quinta-feira, dezembro 21, 2006

De volta ao aconchego da Quitanda.

Analice Uchôa: Uma talentosa artista, graduada em Psicologia, surgida nos anos 80, em exposições realizadas na Feira de Arte e Artesanato, localizada na Praça da República, na cidade de São Paulo. Dali, o caminho para sucesso e o reconhecimento de uma grande artista, foi participar de exposições na Paraíba, no final dos anos 90. Passa também por Recife com grande sucesso. Selecionada como expositora no Salão Municipal de Artes Plásticas e para outros eventos como a exposição individual no Casarão de Azulejos, com o título "O Pulo do Gato". (Fonte consultada: Governo da Paraíba, em 12/11/2003) - Imagem da pintura da artista em www.shoppingpb.com (Galeria Gamela de Arte, Vida e Arte, Oscar D`Ambrosio)

Queridos leitores, estou de volta após uma breve experiência em uma livraria de livros usados, no bairro do Catete, um dos bairros da zona sul do Rio de Janeiro. Realmente fiquei sem tempo para navegar, visitar os amigos blogueiros ou escrever no blog. Não pude nem registrar a presença de Ricardão em minha vida, a partir do final de outubro. Prometo mostrar flagrantes de Ricardão nos braços de Marilene ou deitado em nossa cama. Fiquei encantado com os olhos verdes de Ricardão e por sua careca, aliás, dou vários beijos quando encontro com ele aqui em casa. Ele me encara e sorri com um sorriso totalmente sem dentes. São dois netos, Ramom e Ricardo. Ramom, sem dúvida, é um capitulo a parte, mas ficará para a próxima postagem.

Meu retorno ao livro foi um momento em que pude realizar ou completar a minha última etapa em meu ciclo como profissional do livro. Encerrei esta experiência no final do mês de novembro e foi muito gratificante, pois, encontrei com várias pessoas, desde Rizzo, o meu primeiro gerente na Livraria Interciência, antigos clientes/leitores, o livreiro Jô da Uerj, professores, pesquisadores e colegas sociólogos; editores, como: o vascaíno Pontes e o editor-assistente, poeta intelectual Jorge, da Martins Editora Livraria, que passou um bom tempo em Portugal. Conheci pessoas interessantes de diversas áreas.

Certo dia pela manhã, fui presenteado pelo representante de vendas da editora paulista Landmark, com A Divina Comédia, uma edição bilíngüe. No dia anterior conversamos sobre o mercado de livros do Rio de Janeiro, passei algumas informações, parece que ficou satisfeito. Revi o escritor e astrólogo Pedro Tornaghi, atualmente trabalha, divulgando técnicas de meditação; papeamos sobre livros e a Espaço e Tempo, principalmente sobre a fantástica editora Rose Marie Muraro, uma mulher extraordinária. Trabalhamos na mesma casa editorial, ele como autor e responsável por uma coleção de esotéricos e eu, pelo setor comercial. Uma pena tudo foi abortado com a saída de Rose e Fernando Sá. Trabalhei na editora com Herbert Daniel e seu companheiro, o artista plástico Claudio Mesquita.

Conheci na livraria, o escritor angolano Zetho Cunha Gonçalves, uma pessoa extremamente simpática conversamos sobre a vida literária portuguesa, especialmente sobre a escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner, sua militância e sobre o engajamento de seu marido, o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares. Comentamos sobre, o jornalista português Miguel Sousa Tavares, filho do casal e autor do elogiado romance histórico “Equador”, lançado no Brasil, pela Nova Fronteira. Zetho comprou livros de autores brasileiros, comentou sobre o lançamento de seu livro infanto-juvenil “Debaixo do Arco-Íris não passa ninguém”, na noite anterior na Casa de Cultura Laura Alvim, um dos títulos do catálogo da nova Editora Língua Geral, que tem entre os sócios, o escritor angolano José Eduardo Agualusa. No dia seguinte a nossa conversa, Zetho, viajaria para Ouro Preto. Conheci pesquisadores e contribuí como profissional do livro, ou melhor, como livreiro, com indicações de livros. Minha memória colaborou muito, pois, lembrei de títulos, autores e temas. Meu ultimo atendimento a clientes, foi para uma pesquisadora negra, moradora no interior do Estado do Rio, que queria material sobre o TEN, lembrei de imediato de Damas Negras, livro editado pela Mauad, de autoria da jornalista Sandra Almada. Mostrei também livros de Abdias do Nascimento.

Foi um momento muito bom, organizei as prateleiras/seções como era a proposta inicial de minha atuação na livraria. Minha atuação foi principalmente de um livreiro, pude confirmar a necessidade do profissional do livro carregar uma boa ou sólida bagagem intelectual para atender um público bem heterogêneo de leitores com diferentes matizes. Importante possuir uma boa cultura livresca. Caso contrário, ou não atende bem ou fica totalmente perdido diante dos clientes e dos livros. Ao me desligar da livraria, agradeci ao seu proprietário, o livreiro Antonio Augusto Seabra, pela oportunidade de retornar ao interesse pelo mercado de livros. Conversei sobre a minha idéia de investigar a historiografia editorial brasileira, de imediato, ele me cedeu dois livros de José Otávio Bertaso, de seu acervo particular. Foi um incentivo. Não conhecia Antonio, mas tive um prazer em trabalhar em sua livraria. Nada ficou fechado entre nós, as portas e janelas estão abertas para mim. Sou o único profissional do livro, no Rio de Janeiro, com experiência em vários segmentos.

Mãos à obra.

Comecei, no dia seguinte a inventariar o universo editorial brasileiro, mesmo de modo fragmentado esteve sempre presente de modo estampado, colado e impresso nos corredores e balcões da Quitanda.

Nota: Agradecimento especial a todos amigos blogueiros, leitores que passaram pela Quitanda, deixaram recados, sentiram a minha ausência. Estava sem tempo, Ramom quando aparece quer exclusividade e me obriga a ficar assistindo inúmeras vezes o mesmo dvd Kingdom under the sea. "Reino Submarino".

domingo, setembro 24, 2006

Uma conversa sobre livros e livrarias

Wilton, blogueiro da Quitanda do Chaves, caricaturado por um talentoso colega de trabalho, o artista Alexandre "Chambinho". Sou agradecido pela homenagem do colega, reproduziu quase que fielmente a minha imagem. A presença do felino nesta imagem, acredito que é para dizer que sou e estou realmente um "gato". Observação: O desenho ficou "escondido", foi para um outro local, na parte inferior do post.

Olá!

Aproveitei o momento, em que ainda, não recebi a visita de Ramom, para fazer alguns rabiscos no Mural da Quitanda. Inicialmente, agradeço as visitas de amigos leitores e blogueiros amigos. Esclareço aos amigos que aqui passaram e deixaram mensagens, farei visitas em breve, tão logo, administre melhor o meu tempo. Tenho ficado muito contente, pois, recebo visita de pintores que “exponho” na Galeria do blog, estão chegando aos poucos.

O assunto de hoje, são as reminiscências do meu tempo de livreiro. Depois que voltei ao mercado de livros, pude observar e confirmar a prazerosa identificação que tenho com o universo do livro, seja pela via do título de uma obra, do nome de um autor ou a oportunidade de encontrar velhos amigos; alguns desde dos tempos em que criei nos anos 80, a Livraria Quarup, na Rua Visconde de Pirajá, com Aníbal de Mendonça, no bairro de Ipanema.

Era um tempo de muita efervescência intelectual, de muito agito, de contato com escritores, psicanalistas, poetas, professores universitários; a livraria promovia vários lançamentos de livros; ou como uma vez, colocamos cenas do filme, “Prova de Fogo”, de Marco Altberg, produzido em 1980, com a participação de Pedro Paulo Rangel, Maitê Proença, Ligia Diniz (irmã de Leila Diniz) e outros artistas. Um dos roteiristas do filme foi o meu colega de faculdade, o antropólogo Níveo Ramos, que publicou em livro de mesmo título do filme e editado, pela querida editora Achiamé, depois pela ECO, uma casa editorial concentrada em sua linha editorial, livros de Umbanda, parece que ali, foi editado a primeira edição de O Diário de Um Mago, de Paulo Coelho e posteriormente editado pela Rocco, havia um outro livro chamado Manual Prático do Vampirismo, na verdade estou em dúvida se foi lançado pela editora Christina Oiticica, esposa de Paulo Coelho e proprietária da Shogun Arte, sediada no Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana, lembro que editavam livros de poesia, livros de Paulo Coelho em parceria com Raul Seixas. Havia neste período muitas editoras chamadas alternativas, com pequenas tiragens e com dificuldade de penetração no mercado, muitas sucumbiram, assim, como as livrarias.

Sempre tive vontade de participar do mundo dos livros, primeiro, claro, como leitor e depois, como aprendiz, iniciei como “auxiliar de vendas”, em uma livraria e minha “estréia” foi concretizada, na Interciência, livraria, uma boa livraria, especializada em livros técnicos. A partir dali, compreendi, que é imprescindível, para o profissional do livro, ter uma intimidade com a leitura. Hoje, percebo claramente, que a bagagem que carrego, facilitou em muito, o meu trajeto no ramo do livro. Acredito que eu seja profissional singular no mercado editorial.

Por curiosidade intelectual fui um sujeito de “dialogar” em vários campos do saber, como: Serviço Social, Pedagogia, Psicologia, Comunicação. Claro, dando uma tintura maior na área de minha formação. O perfil de minha clientela havia uma ligeira predominância do pessoal psi.

Alguns livreiros (donos de livrarias), atualmente são receptivos ao pessoal com formação mais elaborada, com bom nível de cultura geral. Por outro lado, observei e esbarrei em uma barreira, revestida por puro preconceito em que o profissional mais qualificado era considerado por um segmento de “livreiros”, como “mais caro”. Assim, como ouvi de livreiros, que declaravam que raramente pegavam um livro para ler, alegavam falta de paciência e de tempo, para se dedicarem à leitura.

Ler é uma atividade solitária, requer tempo e naturalmente dinheiro, para aquisição de livros. Acho interessante neste momento, foi resgatar, reviver através da memória, da leitura de resenhas e dos títulos, autores e situações envolvidas com o livro; estavam ali, adormecidas em um canto da memória e foi sendo reativado aos poucos.

