década de 50, envolve-se com a cenografia e a indumentária teatral, trabalhando para o Grupo de Teatro Experimental, o Grupo Universitário de Teatro e o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).Foi ilustrador da Editora Martins, de várias obras literárias, como o "Cancioneiro da Bahia", de Dorival Caymmi. Ilustra em 1987, para a Editora Record, o livro "Terras sem Fim", de Jorge Amado.Experimenta uma nova manifestação artistica, através do muralismo, executando cerca de 120 painéis para o Estado de São Paulo.Foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1971 e adido cultural em Paris.Falece no ano de 1988, em São Paulo.  Posted by Picasa


Silvio, caminhava pela rua Siqueira Campos, em Copacabana. Uma vontade de beber, mudou o seu trajeto. Entrou em uma das ruas laterais de um grande shopping e naquele velho bar conhecido, pediu a bebida de sempre. Provocou, o garçom flamenguista, pediu uma porção de batatas fritas e um maço de cigarros. Disse para Eduardo, vizinho de copo, que estaria comprando, depois de várias promessas , pela ultima vez, um maço de cigarros.
Mal acabara de revelar a promessa ao vizinho; entrava no bar, uma mulata, uma linda mulata, que bem poderia ter trabalhado em algum show em casa noturna do Sargentelli,aquele sambista botafoguense, do ziriguindum, do telecoteco, do balacobaco. Uma daquelas rebolantes mulatas que ele assistia pela televisão.
Ele olhou de cima a baixo, ela de baixo para cima.Um encontro de olhares e o inicio de uma conversa.Conversas e mais conversas, papo rolando, bebidas e comidas oferecidas.Troca de olhares silenciosos. Mais conversas, mais alguns goles. Teresa e Silvio, combinaram para o dia seguinte, no mesmo bar, no mesmo horário, não sabiam se seria a mesma bebida.
No dia seguinte, a mesma provocação, ao garçom flamenguista, mais ainda por seu time ter perdido para o rival.Passada meia hora e nada da mulata aparecer. Ansioso pediu um maço de cigarros. Olhou para o relógio diversas vezes e o ponteiro parecia não andar, tal a morosidade. Esticou a cabeça para fora do bar e nada, olhou de um e do outro lado e nenhum sinal daquela mulata, que parecia ter balançado seu coração.Passados alguns minutos e mais quatro cigarros fumados e um pedido de mais uma cerveja, logo em seguida, percebeu que aproximava um carro.
Parou um táxi em frente ao bar, no interior do carro, uma voz feminina chamando por Silvio. Soltou do táxi e foi ao seu encontro, pediu desculpas pelo atraso. Troca de beijos e troca de olhares. Bebida servida e papo reiniciado. Horas e meias horas de conversas e um convite feito e aceito. Teresa foi com Silvio para o apartamento, continuar a conversa e continuar com a bebida. Silvio morava próximo, apenas algumas quadras dali. Silvio morava só, desde que separou de Maria Celina, que mudou e levou os filhos.
A partir desse dia, o que mudou, foi a sua vida, a sua rotina. A presença de Teresa, a mudança de Teresa, a bebida entregue em casa. Os amigos de Teresa iam desaparecendo, desaparecidos estavam os amigos de Silvio. Surgiu o amor de Teresa por Silvio, o amor de Silvio por Teresa. Vivia um para o outro, grudados, suados. Teresa uma mulata bonita, sorriso encantador, alta, cabelos longos, pernas torneadas, olhos negros. Ciúme surgido e adoecido.
Algumas mudanças feitas no apartamento por Teresa. Silvio concordava com tudo que Teresa fazia. Ele cada vez, queria mais e mais de Teresa. Juntos, para qualquer lugar, foi apenas um momento, no inicio do namoro. Rarearam as idas aos bares, aos lugares.Mais tempos juntos em casa, na cama, na sala, na cozinha e no banho.Qualquer lugar, qualquer hora, era a hora de fazer amor.
Teresa falava ao telefone, quando Silvio acordou. Reclamou, ficou zangado. Teresa com poucas palavras, disse apenas ser um amigo.Acabaram fazendo amor, ali mesmo, no chão . Silvio levantou as roupas de Teresa como se fosse a primeira e última vez.Teresa foi à padaria. De binóculos, da janela, Silvio controlava Teresa. Reparou no exato momento, em que Teresa parou ao ser abordada por um homem. Na volta com os pães, vestida com uma linda blusa azul, de bermudas e sandálias havaianas, Teresa, esbanjava sensualidade. Silvio, ruborizado, irritado, não ficou satisfeito com a resposta de Teresa, dizendo que o homem pedia apenas uma informação de uma rua, que ela também ignorava.
O sorriso de Teresa estava sumindo, muito raro aparecia, o encanto para o desencanto. Silvio, cada vez mais apaixonado e possessivo. O amor de Teresa estava mais ausente, o de Silvio mais presente. Na noite em que não teve mais amor, Teresa cansada, virou de lado na cama. Silvio levantou , deu alguns passos em direção da gaveta do armário, apanhou o que estava guardado.Voltou para a cama, deu dois beijos, olhou fixamente para aquele esbelto corpo, falou baixinho que amava Teresa, Teresa não respondeu, continuava dormindo, inerte. Um forte barulho de chuvas, seguidas de trovoadas e relâmpagos, atrapalharam ouvir um estampido.Silvio, deixou o apartamento como estava, desceu rápido para a garagem, pegou o carro e foi embora. A única certeza que tinha, era que o seu amor estava vivo.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Para Marilene, com Amor.


