segunda-feira, maio 29, 2006

Colecionador de Sonhos













Thomaz Ianelli : Nasceu em São Paulo, em 1932. Pintor, gravador e desenhista. Foi integrante do Grupo Guanabara, criado em 1958. Sua primeira exposição foi em 1960, na galeria da Folha.Participou da equipe de filmagem de Quarup, pintando diversas aquarelas. Morreu em 2001, vítima de embolia pulmonar. Irmão do artista plástico Arcângelo Ianelli e tio do artista plástico Rubens Ianelli. ( Fonte de Consulta: Folha de São Paulo(On line/2001), ) Morreu antes da realização de um filme do documentarista Carlos Cortez em homenagem aos seus cinqüenta anos .
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Olá!
Peço desculpas aos amigos leitores e blogueiros, por não ter encontrado um tempo para uma dedicação maior nas visitas em que faço a suas páginas. Entro e nem tenho deixado comentários, tampouco, deixo todas as respostas aos visitantes no espaço destinado aos comentários. Na verdade, desde que Marilene ficou aposentada, que tive que redesenhar um novo tempo para uso da internet, ficando menos tempo na parte da tarde, fizemos uma divisão; eu pela manhã e ela preferencialmente pela tarde, mas nada que seja inserido aos rigores da lei. È uma combinação democrátcia. Estabelecemos que a noite é livre, e é para se fazer, o que der na telha...ler, assistir tv, conversar e fazer, se ninguém esquecer, outras coisas...
Aproveito para pregar no varal, mais um texto saído do fôrno.
*******************************************************
Sou um rico colecionador de sonhos
dos sonhos mais lindos
dos sonhos de criança sapeca
dos sonhos dourados
dos sonhos utópicos.
Dos sonhos embalados

amontoados
dos sonhos distantes.
Tristes.
Dos sonhos de principes
e princesas
dos sonhos de valsa.
Dos sonhos coloridos
dos sonhos realizados
em preto e branco
Sonhos costurados
remendados
embaralhados
conquistados.
De sonhos por um mundo melhor
de sonhos acordados.
Acreditados.
De sonhos escondidos
sumidos.

Relaxados.
Desfeitos.
Idealizados.
Coleciono sonhos
sonhados
Sonhos de palhaço.
Sonhos de amor
sem fim
Sonho sempre como

Sonha
um Poeta.

terça-feira, maio 23, 2006

Lúcia diante do espelho.














Sérgio Lúcio Maria
: "Depressão" - óleo s/tela. Artista, ganhador do Primeiro Prêmio Arthur Bispo Rosário, em 1999. Usuário do Hospital de Saúde Mental do Guarujá, no Estado de São Paulo. Não disponho de maiores informações sobre o artista.
(Fonte de Consulta: crpsp.org.br )
_____________________________________________
Olá!
Passo pela Quitanda para deixar afixado no mural, um conto de minha autoria. Agradeço aos amigos leitores pela presença e o comentário deixado neste espaço.

_________________________________________________
Lúcia acordou cedo, arrumou a casa, preparou o café para os meninos. Não comprou pão, estava com preguiça, ofereceu bolachas e pedaços de bolos, reclamaram...fingiu não ter escutado as costumeiras reclamações de Daniel e Susana. Os dois adolescentes, filhos do primeiro casamento. Não se candidatam para comprar o pão, fazem corpo mole e dizem sempre que estão, mais cansados do que eu . Para eles, eu nunca estou cansada, estou sempre disposta e pronta para qualquer coisa. Penso que mãe para eles, não têm vida própria, desejo, vontades ou mesmo ficar de papo para o ar. A padaria é próxima de casa, mas nem assim, algum deles se dispõe a sair e comprar o pão.