Há mais de dez anos que estou afastado dos livros, de livraria, o tempo é maior, por volta de 20 anos. Fico satisfeito, pois, a minha memória está bem viva e “não me abandonou”.

Hoje, faço um mês que voltei para o livro, é um sebo, estou curtindo muito, pois, sou um caçador de preciosidades, farejo os livros, manuseio este objeto com carinho, que me proporciona uma enorme satisfação. O prazer da leitura está presente e alegria de reencontrar com pessoas amigas. Uma constatação que gosto de salientar, o público feminino, é o maior consumidor de livros. Uma declaração destas, ao ser entrevistado, foi dada por mim em um seminário do pessoal da Revista Rádice – Revista de Psicologia (surgida nos anos 70 e extinta em 81) e do jornal Luta e Prazer (jornal “alternativo” que foi editado pelos meus conhecidos dos anos 70, Carlos Ralph e Dau Bastos) Dau, encontrei anos depois, quando publicou o livro “Das trips, coração”, pela editora Marco Zero, lugar em que trabalhei na parte de vendas, junto a um dos donos da editora, o escritor amazonense Márcio Souza, autor de uma vasta obra

Queridos amigos e leitores amigos, volto a conversar no próximo domingo, agora, chegou Ramom, cheio de pintas pelo corpo, com catapora. Agora, fica impossível de continuar. O texto estava previsto para ser postado pela parte da manhã, mas mal terminei de escrever, o menino muito levado, fazia ser ouvido, pelos gritos chamando por vovô.

Até breve.

domingo, setembro 03, 2006

Papo de Domingo

Claudio Faciolli : Pintor e Professor. Uma de suas exposições, foi realizada na Galeira Rembrandt; exposição na Galeria Fesp, na sala Djanira. Mantém um espaço para os usuários de saúde mental, desde 1988.( Fonte de Consulta - Murilo Castro, Rembrandt Escritório de Arte e Molduras, Portal Illumino, Galeria do Ateliê, no bairro da Lapa, Secretaria de Comunicação Social do Estado do Rio de Janeiro)













Olá!

Estou de volta, ou pelo menos, é esta a minha intenção. Depois de uma longa ausência, pensei com carinho em retornar junto aos amigos queridos, leitores e para o espaço blogueiro que criei, há mais de um ano. Deixei a Quitanda, fechada para balanço e o resultado, foi positivo, optei por continuar, embora, com freqüência reduzida. Escolhi pelo menos um dia da semana e o ideal, ficou, para os domingos. Dia de atualizar conversas, textos e outros assuntos de meu universo doméstico, que tem como protagonista principal o meu neto Ramom.

A Quitanda estava mesmo abandonada, verdade, mas não a ponto de ficar entregue às baratas. Pretendo retomar as visitas que faço sempre de modo prazeroso aos amigos blogueiros, o mais breve possível e será preferencialmente pela parte da manhã (madrugada). O afastamento (sumiço) foi motivado por uma proposta de trabalho, que me levou a retornar ao mercado de livros. Pensei e repensei, era a oportunidade que faltava, não hesitei; acabou por mostrar-se atraente por ser o único segmento do mercado de livros em que não atuei; o chamado “sebo”, que predomina a venda/compra de livros usados.

Fui por um longo tempo, um habitual freqüentador de sebos, gosto deste ambiente, de fuçar as prateleiras e encontrar "tesouros", deste modo, montei um grande acervo na área de ciências sociais, em parte por minhas visitas aos alfarrábios, principalmente os localizados no centro da cidade. Eram poucos, mas bons sebos, lembro que fazia o circuito, começando pela Livraria São José, na rua São José, comandada pelo livreiro Carlos Ribeiro e acabava em uma livraria qualquer, podendo ser a Ler (Ernesto Zahar). Atualmente, observa-se um aumento do comércio de livros usados, espalhados pelos bairros e aos diversos camelôs em vias públicas.

Iniciei o trabalho em uma livraria na zona sul, com o propósito de arrumar as estantes, nomeando os assuntos em temas do conhecimento, dividindo-os, no sentido de facilitar para o cliente, a localização do livro. Gosto deste trabalho, ali, revejo livros e alguns amigos. Naturalmente, o trabalho abre possibilidades para novos conhecimentos, com clientes/leitores. Acho muito rica esta interação. Grande parte de minha vida foi envolvida com livros, passei por diversas fases na minha situação de profissional do livro. Depois que encerrei as atividades da distribuidora e editora, fiquei afastado por anos do mundo dos livros. Trabalhar em sebos, gerou sempre em mim, uma satisfação; entro em contato com o universo editorial, identifico as editoras que fui distribuidor, das editoras que fecharam e as livrarias, cujo registro são marcados pela etiqueta colada no livro, algumas, não existem mais, mas de alguma forma, voltam à tona e desenham para mim a história do mercado editorial.Hoje muitas editoras foram absorvidas por editoras estrangeiras, que com bom apetite, devoram qualquer editora que esteja pelo caminho. Uma editora que fui distribuidor, recentemente foi incorporada a uma editora que produz revistas de palavras cruzadas.

Encontro preciosidades. Algumas jóias raras, quanto ao autor ou a edição. Leio algumas dedicatórias, ou de autor ou de amigos, oferecidos de presente, livros que de alguma forma chamaram atenção deles no momento da compra.

Outro dia, embora, não seja surpresa, ainda encontramos pessoas que não creditam nenhum valor ao livro. Pela manhã uma senhora acompanhada por um senhor, solicita o livro A Rosa do Povo, Carlos Drummond de Andrade, escrito na década de 40. O livro foi indicado como leitura para a sua filha, à partir daí, a senhora declarou pra quem estivesse interessado em ouvir, que o destino do livro, após a leitura seria a lata de lixo. Ela não dava nenhuma importância aos livros, dizia com ares de uma alta sumidade, que deixava transparecer o desprezo pelos livros.

Escrevi o texto para dizer que continuo, aos amigos, desejo agradecer manifestações de carinho demonstradas por e-mail, orkut ou deixados no espaço de comentários da Quitanda. Ramom. continua levado, aliás, muito levado, chegou a ganhar um galo na testa como companhia...

Aos amigos, um grande abraço.

Ps: Mês de Setembro, festa para várias amigas.

quinta-feira, agosto 03, 2006

O Amor Solitário.

Henrique Cavalleiro : Pintor, desenhista, caricaturista e ilustrador carioca, nascido em 1892 e falecido em 1975. Estudante da Escola Nacional de Belas Artes. Identificado como pintor impressionista e posteriormente, como neo-impressionista. Morou no inicio da década de 20, em Paris. Manteve contatos com os fauvistas e Cézanne. Aluno de Eliseu Visconti. Sua obra faz parte de diversos acervos em nosso país. Foi professor do Colégio Pedro II e da Escola Nacional de Belas Artes. Participou da Primeira Bienal de São Paulo. Casou com Yvone Visconti , filha de Eliseu Visconti, do qual fora discípulo. (Fonte de Consulta: Murilo Castro, Pitoresco, Almanaque Folha de São Paulo, Pro Arte Galeria, Bolsa de Arte, Fundação Bienal de São Paulo)





Olá!
Meus Caros amigos leitores, agradeço muito pelas visitas e os comentários feitos no blog. Não tenho conseguido realizar como pretendia, as minhas visitas rotineiras aos seus blogs e sites. Hoje, tive um tempo para dar o ponto final a um texto que seria postado no mês de julho, esgotado o prazo, acabei passando na Quitanda, para pendurar no mural.
Os dois anos de Ramom, foram comemorados no salão de festa onde moramos. Ramom, curtiu muito, junto de amiguinhos e parentes. Desejo para todos os leitores, uma ótima semana.
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Muitos dos seus amigos estavam convencidos de que a paixão por Luiza, era cega. Outros, diziam que nutria por Luíza, uma louca paixão. Um amor, sem dúvida, obsessivo, inquieto e voraz; dizia, um dos dois amigos mais íntimos. Ele calado, ouvia, ou pelo menos fingia ouvir. Naquela mesa de bar, o garçom Raimundo, anotava o pedido. No rádio, aquela velha canção de Roberto Carlos, foi ouvida.
A imagem dela, estava pregada, gravada em seu coração.Ficou ali, desde do primeiro dia em que foi apresentado por um um dos seus amigos. Foi amor à primeira vista.Tomou conta de seu coração e de seu pensamento. Silencioso, onde um silêncio mudo petrificava o momento interminável daquele primeiro encontro.Muito prazer! Um breve sorriso, foi dado como resposta.Os olhos, aqueles olhos negros cintilantes, brilharam, fotografaram aquele instante.
Em conversa com um amigo, disse que era amor encantado e eterno. Um amor solitário, manifestado pelas cartas de amor. Escrevia seu amor em prosa e verso, inspirados nos batimentos do coração. O amor puro, casto, distante e guardado pelo tempo. Emoldurados nas lembranças envelhecidas, revividas.Assim, continuava a pensar em Luíza, seu primeiro e único amor. Um amor amarrado ao passado. Que para ele, foi, para sempre, manifestado de modo silencioso. Luiza, nunca soube; ele, continuava solteiro e feliz. Amava Luiza a seu modo.