Manabu Mabe - "Rei", 1993 - Nasceu em Kumamoto,ao sul do Japão, no ano de 1924, em 14 de setembro.Aos 10 anos veio morar no Brasil,com a família, emigrando de Kobe, para Lins, interior do Estado de São Paulo, para trabalhar na lavoura de café. Pintor, Gravador,Ilustrador. Foi devido ao tempo de chuva no periodo em que trabalhava na lavoura de café, que nas horas de ócio,começou a ter contato com os pincéis em dias de chuva e nos fins de semana.O artista é homenageado com uma página em seu nome, abrigando sua obra e trajetória.Era identificado como autêntico samurai da pintura.Sua primeira mostra foi realizada em 1948,na cidade de São Paulo.Um artista muito premiado no Brasil e no exterior.É identificado inicialmente com o movimento abstracionista. Sua última obra, é o mosaico Vento Vermelho, em 1997, com 20 metros quadrados,pode ser vista no Guarujá, a Fortaleza da Barra Grande.Morre aos 73 anos, em São Paulo, em 22 de setembro de 1997.Uma escola estadual no bairro da Liberdade, passou abrigar o Instituto Manabu Mabe, regulamentado pelo governador de São Paulo e que será gerenciado pelo filho do artista, Yugo Mabe.A familia de Mabe, está envolvida com arte, tanto os filhos, como a viúva Yoshino.O trabalho do artista é muito rico e extenso.Registra-se que ele adorava cantar, principalmente Besame Mucho e participar dos karaokês, onde no fins de semana, reunia a familia.Uma curiosidade revelada na matéria da revista Isto É, ele, era eximio nas tacadas de golfe, chegou a ganhar uma placa comemorativa pela jogada extremamente dificil que conseguiu, ao encaçapar, com uma única tacada a bola, numa distância de 215 metros.O homem era fantástico, um artista e tanto.  Posted by Picasa

