segunda-feira, outubro 31, 2005

O Prazer

Raquel Taraborelli: "Sol na Varanda", Fonte: Galeria Brasil - Nasceu em 1957, em Avaré, Estado de São Paulo.Artista com participação em grandes exposições. Estudou pintura com Djalma Urban. Em 1986, realiza a sua primeira individual.Vive e trabalha em Sorocaba.Formada em engenharia.Ganhadora de diversos prêmios e homenagens.O seu trabalho está publicado em diversas obras, inclusive no JB Ecológico Ano 2,Nº 16, em 2003.
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Olá! Meus Caros e queridos amigos blogueiros, estou de volta. Depois, desta breve ausência, motivada pela pane que sofreu o computador. Perdi muita coisa e recuperei algumas.Peço desculpas pela falha de um post publicado na sexta, custei a chegar a um acôrdo com o Picasa/Hello.No mesmo dia do defeito no pc, a minha televisão emprestou solidariedade ao computador e pifou de vez.Agora, com televisão nova, comprada no sábado.Para completar o ciclo, a televisão de minha sogra, que mora conosco, pifou no sábado, chamamos o técnico, ficou de vir no mesmo dia e nem compareceu ou deu qualquer satisfação.Incrível como estas relações em nosso país são estruturadas: prestadores de serviços e consumidor. Agradeço a manifestação carinhosa e pela presença de queridos amigos blogueiros e os comentários feitos. Quero tornar público meu agradecimento a querida blogueira Saramar do blog Falares, por ter postado uma poesia que ela escolheu aqui na Quitanda.Coloquei no varal,ao sabor do vento, um texto poético, uma vez que, algumas amigas, reclamavam da ausência da arte de poetar.Desejo para todos uma ótima semana.
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Peguei carona em um dos meus sonhos.
Para ir em busca dos seus.
Misturei aos meus pensamentos
abstratos

Partes dos fragmentos do meu
coração pintado por
fortes tinturas de
Emoções e Paixões
delirantes.
Viajei pelas artérias do
meu corpo.

No caminho recolhi
o seu retrato na
janela de meus olhos.
Escondi sua imagem
em meu coração
emoldurado.


Ouvi os batimentos
de felicidade esvoaçante
Incendiando o meu interior
Neste encontro do seu
corpo junto ao meu.
Beijos e abraços
enlaçados.

Fantasias despidas
vestiram os nossos desejos
Mágicos.
Penetrando nos recônditos
emudecidos.

Assim,
Você dentro de mim
Despertou momentos
de encontros secretos
com o
prazer solitário.

segunda-feira, outubro 24, 2005

A Breve Infância do Bode Ludovico.