quarta-feira, julho 12, 2006

Hoje é dia de Ramom

Em 12 de julho de 2004, nasceu na Casa de Saúde São José, no Humaitá, este pequeno artista de nome Ramom. Hábil na arte de pintar o sete e de fazer a vida dos avós, muito mais prazerosa e multicolorida. Conquistou a todos de maneira graciosa. Confesso publicamente que ele, soube como ninguém tingir nosso cotidiano com as cores da alegria e da felicidade. A presença do neto em nossa casa, é o resultado de imensurável satisfação. Ouvir ser chamado de Vô ou Vó, ou de Marilene ou Wilton e para qualquer outra situação; acreditem, é dar cambalhotas no ar. É ter o sorriso estampado e colados em nossas faces. Andar de mãos dadas com o neto, ou a vontade dele em andar sem dar as mãos, de sair na nossa frente em correria. De uma pequena teimosia, como constante linguagem de seu relacionamento. São vínculos criados e estabelecidos pela idade.Entendemos este processo. É um outro ser, que quer dar os primeiros passos na vida, rumo a sua longa caminhada durante a sua existência. O nascimento de meu primeiro neto, é um encontro de saberes. Um momento do passado com o presente, vislumbrando o futuro. Estar com o neto é a oportunidade de observar as transformações do cotidiano. De olharmos como testemunhas em que o momento da leitura do mundo. é anterior a escrita. Atento e curioso, percebe os sons e os significados. Passa para uma nova etapa, a condição de sujeito-falante.
Tudo é festa. Meu neto é maravilhoso. Carinhoso, encantador, travesso e dono de muitas outras coisas que compõe esse baixinho, fazem dele um ser muito especial. Gosta de livros, pede para contar. É ouvinte.
É o nosso momento, mesmo por algumas horas, de curtir ou mesmo por frações de segundos, fazer um breve retôrno a nossa infância. Das brincadeiras criadas, ou reproduzidas nestas horas, das músicas "infinitamente" tocadas e cantadas, Ramom, vivencia muito. Quando gosta da música, pede para repetir, é o momento Peça Bis ao Vovô. Achamos nosso neto muito criativo, muda a coreografia conforme a música, seja por qualquer som emitido, até um simples bater palmas. Há em seu corpo uma musicalidade, uma sonorização, uma harmonia, uma sensibilidade que está em permanente sintonia com o prazer do movimento, sua expressão corporal manifestada, está incorporada a todo momento. Está ligado ao som interno e os que são produzidos na rua. Barulho de vozes, buzinas e outros sons urbanos. Reconhece diferenças. Estimulos cerebrais importantes, são registrados.
Ramom, é ouvinte de um repertório rico e diversificado. Esta fase é o começo de produção de palavras e sonorizações. Uma percepção auditiva, captando os "barulhos" e a sua conseqüente identificação. Começou a freqüentar o maternal. Reações não muito receptivas de ficar na escola foram expostas, choro e negativas. É um processo de adaptação, ao novo mundo e ao universo da escola. O Som e o silêncio, são duas combinações importantes em seu processo de conhecimento.
O seu corpo está sempre em movimento, apresenta um gingado, que faz de nós, espectadores deste "show" particular. Muito engraçado quando reprova a música, diz que: "não", " não quer", "faz manha", etc, procede assim, no momento em que eu mudo a música que está ouvindo.
Faço de modo a observar, a sua reação, a resposta é instantânea e sempre negativa. Se interage com a música, a resposta é sempre positiva. Não poderia ser diferente, ele veio embalado por canções de ninar, do folclore infantil, algumas entonadas de modo bem desafinado. Acho que começou adquirir a linguagem musical, inseridas como parte de seu processo de aprendizagem formal e informal dianta da vida. A música o acompanhará em toda a sua trajetória, vai ser importante em seu amadurecimento afetivo e social, enfim, faz parte de seu processo cognitivo. Viva a Música!
Hoje é dia de festa, mas será comemorado no próximo sábado. O tema escolhido pelos pais foram animais em uma floresta, sob a confecção e criatividade de Tia Ângela, prima Camila, Tia Eliane, mais Avó Marilene, todas empenhadas em colaborar na realização da festa. Vai rolar a festa...
Para nós seus avós, desejamos que possa curtir bastante este momento único, pois, ele pertence a você. Que faça bom proveito. Parabéns!!!!
Ps: Um passarinho verde, andou espalhando, que no final de outubro, ou começo de novembro, Ramom, seus pais e nós, os avós receberão de braços abertos, o pequeno grande homem, de nome Ricardo, querido e desejado por todos. Sem dúvida o mais novo reforço da imensa torcida vascaína.

quarta-feira, julho 05, 2006

Noites Insones.













Helena Coelho : Pintora Naïf. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1949. Sempre em atividade, expondo em museus do país e mostra coletiva e individual, apresentando-se no exterior com grande sucesso.Incluída em livros como referência no panorama de nossa arte, em especial a arte naïf. Sua arte é muito interessante, é comprometida com a simplicidade das coisas belas e deve ser apreciada, admirada com aplausos.
(Fonte de Consulta: Cayomecenas, ArtCanal,Galeria Jacques Ardies)
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Meus Caros Leitores e Amigos, agradeço muito pela participação de vocês. Coloquei, pregado no varal mais um texto da safra poética.Alguns dos meus escritos, foram selecionados e estão expostos no site de minha querida amiga e escritora Arlete Meggiolaro, em seu Orvalho D`Alma ,uma página que promove e divulga autores brasileiros e que vale sempre uma visita.Um grande abraço.
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Em silêncio desato nós
cegos
amarrados
bem lá
no fundo
do coração.

Sonhos congelados
derretem as
ilusões passageiras
que embotam
obscuras
noites insones.

Guardo os momentos
felizes em um baú
empoeirado
no interior de meu
ser inanimado.

Sigos os passos iluminados
pelo breu
para encontrar
as cores fragmentadas
da felicidade.

Na tela encardida
cerzida
pelo tempo os
instantes do
meu presente
estão
perdidos em
minhas vagas
memórias.

Rabiscadas nas margens
dos rascunhos
feitos a mão pela
vida a fora.

Prossigo os caminhos
dando voltas em torno
de mim.

Era noite.
Não me acho.
Continuo acordado.


sábado, julho 01, 2006

Conversas de Sábado.

Helena Wong : Pintora/Desenhista e Gravurista Nasceu em Pequim, em agosto de 1938, com o nome de Mie Yuan. Uma artista chinesa, naturalizada brasileira. Faleceu vítima de câncer aos 51 anos, em 1990. Desde cedo, sofre de uma moléstia reumática. Em Shangai, inicia o seu aprendizado. Suas primeiras manifestações artisticas são expressas através do desenho.Utiliza o nanquim. Nota-se em sua obra a presença da caligrafia e a pintura típica chinesa. Sua família muda-se para Curitiba. No inicio dos anos 50, toma aulas com Thorstein Andersen, manteve contatos com Ivan Serpa, Marcelo Grassmam e Alcyr Xavier. Sua obra esteve em exposição "Trajetória de uma Paixão", sob os cuidados do MON, para uma apresentação no Margs. Participou de diversas exposições no exterior e em nosso país. O seu interessante e bonito acervo, está sob os cuidados de sua irmã Shou Wen Alegretti. Helena Wong, é presença obrigatória no panorama das artes do Estado do Paraná.(Fonte de Consulta: Mesa Redonda sobre a artista, por ocasião da Exposição Solar do Rosário , em Curitiba, MON - Museu Oscar Niemeyer)
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Meus Caros Amigos Leitores e Blogueiros, passo para deixar colado no mural um texto que descreve uma situação em que vivenciei na Feira do Livro, da Praça Serzedelo Correia. Um grande abraço.

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Olá!
Na semana passada foi instalada a feira de livros na Praça Serzedelo Correia, em Copacabana. Atualmente, por restrições dos órgãos municipais e pelo desenho da praça, houve uma enorme redução dos expositores/barraqueiros. Hoje, há um número bem menor de participantes, assim como, a diminuição do horário de funcionamento. Observa-se uma forte predominancia de livros usados e saldos. As barracas ganharam uma nova roupagem, um novo visual, mas a falta total de divulgação permanece. O aluguel (taxa) do espaço para montagem/transporte das barracas, é recolhido pela ABL, de seus associados e costuma ser bem elevado, envolve pagamento da iluminação, segurança, e outras coisas que não me recordo.
Quem controla a ABL - Associação Brasileira do Livro, que promove as feiras do livro nas praças da cidade do Rio de Janeiro, segundo fui informado, atualmente, é um livreiro, dono de um sebo. Desde do surgimento da feira, a secretaria executiva da entidade mantinha o controle total e foi presidida durante muitos anos , por um livreiro de nome Santana, o mesmo da razão social da livraria, um antigo sebo no centro da cidade. Nunca a oposição formada por livreiros conseguiu alterar a situação que permaneceu até, o falecimento do secretário executivo. Houve casos em que ele expulsava o livreiro por discordar dele. Lembro que o Chico da livraria Dazibao-Ipanema, foi um deles.
Serzedelo Correia, é uma praça protegida por grades, como a maioria das praças e prédios de nossa cidade. O seu interior, é utilizado por crianças para brincar e idosos que costumam jogar damas e outros jogos em um espaço reservado para eles. Por outro lado, a praça é povoada por pivetes ( meninos e meninas) que passam grande parte do dia, cheirando cola e praticando os chamados atos infracionais. A convivência é democrática, desde de mendigos de várias espécies, a bêbados e loucos. Tão democrático e sem policiamento que não devemos esquecer da forte presença de larápios que atuam livremente em direção aos pertences daqueles que transitam pelo local. O alvo preferido, são idosos e mulheres.
De vez em quando, aparece um grupo de ciganas dispostas a abordar um público incauto, predominante feminino, ávido em saber através da leitura das mãos o “incógnito” destino, para os apaixonados e os querem melhorar de vida, são clientes certos deste grupo.