Para o dia de hoje, deixo este texto em homenagem à companheira das longas jornadas da vida.
Marilene,
Feliz Aniversário!
Happy Birthday! Joyeux Anniversaire!
Felice Anniversario! Feliz Cumpleaños!
Alles Gute!
Marilene
Mulher inteligente,
Linda e
Querida
Eternamente te amo
Amiga
Mulher de meus sonhos
Dos meus
Desejos
Companheira dos momentos
Dos instantes da
Vida
Lembranças queridas
Afagos em minha memória
De nossos sonhos e preocupações
Mãe que trouxe no peito a dor do parto
Do filho amado
Resiste em luta diária
Combatente renitente
Solidária
Derrubando obstáculos
Destruindo os muros
Construindo e asfaltando esperanças
Sorrisos e Risos no olhar
Educadora do mundo
Profissão de fé no ensino
Na esperança sempre por dias melhores
Chegada do neto Ramom Alegria permanente
Embala a criança no calor de seus braços
Marilene, mãe coragem e avó ternura
O temor apagado pela conquista da liberdade
Partilha risos e lágrimas.
Partilha a vida
Luta, guerreira e permanente no labor diário . Escuta os amigos
Na consciência eleva os atos de justiça.
Imprime a paixão no cotidiano
Os desaforos colocados no caminho.
Para você, com amor maior que o mundo
Embalado pela felicidade de ter conhecido você naquela
Manhã de 1971 dos anos de chumbo
Nos corredores da Sociologia, nos primeiros convites
Para um cafezinho,conversas e muitas conversas
Sobre mudar o mundo
Acabamos criando o nosso mundo, a nossa realidade
Assim será sempre os nossos setembros, dezembros, maios e
Os julhos de Ramom em nossas vidas.
Beijos eternos do meu amor louco por você
Aqui, deixo esta declaração, como seu presente e felicitações pelo seu aniversário
Saúde, muita saúde.

terça-feira, setembro 13, 2005

Meditações de um Boi.


Flávio Império - O trabalho do artista, nascido em São Paulo, faz parte da coleção "Artistas Brasileiros", editada pela EDUSP, resultado de um trabalho da Sociedade Cultural Flávio Império, criada em 1987, com intuito de divulgar a obra deste talentoso artista.A criação desta Sociedade, foi realizada após a morte do autor, em 1985. É presidida por Renina Katz e diversos outros conselheiros, dentre eles, está a sua irmã Amélia Império Hamburguer.O artista nasce em 1935, que em sua definição, declarava:"Não sou pintor, nem cenógrafo, nem professor, nem arquiteto, ando na contramão das profissões, sou só um curioso".Foi professor da FAU/USP e demitido pela ditadura militar, sob o conteudo de seu trabalho politico, voltou a lecionar no ano de 81 até a sua morte.Sua obra é imensamente conhecida na área de teatro.Trabalhou com grupo amador Comunidade de Trabalho de Cristo Operário, na segunda metade da década de 50. Participou no Teatro Oficina e Teatro de Arena, onde também apresentou seus figurinos e cenários.Flávio, um importante nome no panorama do teatro brasileiro, uma referência nas artes.Sua primeira exposição foi realizada na Galeria Goeldi, em 1966, no Rio de Janeiro.Trabalhou com artistas, diretores e cantores, como : Maurice Capovilla, Ruy Guerra, Maria Bethânia e muitos outros. Recebeu diversos prêmios. Morre aos 50 anos. É muito vasto o trabalho do artista.No ano de sua morte, recebeu prêmio APETESP e Governador do Estado, em homenagem póstuma  Posted by Picasa


Hoje, não deu para dar a minha caminhada matinal, chove muito aqui em Copa. Fiquei em casa, aproveitei para rever um texto e colocar parte dele, no varal.

