sábado, julho 30, 2005

Poeira do Tempo


Carlos Scliar - "Obra sem título" faz parte da retrospectiva Carlos Scliar 80 Anos, realizada na Sala Bernardeli do Museu Nacional de Belas Artes.Carlos Scliar – Gaúcho de Santa Maria, nascido em 21 de junho 1920. Um dos fundadores, em 1938, da Associação de Artistas Plásticos de Porto Alegre. Em 1935, faz a sua primeira exposição no Centenário da Farroupilha, em Porto Alegre. Foi integrante como expedicionário da FEB, em 1943, na força de batalha na Itália A casa do artista onde morou por 36 anos em Cabo Frio, a beira do Canal do Itajuru., local de grande concentração de turistas, hoje o Instituto Cultural Carlos Scliar (ICCS), onde constitui grande parte do acervo do artista. Nos anos 50, fundou o Clube da Gravura de Porto Alegre, com Vasco Prado. Declara que, passou por uma fase de sua vida dedicada as artes gráficas. Participa de suplementos dominicais nos jornais de Porto Alegre e mais tarde no O Jornal do Rio de Janeiro. Foi muito elogiado pela critica, mas recebeu uma mais severa, por parte de Livio Abramo, que fez com que se afastasse , trabalhando isolado sem mostrar seus trabalhos por cerca de um ano. A saída desta reclusão foi para o artista, inicio de sua nova trajetória ..Há uma página na internet em nome do artista , considerada como fonte importante para compreensão de sua obra. Scliar é considerado como um nome marcante, extremamente importante, para as artes visuais do nosso país, a partir da segunda metade do século 20.Foi consultor do filme Orfeu do Carnaval , a convite de Vinicius de Morais. Produziu capa para discos. A partir da metade dos anos 50, muda-se para o Rio de Janeiro. Foi diretor de artes da Revista Senhor. No inicio da década de 60, funda a editora Ediarte, com Gilberto Chateaubriand , Jose Paulo Moreira da Fonseca, Michel Loeb e Carlos Nicolaievski. Fez capas, ilustrações e diagramações para livros de Fernando Sabino, Clarice Lispector, Vinicius de Morais, Eduardo Galeano , de muitos outros escritores e editoras, em um período que cobre de 1965/1999. Participa de várias exposições no Brasil e no exterior. Scliar foi um artista muito sensível , sintonizado com o povo e com o mundo.Em 1961, descobre a cidade histórica de Ouro Preto, que terá intensa repercussão por grande parte dos seus trabalhos. São duas as cidades que marcam a sua obra, a outra, seria Cabo Frio. Houve uma ultima participação de Scliar, com a sua presença em “Scliar 80 anos”, no ano de 2001. Foram 60 anos, dedicados a pintura. Scliar como aponta em uma pagina que encontrei na rede, trata-se de uma lição de vida. Scliar morreu em 28 de abril de 2001, suas cinzas , como era desejo do artista, foram lançadas ao mar, na cidade de Cabo Frio, por ocasião do lançamento do Instituto Carlos Scliar, um sobrado do século 18, restaurado pelo artista. Podem agendar visitas guiadas, destinadas ao publico geral  Posted by Picasa

Meus Caros Leitores, passei rápido para deixar este texto no varal.Aproveito para desejar um ótimo sábado e um caloroso e radiante domingo. Hoje, receberei o meu novo auxiliar para aprender as mais novas técnicas de batimento dos teclados. É um revolucionário método de fazer com a palma da mão batidas incessantes e aparetemente ilógicas no teclado do computador. Reconheço a precoce vocação que este rapaz tem com as teclas, de modo que, ficarei a sua diposição para que possa fazer arte no teclado e dançar conforme a música. Beijos e Abraços. Se puder, mais tarde, farei uma visita aos amigos.

Desfiz com dificuldades as imagens
Coladas em minhas retinas de um
Tempo em que a alegria, se fazia
Presente
Os minutos silenciosos
As horas corridas contra o tempo
Teciam os momentos
Solenes
Em que ela estava há
Muito tempo ausente.
Lembranças, estavam se
Despedindo, acenando com
O sinal de adeus.
Minha saída para o meu
Encontro na poeira
Do tempo.
Para ser hospede da ilusão
Passageira
Carreguei em minha bagagem
Reminiscências
Fantasmas
Sonhos fragmentados
Que são, os
Retrovisores e
Visores do meu presente.

quinta-feira, julho 28, 2005

Fazendo Artes


Adriana Varejão - Artista Plástica, nascida no Rio de Janeiro, em 1964. Atuante em várias exposições internacionais.Interessante artista que utiliza tendo o corpo como tema como elemento estético..Trabalha com azulejaria. Freqüenta os cursos livres da EAV/ Parque Lage. Sua primeira exposição. em 1988, no Rio de Janeiro, na Galeria Thomas Cohn.Gisela Kato em matéria para a Revista Bravo, anunciava a obra de Adriana Varejão, em livro.Paulo Herkenhoff, é considerado como uma referência para se compreender a obra desta singular artista. Posted by Picasa


Meus queridos e queridas amigas deste quitandeiro, passei apenas para abrir, parte de uma das portas deste espaço. Devido a um contrato extraordinário com o meu axiliar mais direto e privilegiado para assuntos de digitação. Resolvi encerrar o expediente mais cedo.Ele chegou com a forma mais ampla de digitar, com os recursos sofisticados, que eu desconhecia, ou seja, de espalmar a mão inteira no teclado, sem muito critério, pelo menos assim penso, acabou em contrariedade com os métodos ultrapassados que eu ainda timidamente utilizo. Uma ajuda prestimosa, não se deve dispensar, para isto, resolvi com a paciência de um monje, aprender esta nova relação com os teclados.Em verdade, desconfio que este meu auxliar, gosta muito mais de ficar fazendo artes. Vem para o meu colo e todo serelepe, fica movimentando o corpo ao som da música Alecrim, de Adriana Calcanhoto. Desde ontem. que ele tomou posse neste assento. Como estava se configurando uma luta dialética, optei, meus caros amigos, para ficar fazendo artes também...

quarta-feira, julho 27, 2005

Cadeira de Balanço


Taumaturgo Ferreira - Ator / Pintor / Cantor - Mantém uma interessante página na internet, abrangendo toda a sua trajetória.Nasceu em São Paulo em 17/01/1956 - Realiza diversas exposições individuais.Começou a desenhar no ano de 1997, elegendo os lugares, a cidade como tema. Referência em sua obra é do pintor Iberê Camargo.Seu mais recente trabalho na televisão foi para a novela Celebridade, com o personagem Nelito.Utiliza a técnica acrílico sobre tela.Em sua obra, nota-se a presença de telas figurativas.Realizou exposições em diversas cidades no Brasil. Posted by Picasa

Hoje entrei para apanhar o que tinha escrito e colocar de imediato no varal.

Lembrei que tinha esquecido as horas
Em meu coração disparado
Atado aos fragmentos
E aos momentos
Em que a felicidade
Era insone.

Levantava junto com você
Em meu pensamento.
Desfilava em meus pesadelos
Imagens cíclicas dissipadas
De seu corpo
Bailavam ao som
Da orquestra de vento
O som da janela que
Explodia no silêncio do
Meu quarto.

Na cadeira de balanço
Lia os versos de amor
Escritos nas memórias
Dos sentidos de meus
Sentimentos.
Tormentos
Rimas
Roucas e poucas
De minha
Solidão.

terça-feira, julho 26, 2005

O Diário de Vovó


Luciano Pinheiro - Pintor / Desenhista / Gravador / Arquiteto - Nasceu em Recife, em 1946. Ganhador de vários prêmios. Participa da mostra Panorama da Arte Atual Brasileira MAM / SP em 1993.Em 1977, foi um dos fundadores da Oficina Guaianases de Gravura em Olinda. Viveu em Paris. Partipou da mostra Zonas do Silêncio, em 1995. Integra a Brigada Portinari. O artista, é referência importante sobre a História da Arte em Pernambuco. Posted by Picasa


Hoje resolvi colocar um texto mais extenso.Uma experiência que estou fazendo, explorando uma nova linguagem para mim. Em vez de colocar no varal, achei melhor, deixar exposto em cima da bancada de livros.

