quinta-feira, março 23, 2006

QUITANDA // ANO 1

Vitória Basaia : ( Vitória Ligia Viana Basaia de Carvalho) - Ao passear pela web, encontrei com a pintura desta interessante e premiada artista , nascida no Rio de Janeiro, em 1951. Reside em Cuiabá. (Fonte de Consulta : Galeria de Arte Pellegrim/Chapada dos Guimarães, Arte Popular de Mato Grosso, Jornal Rosa Choque, Guia Gay Brasil, Portal do Estado de Mato Grosso) Ao levantar os dados biográficos, a encontrei, como uma artista identificada com a chamada Arte Incomum, detentora de múltiplas técnicas e com a presença de uma linguagem simbólica expressa pelo erotismo. Uma mulher dinâmica, assumiu como conselheira no Conselho de Cultura de Várzea Grande. Escreveu um livro sobre suas técnicas e pesquisa em arte-educação. Desenvolve projetos em reciclagem do lixo, junto a crianças e trabalhadores de rua. Casada com Júlio César de Carvalho, mãe e avó. Vitória é bem atuante em Mato Grosso, uma grande incentivadora das artes. Importante destacar, é uma artista autodidata. Participou de um projeto, convidada pelo o escritor Ricardo Guilherme Dicke.
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Parabéns pra você, nesta data querida...
Penso que, apenas, um simples registro deste momento se faz necessário. Para se compreender como a idéia de blog foi se firmando, amadurecendo junto com o meu desejo de escrever, que não deixo de associar com as minhas limitações de diversas ordens. Na verdade, eu sempre arrumava um jeito de protelar a feitura deste espaço, pois imaginava que assumiria uma feição muito pessoal e com derivações intimistas.Resolvi traduzir e interpretar esta realidade. O resultado foi uma busca no baú, para recolher, catar reminiscências.
Pensei e repensei no decorrer do tempo, que o blog teria de ser assim,como ele é hoje, com a colaração de meu universo, conduzido por uma temática plural, que giraria, à partir de minhas narrativas, combinadas com experiência de vida, através de uma leitura, de um olhar para o meu diário existencial, não importando muito, qual o registro narrativo que predominaria para apresentar ao distinto público. Uma tentativa de se produzir uma escrita diária foi o solo por onde transitei por maior tempo, com o passar dos dias, por motivos diversos, encurtei a minha presença na Quitanda, mas preservei as visitas em blogs e sites.
Uma decisão tomada de imediato, foi abandonar uma postura interpretativa de cunho sociológico, para lidar com uma produção literária veiculadas aos meus textos. Deste modo, fui dando um rosto para o blog. Optei pela cor azul como predominante. pois, é uma cor de meu agrado.
No começo, relutei por bastante tempo, tratei de ler diversos blogs., me debrucei em um interesse maior, nos blogs oriundos da área de comunicação, especialmente, o jornalismo. Foram os primeiros passos dados no sentido de desvendar a blogosfera. Para mim, de imediato, seria um exercicio diário, que começaria a executar de modo que, eu adquirisse uma maior intimidade com os mecanismos da composição de um blog. Não dispunha de vários recursos, no entanto, lancei ao desafio e aos poucos fui obtendo uma satisfação com este convívio, como leitor, visitante e aprendiz.