Faz tempo, mas ainda sinto falta de Horácio, desde que, sofreu um acidente de automóvel, inexplicável, acabando com a sua vida; fiquei só e em companhia de um casal de filhos. Ainda bem que estudam em escola pública, caso contrário, o dinheiro que ganho não daria para pagar mensalidade em escola particular. Volta e meia, ameaçam não ir para à escola, detestam, faltam professores e os colegas fazem brincadeiras cada vez mais agressivas. Outro dia, Daniel contou para mim, que um de seus colegas, ameaçou bater na professora, por ter tirado nota baixa. Foi um horror, que situação. Quando Daniel me contou, nem acreditei. Reconheço que está muito dificil trabalhar no magistério atualmente. Há todo momento subvertem valores, passando a valer a linguagem da violência, acompanhada muitas vezes por uso de drogas. Daniel, disse em conversa na hora da janta, que havia uma falta de respeito de ambas partes. Neste dia, ele não estava, faltou por estar muito acamado, mas soube, que um dos seus professores de geografia, tentou dar um tapa em uma menina e terminou tudo em pizza,como se diz hoje.

Tomaram café com pressa e foram para a escola. Todo dia faço tudo igual, me sinto assim, não sei, tenho sérias dúvidas, se esta rotina tem me dado felicidade.Acho que sou feliz,cuido dos filhos, da casa e recebo uma pensão. Tenho vivido sem muito gastos, livros quase não leio, assisto mais televisão e sou fanática pelas novelas. Não sei se poderia ser diferente.Não sou velha, tenho 48 anos, sei que as mulheres não gostam de revelar segredos, como a idade, não me importo. Nunca fui grilada com idade, mas conheço minha ex-cunhada que sempre foi, vivia enganando-se e enganada pelos elogios falsos recebidos pelas amigas.

Ontem, quando as crianças, é o hábito de assim chamá-las, foram ao cinema em um shopping, na parte da tarde ; me surpreendi ao ficar sentada diante do espelho do quarto. Olhei por alguns minutos e tive a coragem de reparar, estava despida, bem de frente,com os meus peitos caidos, uma barriga ligeiramente flácida e os quadris cheios de estrias. As coxas com celulite. Sou assim! Sou gorda e feliz. Estou envelhecendo, sinto-me bem, mas se eu encontrasse um novo amor e como fazer amor com ele, ao me ver assim, ao natural. Um receio tomou conta de mim, por pouco me vejo pensando em beleza e nas mulheres que sempre estão malhando os corpos em academias. Verdade, disse outro dia para Mariana, que não era acomodação, tinha consciência de meu estado, não vou me submeter as regras da ditadura do corpo bem torneado, da beleza dos salões e das passarelas.Estou fora!

Há tempos que venho pensando em conhecer outro homem, aliás, conheci o irmão de Paula, que é advogado, fomos apresentados e fiquei muito interessada em manter uma amizade.Disse da última vez, que nos encontramos, que iria a São Paulo, quando voltasse na quarta-feira, sairíamos para jantar fora.O telefone toca por volta de 20 horas, era Tiago, irmão de Paula, querendo confirmar o encontro.Confirmei! Ficou de passar aqui.Diante daquele mesmo espelho, me senti linda. Estava pronta!

segunda-feira, maio 22, 2006

Cacos do Coração














Sérgio Vilanova
- Artista autodidata, entalhador e pintor, nascido em 1962. (Fonte de Consulta : O Mundo Mágico de Vilanova, Destino Pernambuco, Ícaro Brasil, Arte Maior Galeria) Um artista , assim, como Bajado, outro reconhecido artista popular da cidade de Olinda; Vilanova sempre pinta com as cores de seu mundo mágico que em exposição nos oferece em seu ateliê diversos trabalhos povoados por anjos, bichos e figuras do universo carnavalesco de Olinda. Toda esta beleza espalhada pelo país e pelo mundo, tem a sua origem em seu ateliê que fica no bairro de Amparo, na rua Amparo, 224. Sua pintura pode ser identificada como arte naïf. Uma grande produção em telas, aquarelas e entalhes, sempre com um olhar para o interior da cultura nordestina, presentes em temas do universo carnavalesco e a natureza de sua terra.
*******************************************************
Olá!
Passo pelos corredores da Quitanda para deixar colado no varal, o mais recente texto de minha safra poética. Aproveito para deixar registrado meu contentamento por Ramom, debutar na escola, ou melhor, no colégio, como prefere falar. Eu e Marilene fomos levá-lo na sexta-feira, pegamos o metrô e soltamos no bairro do Flamengo. Gosta de andar de metrô, fica atento a tudo. Assim que entramos na rua , perguntei: onde é o colégio de Ramom? - para a nossa surpresa, apontou a direção. Até o momento não houve nenhuma dificuldade em se adaptar a este novo mundo. Fica numa boa. Dispara correndo de um lado ao outro, é incansável. Ramom ainda não ficou na fila no pátio, seus movimentos estavam liberados. Depois de um pequeno ritual com mensagens católicas, a professora, pegou ele no colo, despediu dos avós e foi para a sala. Era o terceiro dia no colégio e o nosso primeiro dia como testemunhas da alegria estampada em seu rosto. Desejo para os amigos visitantes e leitores, um ótimo dia.