Descobri o diário de vovó dentro do baú, embrulhado em papel celofane azul, pela aparência estava intacto, ninguém, até então, tivera a curiosidade de olhar aquele caderno amarelado, de capa dura, que vovó Claudette, anotava em letras bem desenhadas, o que lhe acontecia de mais importante nos dias de setembro de 1940.
Vovó tinha o hábito de colocar frases feitas por pessoas desconhecidas e conhecidas no canto direito acima da primeira linha em posição de destaque. Abri, por acaso, em uma página, por ela anotado, como de número, mesmo um pouco ilegível pelas marcas do tempo, percebia tratar-se das páginas 272 ou 273.
Primeiro dia de setembro de nossas vidas, começava a escrever... Antes desta linha, escolhera para abrir o mês, com a seguinte frase, destacando sublinhado em duas linhas vermelhas: “Às vezes, fala o falo; outras, fala o dedo”, entendi e li que foi retirado de um livro de poesias que lhe chegara as mãos, por presente do padre Tinoco da paróquia do bairro vizinho. Este livro, fazia parte do acervo do baú . Abri por curiosidade e na folha de rosto do livro, uma dedicatória toda especial feita pelo padre à vovó Claudette. Notei pelo que escreveu, gozava de intimidades com vovó, lembrando manter sigilo do que fora oferecido como dedicatória, pois, não interessava aos demais paroquianos saber desta relação de amizade profunda que ambos, nutriam um pelo outro. Acredito que tenha sido mantido em segredo, pois, vovó zeladora dos princípios da amizade, assim, se comportou...
Vovó adorava o padre Tinoco, observações neste sentido foram feitas por vovó. Apressado, sem querer, pulei umas páginas e deparei que estava escrito: Padre Tinoco, lindo e gostosão ! Meu tesão! Um verdadeiro achado poético, pensei, naquele instante.
Vovó, dizia-se, sobre ela, tratar-se de uma libertina, este foi o comentário dito por vovó Mariquinhas, mãe de vovô Gumercindo. Zeladora dos princípios morais, religiosos e éticos da família de papai. Qualquer coisa que fazia, era sempre precedido por uma oração. Foi o que eu soube num almoço em família, durante um domingo calorento, em torno de uma galinha cabidela, pirão, arroz e outros pratos que agora não lembro. Apenas sabia que, o irmão de papai adorava comer umas galinhas apanhadas na casa da vizinha, que morava naquela casa de lanterna vermelha, sempre acesa durante a noite, apagada por volta de cinco da manhã.
Vovó se colocava diante do espelho e perguntava para ele: Espelho, Espelho meu... Há alguém mais tesuda do que eu? Claro que não há vovó Claudette! - respondia o espelho. Esta pergunta diante do espelho e sua respectiva resposta, estava anotada em todos os meses do ano, tive o cuidado de reparar este detalhe.
Vovó fazia questão de anotar; todos poderão constatar, se por acaso, tiverem oportunidade de ler este diário. Seu corpo não havia marcas de celulite... Uma pena estar manchado o que escrevera como receita para se manter em forma. Li apenas, o que pude ler, olhando mais de perto, pegando uma lupa, uma das frases do receituário...estas letras, ficaram manchadas, o que sobrou para ser lido era: gosto de abrir as pernas todos os dias, pena que Gumercino, não tenha a mesma vontade...o resto ficou ilegível.
Gumercino naquele dia de sábado, tinha conseguido um trabalho extra, andava precisando de dinheiro para saldar as dívidas do bar do seu Zé, não era muito; mas teria que pagar e estava há duas semanas sem aparecer no bar, de vergonha, estava totalmente sem grana. O que havia comido e bebido, estava anotado em folhas soltas, guardadas embaixo do balcão, por ordem alfabética. Seu Zé, foi direto na letra G de Gumercino achou: Dia 28 e 29 de agosto , ninguém, esqueceria dele, a referência maior era da fogosa dona Claudette, assim minha querida avó era conhecida no bairro. O débito referia-se a cervejas, cachaça, um prato de torresmo e outro de lingüiça . Como era cliente antigo e habitual, seu Zé, tinha por costume e cortesia, oferecer um copinho de batida de limão. Fazia questão de quando os clientes liquidassem os débitos , mostrar e rasgar o papel anotado como cortesia da casa.
No dia anterior, vovó, acordara ansiosa e ligeira, aprontou-se com vestidos da moda, chapéu, como apreciava a tonalidade azul, sempre havia algo desta cor, cobrindo aquele esbelto corpo. Esbelto, sim. Muito sensual.. era o comentário anotado do que dizia um dos amigos de Gumercino a seu respeito. Que ninguém nos oiça, oh! gajo, tua rapariga. é muito giro e dava a seguir, uma tremenda gargalhada, seguidos, de comentários maliciosos, ditos por Juaquim. Pelas medidas anotadas e verificadas no dia-a-dia daquele diário, assim confirmadas. Houve um dia qualquer que vovó, lendo os classificados de um jornal, recortou algo que tinha interessado e solicitou uma encomenda. Um livro. Que estava sendo vendido em promoção: compre dois , leve um inteiramente grátis. Oferta por tempo limitado. O aviso de remessa do pedido, seria feito através dos correios, no reembolso postal. O correio da praça e era a única agencia próxima, prometera entregar em sete dias a encomenda. Tinha então chegado naquela sexta-feira. Não estava anotado o que ela fez com os outros livros que recebera . Deve ter sido oferecido ao padre Tinoco, para ser colocado à venda na quermesse da paróquia? Ou quem sabe oferecido a uma amiga dileta, que tivesse fazendo aniversário e precisasse de orientação sexual urgente.
Livro quase esgotado, “Manual de posições eróticas na cama, no chão e na lama”, de autoria de uma ex-freira de origem italiana, dizem que foi baseado no Kama Sutra. Era, apropriado para o público masculino e feminino. Ambos os sexos. Continha várias dicas. Impróprio para menores era a advertência que trazia na capa, vovó tão cuidadosa ,que ainda manteve esta faixa no livro. Preocupação, que tinha com as crianças para ficarem longe destes assuntos
Havia uma lição, que vovó estava demasiadamente interessada, disposta adquirir conhecimentos técnicos. Prometia conforme escreveu, ser uma aluna aplicada e que não deixaria de fazer sobre nenhuma hipótese qualquer exercício ilustrado que continha naquele manual. Nem que fosse o caso, arrumasse um novo parceiro. Pensava em deixar o púbis depilado. Assim mesmo que estava escrito por minha avó: “deixar o púbis depilado”. Seria uma nova experiência. O efeito de sua aplicação era recomendado para a parte da manhã ou no principio da tarde, durante o banho. O exercício poderia ser repetido durante o dia, quantas vezes pudessem fazer. Havia no prefácio, dizendo que a qualquer hora do dia, poderia ser praticado. Ficando a critério do leitor. Um material de auto-ajuda eficiente, era o subtítulo.
Na página 45, mostrando a posição ilustrada em seus mínimos detalhes, o livro era muito rico em ilustrações.Parece que houve ou foi comentado algumas vezes, ser este um trabalho experimental da freira para criação desta obra. Assim, alguém comentara e suspeitara que a foto da mulher que ilustra o manual, poderia ser da autora. Na foto que foi confundida, a mulher, deixava os glúteos em primeiro plano. Maravilhosa foi uma expressão de Tinoco com aquele manual técnico. Hoje seria identificada como uma “poposuda”. Sempre que surgia o assunto, em vários momentos do dia, inclusive nas reuniões dominicais da paróquia sobre as dificuldades dos casais em abordar tema de interesse comum, principalmente em se tratando de natureza sexual. Havia alguns casais presentes nas reuniões em crise de abstinência, de desencontros, etc... Este manual era altamente indicado. Vovó tratava de divulgar de imediato, dizia sempre que, transformara-se em nova mulher após a leitura e os exercícios recomendados Soube que o livro tinha boa circulação e um consumo muito grande nos conventos. Foi esta a informação que li, através de uma resenha de jornal, esquecido no meio daquelas folhas do diário
A lição promete, vovó leu as resenhas, consultou amigas que tinham lido e que o manual sendo bem executado,poderia até levantar defunto. não sei como? Se ela conseguiu, não fica claro; mas que falava, falava. Se, era para defunto, pressuponho que seja para algo morto. Mas o que estaria morto e que provoca tanto interesse e entusiasmo para vovó solicitar este livro por reembolso postal? Ainda estou para saber no seio da família, do que se tratava.
Vovó anotara que nesta sexta-feira, bem no final da página do diário, que sonhara com o padeiro e com uma bisnaga enorme que ele trazia junto ao seu corpo. Fiquei excitada,dizia, sublinhado em letras vermelhas; apontava no registro daquela sexta-feira. Passei e pensei o dia inteiro naquela enorme bisnaga que o padeiro trazia de modo que as pessoas à distância, pediriam e gostariam de experimentar. Como nunca tinha experimentado pão do tamanho que o padeiro trazia. Fiquei imaginando como poderia segurar aquele volume, pois era um pão diferente do que estava acostumada a pegar para comer. Era o meu sonho, escrevera duas linhas antes de terminar a folha em que escrevia. Pelo volume apresentado, parece ter saído do forno, alguns momentos antes. Poderia ser aquecido a qualquer instante, era um dos avisos da embalagem de embrulhar os pães . Isto era muito bom, registrava vovó em seu diário mais do que intimo.
Sei de tratar-se de confidências, mas hoje, encaro que há uma ingenuidade no que ela deixou escrito, mesmo sendo para a posteridade. Leio estas páginas e guardarei conforme encontrei, todo embrulhado e dentro do baú .
Tinha um capítulo como ela mesmo observou, dizendo deixar para ser lido no final, abordava o capitulo inteiro sobre posições sexuais depois dos cinqüenta anos. Era mais ou menos a idade de vovó quando escreveu este diário. Achei até estranho quando li. Mas enfim, temos que respeitar uma obra e seu autor. Confesso hoje, que fiquei preocupado quando li. em um jornal, que a autoria do livro; era do sexo masculino, mas que o pressuposto autor , tinha esta tendência desde garoto, escrever sob o pseudônimo feminino. Foi matéria de destaque na imprensa, após esta descoberta. Cruz credo! Há cada coisa neste mundo de Deus.
Pão, bisnagas enormes e padeiro possuidor dos melhores pães do bairro, faziam parte por muitas noites de sonho e pesadelo de vovó Claudette. Tinha sonho que ela, achava muito gozado, o de estar chupando um pão por exemplo e acariciando inteirinho, e que o pão depois de molhado, não ficava tão fresquinho quando chegara, permanecia mole e menor. Pensava que era na verdade um aquecimento preliminar que faltava ao pão , coloca-lo no forno, talvez.
Vovó Claudette iria reclamar ao senhor Monteiro, dono da padaria que produzia os maiores pães do bairro; e que bastava dar uma distraída, o pão que ela comprava, amolecia e ficava menor. Gosto - sr Monteiro, de saborear, de sentir na língua um pão mais durinho, rígido na sua forma, quentinho e torradinho; reclamava sempre que isto acontecia ao padeiro. esticando vez por outra, o comentário à vizinha de porta, Frau Eva, uma alemã que pertenceu a Deutsches Rotes Kreuz (Cruz Vermelha Alemã ) – sempre que podiam, trocavam confidências entre si - a qualidade que ela encontrava no pão, uma delas era esta. Ambas davam risadas marotas, a alemã um pouco exagerada nos risos.
Nesta pagina 45 e 273 no diário, vovó gostava de fazer comentários, sobre a leitura e qual a posição experimentada, se surtia efeito o mais rápido possível. Pude observar na página seguinte, bem no canto esquerdo, anotado a seguinte observação: dar de presente a Frau Eva, de aniversário, livro que encomendei. Penso depois de ter lido, um dos livros que encomendou e tinha em duplicata, foi oferecido de presente para Eva e não para o padre Tinoco; este ficou apenas com um exemplar para ser oferecido.
Frau Eva, comentava minha avó, tinha a mania de gemer naqueles momentos de prazer, com o sueco que a visitava todo fim de semana, terminava dizendo em uma mistura de alemão e sueco: Mein Gott!!! Tack! Nej! Ja ! alguns vizinhos escutavam. Gumercino não entendia nada, nada, daqueles sons emitidos pela alemã . Ao contrário de Tinoco, que adorava escutar e terminar assobiando a cantata: Jesus, alegria dos homens, de Johann Sebastian Bach, quando vinha me ver, depois de fazermos experiências, então, servia, chá com biscoitinhos feitos em casa. Gostavam de tomar chá de camomila ou erva cidreira.
Vovó tinha anotado e afirmava que gostava da posição da serpente, a quarta da página quarenta e quatro, era apenas uma das tantas de sua preferência;pela ilustração era fácil de fazer, nada de complicado, só que o Gumercino, naquelas horas, era muito desajeitado, tinha dificuldades de aprender aquelas técnicas, ficava com as penas bambas, a cueca custava a ser retirada, era um sufoco. Diferente do lindo e viril Tinoco, observações feitas a lápis colorido em vermelho, da cor do coração. por vovó. Acrescido ainda, a lápis, de que ela chegava virar os olhinhos quando chegava aquele momento impar de prazer de gozo pleno, ficando bastante suada. Era uma troca de união física e espiritual. Realizava a sua posição preferida...era o dia que passava um óleo perfumado sobre o corpo. Falava isto na pagina 274, em orgasmos múltiplos,se conseguiu, não revelou.
O prazer pela felação e suas diversas maneiras de fazer em seu parceiro, também estava anotado no pé de página, faço e gosto por demais desta posição, chego a bisar para atender tão entusiasmado pedido de Tinoco. Na primeira vez, que estive contato com Tinoco, deixei-o tão excitado, que fiquei ajoelhada por alguns minutos, apaixonada, pensando em nossa felicidade. Acredita, que era um dos seus melhores desempenhos. Tinha uma das posições que ela adorava, mas ao tentar identificar qual o número, estava meio apagado, não sei bem se 69 ou 96. Bom deixa pra lá, ficou confuso apenas posso afirmar depois que li, que era o que mais gostavam.
Gumercino, assim estava escrito, saiu na noite de quarta-feira para jogar carteado com os amigos do trabalho.Quando costuma a fazer isto, chegava tarde em casa. Vovó pediu a Frau Eva para entrar em contato com o padre Tinoco, assim se comunicava vovó , iria se aprontar para esperar tão agradável visita através da compreensiva Frau Eva, que era a sua intermediária .
Claudette, digo vovó, experimentaria neste dia o exercício em parceria com Tinoco, que por um atraso, não pode sequer de tirar a vestimenta, dado o adiantado da hora e teria que voltar por compromissos marcados na véspera com a beata, que segundo, anotações de vovó mantinha-se em estado de pureza até aquela data. Não houve nenhum comentário a respeito da beata nas paginas seguintes no diário escrito por vovó.
Não chegara a terminar as anotações do mês de setembro, poderia ser considerado incompleto. Finalizava, que ao acordar, depois de tomar café, não resistiu ao saber que Tinoco não viria naquele dia, começou a ligar o chuveiro, de imediato, acendeu o gás, fechou as cortinas, entrou no box, deixando a água escorrer pelo corpo, sendo acompanhado de movimentos ligeiros e ritmados dos dedos de suas mãos ensaboadas, lembrando da lição que aprendera sem fazer nenhum esforço de tão natural que era. Mãos a obra... tinha assim escrito, deixado anotado por incompleto à página 280. As páginas 281, 282 e seguintes estavam em branco. Assim me pareceu terminar o mês de setembro daquele ano de 1940.
Vovó como ficou registrado em seu diário, dizendo, ser um dos dias dos mais felizes de sua vida. E ninguém poderia duvidar....