Tudo mudou com o nascimento de meu neto Ramom, em julho de 2004, sua presença faceira, serelepe, com ares de travesso, diga-se de passagem, foi o maior responsável, pela existência deste espaço. Criou as condições que empurram a minha decisão, de me transformar em blogueiro.Me identifico assim: Sou um blogueiro. Assumi um compromisso comigo e com os eventuais leitores deste espaço, no entanto, inspiração, vontade de escrever, surgem e desaparecem em questão de segundos.A tela ou o papel em branco, diante de mim, é uma dura e triste realidade. Declaro que, nem sempre, este relacionamento, é harmonioso, às vezes, desejava que nem tivesse começado. Esta vontade surge à tona, quando escasseavam idéias e a preguiça assumia integralmente minha conduta. Confesso que resisti e ainda resisto, armado muitas vezes, com a colaboração e o apoio de Marilene, pessoa fundamental deste processo criativo, vou removendo obstáculos e tocando pra frente o blog.
Ainda estou, em um lento processo de aprendizagem, tropeço, caio, levanto e prossigo na caminhada, árdua caminhada rumo ao meu intento. Estar aqui, é sempre, vivenciar uma nova experiência a cada dia.
É muito estimulante ler os amigos blogueiros, receber de braços abertos, novos visitantes e leitores. Criei o espaço, também, com este propósito, conhecer pessoas, conversar e de alguma forma interagir com o mundo blogueiro. Estava diante de uma nova linguagem. Um novo mundo se abriu, timidamente, comecei a viajar pelas ondas da web, atracando no blogger.com, este foi o meu norte.
Confesso que sou mais leitor do que escritor, no entanto, esta condição não impediu que eu fizesse esta experiência, tomando como fio condutor, de alguma forma a minha trajetória de vida. Foi o ponto de partida.Criado o espaço, pensei em vários títulos, o que prevaleceu foi Quitanda do Chaves.
Preferi ficar no âmbito doméstico e elegendo assuntos que estiveram ligados ao meu olhar, aos meus gostos e manias, enfim, ao meu universo de um sujeito da classe média e morador da cidade do Rio de Janeiro, com vivência nos bairros de São Cristóvão, Tijuca, Botafogo e Copacabana.
Ao falar de mim, desdobrei assuntos de interesse imediato, a presença do livro em minha formação e profissionalização.Anos 60, 70 e os seguintes, serão sempre abordados, como um dever de casa, sempre que possível será inserido em post da Quitanda.
Minha atuação no mundo do livro se faz presente no interior da Quitanda, aparecendo como livreiro, divulgador, vendedor pracista, distribuidor e editor.
O mundo das artes plásticas brasileira, é um item obrigatório neste espaço, com interesse básico de divulgar o artista, que estão submetidos sempre ao meu critério subjetivo de beleza e qualidade. Todos para mim, ocupam um lugar privilegiado no panorama das artes, daí a exposição nos corredores da Galeria da Quitanda. Admiro todos os artistas que passaram neste espaço, merecedores dos mais entusiasmados aplausos.
Quero registrar para as fontes consultadas,sempre creditadas, o meu muitissimo obrigado. Recomendo fazer uma visita aos diversos blogs e sites de artistas brasileiros, sempre vale a pena conhecer de perto.
Sou muito grato aos visitantes e amigos blogueiros, as quais, recomendo a visita e a leitura. Acho mesmo que são indispensáveis, interessantes e obrigatórios os seus espaços. Pensando melhor, acho, que é um dos caminhos para entender a nossa realidade e o brasileiro.