**************************************************
Juntei ao acaso os cacos do coração
partido.
Haviam pedaços de sonhos e de muita
ilusão.

Aquele coração
desbotado
Agonizava solitário
misturado aos restos
das lembranças embalsamadas
esquecidas nas imagens
em preto e branco
do porta-retrato de minhas
memórias espelhadas
na moldura do tempo.

Em silêncio as lágrimas
rolaram em minha
face.





terça-feira, maio 16, 2006

No Reino de Ramom

Samson Flexor : Nascido em Soroka, Romênia, no ano de 1907 e faleceu na cidade de São Paulo, em 1971. De origem franco-romena, com formação em Paris e conhecido inicialmente na pintura mural e na arte sacra, passou o seu aprendizado pela Escola Nacional de Belas Artes e na Academia Ranson. Foi ligado a Henri Matisse e Fernand Léger Considerado como o pioneiro do Abstracionismo. Chega em nosso país, com o grupo conhecido como "Pintores Independentes de Paris", promovendo uma mostra individual de seus trabalhos, depois da metade dos anos 40, inicia atividade artística, participando ativamente na formação de artistas no Ateliê Abstração (1951). Presente em diversas bienais, como: de São Paulo, Veneza e Tóquio.(Fonte de Consulta - Folha de São Paulo, site Pitoresco, Sobiografias, Portal das Artes)Uma obra editada pela USP, com o título de "Samson Flexor: Do Figurativismo ao Abstracionismo, de autoria de Alice Brill, publicado em 1990.
********************************************************************
Olá!
Estou de volta para deixar um texto que escrevi sobre o meu neto Ramom. Tenho encontrado bastante dificuldades em ficar conectado pelo Virtua, incrível tem ficado pior que o Velox, que abandonamos no mês de março. O tempo está nublado e frio, isto também quer dizer, que por ora, deixamos de caminhar. Agradeço aos amigos pela presença e os comentários.
###########################################
Volto a ser criança no encontro com o meu neto.Visto fantasias, teço ilusões e esperanças ao estar com Ramom. Ele, uma doçura de criança. Esperto, alegre e muito travesso.Trás ao chegar aqui, o mundo mágico e divertido, nas horas em que passamos juntos. Irradia um bonito sorriso ao chegar, ao me abraçar e beijar. Estou feliz! O espetáculo vai começar. A casa se transforma em palco e picadeiro deste pequeno artista.Livre, leve e solto, passa a correr de um lado ao outro. Nós, os avós neste momento nos transformamos em súditos no Reino Encantado de Ramom. Só dá ele e nem poderia ser diferente. Ele, é um garoto sensível à histórias infantis, à música e ao teatrinho que vai com a minha afilhada. Gosta muito de jogar bola, chuta e grita gol; sem nenhuma interferência do pai ou do avô, posso garantir, grita entusiasmado pelo Vasco. Insisti uma vez, para que torcesse pelo time da mãe, não houve jeito, pela primeira vez, detectei uma aversão, uma manifestação alérgica ao pronunciar o nome do adversário histórico de seu time. É verdade, que tentativas houveram, chegou a ser induzido por uma minoria feminina do lado materno, para que fosse torcedor daquele time. Ramom optou por desobedecer a sugestão materna, decidiu optar pelo melhor antídoto, que por pura coincidência, foi torcer pelo time da maioria esmagadora da familia paterna. Com minha formação democrática, respeitei a sua melhor opção.
Adora o livro de Sylvia Orthof, A Velhota Cambalhota, nele identifica personagens e algumas cores da ilustração, que é feita por Tato, seu marido.Lembro de Sylvia ao dar autógrafo para o meu filho, em uma bienal no Rio Centro. Enfretamos uma fila e houve uma incrível coincidência, o menino que estava na frente de meu filho,com idades próximas, tinham o mesmo nome. Raoni é o seu nome. Quando fui livreiro sempre procurei ter os livros de autoria de Sylvia. Sua obra é imensa, estimo em mais de 100 livros. É sempre consumida pelo público infantil. Li alguns de seus títulos e percebo uma boa dose de humor, aliás, é uma de suas caracteristicas. Infelizmente, Sylvia, moradora da cidade de Petrópolis, nos deixou em 97. Recordo que nos anos 90, fui apresentado pela editora Rose Muraro, quando trabalhei na editora Espaço e Tempo, a autora de um grande best-seller, chamado Livro da Sorte, escrito por Syvia, sob pseudonimo. A autora vez por outra aparecia na editora.
Como ouvinte, Ramom, gosta que repita diversas vezes a mesma história. Passa para outros livros, no entanto, o livro que mais lhe agrada, é o da Velhota. Ramom ainda não tem dois anos, está próximo de realizar os festejos desta data.O mês de julho, se aproxima.Os pais imaginaram a decoração com motivos de uma floresta. Decidimos pela festa no prédio.
Gosto de escrever ou falar sobre o meu neto, embora, eu esteja me preparando, ou melhor, eu e Marilene, para daqui alguns meses, receber a presença de mais um neto.Há uma grande torcida para que venha uma menina, ainda mais pelo lado materno, em que a prole, só é masculina.Totalizam onze meninos.Uma menina, quebraria esta corrente. De qualquer forma, venha o que vier.
Acho muito gozado o grito de avô que Ramom, faz ao me chamar. Há momentos em que me chama pelo nome, outras, pelo nome da avó ou da bisa. A mãe o repreende para que chame pelo de avô. Não ligo, qualquer maneira que me chame, acho muito legal. Não gosto de muita formalidade, prefiro que ele seja meu amigo e que tenha respeito e acate algumas orientações. Sou o avô e pronto.
Ramom, esta semana vai para o colégio, o mesmo que a mãe estudou, começa na quarta-feira. Creio, que por sua natureza, vai interagir muito rápido com as outras crianças. Vai haver todo um ritual de entrada na escola, a mãe e alguns familiares participarão deste processo. Torço por este momento, pois acredito que seja a oportunidade de meu neto, começar a comer coisas mais sólidas e sadias. Espero sim, que remova a sua neofobia, passe a se alimentar não só de comida, como de sonhos e fantasias.