Dionisio Del Santo: Nasceu em Colantina, no Espirito Santo, em 1925 e faleceu na cidade de Vitória, em 1999.Começou a pintar de forma autodidata, a partir de 1951.Reside no Rio de Janeiro, desde de 1949.No Museu Nacional de Belas Artes, há trabalhos doados pelo artista em exposição.Pode ser observado na página do Museu na web, na coleção de Gravuras Brasileiras. A obra de Dionisio, está presente na serigrafia, como referência na coleção de Fabio Settimi. No MAES - Museu de Arte do Espirito Santo, há grande destaque para a coleção do artista, considerada a maior do Brasil, provinda de doações.Dionisio foi vencedor de várias exposições, como a do IBEU, em 1978 e participação em várias mostras.Um pouco antes de sua morte, o MAES, promoveu uma restropectiva de sua obra.Fonte: Escritorio de Arte, MAES.
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Olá! Como já é do conhecimento dos amigos, hoje pela manhã, caiu um forte temporal na cidade do Rio de Janeiro, ruas alagadas e acidentes.No momento em que escrevo, a chuva deu uma parada. O tempo para ver os estragos. Ramom, o meu neto, compareceu na sexta e ontem para ministrar aulas em meu colo.
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Nascido no meio de uma família de bovídeos , logo, foi abandonado para viver com os avós. Seus pais há muito tempo não rezavam mais unidos. O pai fora acusado pela mãe de ter sido um cabra safado; ele por sua vez, acusava a sua companheira, de ser uma cabra vadia.Conviveram por muito tempo com estas ofensas, trocas de elogios e chifradas. Não havia mais hora para começar, a qualquer hora do dia, discutia-se a relação por qualquer coisa.Ela o chamava de cabrão, de chifrudo. Reclamava aos quatro cantos, para quem tivesse interessado em ouvir, que há muito tempo, não a cobria mais e nem para as suas tetas caídas, ele olhava. Perdeu o interesse. Ele, por outro lado, escrevia bilhetes em mal traçadas linhas, dizendo que ela, dava mais que chuchu na serra.Que ela vivia na zona, com um famoso chupa-cabras, seguindo os seus cascos. Aquela união estava chegando ao fim. Não demorou muito, cada um , seguiu o seu rumo.
Ludovico ao escutar e presenciar aquele cenário, mesmo tapando as orelhas e os olhos, os que os pais diziam um para o outro, acabava sempre no maior bode Cresceu ouvindo avó Cabrália, contar historinhas na hora de dormir. Uma das que deixava mais assustado era a do Bode Preto, mas sempre pedia para repetir, o trecho que mais gostava: “Certa vez um caçador, ao atravessar uma ponte, avistou um vulto do outro lado...”, outra história que ouvia com interesse, era sobre a Cabra Cabriola , que era um monstro horrível, botava fogo pelos olhos, nariz e pela boca e que entrava nas casas das crianças, durante a noite para devorá-las. Sua avó, garante que ela, chegou a ver a tal cabra, uma espécie de meio bicho, meio monstro, quando morava em um roçado, no sertão.Confidenciou ao neto foi quando fez xixi na cama e por pouco não apareceu. Preferiu aparecer na casa do vizinho, que moravam vários meninos.
Sua brincadeira preferida, era a cabra-cega e pular a cerca para paquerar uma cabritinha. Ludovico, adolescente, ficou apaixonado por um pé de cabra.
Há muito tempo que não recebia noticias de seu pai, no entanto, mais tarde a única e definitiva noticia dele, era de que tinha comido capim pela raiz. A noticia foi trazida pelo pombo-correio Honório.Que sempre que encontrava tempo, gostava de trocar umas idéias com Ludovico, ensinando as coisas da vida. Honório, pombo experiente, sacou que Ludovico, ficara triste com a noticia recebida. Gostava do pai, embora, o pai, não pudesse dizer o mesmo dele.Ludovico era ligado ao pai, deixou como homenagem o crescimento de sua barbicha. Gostava de apostar corrida com o pai e vencia todas.
Meses depois, sob um imenso lamaçal provocado pelas violentas chuvas na região, ficou atolado no lameiro. Era lama por tudo que era lado. Ludovico movia-se com dificuldade, passou um pano nos óculos e começou a ler o bilhete que acabava de receber.Reconheceu pela caligrafia, tratar-se de um primo de segundo grau. Dentre as várias conversas para encher lingüiça, havia uma, que mereceu atenção por parte de Ludovico, era um convite para uma boquinha, lá nos arredores do Plano Alto do Centro. O primo insistia e declarava as facilidades, as mordomias, caso ele aceitasse o convite. A resposta para o primo, de imediato, parto em seguida para assumir o cargo, desde que, seja um trabalho honesto, em prol dos homens e dos animais, aceitaria sim, de bom grado.
Largarei esta vida do sertão, de miséria, de minha mãe, aquela cabra vadia que me abandonou e deixarei em paz o meu querido pé de cabra, seguirei o meu destino, de mala e cuia, sem medo de ser feliz.Dali em diante, a vida do Bode Ludovico, mudou completamente.Passou a ser um militante das causas humanitárias.

sexta-feira, outubro 21, 2005

O Passeio do Leão Léo.