terça-feira, março 14, 2006

Papo de 5 ª


Adir Sodré: Nasceu em Rondonópolis, Mato Grosso, em 1962. Em 1977, freqüenta o Atelier Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso. (Fonte de Consulta: Itaú Cultural, Diário de Cuiabá) Pinta nos anos 70, o cotidiano dos bairros populares de seu estado. Revela uma admiração por Henri Matisse. Utiliza temas sociais com humor, emprega cores e elementos de teor erótico. Presentes em obras como: "Falo e Flores", 1986 e "Orgia das Flores", 1987. Adir ocupa um espaço relevante nas artes plásticas do Centro-Oeste, está sempre em exposição. É um artista muito atuante Posted by Picasa

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Olá!
Desde que Marilene ficou aposentada, que à partir do mês de fevereiro, resolvemos caminhar pela areia da praia de Copacabana. Virou nossa rotina, que apenas alteramos no sentido da caminhada, ora, em direção ao Leme, ora, em direção ao Posto 6. Ficamos fixados no Posto 3, às sextas-feiras, que é o dia da visita de Ramom. Vamos os 3, à praia.

O cenário praieiro é deslumbrante, o barulho incessante das ondas, os pescadores com os seus barcos no Posto 6. Alguns nadadores estão presentes nesta paisagem. No céu, gaivotas em círculos se fazem notar.
Andar pela praia oferece oportunidade de encontrar com pessoas que se aproximam do mar, vestidos. Acredito que muitos sejam estrangeiros ou excursionistas. Nos finais de semana, a orla fica lotada de ônibus, principalmente no Leme; quando caminhava pelo calçadão, eu flagrava mais estes momentos. Percebia o estado de felicidade, de alegria, no contato com o mar. Acho que o mar exerce esta atração, os conduz até ele e os seduz. Claro! Acho que produz medo, espanto, sorriso e contentamento. Há momentos em que o mar está bastante revolto, as ondas crescem de tamanho, invade os espaços da areia e a transforma.
Na Pedra do Leme, o Caminho do Pescador, no inicio da praia, uma visão parcial do local, pode ser apreciado no excelente blog Avenida Copacabana, de Jôka, com uma visão sensível e bem humorada de um artista plástico que é na verdade, uma das melhores vias de se conhecer o famoso bairro da zona sul.
No inicio da semana, ao andarmos pela areia, passamos por um turista, de bermuda, junto ao mar e com uma câmera fotográfica. No sentido contrário, três rapazes que pararam próximo ao turista e ficaram tecendo comentários entre si, desconfiamos que estavam escolhendo quem iria abordar o incauto turista. Fica muito difícil neste horário a presença de policiais. Nós ficamos na nossa, ignoramos, resolvemos não arriscar. Como avisar para um turista que ele seria provavelmente assaltado? Pensamos, se fizermos algum sinal, estaríamos facilitando uma possível represália dos rapazes ou um encontro na próxima caminhada que fizéssemos.
Em minhas caminhadas que fazia com mais intensidade pelo calçadão, é raro a presença de policiais, já presenciei diversas pessoas serem assaltadas, muitos idosos e turistas. Ha´uma área perto do Hotel Othon e da discoteca Help, que eu considero extremamente perigosa.
Hoje ao voltarmos para casa, ao atravessar a faixa da areia, encontro uma "sereia", sentada muito tranqüila com os seios à mostra. Olhei de novo para os seios da moça, apenas para confirmar, não ser uma ilusão de ótica; não, não era. Perguntei para Marilene, se ela estava vendo o que eu vi. Confirmou, estava. Esta situação, não é atipica na praia, em alguns espaços, há mulheres e travestis desnudos. Acho a praia um bom observatório para os comportamentos sociais, para a moda, e a divisão de alguns territórios assumidos por determinados grupos. Minha amiga Laura, do famososo e conhecido Caminhar, também tem todo um olhar diferenciado para o bairro de Ipanema, onde atuou como psicanalista, moradora, ou melhor uma tipica garota de Ipanema. Cresceu no bairro, ela com certeza, é uma fonte de consulta para entender Ipanema. Para uma leitura sobre a cidade do Rio de Janeiro, um olhar sobre o ontem, o hoje e o amanhã, o mais indicado e recomendado é do meu amigo blogueiro Ivo, em seu badalado e um dos mais consultados para se conhecer a cidade maravilhosa. Há sempre textos interessantes em destaque, um click obrigatório em Literatura & Rio de Janeiro.
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O novo jornal O Dia, que seria lançado no próximo domingo, dia 19, foi transferido para abril, segundo informações do jornalista Milton Coelho da Graça Contrataram alguns jornalistas entre eles: Luis Nassif, Danusa Leão, Marcelo Rubéns Paiva, Ricardo Noblat e Ricardo Boechat. Circula pelo mesmo site, que o jornal O Globo prepara um novo projeto de jornal. Lembro que recentemente um jornal, lançado por uma das herdeiras de O Dia, fracassou, em menos de dois meses o jornal Q. Fizeram grande "espuma" no metrô, circulavam vendedores, a proposta de edição vespertina e preço popular. Particularmente, acho a idéia de vespertino, superada, foi boa nos anos 60. Hoje com a internet e os canais a cabo, são grandes concorrentes para inibir inciativas deste tipo.
O jornal Meia Hora, lançado por outra filha de Ari Carvalho, o resultado foi bem melhor, parece ter alcançado o objetivo, que era dividir um pouco os leitores de Extra. Torço para que jornais apareçam nas bancas, que abra espaço para jornalistas, crie e forme leitores.
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Meus Caros Amigos leitores e blogueiros, agradeço muito pela presença e os comentários feitos no blog.