quarta-feira, maio 10, 2006

Clarice e Walter

Rejane Melo: Uma artista nascida em Natal, no ano de 1958. Nutróloga de formação, trabalha como nutricionista até 1994, desiste da profissão para dedicar-se à arte. Participou de diversas exposições em nossa cidade, como no exterior, onde também estudou. Esta artista muito talentosa, estudou desenho e composição na Escola do Parque Laje e foi aluna de Giangüido Bonfanti. Moradora do Rio de Janeiro.A pintura exposta na galeria da Quitanda, faz parte do acervo da bonita página da artista Rejane que merece sem dúvida uma visita, para admirar sua arte, seja em desenho, guache e pinturas a óleo. Passear pelo universo das artes, nos possibilita descobrir momentos de verdadeiro encanto. Não sou especialista nesta manifestação artística, porém, sou um apreciador de qualquer registro artistico e através do meu olhar vou desvendando. Sou mais interessado nas artes plásticas e sempre prefiro colocar aqui, artistas que de alguma forma me sensibilizaram, como o caso de Rejane, que é uma referência no site Chave Mestra, em que abriga os artistas de Santa Teresa, famoso bairro do centro do Rio de Janeiro. Participa do evento "Artes de Portas Abertas".
************************************************
Olá!
Com o tempo nublado aqui em Copacabana, resolvi colocar a preguiça de lado e tentar escrever um texto para colocar no Mural da Quitanda. Não tem sido fácil a conexão por banda larga aqui na zona sul. Tínhamos a conexão via Velox e resolvemos mudar para o Vírtua e até o momento, apenas decepção e frustração. Há dias que me vejo sem conexão, estão sempre com problemas de ordem técnica, fica muito instável e o resultado imediato, é transformado em irritação. Não sei bem qual é o pior, se Vírtua ou Velox. Tenho ficado pouco na internet, no entanto, quero agradecer aos visitantes blogueiros e leitores, que aparecem neste espaço. Desejo para vocês um ótimo dia.
*******************