Vera Sabino:Artista catarinense, nascida em Florianópolis, em 2 de novembro de 1949. Autodidata.Uma pintora bem ativa, participando de diversas exposições e ganhadora de diversos prêmios.Vera Sabino, mantém uma página na internet. que merece ser visitada.A artista celebrou mais de 30 anos de arte.Vera tem uma grande exploraração em universo pictórico com temas de agrado ao público. Casada com o artista plástico Semy Braga.Realizou exposição no BADESC. Sua cidade está presente em sua obra. Fonte: ANCidade e a página da autora.
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Bom dia, dia de sol, um dia maravilhoso. Hoje pela parte da tarde, recebo a visita de meu querido mestre para assuntos de digitação.Um neto-mestre exigente, ao chegar, se o instrumento de ensino dele estiver desligado, me chama, apontando "esse", é a senha de querer ficar em meu colo. É tão bonitinho que ao chegar, do lado de fora da porta, chama pelo Vô.Desejo para os amigos leitores e blogueiros, uma ótima sexta-feira.
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O Leão Léo, fugiu do circo e da receita. Cansado desta vida, resolveu a bel prazer, dar uns bordejos pelos arredores do Plano Alto do Centro. Fazia calor, um sol a pino, véspera de feriado; caminhava todo contente, no entanto, parou encafifado diante de um ambulante que vendia mate. Olha o mate! Mate Leão! Mate Leão! Mate Limão ! Um pouco surdo, por causa da idade, surpreendeu-se com o vendedor que gritava, esbravejava: Mate!Mate! Mate! Pensou em rugir bem alto, para mostrar quem era, pra saber com quem ele estava falando. O vendedor, teria de parar de gritar Mate Leão!. Afinal, ele estava diante do Rei da Selva, é do conhecimento de todos, que lá na selva, eu sou o Rei. Sou o Rei e ponto final. Aqui, não tenho tanta certeza. Como pensar, morre apenas um burro. Léo pensou e acreditou piamente que ainda continuava a ser o Rei, pois, estava na Selva da Cidade. Uma selva de pedra, como costumava a dizer para os amigos ursos. Depois, de muito matutar, filosofar, concluiu que o ambulante, não falava diretamente com ele. E seguiu a sua longa caminhada pela cidade.Animais e pessoas quando encontravam com ele, fingiam que não existia, que era um leão de pelúcia, tamanho GG.
Mais adiante, ao atravessar a quadra, escutou um garoto chamado Ramom, pedir ao avô, para comprar um mate.- Vô, compra um mate Leão ? O avô comprou, pagando dois copos. Léo, ficou assustado, mas não ameaçou o garoto. Ramom, inicialmente ficou apavorado ao ver aquela fera a dois palmos do seu nariz. Léo, gostou tanto dele que queria dar uma lambida, um abraço no garoto, desistiu, pensando que poderia ficar com medo. A sede de Ramom era tanta, que ao tomar o mate, matou a sede. Léo, imitou aquele pinguinho de gente, pediu um natural e o outro de limão. Meu neto, pode ficar tranqüilo, senta que o leão é manso.Léo, despediu do garoto e foi em frente na sua caminhada. Olhou para o céu e os monumentos, os prédios enormes. Não deu muita bola para aquele lago, apenas olhou sua imagem no espelho. Passou por um velho conhecido, leão-de-chácara e cumprimentou efusivamente. Saudações Leoninas!
Andava distraído , quando cruzou no caminho uma camaleoa, com uma pele um pouco enrugada, talvez por ficar muito tempo ao sol e de rabo grande. Léo fingiu que não viu, olhou de canto do olho, atravessou a quadra. Disse para si, um bonito rabo. Perto de um poste, ouviu, dois homens, um em pé e o outro sentado, sem nenhuma cerimônia, falavam para cercar o leão pelos lados. Ouviu e não gostou, por pouco, não mostrou as garras para eles.Como faz o seu caminho ao caminhar, resolveu dobrar a esquerda. Passou uma grande dificuldade, acho que era a idade, bastava dar uma virada. Maior flexibilidade. O jeito foi mudar de posição, mas o suficiente para ver uma leoa com os filhotes, em