Cais

Darlan Rosa : Artista multimídia mineiro, nascido em Coromandel, em 1947. (Fonte de Consulta: O Caixote, Guia de Brasilia) Participou de várias exposições em nosso país e figura como destaque em exposições internacionais, como: Itália e Unicef. Criador do personagem animado Zé Gotinha. Produziu para a televisão. o programa "Carrossel", na TV Brasília. Exerceu a atividade de professor no CEUB e UNB. Criador de selos comemorativos para a Empresa Brasileira de Correios. Sua obra é referência no panorama das artes brasileira. Mantém uma interessante página na internet. Para visitar click aqui
Darlan pode ser considerado como um dos grandes expoentes no que há de melhor na arte brasiliense. Importante lembrar que foi ilustrador em vários livros infantis. Mora em Brasília, desde 1967.
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Olá!
Redescobrindo a caminhada pela areia da praia de Copacabana. Juntos, eu e Marilene, estamos diariamente, nos exercitando. A minha barriga parecia estar em estado de gestação, um pequeno relaxamento, promoveu esta ligeira protuberância. Chopps e derivados da cana, mantenho à léguas de distância. Precisava de tomar uma atitude radical. Claro, que associo as generosas fatias de pães que ávidamente consumia, como um grande fator para obtenção de uns quilinhos a mais.Tive de dar um basta nesta compulsão. E de imediato resolvi desativar o meu estado de sedentarismo, que insistia em tomar conta e nortear o meu comportamento. Havia reduzido em muito minhas caminhadas, que sempre foram restritas ao calçadão. Não posso e não devo continuar assim, a minha decisão foi muito estimulada por Marilene. O resultado foi muito bom, ao ir caminhar, Marilene, decidiu fazer o mesmo.
Domingo passado, Ramom foi ao Teatro Princesa Isabel, para assistir Pocahontas, foi levado pela minha afilhada, comportou-se de maneira exemplar. Quando chegou em casa, falamos em um personagem que ele adorou, que foi a Formiga Fofoqueira, logo chamada por ele de Quequeira. Foi muito hilário o seu comportamento, pulava, corria, expressava uma felicidade, um contentamento e identificado um personagem da peça que era a formiga de bunda grande.
Deixo pendurado no varal da Quitanda, um texto escrito recentemente, espero que gostem.
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Ali, em pé, diante do cais, em silêncio, ouvindo apenas a voz da minha inabalável solidão. Iluminado pelo clarão da lua. Abracei a noite. Ancorado em meus sonhos secretos, viajei em um mar infinito de desejos solenes. O vento gélido agasalhava o meu corpo. O mar agitado reclamava de minha presença, fazendo onda. Sou navegante solitário em busca da felicidade perdida. Sei que é um tesouro e encontra-se nas profundezas do mar. Aproveito, mergulho e nada encontro. A noite anoitece. Sou náufrago.

sábado, março 11, 2006

A Espera

Nelson Vaqueiro : Artista autodidata. Não consegui muitas informações sobre o artista.Uma que consegui saber, ele foi expositor na Praça da Republica, em São Paulo. Assim, que eu coletar mais informações, vou inserir neste espaço. (Fonte de Consulta: GinaGallery )







Olá!
Hoje não pude dar minha habitual caminhada pelas areias da praia de Copacabana, na companhia de Marilene. Dia de chuva, nesta manhã de sábado, tivemos que adiar. Vou aproveitar e atualizar minhas leituras. Comprei em um sebo, bem barato, o livro O caso da ChácaraChão, do escritor paranaense Domingos Pellegrini, publicado pela Record. Na segunda-feira, pretendo acompanhar a nova novela Cidadão Brasileiro, escrita por Lauro César Muniz.
No dia 19 de março, está previsto para apresentação do novo O Dia, com contratação de novos jornalistas e mudança no visual. Torço pelo sucesso de O Dia, que vai incomodar O Globo e afundar, imagino o decadente Jornal do Brasil, que de uns tempos para cá, assumiu obstinadamente, a vontade de não possuir mais leitores. Recentemente o grupo do JB, resolveu passar adiante a Rádio Cidade, entregando para a OI.