Ge Boi, passou grande parte de sua infância, dentro das cercas e pastos da Fazenda Modelo do Vale das Cabras, ao norte de Mundo da Lua. Ali, aprendera as primeiras lições de sua vida campestre; não na escola, que teve de abandonar, para poder trabalhar nas terras de onde nunca ouviu falar. Da realidade do campo, do trabalho bovino que ia desempenhar.Pensava em ficar na sombra.
Recordava dos bons tempos em que sua mãe, entoava longos e agudos mugidos. para uma de suas canções preferidas, na hora de dormir, no dias ímpares: ”Quem foi quem foi // Que falou no Boi Voador // Manda prender esse Boi.// Seja o que esse boi o que for // O Boi ainda dá Bode // Qual é a do boi que revoa // Boi não pode// Voar à toa //¨Nos dias pares, repetia : ”Boi // Boi da Cara Preta ...” Foram os tempos em que não deixava de mamar na vaca, sua prestimosa e querida mãe.Um senhora de divinas tetas.
Depois que mamãe contava algumas histórias pra boi dormir, eu caia em sono profundo, chegava a babar... Todas as noites, ela fazia tudo igual. Espantava às mutucas que insistiam em ficar junto a mim.Era um fim de semana, lembro muito bem, Camélia, uma cabra vadia, deu de espirrar, logo depois, um pé d`água fazia maior estrago nas estradas que passavam perto da fazenda, naquela manhã de inverno. A força da água derrubou a pinguela que tinha sido inaugurada pelo prefeito; era considerada a mais importante obra de sua administração. Era passagem obrigatória para chegar até Mundo da Lua. Ficamos isolados.Muito lixo surgia por todos os lados. Apareceram alguns gatos pingados na ocasião, para aplaudir e colocar faixas, o prefeito sorridente, agradecia. Comentava-se, à boca pequena, que até a Banda Podre, compareceu para tocar . Nicota, a vaca malhada de coxão mole, de tanto balançar ao som da banda, acabou indo para o brejo. O Sapo Boi e Sapo Barbudo, acharam uma graça, depois, de sapearem a vontade, aos pulos, comemoraram o ocorrido..
Noutro dia, Zeca, o filho do vaqueiro, que ficava sempre na porteira, escutando o galo cantar e não sabia aonde; mesmo um pouco desafinado. cismava em cantar, dizia para o pessoal que, quando crescer queria ser, cantor de churrascaria. Dava uma palhinha para quem estivesse disposto ao ouvir: “Toda vez que eu viajava // Pela estrada de Ouro Fino // De longe eu avistava // A figura de um menino...”, algumas pessoas certamente aplaudiam, verdade, que eram parentes e amigos. Zeca, era gozado pelo primo caçula, ficava mangando dele, assim, que acabava de cantar; corria atrás dele, até alcançar, pois o menino , corria tão ligeiro quanto uma gazela... quando alcançava, dava-lhe, uns bons cascudos; este chorava e ia correndo reclamar para tia Zelinha, que lavava uma trouxa de roupa.De tão trouxa, que sempre tinha roupa para lavar.Benedito, um matuto que não tirava os olhos de cima de Zelinha, disse uma vez,na vendinha, que ela todo dia, dizia que, aquilo que fazia era uma tremenda agonia.
Zeca, tinha vontade deixar esta vida e partir para os palcos da vida, ir atrás das luzes da cidade, das moças exibidas com as pernas de fora, que via em fotos da Gazeta, que Dona Natalina Gordino emprestava para ler. Natalina, viúva do cabra mais macho que passou por estas redondezas. Valente, temido por todos, sempre com um facão colado na cintura, morreu de enfarto fulminante. Deixando para Natalina, uma vendinha de secos e molhados, dividas de jogo e do comércio. Natalina, distraída não percebeu o tempo passar e reparou apenas,para o relógio, quando o telefone tocou de modo insistente. Ao atender, ninguém respondeu, um silêncio sepulcral e foi desligado em seguida.Natalina ficou perplexa, estática, sem entender muito bem, ficou desconfiada que alguém queria dar um recado, mas prefiriu ficar mudo.