Até pouco tempo, um espaço da praça era dividido por um posto de saúde, que para a construção do metrô foi transferido para lá.Ficou por pouco tempo. Recentemente foi demolido e voltou para o lugar de origem, perto da Estação Siqueira Campos do metrô.
A Praça Serzedelo Correia, concentra um grande número de menores de rua e pedintes. Faz parte do cenário da praça, um razoável número de moradores/famílias sem teto, há sempre alguém dormindo e fazendo do solo, seu banheiro, sua morada e cama.
Antigamente, a praça era conhecida como a “Praça dos Paraíbas”, pela predominante presença de forte contingente oriundos do norte e nordeste do país. A trilha sonora predominante era o forró. Há em volta da praça, a Igreja Nossa Senhora de Copacabana, outros templos religiosos, consultórios, residências, e um comércio bem diversificado, um deles, comercializa produtos eróticos e foi enfocado pelas singulares lentes do blogueiro e artista plástico Jôka P, criador do Avenida Copacabana, um dos mais interessantes e badalados blogues que circulam pela blogosfera. Vale a pena fazer uma visita. Seu blog gerou recentemente uma matéria no jornal O Globo.
Como estava andando pela praça, resolvi por curiosidade parar em uma barraca de livros usados, tenho dado preferência por este tipo de livro. Ao acaso, peguei o livro de autoria de Umberto Eco, o Pêndulo de Foucault (1988) publicado pela Record. O livro estava em um estado razoavel, o valor registrado era de 25 reais, comecei a folhear, eis que surge a presença do vendedor, querendo vender e dizendo que poderia dar um desconto de 20%. Fiquei embasbacado com a proposta e com a conotação de que ele poderia me conceder o desconto.Respondi que era uma obrigação dele, em dar o desconto. Ele me respondeu que depende. Não é bem assim, continuou. Informei a ele, que trabalhei por mais de vinte anos no mercado editorial , sei que por estar em exposição na feira do livro, era obrigado a dar o desconto. Não era a seu bel prazer que eu estaria ganhando o desconto. Ficou calado. A barraca pertence a uma familia que detém mais barracas na feira e donos de um tradicional sebo no centro da cidade. A malandragem da situação, as barracas não estão expondo mais a faixa que declarava o gozo do desconto de 20%, omitem o que é amparado por lei municipal. Dalí fui em busca de algum conhecido do meu tempo de livreiro, encontrei - a resposta foi confirmada, sumiram com a placa indicativa de desconto. No entanto, vigora o desconto pela cara do freguês, ou pela necessidade de faturar se a venda tiver muito baixa. Como o consumidor é enganado, como a feira é usada muito mais para queima de saldos com diferentes preços, “esquecem” de avisar sobre o desconto. O argumento é que há muito livro em promoção com baixo valor. No meu tempo de livreiro, distribuidor e editor, todos os livros expostos eram apontados com dois preços, um com o valor do preço de capa e em seguida, o valor a ser pago com desconto de 20%. O mundo é dos espertos, fiquei convencido. O livro novo é tabelado pela editora; o usado, é marcado pelo livreiro, às vezes um mesmo livro, possui diferentes preços em outra livraria.

segunda-feira, junho 26, 2006

A Imaginação

Glênio Bianchetti : Gravador/Ilustrador, Pintor e Professor. Nasceu em 1928, na cidade de Bagé. Participante de destaque do grupo de artistas identificados com a Modernidade gaúcha, que junto com Scliar, Danúbio Gonçalves, Vasco Prado e Glauco Rodrigues, fundaram o Grupo de Bagé, nos anos 50, que mais tarde deu origem ao Clube de Gravura de Porto Alegre. Um grupo de artistas com uma coloração esquerdista e vínculos com o movimento modernista paulista dos anos 20 e com a vanguarda européia. Aluno de Iberê Camargo, no Instituto de Belas Artes. Glênio, é identificado como um talentoso artista expressionista, vinculado a primeira fase do modernismo brasileiro. Artista com mais de 50 anos de carreira. Foi diretor do setor gráfico da Divisão de Cultura da Secretaria de Educação do Rio Grande Sul. Lecionou gravura na UNB. Criou painéis para a Varig. Diretor do Margs. Ilustrou em 2000, o livro Vidas Secas para a Confraria de Bibliófilos do Brasil. Participou de diversas exposições em nosso país.Possuidor de diversos prêmios.Glênio é uma figura de destaque no panorama de nossa arte, com importante contribuição pelo conjunto de sua obra, merece ser sempre apreciado.(Fonte de Consulta: Secretaria Municipal de Cultura/Porto Alegre,MAC/USP(Cassandra de Castro Assis Gonçalves/Bolsista, RioArteCultura, Investarte.)
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Olá!

Passei rápido para deixar o texto produzido recentemente, para ser colado no mural. Agradeço pelos comentários feitos e deixados por novos e velhos amigos.

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Havia combinado com Walter, que sábado, após a sessão de cinema, voltaríamos para casa, pediríamos uma pizza grande; os refrigerantes, eu havia comprado em promoção, no supermercado. Acordei cantarolando, há dias em que acordo com vontade de cantar. Aviso aos navegantes, que sou péssima cantora, muito desafinada, mais ainda, quando penso em imitar Teresa Salgueiro, cantando Alfama: “Agora, que lembro, as horas ao longo do tempo”...”Esquecida, em cada dia que passa, nunca mais revi a graça de teus olhos”... que serviu como parte da trilha sonora do filme Céu de Lisboa. Gostei deste filme quando assisti e me tornei fã do grupo português.
Walter inicialmente, não concordou, mas acabou aceitando os meus argumentos para passar o final do dia, em casa. O cinema era próximo, na saída, retornamos caminhando de mãos dadas pela avenida. A maioria do comércio tinha cerrado as portas. Camelôs, mendigos e a sujeira tomavam conta da calçada, dificultando o trânsito de pessoas. Um grupo de pivetes cheirando cola, insistiam em entrar no ônibus parado no ponto. Os passageiros no interior do ônibus, ficaram assustados. Os garotos eram bem agressivos, não conseguiram entrar e correram em disparada para pegar o próximo, não conseguiram. Sairam em disparada fazendo algazarra.
Quando chegamos à praça Serzedelo Correia, estava instalada a feira de livros, ao caminharmos em direção a uma das barracas, nos deparamos com um senhor que gritava desesperadamente por Pega Ladrão! Tentava perseguir o lépido ladrão descalço, vestido com as cores do Brasil e que sumia no meio da rua, entre os carros.Ninguém se mexeu, mas não sei se conseguiram prende-lo mais adiante.
Uma amiga disse certa vez, que éramos um casal à moda antiga, destes que ficam de mãos dadas e recebe flores de presente. Lembrávamos sempre das datas mais importantes de nossa história de vida. Em uma tarde de domingo, sem assistir televisão,apenas escutando rádio, ficamos rememorando o nosso primeiro encontro e quem tomou a iniciativa de começar a conversar. Walter negou, que tinha sido ele quem começou, afirmava que era eu quem a pretexto de acender um cigarro, perguntou se tinha fósforos; na ocasião Walter ainda fumava, tempos depois, abandonou o vício do cigarro. Lembrando hoje, fico a rir da situação, Walter ficava bastante incomodado com o cheiro, passou a ser intolerante. Eu, cada vez, fumava mais. Não renunciava a minha vontade de fumar.
Ao chegarmos em casa, o telefone estava tocando, eu atendi, eram amigos combinando para mais tarde, um encontro em um bar. Abandonamos o que inicialmente havíamos combinado e resolvemos sair com os amigos. Nove horas, foi a hora acertada, havia tempo, para mudar de tomar banho e mudar de roupa. Fomos em um bar perto de casa. Por sorte encontramos uma mesa vazia, geralmente, sentávamos nela, dali, tinha uma boa visão da rua e do interior do bar. Eu, defronte para Silvia e Walter diante de Carlos. Pedimos o de sempre. Enquanto, aguardava, eu estava olhando para o outro lado, de repente, meus olhos fixaram em um homem barbudo, com ar de intelectual, lendo um livro, que à distância, me pareceu ser Alma de Pássaro. Estava entretido na leitura, restava um pouco de bebida em um copo. Não conseguia tirar os olhos daquele estranho.Algo me atraia. Ficara pertubada com a sua presença. Walter distraia com as piadas contadas por Carlos, algumas eram repetidas, mesmo assim, risadas eram ouvidas.Carlos tinha um jeito todo especial para contar piadas.

Olhava e pensava naquele homem misterioso. Divagava. Que horror! Eu uma senhora casada, e em companhia do marido e de amigos que poderiam a qualquer momento flagrar meu comportamento. Não sei, mas eu senti que ele me olhava.Acho que chamei atenção dele. Há quanto tempo, um homem não me olha daquele jeito. Sabe lá, se Walter poderia ler os meus pensamentos. Pensei em trocar de lugar com Silvia, de onde ela estava, teria uma dificuldade em olhar para aquele estranho barbudo. Que bobagem a minha, acabei, ficando no mesmo lugar. Comecei a pensar no homem, será que estava sozinho, ou aguardava a companhia feminina, uma daquelas lindas mulheres de Copacabana. Dei asas a minha imaginação, imaginando tanto, que em certo momento, não prestei atenção a pergunta que Silvia me fez. Respondi qualquer coisa, para o seu espanto. Pela segunda vez, acabei de modo lacônico, respondendo. Achei que Silvia como mulher tinha percebido meu ligeiro interesse no homem barbudo, que distraído, lia um livro. Não poderia por um entusiasmo infantil, de adolescente, perder o contrôle sobre mim. Disfarçava e voltava meu olhar e ouvido para o grupo. Caso contrário, acabaria deste modo, provocando um mal estar.

Fiquei aliviada, quando percebi, que o homem fechava o livro e pedia a conta. Distante eu controlava todos os seus movimentos. Levantou, passou por mim, deu uma olhada para o relógio e foi embora.Nem me reparou. Que alivio, eu o acompanhei seguindo por meus olhos, até o momento em que fez sinal para o taxi e partiu.
Meia hora depois, pedimos a conta. Walter muito animado pelos chopes tomados, acabou me dando um beijo. Despedimos dos amigos e fomos para casa dormir, no dia seguinte, o trabalho nos aguardava. Deixei de ser sonhadora, voltei a dura realidade das minhas tarefas do cotidiano.



segunda-feira, junho 19, 2006

O Amor de Selma














Eli Heil : Artista autodidata catarinense, nascida em Palhoça, em 1929. Dona de intensa produção artistica, com trabalhos desenvolvidos na pintura, cerâmica, escultura, desenho e tapeçaria. Estima-se em mais de duas mil obras, a composição de seu acêrvo, que pode ser admirado no Museu Mundo Ovo, de sua propriedade e situado em Santo Antonio de Lisboa, na Rodovia SC-401. Destaca-se como referência turística no estado. Muitos de seus trabalhos foram premiados e vistos em exposições no exterior. (Fonte de Consulta: Guia Floripa, Secretaria Municipal de Turismo, Universia Brasil, City Brazil - Pontos Turísticos )
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Olá!
Meus Caros Amigos, agradeço muito pelas visitas e os comentários deixados no blog. Passei para deixar colado no mural, o mais recente texto de minha safra "literária". Desejo para todos uma ótima segunda-feira.
Ps: No final de semana, começaram a montar as barracas para a feira do livro da Praça Serzedelo Correia, em Copacabana. Gosto da feira, participei durante quatro anos, sendo barraqueiro, utilizava sob os meus cuidados o selo da Edições Graal, na época ainda pertencia ao ex-deputado Max da Costa Santos e gerenciada pelo grande editor Paul J. Cristoph; mais tarde foi adquirida pelo empresário Fernando Gasparian, proprietário da Editora Paz e Terra.
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Os pais souberam de sua decisão, sem muitos detalhes em um bilhete deixado pregado na porta da geladeira, lido, após a volta da missa. Selma informava, que a mudança de casa, seria no sábado.No mais, era silêncio. Largaria, mais uma vez, tudo em nome do novo amor.Sempre foi assim, desde de menina. Quando os estudos foram deixados de lado, pois, ficariam para uma próxima oportunidade, que ela imaginava ser, em um tempo bem distante, logo após, os sonhos de casar e ser mãe.Não gostava de freqüentar à escola, tampouco, de ficar estudando, lendo.Vez por outra, para distrair, pegava emprestado de sua avó, alguns romances da coleção Biblioteca das Moças, adorava aqueles livros com final feliz. Os livros preferidos eram os de M Delly.