uma imensa fila no posto de atendimento. Observou em silencio e sorriu. Brincava ao sol com os seus irmãos, um leãozinho. Gosto muito de te ver leãozinho, um filhote de leão no meu caminho.Gosto de te ver ao sol leãozinho.Que juventude, com a sua juba em pé, saltitante, mostrando as garras.O mico leão dourado, ao me ver passar, tirou o chapéu e fez grandes elogios, lembrou de minhas atuações no circo, como acrobata. Na verdade, o circo estava cheio de palhaços, muitos me faziam ficar em situação periclitante, trabalhar em dobro sem receber um vintém por isso. Os palhaços sempre tinham dinheiro e todas as facilidades. Deixei o respeitável público na platéia, que estava lotada, todos animados, gostavam do espetáculo circense.
Leu em uma banca de jornal, em destaque, que o Leão ia atacar os seus próximos adversários: um urubu , uma macaca, um porco, um peixe e traçar um suculento bacalhau. Antes o Leão, de peito estufado, tinha dito, que papou um gavião e um jacaré. Na verdade, nunca experimentei este variado farnel.Leão mais esquisito, para mim, basta aquele meu primo lá do norte. Por falar em parentes, lembro de um bem distante, que fez bastante sucesso nas telas de cinema. Coitado, desde de 1928, que pegou um trabalho extra na MGM; entrava em cena, para dar uns rugidos e nada mais, adornado por um circulo, com as palavras esquisitas: Ars Gratia Artis, que segundo me falaram , quer dizer: Arte pela Arte.
Plano Alto do Centro mudou muito, uma confusão de posição, na hora do rush, você, nem sabe se vai pela esquerda ou se encontra mais adiante uma via pela direita, ou dá uma parada pelo centro. São tantas setas, que confundem.Saí daquele circo, estava saturado de tanto palhaço chegando sem parar, todos enriquecidos com sais minerais. Cada um, mais engraçado do que o outro. Anões malabaristas circulam pelo circo, candidatos ao picadeiro. O espetáculo não podia parar.Respeitável público! Queremos informar que todo dia, é dia de show, para aqueles que desejarem saborear uma suntuosa pizza, favor entrar na fila. Calma, Excelência! A sua hora vai chegar! Respeite as normas da casa.Assim, estava afixado na portaria.
Outro dia, antes de entrar no picadeiro, o meu ex-domador, um careca chato, barrigudo, diga-se de passagem, falava com o Mágico de Oz, sobre o dvd Born Free, o filme narra a vida de Elsa, uma leoa órfã, trazida da selva africana. Lembrei do filme exibido nos anos 60 e da canção premiada do filme.Este filme, gostei tanto, que cheguei a ficar apaixonado por Elsa. Só em lembrar,as lágrimas percorrem a minha cara. Uma linda música. Das poucas vezes que fui ao cinema, outro filme que assisti, foi The Lion King, do leão Mufasa e do filhote Simba. Cheguei a dançar ao tocar a trilha, enquanto assistia ao filme. No escurinho do cinema, eu paquerava uma tigresa que comia pipocas, estava em companhia de um senhor leopardo. A tigresa , tinha um corpinho de uma gata selvagem, unhas negras e íris cor de mel.Nunca esqueci desta cena.
Estava ficando tarde, tinha de retornar para casa, antes de Léa, virar uma onça.. Andei muito pela cidade, escutei boatos, barulhos e até tiros eu ouvi.Bati em retirada. Até com os amigos da onça, cheguei a conversar. A cidade está um caos, um circo cheio de palhaços, que cada vez, aumenta mais.
As luzes das cidades continuam acesas. Vejo, ao passar diante de um prédio, um embrulho no lixo embrulhado por um jornal da semana passada, com a seguinte manchete: Está desaparecido, destino ignorado, quem souber o paradeiro, favor avisar: Bode Ludovico, figura proeminente, sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Logo ele, aquele Bode, que vivia no maior bode, com todas as mordomias. Coloquei a minha juba de molho, a coisa aqui tá preta.Que chegam a dizer, que ninguém viu nada.Nem ele. o Sapo Barbudo sabia, você acredita?