segunda-feira, julho 25, 2005

Um babador, que quase virou lenço.


John Graz - "Geométrico", óleo s/ tela. Pintor, Escultor, Artista Gráfico, nasceu em Genebra, no ano de 1891.Entra em 1908, para estudar desenho e arquitetura, na Escola Nacional de Belas Artes de Genbra.Ganha bolsa para estudar na Espanha. Mantém amizade com Antônio Gomide (1895/1967) e com a irmã, a pintora Regina Gomide (1897/1973), com quem se casará, quando vier morar no Brasil, em 1920.Entra em contato com o fauvismo, cubismo e o futurismo.Através de Oswald de Andrade, participa intensamente da vida cultural de São Paulo.Expõe seus trabalhos na Semana de Arte Moderna de 22.Seus trabalhos são publicados na revista Klaxon. Em 1925, é denominado como Graz, o Futurista.Realiza várias exposições.Foi condecorado pelo governo de São Paulo, em 1979, com a Medalha Mário de Andrade.Em 1980, foi convidado a participar da inaguração do Paço das Artes, na Exposição Reminiscências do Modernismo, mas falece 11 dias antes da inauguração.Homem dedicado as artes plásticas e ambietação de interiores. Posted by Picasa


Sábado, eu rufava os tambores nos corredores e salões desta Quitanda, anunciava aos quatros ventos, que receberia a visita de meu querido príncipe, o neto Ramom. Nossa primeira tarefa para recepcioná-lo, é retirar os objetos que podem servir de atrativo para que possa levar à boca, embora, estejamos cientes, de que esta prova “oral”, é uma das vias dele interagir com o mundo.
Chegamos a nos divertir, com tal situação geradora do nosso “caos”. É tão esperado, que tratamos de imediato proporcionar o menor grau de risco na convivência por horas na casa dos avós e da bisavó.Sua presença é garantia de alegria e felicidade. Chegar aqui, é perceber o sorriso, alegria expressa em seu semblante.
No desenvolvimento de seu crescimento, foi gerada uma relação muito especial comigo.Estava sempre perto do avô e da avó, claro, e das demais pessoais que estivessem eventualmente aqui em casa. Mas, foi comigo que desenvolveu esta relação, que eu posso chamar de amizade intensa, de tão intensa, que se tornou, bela. Sou muito brincalhão com ele, procuro inventar coisas e vozes. Confesso, que não sei traduzir da parte dele, como isto cresceu e passa em sua cabeça as “frases”, que ele tenta emitir no que se pode entender como conversa.Não há leitura e interpretação.
Não sei dizer como foi, elaborada minha imagem para ele; o primeiro passo, penso ser pela brincadeira que faço com ele. Todos, que estavam na festa de aniversário , foram testemunhas da adoração que tem pelo avô. Demonstrado por gestos e pelo chamamento de minha presença. Meus braços que o digam. Tinha em algumas situações ficar escondido para não atrapalhar aqueles que desejavam tirar fotos com ele.
Nunca imaginei vivenciar esta situação, de ser tão solicitado pelo meu neto. Foi o caso de sábado, saímos eu , avó e ele, fomos comprar fraldas, eu ficava com ele a maioria do tempo.Foi um dia atípico, nas lojas Americanas, eu fui para uma caixa preferencial que pelos dizeres, faz referências; entre várias prerrogativas, anunciava: mulheres com criança no colo. Coisa de louco! Para esta grande loja comercial ela apenas confirma e legitima o tradicional papel feminino, expressando que é a mulher, a quem cabe conduzir a criança. Fui ingenuamente ficar na fila, mas como uma senhora, que estava na minha frente, imagino que foi dia dela colocar o vestuário intimo em dia, a cesta estava repleta de caçinhas, estava com a maior morosidade; foi quando resolvi passar para uma das caixas vazias e coincidiu de uma senhora chegar ao mesmo tempo no lado oposto, como eu imaginava por estar carregando uma criança no colo tinha prioridade, ledo engano. A mulher esbravejava por eu ter furado o momento dela e saiu resmungando ao passar por mim, que ainda estava sendo atendido pela caixa que poderia ser dela. Neste momento, penso que ela ouviu o que não gostaria de ouvir, fui incisivo e debochado em minha resposta. Não entendi o procedimento desta respeitável empresa que zela pelos interesses dos consumidores.Meu filho que apareceu por lá, disse que eu teria que ficar aguardando a minha vez na fila preferencial , mesmo que as demais caixas estivessem vazias. Não precisa dizer que discordei do nobre e jovem jurisconsulto, que tem apenas o olhar para as leis.
Ao chegarmos em casa, resolvemos depois, desta batalha estar ganha, partimos para levar o neto para andar com uma bicicletinha que ganhou da madrinha dele. Aqui, começa, ao sairmos ele, estava no colo da avó.Desceria no momento as avós. em seguida, eu, meu filho e a nora. Fecharia a porta, mas avó, insistiu para que eu fosse com elas. Entrei por ultimo no elevador, tão logo fiquei de frente ao meu neto, ele me viu e quis o meu colo. Ao transferir do colo da avó, segurei, ele para ficar no alto na altura de minha cabeça.Gosta muito deste gesto. Ao chegar no térreo a bisavó percebeu que a mão direita dele estava ficando presa junto à porta fixa. Eu , pela posição em que me encontrava, não vi, a porta móvel ao abrir iria compor com a fixa, ela estava levando a mão do meu neto junto. Mas rápido que um relâmpago, consegui antes de fecharem as portas para sairmos, puxar com força a mão que já estava com os dedinhos entrando para ficarem presos.
Susto conjunto, Ramom cometido de maior berreiro, ficamos atônitos e tratamos de minorar o sofrimento, passando um pouco de gelo, água fria e gelol. Resultado, os dedos, ficaram um pouco inchados e em um deles, uma pequena lascada.
Não imaginava jamais passar por este mal estar, muito menos, ser o possível responsável por uma eventual deformação do corpo de meu neto. Verificamos, tudo parecia estar no lugar, o choro havia parado depois que colocamos água e como adora ficar com a mão embaixo da torneira, olhando a água cair, ficou mais fácil.
Depois de monitorar a situação dele, e saber que estava tudo certo. Horas depois, começou a escorrer lágrimas em meus olhos, expressão da dor silenciosa que eu sentia por não ser mais vigilante com uma criança, meu neto. Sei que poderia acontecer com todo mundo, menos comigo, porque, não haveria de me perdoar nunca, caso promovesse algum dano físico nesta pequena criatura em formação .
No domingo, fomos a casa dele para uma visita, tudo certo, mãe e pai juntos, ele brincando, de repente a presença do choro, acabava de prender o dedo da outra mão.. . Estava chegando a hora de voltarmos para casa. Levaram até a estação do metrô, ali , abriu o maior berreiro porque queria vir com o avô.Riso e choro uma combinação muito esquisita e em questão de segundos. Dissemos tchau,nos beijamos e fomos embora.