Desejo para os amigos leitores e visitantes blogueiros, um ótimo dia. Quando voltei da rua, o sol, surgia timidamente. iluminando os espaços e corredores da Quitanda. Agradeço pelos comentários feitos no blog. Deixei um pequeno texto colado no mural.
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A noite debruçava diante de minha janela. Uma noite de chuva. Estou só, diante do espelho, enquanto, aguardo a visita de Alice. Alice não mora mais aqui. Espero por sua visita, todas as noites. Ainda é cedo, assito tv em silêncio. Na parede um retrato de Alice, contemplo. Está sempre conservado. Sua beleza é eterna. Pensei que minha felicidade, também, fosse.
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terça-feira, março 07, 2006

De Volta ao Passado - Parte Dois

Carolina Migoto da Silva : "Festa do Divino"/ Acrilico s/ tela - Reconhecida como uma das criativas pintoras do Vale da Paraíba. Nasceu no ano de 1934, em Tremembé, São Paulo. Artista autodidata por diversas vezes premiada. Sua obra faz parte de diversos acervos de instituições culturais, como o Museu de Antropologia do Vale do Paraíba. Sua presença se faz notar, na exposição naïf no SESC/SP. É também escultora de arte sacra em madeira. Iniciou à pintura em 1977. Reside em Taubaté.

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Olá! Realmente, ando um pouco sumido do blog, o que me leva a reduzir bastante a produção de novos posts. Tenho feito visitas aos amigos blogueiros com menor intensidade, é verdade, no entanto, não deixo de fazer; procuro estar em dia com a minha rotina. Depois que Marilene aposentou, resolvemos caminhar pela praia na parte da manhã, tem sido muito bom, tocar os pés na areia e ser banhado pelas ondas. Ramom, faz parte desta nova realidade, às sextas, chega bem cedo para ir à praia. Diversão pura. Para ele, tudo é novidade, desde, as ondas, o mar, os barcos, navios, gaivotas, areia e brinquedos. Mexer na areia, olhar as marcas de pés na areia e depois desaparecer, fica intrigado. Molhar as mãos, o corpo. Tudo está sendo incorporado ao seu cotidiano. Quero deixar registrado um abraço bem apertado aos visitantes e amigos blogueiros e os sinceros agradecimentos pelas visitas e os comentários feitos. O texto que segue, é parte integrante da atual fase de registro de minha história de vida, entendidos como fragmentos da memória. Abordo com uma visão particular o período da história social e cultural do país em que sou parte coadjuvante e um observador vestido com as roupagens das ciências sociais. Não importo que seja juntando os trapos encontrados pelos anos vividos, ou mesmo colando os cacos, é assim, que eu entendo a minha história. Sob este prisma, vou recompondo de alguma forma a minha inserção no mundo. Falo sobre a história do rádio, do futebol, da literatura, do mercado editorial, da classe média tijucana, da zona norte e da zona sul. Quero antecipar minhas desculpas ao eventual leitor, mas pretendo dar prosseguimento a estas narrativas.