Neste texto, foram inseridas passagens de duas músicas de Caetano Veloso: Leãozinho e Tigresa.

quarta-feira, outubro 19, 2005

O Militante

Rosina Becker: Nasceu no Rio de Janeiro, em 1914 e faleceu em 2000. Artista com grande destaque no panorama da arte primitiva brasileira.Em sua obra, observa-se a presença de sua temática,nos elementos do folclore brasileiro, religiosos e populares.Participou em diversas exposições, como no Museu de Arte Contemporânea da USP.É importante lembrar que é no Rio de Janeiro, no bairro do Cosme Velho, que está localizado, o Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil - MIAN Vale a pena fazer uma visita em sua página na internet.É apontado como o maior e o mais completo acervo de pintura naïf no mundo.Seus artistas são considerados os "poetas anarquistas do pincel". Podem ousar tudo.Fonte: MIAN, TNT Escritório de Arte, Art Canal

Olá! Deixo mais um texto pregado no Mural.Dia de chuva e frio, aqui no Rio de Janeiro.

O militante, jumento Celestino, exemplar funcionário público municipal de Luar de Prata, recentemente aposentado por tempo de serviço e por excesso de carga pesada.Vivendo uma vida que não pediu a Deus.Cheia de dividas e dúvidas. Numa manhã de domingo, em conversa fiada com sua antiga companheira de luta, concluiu, que há muito tempo não era chamado para fazer nenhuma boquinha, nas festas do sindicato.
A companheira cabrita Clementina, em sua velha mania, de falar pelos cotovelos, acabou contando, que ficou indignada, ao saber nos bastidores, que havia acabado a mamata no sindicato. Terminou a fase do bom e do melhor. Muita grana sumiu pelo ralo, pelas malas e cuecas dos combatentes companheiros. Que segundo dizem, não chegaram a ver a cor do dinheiro. Mesmo assim, com os informes passados, pela leal companheira; estava sentindo desprestigiado, abandonado pelos antigos companheiros de sela.
Ele sempre colaborou muito, em arrecadar fundos para o sindicato, a organizar festas, arrasta-pés inesquecíveis, com muita birita e cerveja a dar com um pau. Chegou a criar uma caixa para colocar as verbas extras, das rifas que passava para os amigos. Até um bingo, foi montado na parte dos fundos do sindicato, foi com a sua colaboração.Celestino era um cumpridor de suas tarefas, acabara esquecido, como aposentado, viveu como burro e agora vislumbra um futuro negro pela frente. Parecia, ter sido posto no olho da rua.Levado um pontapé no traseiro.Tratado com desdém.
Logo ele, que esteve muitas vezes amarrado em árvores, postes; pegando muito sol e chuva no lombo. Algumas vezes, ameaçado de prisaõ.Verdade que não ligava muito, pois, cada um amarra o burro conforme a sua vontade... Conduziu muita carroça pelos morros da cidade. Chegava muitas vezes a dar com os burros n`água. Com muita burrada pela vida, assim, vive sem reclamar. Não se conformava em ser abandonado pelos amigos.O resto,era o resto.
Lembrou em conversa, do período acirramento em suas posições para reivindicar melhores salários, com idas diárias ao sindicato. Lembra dos áureos tempos, de varar a noite. Empacava em discussões intermináveis nas assembléias da categoria, inclusive com o amigo da onça, um militante da vanguarda do atraso.Hoje figura como dissidente de prestigio inabalável, sempre escondeu a sua condição de carreirista.
.Celestino nunca leu um livro sequer durante a sua vida de militante, como gostava de espalhar com muito orgulho. A pensar morreu um burro, dizia a sua querida avó. Preferiu preservar a vida. Houve um tempo, em que pensava na morte da bezerra. Coitada, teve uma morte triste, foi atropelada por um burro-sem-rabo, carregado de imensa pilha de caixas de papelão; avançou o sinal e deixou ali, estendida, esvaindo-se em sangue , na contra-mão atrapalhando o transito. Não prestou nenhuma ajuda, seguiu em frente...
Celestino, freqüentou pouco, muito pouco, as aulas; gostava mais de brincar no pátio ou na grama. De pular carniça com o Urubu Malandro. Não queria passar a falsa impressão, por estar carregado de livros era doutor. Uma vez, o companheiro Asnático, em plena assembléia, para me provocar, zurrava sem parar, me chamando de iletrado. Só por não ter abaixado a minha orelha, enquanto, falava. Não sei aonde que eu estava que por pouco, ia perdendo as estribeiras. Contei até 10, duas vezes. Que audácia daquele mequetrefe, mandar presente para mim, o Pai dos Burros, devolvi, assim que chegou, aqui no estábulo.
Sempre rejeitei vários tipos de leitura, quer dizer, lia o jornal do sindicato, O Burrico e comprava revistas para colorir.. Burro velho não perde a mania, olhava a coluna Idéias de Jerico e gostava de comentar com o Ludovico, nosso nobre militante, respeitado por todos, animais e humanos de qualquer condição social Soube outro dia, à boca pequena que sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. O que teria acontecido, com o velho Bode Ludovico? Foi visto da ultima vez, carregando uma pesada mala preta, nos arredores do Plano Alto do Centro. Ninguém confirmou a presença dele nesta região. Fiquei pensando com os meus botões. Debaixo deste angu tem caroço. Logo ele, deve ser intriga da oposição , querem arrumar um bode expiatório. Só pode!