sábado, julho 23, 2005

Um porto


Alex Flemming - Muitos criticos e estudiosos da arte brasileira,ressaltam a importância deste talentoso artista, filho de um aviador e de uma aeromoça,nascido em São Paulo, no ano de 1954.Um artista multimidia. Poeta. Escultor.Na definição inicial de sua trajetória; de ser um artista que não para quieto. nas palavras de Juan Esteves.Também fiquei fascinado pela sua imensa obra. Uma das mais conhecidas,podemos apontar uma que está na estação Sumaré do metrô de São Paulo, desde de 1998.Participa de várias exposições, atua bastante em Berlim. Utiliza a fotografia na sua arte.Ele identifica fortes vínculos com a fotografia desde o inicio de sua produção.Participa do 2º Salão de Arte Contemporânea em São Paulo, em 1984 (Fundação Bienal).Exibe exposição individual em diversos países. Professor de Arte na Noruega, no período de 93/94. Elabora projetos em Nova York, com a obtenção de uma bolsa de 1981/83, da Fulbright Foudation. Exibiu uma série chamada "Body Builders", de composição de vários elementos; tendo o corpo como tema de investigação e exploração artistica. Artista Plástico destacado no panorama da arte contemporãnea brasileira.Há páginas na internet que mostra as diversas linguagens deste grandioso artista, destaco o site do MAC/USP.A Professora de arte da Usp, Ana Mae Barbosa, publica pela editora da USP, na coleção artistas brasileira, uma obra que ajuda a compreender o fascinante universo deste artista. Posted by Picasa

Um bonito dia, mais bonito ainda, pela luminosa visita de meu querido neto Ramom, Meu Príncipe...Hoje, vai haver combinação de riso e felicidade, com a dimensão que um pequenino ser é capaz de provocar em avós. Atualmente, nosso traje completo, é composto de um tremendo babador...

Gritei para você ouvir o meu silêncio
Gritei palavras sonoras mudas
Do alto-falante daquele velho
Coração
Solitário
Ancorado pela ilusão passageira
Dos versos sorridentes
Eloqüentes
Apaixonados
Declamados
Declarados

Na escrita de seu corpo
Escrevi meus momentos
Diante de seus olhos
Na leitura labial
Gemidos de amor
Fragmentos
Esquecidos
Nos segundos
Seguintes
A dor da entrega
Abraçada aos.

Instantes reais de
Um sonhador.
Voador como Ícaro.
Levei em suas asas
Os meus desejos
Alados
Calados

Mergulhei no mar
Apenas para
Nadar
Nas ondas revoltas
Do espaço profundo
Do oceano.
No fundo
Eu, queria um dia,
Apenas,
Um dia, para
Amar.No entanto,
Foram as
Ilusões de um velho
Coração
Solitário, que

Ficaram perdidas
No mar,
À deriva,
Na procura de seu porto,
O lugar de sua
Paixão.

quinta-feira, julho 21, 2005

Solitário


Cristina Canale - Artista Plástica Carioca, nasceu em 1961, radicada na Alemanha.Uma artista bem ativa, participando de vários eventos. Apontada como uma das melhores pintoras de sua geração.Participou da Mostra Como vai você, geração 80?, no Parque Laje, em 1984.Em 2004, na Eposição Onde Está Você, Geração 80? no CCBB. Apresentou, na Galeria Anna Maria Niemeyer, no Shopping da Gávea, uma nova fase, que é a linguagem lúdica do universo infantil. Participou de diversas exposições indiduais em diversos estados brasileiros.Artista premiadissima em inúmeras exposições.Uma de suas caracteristicas pelo Expressionismo e da Abstração.Acho o trabalho de Cristina muito interessante, principalmente com os elementos de abstração, presentes em sua obra. Posted by Picasa

Como andei nocauteado por uma gripe, que acabou deixando a inspiração de lado; resolvi remexer no fundo de uma das gavetas. Apanhei um escrito, que tinha ficado abandonado, bem no interior de uma das gavetas de minhas memórias. Soprei a poeira e deixei colocada no varal, ao sabor do vento.


Devaneios encarcerados em meu corpo
Solitário
Dilacerados em pedaços de sonhos
Reato minha ilusão em seu sorriso
Fragmentado
Obsceno.
Aceno na esperança que dança
Nos salões das lembranças.

Anseio pelos seios que ateio
Vontades.
Despidas que
Aparecem nos recantos
De minhas memórias

Acalantos dos segredos desfeitos
Refeitos
Feitos em
Brinquedos conectados ao prazer
Solitário
Em corpos entrelaçados, lambuzados
Aparecem
Afagos delineados por mãos descidas
Ensandecidas perdidas adormecidas

Desamarro o meu sossego em
Suaves toques de dedos trêmulos
Insaciáveis palpitando o prazer
Latejado
Liberto por
Espasmos contínuos colados
Naquela branca folha de jornal com
Noticias de
Felicidade clandestina.

O Retrato


Guto Lacaz - Artista Plástico/Designer/Arquiteto . Nasceu em São Paulo, em 1948.Arquiteto formado pela FAU/USP.Ganhou o prêmio O Objeto Inusitado, realizado no MIS.Recebeu prêmios pela Abril, de jornalismo de ilustração.Colaborador das revistas Caros Amigos e Boom.Produz uma série de cartões para o site BOL.Um artista multimidia.Foi editor de revista de arte. Posted by Picasa

Bom dia! Quero inicialmente pedir desculpas por não ter conseguido visitar meus queridos amigos blogueiros.Pretendia fazer como é hábito deste quitandeiro, fazer o meu tour pela blogosfera, para congratulá-los pelo dia de ontem, o dia do amigo.Na verdade, não deixei de fazer, pois todos moram do lado esquerdo do meu peito.Sinais de forte gripe, me pegou surpreendido.Fui nocauteado, fui à lona, com frio, febre e espirros.Encerrei o expediente mais cedo. As dores no corpo, pediam descanso.No final da tarde, tentei voltar, mas fiquei frustrado, não obtive sucesso, voltando para a cama.Até o momento em que escrevo, parece que estou recuperando, a vontade de postar algo para os amigos. Retirei da última gaveta e coloco no varal em exposição.


Na noite chuvosa daquela sexta-feira embrulhei a esperança de
Encontrar você . Atendi o telefone, era engano.
Seu retrato emoldurado em meu quarto,
Mostrava para mim o sorriso eterno.
Terno.
Estava ali, junto ao tempo. Linda como
Sempre
Expressão fotografada nos contornos da alegria.
Da felicidade
Distante
Ausente
Morava em meu corpo, sentia você
Presente
Abri as janelas, as gotas da chuva lambuzaram
Minha face e desenharam
Seu rosto no meu
Lágrimas daquele momento.
Olhei através do espelho. Vi meus cabelos
Embranquecidos. Meu corpo transformado
Sinais do tempo da nossa história em
Lembranças
Entrelaçadas na melodia da felicidade
Do amor profundo. Retalhos costurados
Na passagem do tempo silencioso
Apagava pedaços de minha alma
De minha memória
Afastava a solidão
Seu retrato na parede
Minha companhia
Eterna

quarta-feira, julho 20, 2005

Você


Franz Weissman - "A Torre", ferro, 1958 - Escultor, nasceu em Knittelfeld, Austria, em 1941 e morreu em 18 de julho de 2005, aos 93 anos em sua casa, de parada respiratória no bairro de Ipanema, Rio de Janeiro.O corpo foi cremado, por sua determinação e nem houve velório.Estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, no final dos anos 30.Suas primeiras esculturas são apresentadas de forma geomética.Foi convidado por Guignard para ensinar desenho e escultura na ENBA. Participa do Grupo Frente, ligado a arte concreta. Foi premiado com o segundo lugar na Bienal Internacional de S�o Paulo. Participa de debates sobre o movimento concretista.Artista muito premiado, participa de várias exposições. Em 1959, assina o Manifesto Neoconcreto. Não gostava de ser chamado de escultor. Deixa um casal de filhos. Sua última exposição, foi com Tomie Othake e Oscar Niemeyer, no MAC, em Niterói, realizada no inicio do ano.Seu pai, junto com o seu irmão fundaram a fábrica de carrocerias Ciferal, no Rio de Janeiro. Posted by Picasa

Tempo de chuva e frio.Entro silencioso, apenas, o barulho da chuva lá fora, sonoriza o meu dia.Passo um pano no mobiliário, nos corredores, nos salões, no varal e nos quadros que ficam expostos neste espaço.Fico sentado em uma das cadeiras do escritório, me ajeito para o aquecimento de minha gostosa visita aos blogs lindos da vida.Antes de mergulhar nesta rotina, deixo pendurado no varal:


Quero você fazendo sexo na
Cama ou na lama
Quero você em chamas
Quero ouvir seu gemido
Quero beijar o seu prazer
Quero que você rasgue a
Fantasia
Quero sua poesia
Quero seu sexo sem
Nexo
Quero seu corpo molhado suado
Quero apalpar os seus seios
Quero por todos meios você sem
Pudor
Quero seus segredos em meus dedos
Quero um segundo
Quero suas coxas abertas
Quero os movimentos
Libertos
Quero minha língua em sua língua
Quero provar o seu sabor
Quero seus gestos obscenos
Quero lamber seus lábios
Quero abrir as portas
Quero sua parte
Quero apenas este momento.

terça-feira, julho 19, 2005

Manhã Chuvosa


Sérgio Ricardo - "Sem Título", Óleo e acrílica sobre tela, 1990 - Cantor, Instrumentista, Cineasta, Compositor, Ator, Escritor . Nasceu em Marilia, São Paulo, em 1932.Descendente de uma familia libanesa. Atuou como substituto de Tom Jobim, em 1952, como pianista; ano de sua mudança para o Rio de Janeiro.Considero como um artista completo.Realizou exposições individuais em diversos lugares, com MIS em São Paulo, Centro Cultural do Banco do Brasil, em Niterói. Um artista em que composição musical e plásticidade, são elementos importantes. Artista popular, roteiriza os seus filmes e de outros diretores.Principalmente os que atuaram no chamado Cinema Novo. Participou dos movimentos de bossa-nova, um dos líderes da canção de protesto, com composições que sâo referências históricas para se compreender a música popular brasileira. Sua música Zelão, ficou muito famosoa e ganhou várias gravações. No Festival da Record, ganhou uma estrondorosa vaia, que o deixou irritado, fazendo quebrar o seu violão, mais tarde virou título de seu livro.Participou de Festivais da Canção. Autor de um livro muito importante;"Quem Quebrou o Meu Violão: Uma análise da cultura brasileira nas décadas de 40 a 90", editado pela Record, em 1991. O artista mantém uma página na internet.Uma pena! Ocupar tão pouco espaço na mídia, poderíamos descobrir melhor este talentoso artista. A temática de sua pintura, há uma forte presença do corpo feminino, pintando bundas e seios.Baseou um longa-metragem, em um trabalho que fez com o poeta Carlos Drummond de Andrade, a História de João-Joana( cordel musical) mas a Embrafilme,é encerrada no governo Collor, fechou-lhe às portas e a produção.Criou a SOMBRAS, uma organizão de luta pelos direitos autorais e de interpretes. ao lado de Chico Buarque e Jards Macalé Posted by Picasa

Hoje, cheguei mais tarde neste espaço.Passei, para recolher alguns papéis e deixar pendurado no varal um texto, que estava engavetado; escondido na última prateleira, misturado com outros sortimentos.