Cinco horas da manhã o telefone toca e eu desperto sonolenta para atender. Era Walter. Sou eu, respondeu a voz do outro lado. Fiquei em silêncio por alguns momentos.- Fica assim, peço para não perguntar nada.Por pouco não desliguei, no entanto, fui mais uma vez tolerante e aceitei a sua volta.Não estava tudo bem, desde que, numa certa manhã de domingo, Walter sempre muito calado disse para mim: - Clarice, não dá mais, vou voltar para ela. Ouvi calada e com o coração arranhado. Sem nenhum abraço e com grande economia de palavras.
Não pôde reparar que naquele momento, lágrimas passeavam pela minha face. Bateu à porta. Saiu. Não manifestei nenhum outro tipo de reação. Sei que foi muito duro comigo ao dizer que voltaria para sua antiga namorada.Caminhei para o quarto, abri o armário e estava vazio, as roupas foram levadas no dia anterior, me dei conta naquele instante.Fiquei prostrada, sentada na beira da cama. Olhando para o armário vazio e percebendo o vazio que se instalava em meu interior, bem no meu âmago.Fiquei assim, uma grande parte do dia, com ânimo suficiente apenas para preparar um macarrão instântaneo. Como as coisas mudam em nossas vidas, havia planejado em comemorar o nosso aniversário de namoro em um restaurante, aqui mesmo em Copa.
Fui muito boba, em não reparar o comportanto silencioso, ausente de Walter. Claro, ele estava sem paciência, irritado, qualquer coisa, era motivo de discussão.Pensando melhor, tudo aconteceu após o telefonema de Virgínia para ele. Na sexta-feira, arrumou uma desculpa esfarrapada, para chegar mais tarde em casa. Perguntei se poderia deixar a janta em um prato - disse que não precisava - agradeceu, pois faria um lanche com um pessoal do trabalho.
Virgínia foi sua companheira por sete anos. Viviam como cão e gato, incompatibilidade de gênios. Era esta a situação que me descreveu. Acabou por afastar Walter dela. Foi quando me conheceu, ao ir a uma festa na casa de Valéria.Passamos em pouco tempo, a morar juntos, a curtir a vida adoidado. Tudo no começo, corria às mil maravilhas. Cinema, teatro, livrarias e restaurantes, vez ou outra, visita a uma galeria de arte.Criamos este roteiro, com programas para os finais de semana.Não tinhamos filhos, tudo ficava mais fácil.
O som da campaínha interrompe meus pensamentos, levanto rápido e mal consigo abrir a porta, o seu belo sorriso ficou estampado em seu rosto, nada adiantou, tomei uma decisão, dalí mesmo comuniquei. É tarde. Walter, não quero mais. Prefiro ficar sozinha, com a tranqüilidade que nunca tive, sem aborrecimentos e decepções.Viverei melhor sendo apenas sua amiga.
Walter chamou o elevador e em seguida, um ligeiro aceno de despedida. Fechei à porta. Liguei o rádio. A música e o alivio tomaram conta do ambiente.Estava feliz.

segunda-feira, maio 01, 2006

O Primeiro de Maio

Manuel Martins : Pintor, Ilustrador, Gravador, Desenhista e Ourives. Um dos integrantes do Grupo Santa Helena. Considerado como o ilustrador da vida urbana. Nasceu no Brás, em outubro de 1911 e faleceu em 1979. Filho de imigrantes portugueses. Começa a trabalhar em uma ourivesaria . A partir de 1924, adquiri o dominio da gravura. Conhece o escultor Vicente Laroca que lhe aconselha a freqüentar a Escola de Belas Artes. Estabelece conhecimento com artistas como: Volpi, Zanini, Rebolo e passa a dividir o ateliê no Palacete Santa Helena. Trabalha em relojoaria, exercendo atividades no comércio, aproxima-se da vida proletária. Pintou paisagens do centro e arredores de São Paulo.
Ilustrador de vários romances, como: O Cortiço e Bahia de todos os Santos. Carlos Scliar o considerava como ingênuo e primitivista. Na verdade, o artista é testemunha das transformações da vida urbana dos anos 30 e 40. Conseguiu captar para a sua arte este momento. Em 1937, participa de exposições da Familia Artisitica Paulista (FAP).
(Fonte de Consulta: Pintura Brasileira. com ( que não dispensa o comentário de um grande e interessante site sobre pintura brasileira, que vale sempre uma visita), MAC/SP- Carolina Amaral de Aguiar,Wilkipédia)
___________________________________________