Desde criança, nas brincadeiras com as bonecas, tinha muitas; ou com as amiguinhas, na escola ou na pracinha, imaginava, quando tivesse um marido, encontraria a felicidade. Seria um marido que a fizesse sonhar, sempre lindos sonhos de amor.Um marido para toda a vida. Maria Cristina, sua amiga de infância, jura que ela, falava e sonhava com príncipes e alguns poucos sapos.

Imaginava ser mãe de muitos filhos, inclusive, teria escolhido alguns nomes, os mesmos dos bonecos de seu quarto.Imaginava viver em um reino de fantasia e de riquezas. Rainha de um lar doce lar, para quem sempre nas brincadeiras de menina, se imaginava uma princesa.Moraria em castelos e na Europa.Viajaria em carros possantes e modernos, antigas carruagens imaginadas na infância.

Em um baile, nos salões do clube, conheceu Pedro, garoto sonhador, para as meninas da turma, parecia um principe, a tirou para dançar, naquela tarde. Não pararam de dançar e de namorar.Ficaram de mãos dadas.Trocaram beijos e afagos. Em silêncio, conversaram por muito tempo.Juras de amor, de eterno amor. Pintaram sonhos inesquecíveis e coloriram ilusões.O casamento em uma grande festa, era um desejo.Em um dia de chuva, diante do espelho, colocou uma flor no cabelo. Ficou linda como uma rainha. Sua melhor amiga, um convite para ser madrinha. Promessas, muitas. Acreditou em todas, tudo em nome do amor.

Do amor sonhado nas telas de cinema, nas páginas das revistas recortadas, dos galãs das novelas de tv, dos inúmeros amores idealizados, sonhados e perdidos.Selma,sempre acreditou que o próximo amor de sua vida, encontraria a felicidade, mesmo que não fosse para sempre, insistiria. Selma depois da mundança, tinha acabado de colocar em um canto no quarto do casal, uma grande caixa, ali, estavam embrulhados sonhos e desilusões.



quinta-feira, junho 15, 2006

Papo de Quinta




















Rodrigo de Haro
: "Bruxa" - Poeta, Artista Plástico e Acadêmico. Membro da Academia Catarinense de Letras (ACL). Sua obra escrita está sendo reditada pela editora carioca. Nasceu em Paris, em 1939.
(Fonte de Consulta
:
Helena Freta Galeria de Arte , Museu de Arte de Santa Catarina, Agulha - Revista de Cultura, Jornal Metropolitano -SC.)
Observação: Dados biográficos incompletos.


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Olá!

Meus Caros Amigos, reapareço no blog, depois de um recesso provocado pela Virtua/Net (banda larga), que deixou parte de algumas ruas de Copacabana, sem sinal de acesso a internet.Neste período ficamos engessados, condicionados ao suporte técnico da Net, que durante os quinze dias, não respondeu com precisão qualquer previsão de retorno do sinal e qual o tipo de defeito, alegavam um problema externo.Confesso que é uma situação extremamente desagradável, chegando a ser muito irritante.

Ontem, por volta de 18 horas, para a nossa alegria, o sinal foi restabelecido. Nesta quarta-feira, foi dia de visita de Ramom, que está cada vez mais serelepe. Foi dia de ouvir música infantil, ou melhor, uma overdose de uma música “cantada” por Xuxa, chamada “ A Elefanta Bila Bilú”. Como o meu neto gosta da música, chega a reclamar se eu disfarçadamente troco de música, responde que “não queria”, sempre de forma negativa, se não é de seu agrado.

Aproveitamos neste intervalo e alugamos dvds, assistimos: Língua, Jardineiro Fiel e Closer.Iniciei a leitura dos livros comprados no sebo, o primeiro foi “A Republica dos Assassinos”, de Agnaldo Silva e o “O Bruxo”, de Maria Adelaide Amaral.

Querida Lia (Blog Cotidiano) não pude aparecer na festa de arromba de seu blog. Desejo de coração, vida longa para o seu blog e espero que tenha curtido muito este momento.

Fico por aqui, desejando um bom feriado para todos amigos e leitores.

segunda-feira, maio 29, 2006

Colecionador de Sonhos













Thomaz Ianelli : Nasceu em São Paulo, em 1932. Pintor, gravador e desenhista. Foi integrante do Grupo Guanabara, criado em 1958. Sua primeira exposição foi em 1960, na galeria da Folha.Participou da equipe de filmagem de Quarup, pintando diversas aquarelas. Morreu em 2001, vítima de embolia pulmonar. Irmão do artista plástico Arcângelo Ianelli e tio do artista plástico Rubens Ianelli. ( Fonte de Consulta: Folha de São Paulo(On line/2001), ) Morreu antes da realização de um filme do documentarista Carlos Cortez em homenagem aos seus cinqüenta anos .
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Olá!
Peço desculpas aos amigos leitores e blogueiros, por não ter encontrado um tempo para uma dedicação maior nas visitas em que faço a suas páginas. Entro e nem tenho deixado comentários, tampouco, deixo todas as respostas aos visitantes no espaço destinado aos comentários. Na verdade, desde que Marilene ficou aposentada, que tive que redesenhar um novo tempo para uso da internet, ficando menos tempo na parte da tarde, fizemos uma divisão; eu pela manhã e ela preferencialmente pela tarde, mas nada que seja inserido aos rigores da lei. È uma combinação democrátcia. Estabelecemos que a noite é livre, e é para se fazer, o que der na telha...ler, assistir tv, conversar e fazer, se ninguém esquecer, outras coisas...
Aproveito para pregar no varal, mais um texto saído do fôrno.
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Sou um rico colecionador de sonhos
dos sonhos mais lindos
dos sonhos de criança sapeca
dos sonhos dourados
dos sonhos utópicos.
Dos sonhos embalados

amontoados
dos sonhos distantes.
Tristes.
Dos sonhos de principes
e princesas
dos sonhos de valsa.
Dos sonhos coloridos
dos sonhos realizados
em preto e branco
Sonhos costurados
remendados
embaralhados
conquistados.
De sonhos por um mundo melhor
de sonhos acordados.
Acreditados.
De sonhos escondidos
sumidos.

Relaxados.
Desfeitos.
Idealizados.
Coleciono sonhos
sonhados
Sonhos de palhaço.
Sonhos de amor
sem fim
Sonho sempre como

Sonha
um Poeta.

terça-feira, maio 23, 2006

Lúcia diante do espelho.














Sérgio Lúcio Maria
: "Depressão" - óleo s/tela. Artista, ganhador do Primeiro Prêmio Arthur Bispo Rosário, em 1999. Usuário do Hospital de Saúde Mental do Guarujá, no Estado de São Paulo. Não disponho de maiores informações sobre o artista.
(Fonte de Consulta: crpsp.org.br )
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Olá!
Passo pela Quitanda para deixar afixado no mural, um conto de minha autoria. Agradeço aos amigos leitores pela presença e o comentário deixado neste espaço.

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Lúcia acordou cedo, arrumou a casa, preparou o café para os meninos. Não comprou pão, estava com preguiça, ofereceu bolachas e pedaços de bolos, reclamaram...fingiu não ter escutado as costumeiras reclamações de Daniel e Susana. Os dois adolescentes, filhos do primeiro casamento. Não se candidatam para comprar o pão, fazem corpo mole e dizem sempre que estão, mais cansados do que eu . Para eles, eu nunca estou cansada, estou sempre disposta e pronta para qualquer coisa. Penso que mãe para eles, não têm vida própria, desejo, vontades ou mesmo ficar de papo para o ar. A padaria é próxima de casa, mas nem assim, algum deles se dispõe a sair e comprar o pão.

Faz tempo, mas ainda sinto falta de Horácio, desde que, sofreu um acidente de automóvel, inexplicável, acabando com a sua vida; fiquei só e em companhia de um casal de filhos. Ainda bem que estudam em escola pública, caso contrário, o dinheiro que ganho não daria para pagar mensalidade em escola particular. Volta e meia, ameaçam não ir para à escola, detestam, faltam professores e os colegas fazem brincadeiras cada vez mais agressivas. Outro dia, Daniel contou para mim, que um de seus colegas, ameaçou bater na professora, por ter tirado nota baixa. Foi um horror, que situação. Quando Daniel me contou, nem acreditei. Reconheço que está muito dificil trabalhar no magistério atualmente. Há todo momento subvertem valores, passando a valer a linguagem da violência, acompanhada muitas vezes por uso de drogas. Daniel, disse em conversa na hora da janta, que havia uma falta de respeito de ambas partes. Neste dia, ele não estava, faltou por estar muito acamado, mas soube, que um dos seus professores de geografia, tentou dar um tapa em uma menina e terminou tudo em pizza,como se diz hoje.

Tomaram café com pressa e foram para a escola. Todo dia faço tudo igual, me sinto assim, não sei, tenho sérias dúvidas, se esta rotina tem me dado felicidade.Acho que sou feliz,cuido dos filhos, da casa e recebo uma pensão. Tenho vivido sem muito gastos, livros quase não leio, assisto mais televisão e sou fanática pelas novelas. Não sei se poderia ser diferente.Não sou velha, tenho 48 anos, sei que as mulheres não gostam de revelar segredos, como a idade, não me importo. Nunca fui grilada com idade, mas conheço minha ex-cunhada que sempre foi, vivia enganando-se e enganada pelos elogios falsos recebidos pelas amigas.

