domingo, setembro 24, 2006

Uma conversa sobre livros e livrarias

Wilton, blogueiro da Quitanda do Chaves, caricaturado por um talentoso colega de trabalho, o artista Alexandre "Chambinho". Sou agradecido pela homenagem do colega, reproduziu quase que fielmente a minha imagem. A presença do felino nesta imagem, acredito que é para dizer que sou e estou realmente um "gato". Observação: O desenho ficou "escondido", foi para um outro local, na parte inferior do post.

Olá!

Aproveitei o momento, em que ainda, não recebi a visita de Ramom, para fazer alguns rabiscos no Mural da Quitanda. Inicialmente, agradeço as visitas de amigos leitores e blogueiros amigos. Esclareço aos amigos que aqui passaram e deixaram mensagens, farei visitas em breve, tão logo, administre melhor o meu tempo. Tenho ficado muito contente, pois, recebo visita de pintores que “exponho” na Galeria do blog, estão chegando aos poucos.

O assunto de hoje, são as reminiscências do meu tempo de livreiro. Depois que voltei ao mercado de livros, pude observar e confirmar a prazerosa identificação que tenho com o universo do livro, seja pela via do título de uma obra, do nome de um autor ou a oportunidade de encontrar velhos amigos; alguns desde dos tempos em que criei nos anos 80, a Livraria Quarup, na Rua Visconde de Pirajá, com Aníbal de Mendonça, no bairro de Ipanema.

Era um tempo de muita efervescência intelectual, de muito agito, de contato com escritores, psicanalistas, poetas, professores universitários; a livraria promovia vários lançamentos de livros; ou como uma vez, colocamos cenas do filme, “Prova de Fogo”, de Marco Altberg, produzido em 1980, com a participação de Pedro Paulo Rangel, Maitê Proença, Ligia Diniz (irmã de Leila Diniz) e outros artistas. Um dos roteiristas do filme foi o meu colega de faculdade, o antropólogo Níveo Ramos, que publicou em livro de mesmo título do filme e editado, pela querida editora Achiamé, depois pela ECO, uma casa editorial concentrada em sua linha editorial, livros de Umbanda, parece que ali, foi editado a primeira edição de O Diário de Um Mago, de Paulo Coelho e posteriormente editado pela Rocco, havia um outro livro chamado Manual Prático do Vampirismo, na verdade estou em dúvida se foi lançado pela editora Christina Oiticica, esposa de Paulo Coelho e proprietária da Shogun Arte, sediada no Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana, lembro que editavam livros de poesia, livros de Paulo Coelho em parceria com Raul Seixas. Havia neste período muitas editoras chamadas alternativas, com pequenas tiragens e com dificuldade de penetração no mercado, muitas sucumbiram, assim, como as livrarias.

Sempre tive vontade de participar do mundo dos livros, primeiro, claro, como leitor e depois, como aprendiz, iniciei como “auxiliar de vendas”, em uma livraria e minha “estréia” foi concretizada, na Interciência, livraria, uma boa livraria, especializada em livros técnicos. A partir dali, compreendi, que é imprescindível, para o profissional do livro, ter uma intimidade com a leitura. Hoje, percebo claramente, que a bagagem que carrego, facilitou em muito, o meu trajeto no ramo do livro. Acredito que eu seja profissional singular no mercado editorial.

Por curiosidade intelectual fui um sujeito de “dialogar” em vários campos do saber, como: Serviço Social, Pedagogia, Psicologia, Comunicação. Claro, dando uma tintura maior na área de minha formação. O perfil de minha clientela havia uma ligeira predominância do pessoal psi.

Alguns livreiros (donos de livrarias), atualmente são receptivos ao pessoal com formação mais elaborada, com bom nível de cultura geral. Por outro lado, observei e esbarrei em uma barreira, revestida por puro preconceito em que o profissional mais qualificado era considerado por um segmento de “livreiros”, como “mais caro”. Assim, como ouvi de livreiros, que declaravam que raramente pegavam um livro para ler, alegavam falta de paciência e de tempo, para se dedicarem à leitura.

Ler é uma atividade solitária, requer tempo e naturalmente dinheiro, para aquisição de livros. Acho interessante neste momento, foi resgatar, reviver através da memória, da leitura de resenhas e dos títulos, autores e situações envolvidas com o livro; estavam ali, adormecidas em um canto da memória e foi sendo reativado aos poucos.

Há mais de dez anos que estou afastado dos livros, de livraria, o tempo é maior, por volta de 20 anos. Fico satisfeito, pois, a minha memória está bem viva e “não me abandonou”.

Hoje, faço um mês que voltei para o livro, é um sebo, estou curtindo muito, pois, sou um caçador de preciosidades, farejo os livros, manuseio este objeto com carinho, que me proporciona uma enorme satisfação. O prazer da leitura está presente e alegria de reencontrar com pessoas amigas. Uma constatação que gosto de salientar, o público feminino, é o maior consumidor de livros. Uma declaração destas, ao ser entrevistado, foi dada por mim em um seminário do pessoal da Revista Rádice – Revista de Psicologia (surgida nos anos 70 e extinta em 81) e do jornal Luta e Prazer (jornal “alternativo” que foi editado pelos meus conhecidos dos anos 70, Carlos Ralph e Dau Bastos) Dau, encontrei anos depois, quando publicou o livro “Das trips, coração”, pela editora Marco Zero, lugar em que trabalhei na parte de vendas, junto a um dos donos da editora, o escritor amazonense Márcio Souza, autor de uma vasta obra

Queridos amigos e leitores amigos, volto a conversar no próximo domingo, agora, chegou Ramom, cheio de pintas pelo corpo, com catapora. Agora, fica impossível de continuar. O texto estava previsto para ser postado pela parte da manhã, mas mal terminei de escrever, o menino muito levado, fazia ser ouvido, pelos gritos chamando por vovô.