Naquela manhã chuvosa, avistei escondido no espelho refletido dos meus olhos,onde brilhava, uma linda imagem desenhada de uma mulher desnuda, envelhecida e de lábios rubros. Exalava o aroma dos perfumes dos jardins de outrora, das flores e dos amores.
Abri uma das portas e caminhei... por onde? Não sei! Apenas sei, que pulei a cerca que envolvia o meu corpo. E parti em sua direção para colar meus beijos em seus belos seios coloridos de carmim. Com um sorriso estampado abraçou o tempo. Fitou meu corpo e algemou meu braço nos contornos de seu corpo esbelto.Fechei bem os olhos abertos. Teci o sonho.Tive o desejo.
Convidei-a para dançar nos salões de meus pensamentos delirantes.É um convite? Sim! é um convite. Seus cabelos presos ao vento, deslizavam em minha face molhada por respingos suados do seu corpo ardente. Eram movimentos desordenados e descontraídos.Ainda. lembro! Não poderiam ser esquecidos. Desmanchava os lençóis feitos de retalhos que cobriam os meus desejos. Das janelas emperradas e desbotadas, que pintei e deixei na moldura exposta dos muros da sala que.decoravam o vazio Dali, recortei os acordes soluçantes que suspiraram ao sabor daquelas rimas mal escritas em Garamond, no calor das tardes insones.Rascunhei meu inconsciente. Coloquei na vitrola defeituosa o ritmo portenho de Gardel, “El dia que me quieras// endulzará sus cuerdas// el pájaro cantor, Florescerá la vida // No existirá el dolor.// La noche que me quieras.” por Astor Piazzola, viajei. Tingi o tempo em cores transparentes. Juntei cacos pontiagudos deixados ao léu.
Reminiscências guardadas no escaninho da vida remoída, dissolviam no tempo. Folhas mortas escritas e espalhadas ao vento, remendavam os traços de minha existência. Balançava aquele corpo diante de mim. Tateava os traços dos contornos definidos pelos dedos ofegantes
Vamos! Aproveite os instantes e rasgue o chão de meu coração, pavimentado pela ilusão. Derrube os tijolos das paredes de meu corpo. Coloque o Gato Negro Sauvignon perto daquelas taças.
Exausto, adormeci nos braços da noite vazia, depois, de ser alimentado das tardes enluaradas esquecidas em meu prato vazio. Nas prateleiras de meus pesadelos divertidos, cochilei. Desperto, desconecto meu sexo de meus dedos. Beijo o sonho guardado onde visto o meu agasalho de aço. Protejo das incertezas, os meus desejos entrelaçados pela minha vontade pintada nas cores daquela mulher envelhecida. Acompanhei o seu tempo, envelhecido também estou. Os objetos secretos arremessados no vazio de meu quarto de despejo. Ali, o espaço solene das lamúrias do tempo, recôndito da intimidade costurada na felicidade dos encontros clandestinos, pendurados nos cabides do armário.
Caminhei cambaleante pelas estradas sinuosas de seu corpo. Encontrei o meu destino carregado na boléia de seus braços. Para dar apertados abraços. Nos desencontros marcados no momento das horas daquele velho relógio sem ponteiros. Debrucei na esperança. Embrulhei as rugas temerosas e inquietantes no meu corpo envolto de papel celofane. Atados, em nós de nossas pernas, dos dedos e troncos, cruzamos em nossos lábios, os prazeres alcançados em gritos e sussurros. Entre quatro paredes exilei este momento.
Olho a lua minguante pelas frestas que iluminam os descaminhos de meus passos.Acendo a luz e apago a “máquina de fazer doidos”, que está ligada ao meu cotidiano.Quando olhei à noite, virou dia. Saio em busca do sol, que derrete meu corpo marcado pelo tempo. Atravesso as ruas transversais, vazias de gentes e carros. Olá, com vai? Paulinho, “me perdoe à pressa, vou pegar meu lugar no futuro”. Assim, por caminhos, que faço ao andar.Esbarro nos encontros oníricos e dos desejos que, passaram a fazer parte do meu ser.

segunda-feira, julho 18, 2005

O Coração


Antônio Maia - " A Pomba". Pintor sergipano, nascido em 1928. Autodidata. Adotou o abstracionismo informal como manifestação artística.Ganhador de diversos prêmios. Desempenhou o exercicio de crítico de arte do Jornal do Brasil.Este grande artista sergipano, mora há muitos anos em Copacabana; creio que por mais de 50 anos.No final dos anos 50, participa de vários salões de arte moderna.Nos anos 60, começa a pintar ex-votos, presença em grande parte de sua obra com tema da religiosidade popular do nordeste.Recebeu o título de Cidadão do Rio de Janeiro. Posted by Picasa

A cada dia que passa, encontro na blogosfera pessoas por demais interessantes, que estão arroladas em minhas páginas , como recomendação obrigatória de visita, pela qualidade dos textos, pela informação e pela arte de fazer excelentes blogs.Hoje, quero registrar o surgimento de algumas leitoras visitantes que enriquecem esta Quitanda, como as queridas amigas, para as quais dedico um carinho muito especial, como: Márcia Lustosa que identifico como a sensível poetisa Márcia L, Arlete Meggiolaro escritora iniciante de um interessante livro de contos, cujo título é: Silhuetas do Âmago, a repentista e poetisa Edi Gonçalves e a mestra em Literatura, a doce e querida Laila, são algumas das minhas visitantes sem blogs, mas que habitam o meu coração e este espaço. Para essas mulheres, dedico com o maior carinho e sempre, qualquer coisa que eu escreva pelas vias do coração.

Viajei para o interior do meu
Ser.
Para buscar os caminhos
Do coração.
Perdido nas estradas
Das imagens dissipadas
Nas placas da ilusão

Descobri atalhos
Que me conduziam
Pelas vias congestionadas
Das emoções que apenas fluíam
Nas passagens subterrâneas.

Dos desejos
Acelerados e poluídos .
Atropelado por seres
Imaginários nas trilhas
Que transitavam em meus
Sonhos noturnos e diurnos.

Das sensações prazerosas
Passo devagar pelos
batimentos caóticos.
Sem fazer muito barulho.

Os sofrimentos no vazio
De um coração Solitário
Escondido por
Divertimentos dos
Momentos angustiantes
Que brotavam no
Chão de minha
Mente tediosa.

Resgatava
Inerte
Minha rotina
Na eternidade das
Horas.

Procurava fugir
E encontrava ruas
E becos, calçados por
Retalhos
Da memória.

Ao pensar
Em estar perdidamente
Apaixonado
Por você.
Caminhei, Corri e Atravessei
Mas não encontrei
uma saída...

Ela estava
Na saudade
De seu sorriso
E de seu olhar.

Abri os olhos
Percebi que eu
Estava na
Contra-mão.

domingo, julho 17, 2005

No Mundo da Lua


Roberto Burle Marx -"Jardim Suspenso do Ministério da Educação e Saúde", guache, 1937 - atual Palácio Gustavo Capanema.Um artista polivalente.Referência obrigatória, para se entender a história do paisagismo no Brasil. Tarsila do Amaral, identificava um dos nossos maiores paisagista, como o "poeta dos jardins".Nasceu em São Paulo, no ano de 1909.Vem para o Rio de Janeiro,em 1913, ainda menino.Com 19 anos viaja para a Alemanha, no final dos anos 20.Ao conhecer o Jardim Botânico de Berlim-Dahlen,situado em um bairro de Berlim, manifesta o interesse em começar a cultivar plantas e classificar em um jardim de sua casa. Esta casa comprada com o seu irmão em 1949, na verdade um sítio com 365 000 m2,com mais de 3500 espécies de plantas, em Pedra de Guaratiba, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.Participa de vários projetos, como: em Brasilia, no Rio de Janeiro(Aterro - Parque -do Flamengo), os jardins no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte.Trabalha também com o poeta e arquiteto Joaquim Cardoso e Rodrigo de Mello Franco.Realiza projetos de jardins para as casas de Roberto Marinho e Castro Maia entre outros. Em 1985, dou o sitio para ser incorporado ao acervo do IPHAN.Na Alemanha, aperfeiçoa o desenho.Seu primeiro trabalho como paisagista, é feito por um convite de seu amigo o arquiteto Lúcio Costa nos anos 30.Burle Marx, neste período torna-se adepto da escola alemã Bauhaus, com a postura de um estilo humanista e integrador de todas as artes. Em nosso país, há um grupo de jovens arquitetos, entre eles Oscar Niemayer e o seu amigo Lúcio Costa, que são influenciados pelo francês Le Corbusier. Na moderna arquitetura brasileira, há estreitas ligações entre os três.Burle Marx, é um artista plural, é pintor,ceramista, arquiteto, paisagista, designer, artista plástico, tapeceiro e nas horas vagas gostava de cantar música lírica para seus amigos.No Rio, formou-se na Escola Nacional de Belas Artes. Faleceu no Rio, em 4 de junho de 1994, aos 84 anos. Olhar para o Brasil, certamente, encontrará traços da obra do magistral artista; ela, está incorporada no nosso cotidiano. Posted by Picasa

Desejo inicialmente, um ótimo fim de domingo, para todos os meus amigos blogueiros e leitores visitantes. Apareci bem rápido para colocar o texto no varal da poesia.Dia de jogo, vou rápido para sentar em uma das arquibancadas deste espaço plural.