Ontem, quando as crianças, é o hábito de assim chamá-las, foram ao cinema em um shopping, na parte da tarde ; me surpreendi ao ficar sentada diante do espelho do quarto. Olhei por alguns minutos e tive a coragem de reparar, estava despida, bem de frente,com os meus peitos caidos, uma barriga ligeiramente flácida e os quadris cheios de estrias. As coxas com celulite. Sou assim! Sou gorda e feliz. Estou envelhecendo, sinto-me bem, mas se eu encontrasse um novo amor e como fazer amor com ele, ao me ver assim, ao natural. Um receio tomou conta de mim, por pouco me vejo pensando em beleza e nas mulheres que sempre estão malhando os corpos em academias. Verdade, disse outro dia para Mariana, que não era acomodação, tinha consciência de meu estado, não vou me submeter as regras da ditadura do corpo bem torneado, da beleza dos salões e das passarelas.Estou fora!

Há tempos que venho pensando em conhecer outro homem, aliás, conheci o irmão de Paula, que é advogado, fomos apresentados e fiquei muito interessada em manter uma amizade.Disse da última vez, que nos encontramos, que iria a São Paulo, quando voltasse na quarta-feira, sairíamos para jantar fora.O telefone toca por volta de 20 horas, era Tiago, irmão de Paula, querendo confirmar o encontro.Confirmei! Ficou de passar aqui.Diante daquele mesmo espelho, me senti linda. Estava pronta!

segunda-feira, maio 22, 2006

Cacos do Coração














Sérgio Vilanova
- Artista autodidata, entalhador e pintor, nascido em 1962. (Fonte de Consulta : O Mundo Mágico de Vilanova, Destino Pernambuco, Ícaro Brasil, Arte Maior Galeria) Um artista , assim, como Bajado, outro reconhecido artista popular da cidade de Olinda; Vilanova sempre pinta com as cores de seu mundo mágico que em exposição nos oferece em seu ateliê diversos trabalhos povoados por anjos, bichos e figuras do universo carnavalesco de Olinda. Toda esta beleza espalhada pelo país e pelo mundo, tem a sua origem em seu ateliê que fica no bairro de Amparo, na rua Amparo, 224. Sua pintura pode ser identificada como arte naïf. Uma grande produção em telas, aquarelas e entalhes, sempre com um olhar para o interior da cultura nordestina, presentes em temas do universo carnavalesco e a natureza de sua terra.
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Olá!
Passo pelos corredores da Quitanda para deixar colado no varal, o mais recente texto de minha safra poética. Aproveito para deixar registrado meu contentamento por Ramom, debutar na escola, ou melhor, no colégio, como prefere falar. Eu e Marilene fomos levá-lo na sexta-feira, pegamos o metrô e soltamos no bairro do Flamengo. Gosta de andar de metrô, fica atento a tudo. Assim que entramos na rua , perguntei: onde é o colégio de Ramom? - para a nossa surpresa, apontou a direção. Até o momento não houve nenhuma dificuldade em se adaptar a este novo mundo. Fica numa boa. Dispara correndo de um lado ao outro, é incansável. Ramom ainda não ficou na fila no pátio, seus movimentos estavam liberados. Depois de um pequeno ritual com mensagens católicas, a professora, pegou ele no colo, despediu dos avós e foi para a sala. Era o terceiro dia no colégio e o nosso primeiro dia como testemunhas da alegria estampada em seu rosto. Desejo para os amigos visitantes e leitores, um ótimo dia.

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Juntei ao acaso os cacos do coração
partido.
Haviam pedaços de sonhos e de muita
ilusão.

Aquele coração
desbotado
Agonizava solitário
misturado aos restos
das lembranças embalsamadas
esquecidas nas imagens
em preto e branco
do porta-retrato de minhas
memórias espelhadas
na moldura do tempo.

Em silêncio as lágrimas
rolaram em minha
face.





terça-feira, maio 16, 2006

No Reino de Ramom

Samson Flexor : Nascido em Soroka, Romênia, no ano de 1907 e faleceu na cidade de São Paulo, em 1971. De origem franco-romena, com formação em Paris e conhecido inicialmente na pintura mural e na arte sacra, passou o seu aprendizado pela Escola Nacional de Belas Artes e na Academia Ranson. Foi ligado a Henri Matisse e Fernand Léger Considerado como o pioneiro do Abstracionismo. Chega em nosso país, com o grupo conhecido como "Pintores Independentes de Paris", promovendo uma mostra individual de seus trabalhos, depois da metade dos anos 40, inicia atividade artística, participando ativamente na formação de artistas no Ateliê Abstração (1951). Presente em diversas bienais, como: de São Paulo, Veneza e Tóquio.(Fonte de Consulta - Folha de São Paulo, site Pitoresco, Sobiografias, Portal das Artes)Uma obra editada pela USP, com o título de "Samson Flexor: Do Figurativismo ao Abstracionismo, de autoria de Alice Brill, publicado em 1990.
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Olá!
Estou de volta para deixar um texto que escrevi sobre o meu neto Ramom. Tenho encontrado bastante dificuldades em ficar conectado pelo Virtua, incrível tem ficado pior que o Velox, que abandonamos no mês de março. O tempo está nublado e frio, isto também quer dizer, que por ora, deixamos de caminhar. Agradeço aos amigos pela presença e os comentários.
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Volto a ser criança no encontro com o meu neto.Visto fantasias, teço ilusões e esperanças ao estar com Ramom. Ele, uma doçura de criança. Esperto, alegre e muito travesso.Trás ao chegar aqui, o mundo mágico e divertido, nas horas em que passamos juntos. Irradia um bonito sorriso ao chegar, ao me abraçar e beijar. Estou feliz! O espetáculo vai começar. A casa se transforma em palco e picadeiro deste pequeno artista.Livre, leve e solto, passa a correr de um lado ao outro. Nós, os avós neste momento nos transformamos em súditos no Reino Encantado de Ramom. Só dá ele e nem poderia ser diferente. Ele, é um garoto sensível à histórias infantis, à música e ao teatrinho que vai com a minha afilhada. Gosta muito de jogar bola, chuta e grita gol; sem nenhuma interferência do pai ou do avô, posso garantir, grita entusiasmado pelo Vasco. Insisti uma vez, para que torcesse pelo time da mãe, não houve jeito, pela primeira vez, detectei uma aversão, uma manifestação alérgica ao pronunciar o nome do adversário histórico de seu time. É verdade, que tentativas houveram, chegou a ser induzido por uma minoria feminina do lado materno, para que fosse torcedor daquele time. Ramom optou por desobedecer a sugestão materna, decidiu optar pelo melhor antídoto, que por pura coincidência, foi torcer pelo time da maioria esmagadora da familia paterna. Com minha formação democrática, respeitei a sua melhor opção.
Adora o livro de Sylvia Orthof, A Velhota Cambalhota, nele identifica personagens e algumas cores da ilustração, que é feita por Tato, seu marido.Lembro de Sylvia ao dar autógrafo para o meu filho, em uma bienal no Rio Centro. Enfretamos uma fila e houve uma incrível coincidência, o menino que estava na frente de meu filho,com idades próximas, tinham o mesmo nome. Raoni é o seu nome. Quando fui livreiro sempre procurei ter os livros de autoria de Sylvia. Sua obra é imensa, estimo em mais de 100 livros. É sempre consumida pelo público infantil. Li alguns de seus títulos e percebo uma boa dose de humor, aliás, é uma de suas caracteristicas. Infelizmente, Sylvia, moradora da cidade de Petrópolis, nos deixou em 97. Recordo que nos anos 90, fui apresentado pela editora Rose Muraro, quando trabalhei na editora Espaço e Tempo, a autora de um grande best-seller, chamado Livro da Sorte, escrito por Syvia, sob pseudonimo. A autora vez por outra aparecia na editora.
Como ouvinte, Ramom, gosta que repita diversas vezes a mesma história. Passa para outros livros, no entanto, o livro que mais lhe agrada, é o da Velhota. Ramom ainda não tem dois anos, está próximo de realizar os festejos desta data.O mês de julho, se aproxima.Os pais imaginaram a decoração com motivos de uma floresta. Decidimos pela festa no prédio.
Gosto de escrever ou falar sobre o meu neto, embora, eu esteja me preparando, ou melhor, eu e Marilene, para daqui alguns meses, receber a presença de mais um neto.Há uma grande torcida para que venha uma menina, ainda mais pelo lado materno, em que a prole, só é masculina.Totalizam onze meninos.Uma menina, quebraria esta corrente. De qualquer forma, venha o que vier.
Acho muito gozado o grito de avô que Ramom, faz ao me chamar. Há momentos em que me chama pelo nome, outras, pelo nome da avó ou da bisa. A mãe o repreende para que chame pelo de avô. Não ligo, qualquer maneira que me chame, acho muito legal. Não gosto de muita formalidade, prefiro que ele seja meu amigo e que tenha respeito e acate algumas orientações. Sou o avô e pronto.
Ramom, esta semana vai para o colégio, o mesmo que a mãe estudou, começa na quarta-feira. Creio, que por sua natureza, vai interagir muito rápido com as outras crianças. Vai haver todo um ritual de entrada na escola, a mãe e alguns familiares participarão deste processo. Torço por este momento, pois acredito que seja a oportunidade de meu neto, começar a comer coisas mais sólidas e sadias. Espero sim, que remova a sua neofobia, passe a se alimentar não só de comida, como de sonhos e fantasias.