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Sou um declarado ouvinte de rádio, comecei muito cedo, ainda criança, ao ouvir os programas esportivos nas vozes de Oduvaldo Cozzi, Ruy Porto, José Maria Scassa, Valdir Amaral, Jorge Curi, Orlando Baptista, uma turma de primeira com passagens pelo rádio e pela televisão.Transformei-me, deste modo, em torcedor e ouvinte. Passado algum tempo, na fase de adolescente incrementei o gosto pelo rádio.O meu novo status, foi conferido ao ganhar um rádio portátil, um rádio movido a pilha e ao meu entusiasmo de adolescente.
Solidifiquei deste modo, a minha condição de ouvinte, através das músicas tocadas nas rádios. Posteriormente, nos Lps, ou compactos simples ou duplo, que comprava ao ir à Mesbla ou na Garçom da Praça Saens Peña.Ouvia qualquer estação, bastava ser de meu agrado; com o tempo fui mudando, passando a me identificar com as músicas e o radialista. Ouvi durante um tempo, a Rádio Tamoio, que pertencia aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, vendida mais tarde ao grupo da familia de Jereissati, a cearense Verdes Mares, que repassou para uma igreja pentecostal. A Tamoio foi uma emissora totalmente musical. Hoje vive da pregação dos pastores.
Interessante notar, com a alegada decadência das AMs, os grupos religiosos, invadiram as diversas estações. Os politicos são contemplados com a outorga das emissoras de rádios, mas é papo para uma outra oportunidade, o certo, é que nosso país é pródigo em atender pedidos de parlamentares. Ouvia pouco, é verdade, a Rádio Imprensa, de Anna Khouri, uma emissora FM, a primeira no Rio de Janeiro, achava muito simpática a programação, hoje, está extinta, virou Jovem Pan Rio. Neste panorama das ondas dos rádios, a rádio Eldorado que pertenceu a família Khouri, acabou nas mãos da família Marinho.
Houve um momento em que o hit-parade estava presente nas rádios AMs, passei a ser ouvinte de programas como: "Músicas na Passarela", conduzido por Humberto Reis, "Peça Bis pelo Telefone", da Rádio Mayrink Veiga, com Jair de Taumaturgo e os programas: “Alô Brotos” e “Hoje é Dia de Rock”. Nesta fase de efervescência dos grupos de rock, do movimento da Jovem Guarda; surgiram boatos sobre o envolvimento de radialistas e músicos com um nebuloso caso de corrupção de menores, que veio a resvalar em um conjunto famoso, de tocar nas rádios, obdecendo ordens do Juiz de Menores. Lembro, que um prédio da rua em que eu morava na Tijuca, foi apontado na época, a existência de um morador envolvido.O resto depois, foi silêncio.
Muito irritante é o momento da Hora do Brasil, uma xaropada com o timbre oficial, que desde 1938, é transmitido em cadeia nacional e que perpetuou nas ondas do rádio.Uma das grandes mudanças, realizadas nas rádios AMs, aconteceu na Rádio Mundial, através de seu revolucionário disck-jóckei Big Boy, um ex-professor de Geografia, lecionava no Aplicação/UERJ, de nome Newton Duarte, paulista de nascimento, foi o precursor de todo um agito na maneira de apresentar um programa de rádio, dirigido aos jovens. Na parte da tarde e aos sábados, ele era o expoente máximo, a audiência crescia, tomava conta dos lares da classe média tijucana, em que eu fazia parte. Claro que atingia a rapaziada da zona sul e outros bairros do Rio de Janeiro.Passei a gostar do homem que amava os Beatles e a música. “No ar Big Boy show “, “Aqui quem fala é Big Boy, é show musical”.Usava a sonoplastia, sob a batuta de Dr Silvana, mais a participação do poeta e jornalista Reinaldo Jardim. A criação do Baile da Pesada , junto com Ademir Lemos. Big Boy, teve uma passagem rápida pela Tamoio e foi através de Humberto Reis, que foi levado para a Mundial. Roberto Marinho,compra a rádio de Alziro Zahrur, que se encontrava em dificuldades.
Big Boy contribuiu para a mudança da linguagem radiofônica. Tinha uma característica, falava muito rápido. Assume assinando a programação da rádio Eldorado (Eldopop), do Sistema Globo de Rádio.Big Boy é sucesso e atinge o reconhecimento internacional e nacional.O papel do disck-jockey assume importância capital na música tocada nos rádios.
”Hello crazy people, Big Boy pela Mundial, é show musical”. Eu era fã dele, não perdia um só programa. Apresentava um outro programa, que era “Ritmos de Boate”. Aos sábados apresentava o programa de imenso sucesso, que divulgava muitas vezes em primeira mão as músicas do conjunto inglês The Beatles, o programa "Cavern Club".Um ataque cardíaco em 07 de março de 1977, silencia o grande radialista, disck-jockey e precursor de várias e interessantes manifestações do rock e do soul, divulgado nos subúrbios. Morre bem jovem, aos 32 anos, deixando na ocasião um filho bem pequeno, de nome Leandro Duarte. Foi um divulgador da música, principalmente, dos Estados Unidos.
Big Boy, tinha um grande acervo e um imenso conhecimento dos movimentos musicais, teve contato com os Beatles e diversos conjuntos. Percebeu o grande filão da música que atingiu diversas gerações. Há um curta patrocinado pela Petrobras em homenagem a Big Boy e a música "Baile da Pesada", cantada por Fernanda Abreu.