Ando no Mundo da Lua
E fico
Mudo.
Do outro lado da rua,
Distraído nas fases minguantes
Delirantes das imagens
de seu corpo iluminado
desnudo.

Pintei você.
Em meu quarto brilhante.
Deitada em meus sonhos
Adormecidos.
Refletida pelo meu olhar.
Despi assim, seu desejo
O nosso desejo
de cores lunares artificiais
de um sonho crescente.

Lua pactua o luar
Nas ondas do mar
aberto.

Leva a suave brisa e
Carrega os meus versos
Diversos com as rimas de
Meu coração
Lunático
Fanático.
pela Musa.
Que me envolve de tesão.

Saio da órbita
Passeio na constelação
Das estrelas, passarelas
Estendidas nos encontros.

Exploro
O universo estelar
de seu corpo.
Dos versos esculpidos
Pelo tempo e o
vento.

Fotografado pela sonda
Dos olhares silenciosos
Nos dias solares
Busco no passado
Atado as rotações
do meu presente.


Revelações que
Apenas você
Continua ausente.
Na curva do Vento
Quem sabe?
O meu alento.

Que Alisa
Protagoniza e
Agoniza
Nas profundezas
De algumas de minhas
Incertezas.

De meu navegante ser.
Olho ainda pra você
Divindade
Distante
Mutante
Dançante
Habitante
Dos espaços lunares
Lua sorridente
Lua Mágica
Lua de Mel
Lua cheia
Que Flutua em minha janela
Pintada e bordada nas aquarelas
celestiais.
Surge sempre
Esta mulher que meus
Olhos insistem
ainda em ver.

sábado, julho 16, 2005

Minha Companhia


Rubem Valentim - Artista plástico nascido na Bahia, em Salvador em novembro de 1922; Considerado por muitos como um dos mestres do construtivismo em nosso país; movimento nascido na Rússia, em 1913.Foi um movimento sob influências do cubismo.Dentista por formação profissional. Cria uma arte autenticamente brasileira em consonância com a linguagem internacional.Foi jornalista e se envolveu com a pintura. Estreiou a sua primeira exposição individual no ano de 1954.Atua na mostra novos artistas baianos. Ganhador de vários prêmios.Participa de movimentos das artes plásticas, através da Revista Cadernos da Bahia. Réplicas de objetos do artista, são mostrados no desfile da Escola de Samba Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, cujo tema era: "De Portugal à Bienal, no país do carnaval" Morou em Roma por três anos.Participa do Festival Mundial de Arte Negra, em Dacar, Senegal.Falece em São Paulo, em dezembro de 1991.  Posted by Picasa

Este quitandeiro deseja um ótimo sábado, pleno de realizações e repleto de felicidade, para meus queridos amigos blogueiros e leitores-amigos. Hoje meu expediente vai ser encerrado mais cedo.Dia de festa, comemorarei o aniversário do meu neto Ramom, que nasceu no dia 12.Luz natural que ilumina este blog. Está feito o convite, sejam bem-vindos.Podem aparecer! Vai rolar guaraná até ao amanhecer.

Marquei encontro com o sol
Que de braços abertos,
Aguardava acalorado.
Com um sorriso nos lábios.

Caminhei ao lado de minha
Sombra
Não sei se ando só
Ou
Em sua companhia
Divagava
Devagar
Deixando rastros
na areia.

O mar do outro lado
Parecia querer minha
Companhia.
Chegou a beijar meus pés
Mas deixou apenas espumas
E o cheiro de maresia.

Ando ligeiro nos desencontros
De meus pensamentos
Tela de meus sentimentos.

Grito calado
Um
Monólogo
Não sei se é comigo
Ou com a minha
Companhia.

Que me desafia
Que me segue para onde
Quer que eu vá.

Deixo para trás
Presentes enfeitados
Pelas lembranças
Perdidas
Pelos caminhos e
Cruzamentos
Da vida.

Ela silenciosa
ainda me perseguia.
Sou parecido com ela
eu sei também
que não desistiria.

Iria em busca dos
sonhos traçados
rabiscados
criados todos
os dias.

sexta-feira, julho 15, 2005

O Canto da Sereia


Carybé - Hector Julio Paride Bernabó -"Carnaval", óleo s/tela, 1934 Pintor Nasceu na Argentina em 1911 e viveu na Itália até aos 8 anos. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.Naturalizado brasileiro, Mudou para Salvador e fixou residência na Bahia, nos anos 50. Trabalhou com Júlio Cortasar em 1935/36.Foi convidado por Carlos Lacerda, para trabalhar na Tribuna da Imprensa. Recebeu o apelido de Carybé. Sua obra é compreendida por desenhos, pinturas,ilustrações, esculturas e talhas. Reflete a cultura baiana com a temática das festas populares, o folclóre e cenas do cotidiano baiano. Foi eleito o melhor desenhista na 3ª Bienal de São Paulo, em 1955.Há murais pintados por ele, em diversos países. Foi ilustrador de vários autores, como: Mario de Andrade,Gabriel Garcia Marques, Rubem Braga e Jorge Amado. O homem de muitas cores, trabalha também com a temática afro-brasileira. Apaixonado por Salvador, ganhou de Rubem Braga, um presente, uma carta enviada ao amigo Anisio Teixeira, então secretário de Educação na Bahia,obtendo um emprego para desenhar cenas do cotidiano baiano Declarava que a Bahia, tem tudo de que um pintor procura,"luz, água e mar aberto".Morre do coração em outubro de 1997, em uma sessão de candomblé, na cidade de Salvador.O artista segundo relatos, sofria de insuficiência respiratória crônica.Acho a obra deste múltiplo artista muito rica.Era um personagem típico da Bahia. Editou livros com Pierre Verger, etnólogo e fotógrafo radicado na Bahia, como o livro editado nos anos 80: "Iconografia dos Deuses no Candomblé na Bahia", editado pela Raízes. Produziu os cenários para o filme de Lima Barreto, "Os Cangaceiros", criou a abertura da novela "Gabriela" e atuou como figurante. Posted by Picasa

Levantei cedo e fui caminhar pelo calçadão de Copa. Meu destino, ir até o final do Leme. Passar pelo Caminho do Pescador e voltar.Aproveitei o tempo e rápido pulei o muro, abri janelas e portas para então estender o varal e deixar secar ao vento, os escritos que trago guardado no meu peito.


Mergulhei em sono profundo
Para ir ao seu encontro
Nadei nas ondas dos sonhos
Que brincavam
E deslizavam durante
As noites de lua cheia.

Encontrei em um canto
Distante
Uma sereia.
Em seu canto,
Um encanto
Que lembrou meu pranto

O mar silencioso
Misterioso
O vento calado
Um barco à deriva
Levava os meus sonhos.
Navegantes

Náufrago, encontrei
Nos rochedos de
Meus segredos
A
Metade mulher
A outra metade
Peixe.

Andei pescando ilusões
Nas redes e tarrafas
Da vida
Ancorados no futuro
Das recordações..

Embarquei em canoas furadas
Atravessei mares algumas vezes
Navegados .
Olhei para as estrelas

Esqueci de mim
Na correnteza
Para lembrar de você
Você
Que
Parece com aquela
Sereia
Que me carregou
Para o fundo do
Mar
Ao ouvir
Que queria
Apenas
Amar.

quinta-feira, julho 14, 2005

Notícias de um Sonho


José Pancetti(Giuseppe Gianinni Pancetti) - "Lavadeiras da Lagoa do Abaeté", Òleo s/ tela, 1956. Pintor - Nasceu na cidade de Campinas, em São Paulo, no ano de 1902 e faleceu no Hospital da Marinha no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1958.Participou pela Marinha na repressão aos movimentos revolucionários de 1922, no Forte de Copacabana, em 1924, na Revolução Paulista, na Revolução de 1930, no fim da Primeira República, em 1932, na Revolução Constitucionalista e por último, na Intentona Comunista de 1935. Sempre atuou nas forças legalistas. Alistou-se na Marinha no ano turbulento de 1922.Na Itália, passou pela experiência na marinha mercante. Aos 10 anos seus pais, o mandaram viver na Itália com os tios e mais tarde conviveu com os avós.Os pais eram natural da cidade de Toscana.Teve uma experiência como carpinteiro. Retorna ao Brasil,em 1920. No inicio dos anos 30, aproxima-se do Núcleo Bernadelli. Foi considerado por muitos como um dos maiores paisagistas modernos em nosso país.Nos anos 40, ganha prêmios no Salão do Museu de Belas Artes, um dos prêmios que obteve foi uma viagem à Europa. Participa de Bienais, a de Veneza em 1950 e no ano seguine na de São Paulo, com três obras. Foi comemorado a mostra "Cem Anos de Pancetti, realizada no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC). Posted by Picasa

Neste 14 de julho, data em que se comemora na França, o aniversário da Queda da Bastilha,de 1789, na célebre avenida dos Champs Elysées, com um desfile militar, inclusive, tendo como convidado o nosso presidente e as Forças Armadas do nosso país. Após, a leitura dos jornais na internet, fico bem informado.Abro à porta, após passar um óleo nas chaves.Abro às janelas, escancaro e deixo entrar o vento e o sol. Vou em seguida, para os salões em que penduro o varal e coloco para desfilar os meus escritos ao sabor do vento.
Atenção!
Quitanda, Urgente!
Noticias de última hora.
Passou pelos corredores
Um sorriso de felicidade
Envolto em um balançar
Com cabelos esvoaçantes.
De corpo moreno em
movimento.
Com a idade que o tempo
Ofereceu.
Sua beleza rara, é
de uma alteza.
Que transita e habita
Os meus castelos
De sonhos, que
Evocadas nas manhas seguintes
Desaparecem ...
Mas, esta, não.
Estava ali,
De corpo e alma.
Tanto e no
Entanto que
por um encanto
Dobrou as esquinas
E seguiu em frente
Para parar diante
Do meu coração
Em chamas
Com os batimentos
Acelerados
Acalentados
Mas que foram
Apagados de
repente
Pelas noticias de que
Aquele momento,
Foi apenas de
Ilusão
Passageira.
Personagem
Da leitura
De um livro
Ou
Simplesmente
De uma página
Editada
Em branco
Onde eu descrevia
Sua bela imagem
De mulher, que me seduz.
Destas
Que divagam e são
Tecidas e desenhadas
Nas aquarelas de
Sonhos impressos,
Pintadas, como
Partes de meus
Sonos que
Permanecem
No meu Cotidiano.