Até breve.

domingo, setembro 03, 2006

Papo de Domingo

Claudio Faciolli : Pintor e Professor. Uma de suas exposições, foi realizada na Galeira Rembrandt; exposição na Galeria Fesp, na sala Djanira. Mantém um espaço para os usuários de saúde mental, desde 1988.( Fonte de Consulta - Murilo Castro, Rembrandt Escritório de Arte e Molduras, Portal Illumino, Galeria do Ateliê, no bairro da Lapa, Secretaria de Comunicação Social do Estado do Rio de Janeiro)













Olá!

Estou de volta, ou pelo menos, é esta a minha intenção. Depois de uma longa ausência, pensei com carinho em retornar junto aos amigos queridos, leitores e para o espaço blogueiro que criei, há mais de um ano. Deixei a Quitanda, fechada para balanço e o resultado, foi positivo, optei por continuar, embora, com freqüência reduzida. Escolhi pelo menos um dia da semana e o ideal, ficou, para os domingos. Dia de atualizar conversas, textos e outros assuntos de meu universo doméstico, que tem como protagonista principal o meu neto Ramom.

A Quitanda estava mesmo abandonada, verdade, mas não a ponto de ficar entregue às baratas. Pretendo retomar as visitas que faço sempre de modo prazeroso aos amigos blogueiros, o mais breve possível e será preferencialmente pela parte da manhã (madrugada). O afastamento (sumiço) foi motivado por uma proposta de trabalho, que me levou a retornar ao mercado de livros. Pensei e repensei, era a oportunidade que faltava, não hesitei; acabou por mostrar-se atraente por ser o único segmento do mercado de livros em que não atuei; o chamado “sebo”, que predomina a venda/compra de livros usados.

Fui por um longo tempo, um habitual freqüentador de sebos, gosto deste ambiente, de fuçar as prateleiras e encontrar "tesouros", deste modo, montei um grande acervo na área de ciências sociais, em parte por minhas visitas aos alfarrábios, principalmente os localizados no centro da cidade. Eram poucos, mas bons sebos, lembro que fazia o circuito, começando pela Livraria São José, na rua São José, comandada pelo livreiro Carlos Ribeiro e acabava em uma livraria qualquer, podendo ser a Ler (Ernesto Zahar). Atualmente, observa-se um aumento do comércio de livros usados, espalhados pelos bairros e aos diversos camelôs em vias públicas.

Iniciei o trabalho em uma livraria na zona sul, com o propósito de arrumar as estantes, nomeando os assuntos em temas do conhecimento, dividindo-os, no sentido de facilitar para o cliente, a localização do livro. Gosto deste trabalho, ali, revejo livros e alguns amigos. Naturalmente, o trabalho abre possibilidades para novos conhecimentos, com clientes/leitores. Acho muito rica esta interação. Grande parte de minha vida foi envolvida com livros, passei por diversas fases na minha situação de profissional do livro. Depois que encerrei as atividades da distribuidora e editora, fiquei afastado por anos do mundo dos livros. Trabalhar em sebos, gerou sempre em mim, uma satisfação; entro em contato com o universo editorial, identifico as editoras que fui distribuidor, das editoras que fecharam e as livrarias, cujo registro são marcados pela etiqueta colada no livro, algumas, não existem mais, mas de alguma forma, voltam à tona e desenham para mim a história do mercado editorial.Hoje muitas editoras foram absorvidas por editoras estrangeiras, que com bom apetite, devoram qualquer editora que esteja pelo caminho. Uma editora que fui distribuidor, recentemente foi incorporada a uma editora que produz revistas de palavras cruzadas.

Encontro preciosidades. Algumas jóias raras, quanto ao autor ou a edição. Leio algumas dedicatórias, ou de autor ou de amigos, oferecidos de presente, livros que de alguma forma chamaram atenção deles no momento da compra.

Outro dia, embora, não seja surpresa, ainda encontramos pessoas que não creditam nenhum valor ao livro. Pela manhã uma senhora acompanhada por um senhor, solicita o livro A Rosa do Povo, Carlos Drummond de Andrade, escrito na década de 40. O livro foi indicado como leitura para a sua filha, à partir daí, a senhora declarou pra quem estivesse interessado em ouvir, que o destino do livro, após a leitura seria a lata de lixo. Ela não dava nenhuma importância aos livros, dizia com ares de uma alta sumidade, que deixava transparecer o desprezo pelos livros.

Escrevi o texto para dizer que continuo, aos amigos, desejo agradecer manifestações de carinho demonstradas por e-mail, orkut ou deixados no espaço de comentários da Quitanda. Ramom. continua levado, aliás, muito levado, chegou a ganhar um galo na testa como companhia...

Aos amigos, um grande abraço.

Ps: Mês de Setembro, festa para várias amigas.