Olá!
Volto a Quitanda para colocar mais um texto em que trato de maneira ficcional temas que fazem parte do nosso cotidiano. Continuo com minha caminhada pelas areias de Copa, em companhia de Marilene. Ramom tem aparecido, cada vez mais levado. Passou a fase de me ensinar a digitar. Agora, qualquer vacilo que eu tenha, assume sem cerimônia o teclado e faz resistência para não sair. Engraçado como o meu neto, gosta de computador. Temos que inventar que o computador foi dormir(desligado) para que saia do trono, caso contrário, insiste em ficar digitando, apertando várias teclas.
Agradeço pelas visitas e os comentários deixados no mural. Desejo que tenham um ótimo feriado.
*****************************************

Na sede do Reino da Bicholândia, havia um burburinho e a boca pequena comentava-se que ele estava assim, por engolir muitos sapos de uns tempos para cá. O seu momento atual dava para ser percebido à distância.Todos repararam no comportamento taciturno de Lula Lelé. Uma tristeza sem fim. Para passar o tempo, foi contratada uma sabiá cantante, tocadora de sanfona, para cantar próximo ao pé da escada: “Tristeza, por favor vá embora”, acreditavam que cantando espantavam todos os males. Tudo o que foi feito, não adiantava, o molusco cefalópodes ficava na dele, muito sisudo. De pouco riso, com cara de ter perdido os amigos. Fingia ignorar tudo o que se passava a sua volta, para alegria de uns poucos. Uma decepção só, comentou um dinossaouro, velho militante, em uma roda de chifrudos, em um canto do salão. Era ele, não havia dúvida. O que se ouviu dizer era que Lula Lelé estava isolado, muito jururu, pois, há dias que vinha pensando, apenas na morte da bezerra.Inúmeras piadas foram contadas e Lula Lelé, permanecia inerte, sem conseguir esboçar qualquer sorriso.
A oposição do Dogue Alemão, Gato Baiano e do Crocodilo Amazonense, oportunistas como sempre, espalhavam, que ele ficou com medo de ser feliz. Diziam cobras e lagartos. Semeavam o caos. Instigavam de tudo que era jeito, mas deram com os burros na água. Um cordeiro que trabalhava na Voz da Floresta, acompanhava atento as reivindicações risíveis da oposição, carregando na bolsa, diversas fitas e uma caixa de papelão.
Desde do dia, em que houve uma revoada de pombos trabalhadores assustados com os morteiros, que Lula Lelé sentiu-se cada vez mais isolado. Ficava cabisbaixo, dando voltas seguidas em torno de si. Ou, ia de um lado ao outro sem parar. Segundo testemunhas, ele ficava muito tonto, alguns serviçais diziam, que estava lelé da cuca. Lula Lelé, não conseguia falar cré com cré, nem lé com lé.O desespero tomou lugar da esperança.O forte cheiro de ilusão tomou conta dos ares da Bicholândia.
O Lago da Capivara, abandonado, não era mais usado para nadar, servia apenas, para lavar a roupa suja.Ajudantes de ordem não sabiam mais de quem recebiam ordens, desde que o Abelhudo, o Bode Ludovico e o Ganso do Ribeirão foram parar em outras bandas.
Era um momento de caos. Nuvens negras pairavam no ar. Fantasmas sobrevoavam o espaço, espalhando pavor, chegando anunciar que o banco central da praça, onde muitos ficavam sentados olhando pro céu, iria ser retirado do local. Houve protestos isolados.
Para voltar aquela alegria inicial de quando foi parar na Bicholândia, foram oferecidas pelos corvos, algumas das melhores lebres e pererecas do pedaço. Fizeram de tudo para distrair, queriam resgatar aquela alegria, o largo sorriso na face de Lula Lelé.Uma anta com livre trânsito,foi chamado às pressas para trazer duas gatas, que fizeram muito sucesso em uma festa realizada na mansão do Lago da Capivara.Nada adiantou, nem a dança das garrafas oferecidas pelas coelhinhas que circulavam livremente pelo interior da casa, resolveu.