segunda-feira, setembro 12, 2005

O Telefonema


Jéssica Martins - "Assombrações do Recife Velho" - Artista Plástica, nascida em Pernambuco. Exposição inspirada em contos de assombrações da obra do sociólogo Gilberto Freire. Muitas das histórias que assombram o Recife,são relatadas no Poço da Panela, onde Jéssica tem o seu ateliê.Esta pintura, faz parte da exposição no Paço da Alfândega, onde foram mostradas 20 telas em óleo eucatex. Jéssica registra através da pintura, um trabalho muito interessante sobre o folclore e o imaginário de sua cidade.Jéssica participou de mostras individuais e coletivas em Berlim e Paris.Formada em pintura pela Escola de Belas Artes de Recife e em Comunicação pela UFPE. Jéssica ministra curso de desenho artistico em seu ateliê do Poço.Seu nome faz parte da arte contemporânea de Pernambuco. Posted by Picasa

Ola´!Sexta-feira foi dia de aula com o meu neto. Vem direto para o meu colo e fica batendo em várias teclas, quer dizer, fica me ensinando, como teclar mais rápido e ouvir música. Aqui, me parece que estou aprendendo a assobiar e chupar cana ao mesmo tempo.O avõ se faz e se torna criança, basta, no entanto, a presença do alegre Ramom, fazendo o que faz. Hoje o teclado ficou mais disponível para que eu pudesse continuar a mostrar o que tenho escrito.O que volto a mostrar, é parte integrante de um projeto maior que pretendo desenvolver.Pela manhã, aproveitei o sol e caminhei pelo calçadão, agora prossigo com a minha caminhada virtual;um passeio pelos blogs de meus amigos e leitores.Estou devendo para a minha querida amiga portuguesa da cidade de Oeiras, em Portugal, a resposta de um pequeno questionário.Prometi para este final de semana, mas creio, que irei prorrogar. Isabel tem este interessante blog que trata da literatura portuguesa e de outros autores da literatura mundial.Para quem tiver curiosidade, é o primeiro link arrolado em blogs que recomendo.Na semana passada, tinha ficado triste com a noticia de encerramento do blog Meu Porto, sou leitor e gosto muito da blogueira, eis que, surge a boa noticia de que ela está em outro blog de nome Nunca te vi, sempre te amei.É titulo de um filme, com Anne Bancroft e Anthony Hopkins, que curti muito, mais ainda por ter sido livreiro.O filme é baseado nas memórias da escritora Helen Hanff.


Tocou o telefone, quando eram 22 horas em ponto, de uma quarta-feira. Mariana, correu para atender, quase que escorregou, mas deu tempo de se equilibrar com um dos pés . Gritou para a sua mãe, para deixar, que ela atenderia. Ao pegar o fone, mal conseguira ouvir a voz do outro lado da linha. Não conseguiu identificar, um forte chiado, atrapalhava a audição, não era nenhum de seus amigos da cidade, que souberam da mudança de Mariana. Pensou em desligar. Mas deu para ouvir a advertência feita, antes de interromper a ligação - Menina! Tome cuidado! Estamos vigiando você! Seguida de uma sonora gargalhada. Ali-Babá, seu fiel companheiro canino, parecia ter ouvido, na extensão , o recado, tanto que, assustado, muito assustado, colocou o rabo entre as pernas e enfiou-se, rápido para debaixo do sofá estampado, ficando de patas cruzadas.
As luzes da cidade, ninguém soube explicar, apagaram-se mais cedo, por volta das 2 horas da manhã.Pela segunda vez, acontecia a mesma coisa. Interrupção do fornecimento de energia.Ficava tudo as escuras, menos a luz de um dos cômodos do sitio Luar de Prata. Não chovia! No céu, o brilho das estrelas e da lua. A impressão e os comentários de três senhoras que faziam compras logo cedo, não pode ser ouvido, de modo claro, pois, falavam muito baixo. Silvia, que com o pai, passava naquele instante, indo para a escola, jurou de pés juntos, ao encontrar com Mariana. que ouviu, a senhora de óculos falar em um visitante que tinha chegado durante a madrugada. Nenhuma outra coisa foi falada e ouvida. O corvo Lacerda, habitante muito conhecido, ficou por instantes sobrevoando perto da escola, depois, posou em uma arvore ao lado de uma gralha desconhecida.Uma mudança rápida no céu, se fez notar por vários moradores.