quarta-feira, julho 13, 2005

O Vento


Ione Saldanha - "Casario",Óleo s/ tela, 1951- Gaúcha de Alegrete,no Rio Grande do Sul,nascida em 1919. Pintora,Desenhista e Escultora.Mora em Paris e Florença, no incio dos anos 50.Aprende técnicas de afresco na Academia Julian. Ao olhar em uma revista viu a reprodução de uma pintura de Matisse, este momento, foi o inicio de duas decisões: a de se tornar pintora e mudar para o Rio de Janeiro.Nos anos 40, torna-se aluna de Pedro Correia de Araújo para o aprendizado da pintura.Em 1968, ganha o Prêmio Jornal do Brasil, ao participar da exposição na Galeria Bonino, em Copacabana; aproveitou para conhecer os Estados Unidos.O caminho da fama e do reconhecimento se solidifica.Trabalha com ripas e bambus coloridos.Participa de diversas premiações, em mostras individuais em salões e galerias.Elogiada pela crítica, como as de Roberto Pontual, Walmir Ayala, Mário Pedrosa, Aracy Amaral. Há diversos livros. abordando a obra desta fantástica artista.Dava cursos no Museu de Arte Moderna. Falece no Rio de Janeiro, em 2001. Posted by Picasa

Entrei pela Quitanda adentro, para buscar escondido na gaveta, bem na parte inferior, folhas de papel, em que eu pudesse escrever.Agora pronto, coloco neste varal, um dos espaços, para exposição de meus escritos.


O sol ilumina o meu corpo
O vento chega e leva minha
Poesia para bem longe.
Distante
Onde nem meus olhos
Enxergam.
Apenas o coração
Sonorizados pelas emoções
Ao encontrar com o seu.
Pego carona no vento
Deixo de ficar ao relento
Escrevo por linhas tortas
O meu tormento.
Ancorado no porto
Embarco nas ondas
Que o destino parecia
Querer me levar.
Cedo os medos
Desato os atos
Comedidos
Cerimoniosos
Escondidos em meu peito.
Você, distraída passou
Por mim
Fantasiada
Brincando com os
Meus sentimentos.

terça-feira, julho 12, 2005

O Vôo do Passarinho


Alfredo Volpi - Nasce em Lucca, Itália no ano de 1896 - Filho de imigrantes, chegou ao Brasil, com um pouco mais de 1 ano.Usava a técnica de têmpera, fazia seus pincéis e telas.Auto didata, não participou dos movimentos modernistas.Um dos formadores do Grupo Santa Helena, nos anos 30. As banderinhas, um dos temas de Volpi, está presente em sua obra . Passa por uma fase religiosa e de temas populares. Sua primeira exposição individual, realiza-se na Galeira Itá, em 1944. Ganhador de vários prêmios. Mantém contato com os poetas concretistas. Divide o prêmio da Bienal de São Paulo, com Di Cavalcanti. Morou no bairro Cambuci, na região central de São Paulo. Foi decorador, pintor de ornamentos em muros, tetos e paredes dos casarões da Avenida Paulista. O tema das bandeirinhas, o fascinou, quando em visita â cidade de Mogi das Cruzes, estavam expostas na praça central.Morre aos 92 anos em São Paulo, no ano de 1988 Um dos segredos de sua felicidade, estava no vinho tinto italiano, que gostava de tomar.Não chegou a fazer fortuna. Em Cambuci, por onde morou por grande parte de sua vida, adotou muitas crianças.Amigo do escultor Bruno Giorgi, por mais de 40 anos, parceiro em seus jogos de paciência. Posted by Picasa


Lá fora o sol, aqui, a poesia. Os dois com a mesma luminosidade.Astros de nossa vida. Colocando no varal para secar ao sabor dos ventos.


Queria ser um passarinho
Nas asas de sua imaginação.
E voar para perto de você.
Alimentar o meu desejo,
Beliscar o seu encanto.

Na revoada seguinte liberar o canto
Engasgado, entalado
Pousados nos galhos da vida.
Quebrar o galho.
Afinar o canto.

Tocar o sol e me abrigar da chuva.
Ajudar a fazer o ninho
Com muito carinho.
Sou esse passarinho

Inquieto no vôo rasante
Nos instantes
Em que eu ficava naquela
Gaiola
Solitário.
Fugi,
Para procurar o seu canto,
No entanto,
Você não
Aprendeu a voar.

segunda-feira, julho 11, 2005

Márcia L


Francisco Rebolo Gonsales - "Paisagem", óleo s/tela. Artista Plástico - Rebolo como era conhecido, nasceu em São Paulo, em 22/08/1902 - Filho de imigrantes espanhóis - Um grande artista, em que combinava pintura com futebol. Atuou no futebol de 1921 a 1927, no Corinthias e no Ypiranga.Abandonou depois a carreira de jogador e intensificou a de pintor. Há uma página na internet dedicada ao artista.Tinha uma preferência temática por paisagens ao ar livre. Foi de sua autoria o desenho simbolo do Corinthias. Junto com Alfredo Volpi, Humberto Rosa, Aldo Bonadei, Mário Zanini e outros nomes que fundaram o Grupo Santa Helena, em um edifício que dividia a Praça da Sé e Clóvis, no centro de São Paulo, no começo dos anos 30.Falece em 1980. Posted by Picasa

Faz um bonito sol aqui, em minha cidade. Aliás, o Rio de Janeiro, é sol, é poesia. Um brilho permanente vestido de alegria, contornado por diversos prazeres. Do olhar ao caminhar, paisagens cristalinas na linguagem da natureza. Mas que beleza, em versos de um cantor.Apaixonado pelo Rio, rio das coisas que me encantam e que me levam a voar, nas asas do amor.Um amor plural pela cidade,pela literatura e pelos versos. Coloquei no varal, uma poesia, se é que posso assim classificar, mas que estão nos corredores, nos murais e no varal da Quitanda, que habitados por outros poetas, escritores, blogueiros, leitores, contribuiram de algum modo, o meu momento de pensar que escrevo também poesias.

Márcia L, uma fantástica menina que habita
Meus sonhos e fantasias.
Brinca com as palavras
Escreve poesias.

Márcia L, misteriosa menina que habita
Os meus olhos e me encanta de
Alegria
Escreve poesias.

Márcia L, menina mulher que habita
Em minha emoção
Desenhou em meu coração
Escreve poesias.

Márcia L, linda poetisa que habita
Minha mente
Conduzida por sua doçura
Escreve poesias.

Márcia L, tesouro precioso que habita
Este espaço
Que dedico também a sua
Poesia.

domingo, julho 10, 2005

Cacos de Um Espelho


João Câmara Filho - "Uma Confissão" (óleo s/madeira) - Pintor/Gravador. Nasceu em João Pessoa, Paraíba em 1944. Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Formado em Psicologia pela Universidade Católica de Pernambuco.Foi aluno de Vicente do Rego Monteiro.Escreve desde de 1962 no Diário de Pernambuco. onde mantém uma coluna.Desempenha também o seu trabalho como professor.Com Adão Pinheiro e outros artistas, o Ateliê Coletivo da Ribeira, em Olinda.Artista com intensa atividade. Criador da Associação dos Artistas Plásticos de Pernambuco.Em 1994, torna-se membro do Conselho Nacional de Politica Cultural. Artista muito premiado.No ano de 1995, recebe o Grau de Comendador da Ordem do Rio Branco.O artista também exibe na internet, uma página com os seus trabalhos. Posted by Picasa

Dia friorento, aqui na Quitanda, mas que é aquecido por imagens de amigos e amigas que são na verdade, fregueses deste espaço.Dei um pulinho rapidinho lá fora, para colocar no varal e ficar em exposição, o texto de hoje.

Parti para recolher os cacos do vidro
Daquele espelho, em que me via diferente.
No horizonte de sonhos derramados.
Inflamados
pela poeira de fumaça
Que ardia meus olhos.

Despedaçado
Fragmentado
Partido
Por guardar lembranças
Das imagens de uma mulher
Personagem principal
Nas telas de meus sonhos.

Hoje, continua sendo ontem.
Ontem, será amanhã.
Ainda tenho tempo de recolher
Os cacos, os velhos
pedaços do meu tempo.

Faz horas que estou aqui
E não encontro
Os cacos.

Contemplo silencioso um retrato
Impresso, revelado
Esmaecido, por
Imagens distorcidas,
Distraídas
Que levitam no espaço
Desocupado pelo meu
Coração.

Ali, no canto de minhas
Lembranças, estão
Os mesmos cacos
De um espelho, que partiu
No interior do tempo
Perdido
Espatifado
Para se jogar no
Lixo.

sábado, julho 09, 2005

Brincando com os Sonhos.


Nelson Coletti - "Óleo s/ tela" Artista Plástico/Cartunista, nascido em Monte Aprazível, no interior de São Paulo, no ano de 1935.Trabalhou por mais de 20 anos na Folha de São Paulo, como cartunista, desenhista.Colaborou em jornais e revistas. Produziu capas de livros, entre elas: a bonita capa de "20 Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada", de Pablo Neruda.Artista talentoso, expõe em várias galerias.O artista mantém uma página bem interessante na internet. Participa da coletânea: "A História do Futebol no Brasil através do cartum", de Jal e Gualberto Costa, editado pela Bom Texto Editora. Posted by Picasa

Um sábado com visita de meu neto.Acordei entusiamado com este encontro.É o cruzamento do tempo, passado, presente e futuro, estabelecidos por elos, que imagino serem duradouros e sólidos.Se eu modifiquei, confesso que sim. Não poderia ficar inerte e sim participar, ficar envolvido dentro dos meus limites.Respeitá-lo antes de qualquer coisa.São diversas alegrias que experimentamos com o nascimento de um filho, imagine agora, que eu simplesmente, experimento uma inenarrável vivência no papel de avô.É com um sorriso que comecei a modificar; ele com sorriso e choro, mostrou que a vida estava também ali, simplesmente começando.