A tristeza abatia o lider maior da Bicholândia.Muitos dos presentes, acharam que estava assim, por ter conhecimento de que o Porquinho do Ribeirão Negro, bateu a caçoleta e o corpo está desaparecido; alguns urubus de plantão suspeitavam que o corpo do renitente companheiro de lutas, acabou em uma churrascaria.
Noticias que circulavam, era que um caminhão da coleta de lixo bateu em um poste, fazendo vítimas. Na remoção dos corpos, constataram que o Porquinho, uma das vítimas, sofreu graves lesões e foi transferido para cuidar da saúde em uma clínica.
Nas cercanias da moradia onde Lula Lelé habitava, dava para escutar um forte alarido, um movimento de animais vindos de diferentes partes da floresta, gritavam uníssonos : Um, Dois, Três, não queremos Lula Lelé outra vez... passavam bandos de maritacas , gambás e fuinhas que entraram pela quadra, empunhando megafones, faixas e cartazes. Assessores estavam preocupados para não deixar o líder saber, que a hora da festa de comemoração dos bichos trabalhadores se aproximava. A tropa de choque muito atenta, compostas por águias, macacos e dromedários, ficou de prontidão. Por ordens do chefe, soltaram os cachorros e uma dúzia de mutucas para sair picando quem encontrasse pela frente.O chefe ria tanto que arreganhava os dentes, por saber do efeito da picadura na população de animais que transitavam para festejar o dia do animal trabalhador,provocaria fortes dores e inchaço.
Chegado a hora. O som rolava solto. Muita pinga com limão. Um formigueiro sem medo do tamanduá, fez vaquinha para ir em caravana, comemorar o dia do trabalhor desempregado. Entraram lentamente no eixo, dali, partiram para o ataque. Simpatizantes do movimento dos sem chão, juntaram-se ao animado grupo das abelhas dissidentes, que carregavam estalinhos e outros fogos. Uma minoria que rezava na mesma cartilha, resolveu soltar palavras de ordem, durante a manifestação: "Animais unidos, jamais serão vencidos".
Um gato escaldado, com medo de água fria, que certamente jogariam sobre ele, ficou escondido para não ir a manifestação. Andorinha Lolo bem do alto, tomava sol e agitava a galera. Um pintassilgo punk, queria pertubar o ambiente, ninguém prestou atenção, que acabou por saltar fora, desaparecendo na fumaça dos carros.
Em um bar próximo ao evento, duas águias e um papagaio, devotos do partido, discutiam o papel da organização partidária, em comandar as mudanças históricas necessárias.Um blá blá sem fim.Um agente vira-lata espreitava da janela a situação dos manifestantes.Eis, que para a surpresa de muitos, passa diante da casa de Lula Lelé, um gato preto e um bode da mesma cor. Pronto! Era o que faltava.
Uma gralha exaltada, tomou o microfone de uma toupeira e pediu uma escada para subir ao palanque: Senhores e Senhoras, Ilustres Vertebrados e Invertebrados moradores do Reino da Bicholândia. Prestem atenção! Lula Lelé está assim, por não cumprir o pacto que fez com os humanos.Deu diversos passos para trás, recuou e fingiu ser o que não é. Lula Lelé não fala lé com lé e não dá para acreditar mais nele.Lula Lelé, vá procurar a sua turma!Por ordens, não sabe muito bem de quem, foi mandado encerrar a festa.
Mandaram instalar um circo de um lado e uma pizzaria do outro. Uma hiena exaltada, bradava, até que enfim, estamos ao lado das massas. Pão e circo para todos! Lula Lelé dormia o sono dos justos.
*"Como será o amanhã responda quem puder". "O que irá me acontecer"

Obs: * O Amanhã, cantado por Simone, composição de João Sérgio.