segunda-feira, outubro 17, 2005

Preocupações do Papa Gaio Ignácio.

Genaro de Carvalho: Nasceu em Salvador, Bahia, no ano de 1926 e faleceu em Salvador, em 1971.Genaro, é conhecido como pioneiro da tapeçaria moderna no Brasil.Incentivado por seu pai, começou a ter contato com tintas e pincéis. Veio para o Rio de Janeiro, para estudar desenho na Sociedade Brasileira de Belas Artes, em seguida, envolveu-se com o movimento de renovação artística, passa a fazer parte do grupo de Mário Cravo, Carybé,Carlos Bastos, Rubem Valentim. Ganha bolsa do govêrno francês em 1949, participa de diversos salões de arte na capital francesa.Surge o interesse em tapeçaria mural. Sua temática, são árvore, flores e pássaros.Não há qualquer referência a temas politicos.Alguns estudiosos, identificam em sua obra, elementos da tapeçaria popular, uma relação com o folclore baiano. Fonte - MAC/USP

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Olá! Deixo este texto no varal para secar ao sabor dos leitores.Meu neto esteve aqui, após uma consulta de emergência para fazer nebulização e utilizar uma medicação mais eficaz.Imagino, que a alegria de estarmos juntos, é um atenuante para a sua rápida melhora. Chegar na casa dos avós, é uma tradução de alegria e liberdade. É dançar com as músicas infantis,é reparar que gosta muito de ouvir Alecrim e outras do folclore infantil.Adora descobrir as coisas, objetos, sons. Tem uma ligação muito grande comigo, ao chegar no elevador, começa a me chamar.Nem imaginava que tal coisa poderia acontecer, do meu neto, procurar, de vir para o meu colo e a minha companhia.Se ele fica adoentado, nós como avós, repartimos este momento, com solidariedade e apoio ao casal.
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Pelo corredor, bem devagar, caminhava Ararajuba, cochichando com o Papa Gaio Ignácio. Ar circunspecto, barba por fazer, de muletas; por causa de um tombo em uma partida de futebol, disputado com muita garra, na Granja Ovo Virado. O adversário, o vitorioso time Currupaco Papaco, da vizinha Pelota da Cruz de Malta, situada na periferia de Plano Alto do Centro. Pelo modesto placar de 3 a 0. O time da casa, quase não vencia, com esta sina, acabava esquecendo a iludida torcida, que um dia foi esperançosa. Ignácio, desde que viu e leu o Tio Patinhas, Mulher Maravilha, Pateta, Capitão América e a Águia Careca, começou a falar mais enrolado, que nem ele, entendia, cada vez mais, se surpreendia, extasiado.Alguns diziam que delirava com o modelo econômico da nação amiga.Resolveu começar agradando os amigos do Fundo Perdido. Ficava emplumado, de bico em pé, com as histórias que eram narradas, ao pé do ouvido, pela Dona Maritaca, na beira da cama, na hora de dormir. Viajava mais em pesadelos do que em seus sonhos, de fazer uma Granja, semelhantes, as que viu lá fora.Idéias megalomaníacas, dominaram sua mente.Vai mostrar ao mundo, com quantos paus se pode fazer uma Granja.Pegou a Vaca Aflitosa pelo rabo.De hoje em diante, não se fala mais, nesta Vaca Aflitosa, ela foi para o brejo.
Quem os visse andando, naquele corredor, percebia a irritação de Ignácio...Parecia estar de cabeça quente.Uma coruja que assobiava perto daquele morro, ao lado do pé de manacá, escutou e espalhou para a comunidade, que o Papa Gaio Ignácio, andava sondando pelo paradeiro do Bode Ludovico. A todos que perguntara, ninguém soubera responder, inclusive aos urubus que sobrevoavam o céu da Granja. Para o enviado especial e porta-voz, a resposta, era a mesma, ninguém sabe, ninguém viu.