quarta-feira, maio 10, 2006

Clarice e Walter

Rejane Melo: Uma artista nascida em Natal, no ano de 1958. Nutróloga de formação, trabalha como nutricionista até 1994, desiste da profissão para dedicar-se à arte. Participou de diversas exposições em nossa cidade, como no exterior, onde também estudou. Esta artista muito talentosa, estudou desenho e composição na Escola do Parque Laje e foi aluna de Giangüido Bonfanti. Moradora do Rio de Janeiro.A pintura exposta na galeria da Quitanda, faz parte do acervo da bonita página da artista Rejane que merece sem dúvida uma visita, para admirar sua arte, seja em desenho, guache e pinturas a óleo. Passear pelo universo das artes, nos possibilita descobrir momentos de verdadeiro encanto. Não sou especialista nesta manifestação artística, porém, sou um apreciador de qualquer registro artistico e através do meu olhar vou desvendando. Sou mais interessado nas artes plásticas e sempre prefiro colocar aqui, artistas que de alguma forma me sensibilizaram, como o caso de Rejane, que é uma referência no site Chave Mestra, em que abriga os artistas de Santa Teresa, famoso bairro do centro do Rio de Janeiro. Participa do evento "Artes de Portas Abertas".
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Olá!
Com o tempo nublado aqui em Copacabana, resolvi colocar a preguiça de lado e tentar escrever um texto para colocar no Mural da Quitanda. Não tem sido fácil a conexão por banda larga aqui na zona sul. Tínhamos a conexão via Velox e resolvemos mudar para o Vírtua e até o momento, apenas decepção e frustração. Há dias que me vejo sem conexão, estão sempre com problemas de ordem técnica, fica muito instável e o resultado imediato, é transformado em irritação. Não sei bem qual é o pior, se Vírtua ou Velox. Tenho ficado pouco na internet, no entanto, quero agradecer aos visitantes blogueiros e leitores, que aparecem neste espaço. Desejo para vocês um ótimo dia.
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Cinco horas da manhã o telefone toca e eu desperto sonolenta para atender. Era Walter. Sou eu, respondeu a voz do outro lado. Fiquei em silêncio por alguns momentos.- Fica assim, peço para não perguntar nada.Por pouco não desliguei, no entanto, fui mais uma vez tolerante e aceitei a sua volta.Não estava tudo bem, desde que, numa certa manhã de domingo, Walter sempre muito calado disse para mim: - Clarice, não dá mais, vou voltar para ela. Ouvi calada e com o coração arranhado. Sem nenhum abraço e com grande economia de palavras.
Não pôde reparar que naquele momento, lágrimas passeavam pela minha face. Bateu à porta. Saiu. Não manifestei nenhum outro tipo de reação. Sei que foi muito duro comigo ao dizer que voltaria para sua antiga namorada.Caminhei para o quarto, abri o armário e estava vazio, as roupas foram levadas no dia anterior, me dei conta naquele instante.Fiquei prostrada, sentada na beira da cama. Olhando para o armário vazio e percebendo o vazio que se instalava em meu interior, bem no meu âmago.Fiquei assim, uma grande parte do dia, com ânimo suficiente apenas para preparar um macarrão instântaneo. Como as coisas mudam em nossas vidas, havia planejado em comemorar o nosso aniversário de namoro em um restaurante, aqui mesmo em Copa.
Fui muito boba, em não reparar o comportanto silencioso, ausente de Walter. Claro, ele estava sem paciência, irritado, qualquer coisa, era motivo de discussão.Pensando melhor, tudo aconteceu após o telefonema de Virgínia para ele. Na sexta-feira, arrumou uma desculpa esfarrapada, para chegar mais tarde em casa. Perguntei se poderia deixar a janta em um prato - disse que não precisava - agradeceu, pois faria um lanche com um pessoal do trabalho.
Virgínia foi sua companheira por sete anos. Viviam como cão e gato, incompatibilidade de gênios. Era esta a situação que me descreveu. Acabou por afastar Walter dela. Foi quando me conheceu, ao ir a uma festa na casa de Valéria.Passamos em pouco tempo, a morar juntos, a curtir a vida adoidado. Tudo no começo, corria às mil maravilhas. Cinema, teatro, livrarias e restaurantes, vez ou outra, visita a uma galeria de arte.Criamos este roteiro, com programas para os finais de semana.Não tinhamos filhos, tudo ficava mais fácil.
O som da campaínha interrompe meus pensamentos, levanto rápido e mal consigo abrir a porta, o seu belo sorriso ficou estampado em seu rosto, nada adiantou, tomei uma decisão, dalí mesmo comuniquei. É tarde. Walter, não quero mais. Prefiro ficar sozinha, com a tranqüilidade que nunca tive, sem aborrecimentos e decepções.Viverei melhor sendo apenas sua amiga.
Walter chamou o elevador e em seguida, um ligeiro aceno de despedida. Fechei à porta. Liguei o rádio. A música e o alivio tomaram conta do ambiente.Estava feliz.

segunda-feira, maio 01, 2006

O Primeiro de Maio

Manuel Martins : Pintor, Ilustrador, Gravador, Desenhista e Ourives. Um dos integrantes do Grupo Santa Helena. Considerado como o ilustrador da vida urbana. Nasceu no Brás, em outubro de 1911 e faleceu em 1979. Filho de imigrantes portugueses. Começa a trabalhar em uma ourivesaria . A partir de 1924, adquiri o dominio da gravura. Conhece o escultor Vicente Laroca que lhe aconselha a freqüentar a Escola de Belas Artes. Estabelece conhecimento com artistas como: Volpi, Zanini, Rebolo e passa a dividir o ateliê no Palacete Santa Helena. Trabalha em relojoaria, exercendo atividades no comércio, aproxima-se da vida proletária. Pintou paisagens do centro e arredores de São Paulo.
Ilustrador de vários romances, como: O Cortiço e Bahia de todos os Santos. Carlos Scliar o considerava como ingênuo e primitivista. Na verdade, o artista é testemunha das transformações da vida urbana dos anos 30 e 40. Conseguiu captar para a sua arte este momento. Em 1937, participa de exposições da Familia Artisitica Paulista (FAP).
(Fonte de Consulta: Pintura Brasileira. com ( que não dispensa o comentário de um grande e interessante site sobre pintura brasileira, que vale sempre uma visita), MAC/SP- Carolina Amaral de Aguiar,Wilkipédia)
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Olá!
Volto a Quitanda para colocar mais um texto em que trato de maneira ficcional temas que fazem parte do nosso cotidiano. Continuo com minha caminhada pelas areias de Copa, em companhia de Marilene. Ramom tem aparecido, cada vez mais levado. Passou a fase de me ensinar a digitar. Agora, qualquer vacilo que eu tenha, assume sem cerimônia o teclado e faz resistência para não sair. Engraçado como o meu neto, gosta de computador. Temos que inventar que o computador foi dormir(desligado) para que saia do trono, caso contrário, insiste em ficar digitando, apertando várias teclas.
Agradeço pelas visitas e os comentários deixados no mural. Desejo que tenham um ótimo feriado.
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Na sede do Reino da Bicholândia, havia um burburinho e a boca pequena comentava-se que ele estava assim, por engolir muitos sapos de uns tempos para cá. O seu momento atual dava para ser percebido à distância.Todos repararam no comportamento taciturno de Lula Lelé. Uma tristeza sem fim. Para passar o tempo, foi contratada uma sabiá cantante, tocadora de sanfona, para cantar próximo ao pé da escada: “Tristeza, por favor vá embora”, acreditavam que cantando espantavam todos os males. Tudo o que foi feito, não adiantava, o molusco cefalópodes ficava na dele, muito sisudo. De pouco riso, com cara de ter perdido os amigos. Fingia ignorar tudo o que se passava a sua volta, para alegria de uns poucos. Uma decepção só, comentou um dinossaouro, velho militante, em uma roda de chifrudos, em um canto do salão. Era ele, não havia dúvida. O que se ouviu dizer era que Lula Lelé estava isolado, muito jururu, pois, há dias que vinha pensando, apenas na morte da bezerra.Inúmeras piadas foram contadas e Lula Lelé, permanecia inerte, sem conseguir esboçar qualquer sorriso.
A oposição do Dogue Alemão, Gato Baiano e do Crocodilo Amazonense, oportunistas como sempre, espalhavam, que ele ficou com medo de ser feliz. Diziam cobras e lagartos. Semeavam o caos. Instigavam de tudo que era jeito, mas deram com os burros na água. Um cordeiro que trabalhava na Voz da Floresta, acompanhava atento as reivindicações risíveis da oposição, carregando na bolsa, diversas fitas e uma caixa de papelão.
Desde do dia, em que houve uma revoada de pombos trabalhadores assustados com os morteiros, que Lula Lelé sentiu-se cada vez mais isolado. Ficava cabisbaixo, dando voltas seguidas em torno de si. Ou, ia de um lado ao outro sem parar. Segundo testemunhas, ele ficava muito tonto, alguns serviçais diziam, que estava lelé da cuca. Lula Lelé, não conseguia falar cré com cré, nem lé com lé.O desespero tomou lugar da esperança.O forte cheiro de ilusão tomou conta dos ares da Bicholândia.
O Lago da Capivara, abandonado, não era mais usado para nadar, servia apenas, para lavar a roupa suja.Ajudantes de ordem não sabiam mais de quem recebiam ordens, desde que o Abelhudo, o Bode Ludovico e o Ganso do Ribeirão foram parar em outras bandas.
Era um momento de caos. Nuvens negras pairavam no ar. Fantasmas sobrevoavam o espaço, espalhando pavor, chegando anunciar que o banco central da praça, onde muitos ficavam sentados olhando pro céu, iria ser retirado do local. Houve protestos isolados.
Para voltar aquela alegria inicial de quando foi parar na Bicholândia, foram oferecidas pelos corvos, algumas das melhores lebres e pererecas do pedaço. Fizeram de tudo para distrair, queriam resgatar aquela alegria, o largo sorriso na face de Lula Lelé.Uma anta com livre trânsito,foi chamado às pressas para trazer duas gatas, que fizeram muito sucesso em uma festa realizada na mansão do Lago da Capivara.Nada adiantou, nem a dança das garrafas oferecidas pelas coelhinhas que circulavam livremente pelo interior da casa, resolveu.
A tristeza abatia o lider maior da Bicholândia.Muitos dos presentes, acharam que estava assim, por ter conhecimento de que o Porquinho do Ribeirão Negro, bateu a caçoleta e o corpo está desaparecido; alguns urubus de plantão suspeitavam que o corpo do renitente companheiro de lutas, acabou em uma churrascaria.
Noticias que circulavam, era que um caminhão da coleta de lixo bateu em um poste, fazendo vítimas. Na remoção dos corpos, constataram que o Porquinho, uma das vítimas, sofreu graves lesões e foi transferido para cuidar da saúde em uma clínica.
Nas cercanias da moradia onde Lula Lelé habitava, dava para escutar um forte alarido, um movimento de animais vindos de diferentes partes da floresta, gritavam uníssonos : Um, Dois, Três, não queremos Lula Lelé outra vez... passavam bandos de maritacas , gambás e fuinhas que entraram pela quadra, empunhando megafones, faixas e cartazes. Assessores estavam preocupados para não deixar o líder saber, que a hora da festa de comemoração dos bichos trabalhadores se aproximava. A tropa de choque muito atenta, compostas por águias, macacos e dromedários, ficou de prontidão. Por ordens do chefe, soltaram os cachorros e uma dúzia de mutucas para sair picando quem encontrasse pela frente.O chefe ria tanto que arreganhava os dentes, por saber do efeito da picadura na população de animais que transitavam para festejar o dia do animal trabalhador,provocaria fortes dores e inchaço.
Chegado a hora. O som rolava solto. Muita pinga com limão. Um formigueiro sem medo do tamanduá, fez vaquinha para ir em caravana, comemorar o dia do trabalhor desempregado. Entraram lentamente no eixo, dali, partiram para o ataque. Simpatizantes do movimento dos sem chão, juntaram-se ao animado grupo das abelhas dissidentes, que carregavam estalinhos e outros fogos. Uma minoria que rezava na mesma cartilha, resolveu soltar palavras de ordem, durante a manifestação: "Animais unidos, jamais serão vencidos".
Um gato escaldado, com medo de água fria, que certamente jogariam sobre ele, ficou escondido para não ir a manifestação. Andorinha Lolo bem do alto, tomava sol e agitava a galera. Um pintassilgo punk, queria pertubar o ambiente, ninguém prestou atenção, que acabou por saltar fora, desaparecendo na fumaça dos carros.
Em um bar próximo ao evento, duas águias e um papagaio, devotos do partido, discutiam o papel da organização partidária, em comandar as mudanças históricas necessárias.Um blá blá sem fim.Um agente vira-lata espreitava da janela a situação dos manifestantes.Eis, que para a surpresa de muitos, passa diante da casa de Lula Lelé, um gato preto e um bode da mesma cor. Pronto! Era o que faltava.
Uma gralha exaltada, tomou o microfone de uma toupeira e pediu uma escada para subir ao palanque: Senhores e Senhoras, Ilustres Vertebrados e Invertebrados moradores do Reino da Bicholândia. Prestem atenção! Lula Lelé está assim, por não cumprir o pacto que fez com os humanos.Deu diversos passos para trás, recuou e fingiu ser o que não é. Lula Lelé não fala lé com lé e não dá para acreditar mais nele.Lula Lelé, vá procurar a sua turma!Por ordens, não sabe muito bem de quem, foi mandado encerrar a festa.
Mandaram instalar um circo de um lado e uma pizzaria do outro. Uma hiena exaltada, bradava, até que enfim, estamos ao lado das massas. Pão e circo para todos! Lula Lelé dormia o sono dos justos.
*"Como será o amanhã responda quem puder". "O que irá me acontecer"