Brincando com os sonhos desenhados
E coloridos de minhas lembranças.
Onde corria atrás deles.
Corri pelas esquinas e ladeiras.
Atravessei ruas e avenidas.
Avancei sinais, atropelando
As ilusões.
Esquecidas pelos caminhos.
Sonhos alados criavam a minha história.
Fragmentadas pelo tempo.
Passado
Imagens esmaecidas e desordenadas eram
Coladas e
Mentiam para mim.
Acordado
Fingia ter acontecido.
Eram vários ou apenas um.
Apenas sei, que estiveram
Ali,
Para brincarem comigo.
Não sei se ajudavam ou
Atrapalhavam.
Simplesmente, surgiam e
Desapareciam.
Não adiantava
Perseguí-los?
Como?
Se
Eles estavam
Dentro de mim
Guardados, amarrados
Escondidos, bem escondidos
Com medo de serem
Roubados
Por você,
Mulher de
Linda presença em
Meu Cotidiano.

sexta-feira, julho 08, 2005

Solidão


Yolanda Lederer Mohalyi - Pintora/Desenhista Nasceu na Hungria (1909/1978) - "Natureza Morta" (Aquarela) - Participou da Real Academia de Belas Artes de Budapeste - Migra para o Brasil, em 1931, para morar em São Paulo.Ensina pintura e desenho para Maria Bonomi (1931) e Giselda Leirner (1928).Freqüenta o ateliê de Lasar Segall (1891/1957) Na década de 30, integra o grupo 7, ao lado de grandes nomes da pintura, como: Victor Brecheret (1894/1955).Nos anos 50,participa executando mosaicos e murais para igrejas.Passa para uma fase de xilogravura.Cria os vitrais para a FAAP e leciona desenho e artes plasticas.No final da carreira, tematiza o humano e o social em sua fase abstracionista. Realiza inúmeras exposições na Bienal de São Paulo. Recebe premiações no exterior. Posted by Picasa

Hoje, resolvi colocar no varal um texto mais antigo.Dei uma soprada na poeira, para deixar pendurado, ao sabor do vento e aos olhos dos meus queridos leitores e amigos.

Retoquei sua maquiagem
Desenhada em meu coração,
Agora sorridente.
Nos movimentos
Acelerados e camuflados de minha
Ilusão.
Despi em silêncio meu corpo.
Uma dor passou por mim.
Olhei para o quarto da lua embranquecida.
Estrelas cambaleantes pintavam o céu cinzento
Entrelaçadas aos meus desejos contorcidos
Olhei para os contornos da esperança de um encontro marcado.
Aparecia apenas um brilho tênue de
Doidivanas imagens que dançavam ao meu redor.
Abracei o vento que corria ligeiro pelas
Frestas molhadas daquelas janelas.
Lambuzadas pelo tempo amarelecido,
Desbotado
Envelhecido
Presentes em meus sonhos de valsa
Embrulhados no velho travesseiro.
Fechei os olhos, que nem estava abertos.
Dormi, sonhando o sonho sonhado
De minha eterna companhia.
A solidão.
Ela!
Sim! veio dialogar,
Silenciosa
em voz alta.

quinta-feira, julho 07, 2005

Palavras


Ismael Nery - "Três Figuras" - (Aquarela s/papel) - Pintor Paraense, nascido em 1900. Trabalhou no Ministério da Fazenda, onde conheceu o poeta Murilo Mendes(1901/1975), ilustra seus livros. Casado com a poetisa/escritora Adalgisa Ferreira (Adalgisa Nery : 1905/1980) - Morre aos 34, vítima de tuberculose.Destacado em Bienais e Retrospectivas - Em 1915, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes. Não era artista, não era pintor, era poeta, era filósofo Renegava sua qualificação como pintor. Na 8ª Bienal de São Paulo, foi prestada uma homenagem, expondo vários de seus quadros de sua fase surrealista. Posted by Picasa


Entrei mudo e saí calado. Deixei pendurado no varal.

Vou cortar a palavra
E repartir com você.
As palavras cruzadas,
Palavras mudas-surdas
Palavras oferecidas.
Peço a palavra,
Cantada
Peço a palavra,
Passageira
A palavra medida, por
Certas palavras.
Palavras conjugadas,
Atravessadas.
Palavras rabiscadas
nas linhas
De minhas emoções.
Leituras silenciosas
De seus lábios
Palavras anunciadas
Sem palavras,fiquei
Palavras
Apalavradas
Trocadas
Bordadas
Calejadas
Palavras ao Vento
Palavras escritas
Palavras faladas
Palavras amigas
Palavras no papel
Palavras soletradas
Word
Mot
Wort
Parola
Palabra
Confesso que
Daria a minha última palavra
Sim! Chega mais para perto.
Mais de perto.
Para uma palavrinha:
Eu
Adoro Você!

quarta-feira, julho 06, 2005

Labirintos


Emiliano Di Cavalcanti - 1897/1976 - Nasceu no Rio de Janeiro. Um dos prinicipais articuladores da Semana de Arte Moderna, é referência obrigatória no movimento modernista - Um dos nossos maiores pintores, um dos maiores intérpretes de sua época.Com sua postura de esquerda, aproximou-se do cubismo de Picasso e dos muralistas mexicanos.Na vanguarda do modenismo.Ilustrou livros, escreveu crônicas em jornais.Elegeu como um dos temas, a sensualidade da mulata brasileira. Em 1921, recebeu convite para ilustrar o livro "Balada do Cárcere de Reading", de Oscar Wilde.Convive com Picasso, Matisse e Braque Posted by Picasa

Local de exposição: Mural da Quitanda.


Procurei você pelos labirintos
De meus pensamentos.
Dobrei a esquina da ilusão.
Passei pelos sonhos de personagens
Que voavam nas asas de Ícaro.
Foi em vão.
Achei no chão
Abandonada.
A imagem que coloquei nas
Paredes de meu coração
Para então ser ,
Guiado por minhas artérias e becos
Sem saída.
Isolado.
Calado.
Abraçado com a minha memória
Reinvento minha história.
Diante dos espelhos femininos,
Embaçados,
Pintei minha realidade.
Claridade Escurecida
Daquele momento
Fragmentados pelo passado
Dilatados nas cavidades
Da esperança
De encontrar caminhos
Em que eu, matasse o Minotauro
E fugisse do labirinto de meus
Pensamentos.

terça-feira, julho 05, 2005

LIA


Abelardo Zaluar -"Natureza Morta em Vermelho",1971"(cartão e vinil sobre eucatex) Desenhista/Pintor/Professor Nasceu no Rio de Janeiro, em Niterói, no ano de 1924.Fundador da Escolhinha de Arte do Brasil, no Rio de Janeiro - Professor da Escola Nacional de Belas Artes - Falece no Rio de Janeiro, em 1987. Sua primeira exposição foi na Galeria Bonino, em 1969, no bairro de Copacabana. Posted by Picasa

Nos corredores da Quitanda, passou um rajada de vento do sudeste, temperatura amena, agradável, inspiradora dos escritos de hoje, colados para secar ao sabor do vento, no varal do lado esquerdo deste espaço em que há lugar cativo para os escritos inspirados pelo tempo.O sol brilha lá fora e aquece aqui dentro.

Lia na janela.
Lia
Meu desejo nos versos de seus olhos
A poesia das estrofes em seu corpo
O movimento da prosa em seus lábios
O momento do silêncio de suas mãos
Lia
A qualquer instante o diálogo de nossas línguas
O enredo da magia do seu rebolado
A sincronia dos acordes do seu coração
Lia em sua casa
Os poemas nos limites de uma página
Sonetos de amor em outra
Cenas poéticas de encontros e desencontros
Lia
Palavras na emoção dos fonemas
Tercetos desenhados em seu semblante risonho
Arte emoldurada para os meus olhos
Lia, apenas Lia...
a sua poesia.



segunda-feira, julho 04, 2005

Os Primeiros Passos


Antonio Dias - Artista Plástico / Desenhista - Nasceu em 1944, Campina Grande, na Paraíba - "Fumaça de Prisioneiro", 1964 - Óleo e látex - Artista premiado, recebe aulas de Goeldi.Depois do inicio dos anos 80, vive e trabalha na Alemanha Posted by Picasa

Abri, hoje, as portas da Quitanda, ainda exalando felicidade; ontem, vivi um momento muito singular.Fui visitado por um menino, que fui testemunha de seus primeiros passos. Na verdade, não sei traduzir bem aquele momento. Sei, apenas, que foi de felicidade mútua.Fiquei em estado de encantamento e de intensa alegria.Da passagem de um engatinhamento para os primeiros passos, dos muitos que serão dados em sua vida.Agora, começa a se posicionar para ficar em pé, segurado pelas mãos e pelo equilibrio do corpo.Avançar ou recuar, serão caminhos escolhidos pela vida.Seguiremos com certeza, rumo ao futuro. Ele, iniciando, eu continuando. Avó na platéia, deste palco, aplaudia, o grande espetáculo da vida. Segundo Lao Tsé: "Uma longa caminhada começa com o primeiro passo".


Andei bem devagar de mãos dadas com a alegria.
O sorriso e a felicidade, estavam estampados.
Os passos cambaleantes, os primeiros de muitos outros,
Assim, de mãos dadas, continuei.
Um de cada vez.Os pés buscando o destino.
A emoção de um, lado a lado, com o momento.
O sorriso, o tropeço em direção ao futuro.
Eu de um lado, ele ao lado.
No aguardo do passo seguinte.
Um instante lindo, encontro de passos e contrapassos.
Cadências rimadas e sonorizadas
Maestro de seu rumo, no ensaio
De conhecer o seu mundo.
Vasto mundo.
Os passos trocados com as pernas
Segurados pelos meus braços
Interrompidos para abraços
Vesti minha roupa de palhaço. Fiz Graça!
Minha alegria, era o sorriso dele.
Andei, andamos.
Enlaçados
Rimos Sentados
No encontro do futuro com o presente
Presente que recebo
Um delicioso presente , ao participar
Dos primeiros passos de meu
Neto.