Desde que, a Voz da Floresta, em primeira-mão, noticiou em escandalosa manchete por várias semanas seguidas; informando que uma cobra criada, viu um vulto, que à distância parecia ser o famoso Bode Ludovico, de posse de uma imensa mala preta e marrom, junto com o Macaco Malaquias. Não houve mais sossego naquelas terras, lagos e quadras. A noticia prosseguia, informando que o repórter, ao entrevistar a sua fonte, que esta lhe garantiu, de pés juntos, embora, fosse na calada da noite, o acontecido; ela estava convicta, de que se tratava do Bode Ludovico, acompanhado do famoso Malaquias. Tinha tanta certeza,quer dizer, a não ser, se ele fosse gato, pois, à noite todos os gatos são pardos.
Do outro lado da Praça Central, Sapo Gordo, como era conhecido o proprietário do clube de futebol, apreciador de charutos, se vangloriava de seu glorioso time aos quatros ventos. Em entrevista a uma rádio local, afirmava e vociferava que o clube, o seu clube, jogava sem patrocinador...e que era o único clube no mundo , que estava com tudo sob controle e ordem de pagamento para ser efetuado dentro de três meses. O que se ouvia, era intriga da oposição, que sempre insatisfeita, reclamava sem razão. Um bando de vagabundos, uma playboyzada, filhinhos de papai. Pior, é que tem a liderança de uma anta, que sempre foi dominado pela mulher, uma capivara, oriunda da baixada. E ria como uma hiena, embora, fosse sapo, ao falar da oposição.
Tião, o velho macaco, que conhece os meandros do futebol, segundo o noticiário da Bola Furada, em reportagem especial de oito páginas; dera uma entrevista bombástica, revelando os bastidores do futebol. Até hoje, se menciona a reportagem. O que se comenta, é que este dirigente, acabou fazendo da atividade esportiva, um trampolim para suas pretensões políticas, foi eleito vereador da cidade; da vizinha cidade satélite de Plano Alto do Centro.
Daí, que primeira vez, o time obteve diversos resultados positivos. Dizem os adversários que a sorte foi ter um parente de segundo grau, do primo da prima da perereca da vizinha; como árbitro das peladas. Contando com os fortes vínculos familiares, e ajuda de Nossa Senhora das Vitórias, acabou realizando um negócio em família, nada foi comprovado, apesar das ligações telefônicas e bancárias, feitas pelo pessoal especializado. Descobriu , após, longas e estafantes investigações, que os animais envolvidos, gostavam apenas de chupar laranjas da terra.
Ainda, não apareceu na região, um clube de futebol capaz de derrotar este time. A transmissão exclusiva da Rádio AM Voz da Bicharada, narrado pelo intrépido Gaguinho, premiado locutor esportivo.O dirigente estava orgulhoso, de agora em diante, não daria mais zebras.Foi-se o tempo das vacas magras.As entrevistas foram retomadas, após, o longo período de abstinência do clube.
Lambari, muito revoltado de um lado comandava a torcida organizada, de outro Trovão, comandava a torcida do clube adversário.. Todos freqüentadores habituais da praça da cidade, gangues conhecidas por sua violência, tratou de fazer um arrastão pelas ruas da cidade.Como em boca fechada não entra mosca. Os moradores, todos que assistiram as cenas, ficaram emudecidos. Ninguém ousou abrir o bico.
O pároco da igreja pintada recentemente através de donativos feitos por seus freqüentadores, teve que reduzir o número de missas, por conta das assustadoras ameaças de invasão para roubar o que os fiéis levavam para a igreja.
Lambari e Trovão, juntaram as suas forças. Um estranho recado chegou até aos ouvidos de Lambari, em um telefonema, que depois, descobriu, ter sido interceptado.Lambari, ficou muito satisfeito, parece que ia pintar dinheiro na parada. Um antigo exemplar da Voz da Floresta, jogado em um canto, anunciava a presença do Bode Ludovico, no Plano Alto do Centro. O que estaria fazendo o Bode, naquele lugar? O boato estava espalhado.