Obs: * O Amanhã, cantado por Simone, composição de João Sérgio.

terça-feira, abril 25, 2006

O Jogo

Britto Velho : Carlos Carrion de - Artista nascido em Porto Alegre, em 1946. Residiu em Buenos Aires de 1957 a 1965 . Esteve morando em Paris para estudos e foi estagiário da gráfica Desjobert, na metade dos anos 70. Residiu em São Paulo e atualmente mora em Porto Alegre. Britto Velho um artista bem atuante no sul do país. Sua obra serve de inspiração para debates na área de Educação, como o promovido pela UNISINOS.Uma obra fascinante, merecedora de uma visita, uma olhada, é o seu momento mágico diante da obra de um talentoso e importante artista plástico sulino. Participou do livro em homenagem aos 90 anos do escritor gaúcho, psicanalista e humanista Cyro Martins, falecido em 1995, na cidade de Porto Alegre. Britto Velho, é também referência no panorama das artes plásticas e em livros que tratam da análise de sua obra, publicados por diferentes pesquisadores. (Fonte de Consulta : Bolsa de Arte, CELPCYRO/RS, Vanet.com.br, Universia Brasil, Garagem de Arte )
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Olá!
Meus caros amigos leitores e blogueiros, estou de volta para colocar um texto no mural deste espaço. Um texto em que, uso o recurso dos personagens travestidos de animais para desenvolver a história que pretendo contar para vocês. Acho que vocês repararam que eu gosto deste meio de comunicação, desta narrativa criada com as tonalidades de um gênero literário que remonta aos tempos imemorais, que é a fábula.
Fico muito grato pelas visitas. Deixo claro que também faço as minhas, embora, no momento não tenho alcançado o meu número ideal de visitas e que pretendo atingir em breve. Um grande abraço.
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Lula Lelé, acordou cedo, colocou um boné e o calção, fez alongamento e foi curtir o dia, era um domingo de sol. Estava sem muito o que fazer, as viagens programadas, só no mês seguinte, aconteceriam. Desde que, foi para o Reino da Bicholândia, vivia feliz que nem pinto no lixo. Tudo andava às mil maravilhas. Os poucos boatos que circulavam, não o incomodavam, pois, eram criados por elementos da oposição.Procuravam sarna para se coçar. Na verdade um grupelho liderado por quatro tucanos, dois ratos e seis porcos, que de uma hora para outra, passaram a dar entrevistas para um veículo de comunicação, espalhando maldosamente, que ele estava ficando lelé da cuca. Que vivia no mundo da lua. Pura intriga. Era falta do que fazer, invencionices dos adversários, argumentava, tranqüilizando os aliados, dentre eles, se destacavam, os crocodilos de papo amarelo.
O domingo era dedicado ao lazer.Lula Lelé não tava fazendo nada e os seus auxiliares também, achou que seria ótimo dia para bater uma pelada, chamou para formar o seu time: os amigos ursos e os amigos da onça.Teve alguma dificuldade devido o intempestivo interesse de um cordão de puxa-sacos, que insitiam em participar da partida.Na arquibancada estavam as torcidas organizadas, que aguardavam o inicio do jogo. Cinco policiais e vinte pastores tomavam conta do recinto.Um hipopótamo, empunhando uma bandeira de torcida, chegou atrasado, tentou pular a cerca levou logo uns catiripapos e foi posto pra correr.Um gavião chegou atrasado, mas pode entrar, sem nenhum incomodo. Alguém próximo, ouviu que o gavião se identificou como sendo do mesmo time de Lula Lelé, recebeu de imediato passe livre.Uma familia de polvos, foram afastados do local sem nenhuma explicação. Resignados foram parar em outra freguesia. Aliás, minutos depois do incidente, uma foca irritada, comunicava aos quatros ventos, que o cheiro de polvo, dava alergias a Lula Lelé, que desandava a espirrar e dar cambalhotas. Teriam que ficar a léguas de distância, por ordens da equipe de segurança.Um cavalo que não queria subir as escadas de acesso ao jogo, começou a soltar a torto e a direito, diversos coices. Entrou em cana.Foi direto para o xilindró.
Um princípio de tumulto, logo debelado, foi causado por um tamanduá, que andou batendo a língua nos dentes ao avistar sem querer, o bode Ludovico, que sumido, apareceu conduzindo uma maleta, todo serelepe acompanhado por uma dezena de burros militantes do partido. Disfarçados, entravam pela porta dos fundos.Ovacionaram a maior autoridade em campo.Em coro gritava em uníssono: o chefe é bom companheiro, o chefe é bom companheiro e ninguém pode negar. As salvas de palmas foram ouvidas em várias quadras. Lula Lelé abriu um largo sorriso, abraçado ao tamanduá.Uma ovelha negra a tudo assistia, escondida em um pé de manacá.Cinco cachorras entraram em campo para animar a festa. Seguidas por dez franguinhas, cinco hienas e meia dúzia de pererecas bailarinas foram convidadas para participaram na coreografia do evento.Assim, que as pererecas adentraram ao gramado, um grupo de pintos puseram-se de pé, em posição de sentido. Ficaram entusiasmados pelo que viram. Um mais afoito gritava: Linda! Linda! Gostoosaaa!A pererequinha do meio, sorridente, agradecia.
Hora de começar a partida. Meia dúzia de gatos pingados, funcionários em greve do lado de fora, juntos com as zebras que sairam do partido, ensaiaram uma ensurrecedora e barulhenta algazarra.No palanque instalado junto ao campo, o locutor com voz de taquara rachada, informava que encontraram agonizando um ganso afogado no lago.Prometeu instaurar um inquérito administrativo e uma cpi, o mais breve possível. Soltaram muitos traques e fogos de artifício, que foram ouvidos e sentidos por todo o ambiente. Os dois times davam voltas no gramado, aquecendo, com altas doses de pinga, alguns, ficaram tontos e foram mais cedo para o vestiário.Uma hiena foi convidada para arbitrar a peleja.Um pequeno e respeitável público ficou empoleirado na parte superior, muitos seguravam em cabide, pois, não havia mais lugar.Um orador pediu a palavra e não foi concedida. Impacientes pediam o incio da partida. O sol a pino. Ninguém entendia o atraso, foram feitas consultas e não sabiam a resposta.O silêncio foi interrompido por um sapo que de boca aberta e de barba feita, insistia em cantar.Bota a viola no saco.Bastou um rugido do leão, para a turma ficar em pé.
Macacos gritaram: Senta que o leão é manso.

Lula Lelé doido para dar uma bicuda,ficou impaciente. Sério pediu providências. Um estranho naquele ninho, gritou: cadê a bola? Muitos foram voluntários para procurarem a bola, saíram em disparada, alguém encontrou debaixo da cama. Toda embrulhada. Pegaram a bola e só então perceberam que ela estava murcha.Não houve jeito, tiveram que transferir o jogo.Muitos saíram reclamando, decepcionados, desiludidos.Assim, terminou o jogo promovido por Lula Lelé.Nada de prorrogação.Terminou, acabou o tempo, reclamou gritando o grande público que não partipou do jogo, estavam do outro lado, do lado de fora, como sempre assistindo o espetáculo.