sábado, outubro 15, 2005

Conversas de Sábado: Ouvindo a Memória.

Antônio Dionísio: "Bar Vermelho", Óleo s/ tela. Nasceu em Pitangui, Minas Gerais, em 1937 - Marcineiro, Escultor e Pintor Autodidata. Artista Premiado em diversos salões nos vários estados em que atua.Concentra grande parte das exposições e premiações no Estado de Minas Gerais. Com grande destaque na arte primitiva.Fonte: Arte Visual

Olá! Meus queridos amigos leitores e blogueiros.Passo para deixar este texto, que está apresentado como forma de homenagem a minha madrinha de casamento, que faleceu há mais de um ano.Fomos colegas de faculdade, eu e Marilene, ela e o seu companheiro. Uma grande historiadora e uma excelente professora do ensino público.Foi muito rica a convivência com o casal, isto é, ela e o seu companheiro, sociólogo e mestre em sociologia.Um dedicado profissional na docência.Dedicamos parte de nossa trajetória intelectual, ao estudo das populações indigenas.Depois, tomamos rumos diferentes.Ele foi para o magistério e fui para o ramo editorial e livreiro. Ontem, o meu neto veio passar a parte da tarde comigo e com a avó.Ficamos contentes com a visita, realmente preenche a casa com a sua inesgotável alegria.Um menino sorridente, curioso e melhor ainda, muito inteligente. Chega aqui em casa, chamando por Vô.É muito grudado ao avô e também curte muito, a sua querida avó. Continua com resfriado e com a garganta inflamada, foi medicado, resta apenas aguardar, em silêncio... Um bom final de sábado e um excelente dia de domingo. Um forte abraço.

Maria D`O, uma nordestina, que andava distraída olhando as vitrines das lojas na Rua da Quitanda. Ir ao centro da cidade, era uma das coisas que , preferia evitar; não suportava o barulho, o tumulto, de muita gente andando, é um vaivém constante, frenético, esbarrando em você, como você, não fosse nada, nem um objeto, apenas um obstáculo., que a pessoa transpõe com muita facilidade, inclusive não ser gentil, educado, condições básicas, de quem transita desta forma entre os seus pares. Assim, me parece, atropelam, vão de encontro e fica por isto mesmo, estão sempre com uma pressa, rara são as pessoas que se desculpam. Seguem triunfantes ao seu destino, carregando trofeus de lições de individualismo.Nesta segunda terça-feira do mês de agosto, depois de protelado por diversas vezes, combinei com a querida amiga portuguesa de longa data, um encontro no centro da cidade, no Real Gabinete Português de Leitura, na Rua Luis de Camões, no Centro, a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal.Um bonito prédio.
Fiquei pensando, enquanto caminhava e desviava de um carrinho lotado de caixas de cervejas, que pedia passagem, emitindo um som gutural, por quem o conduzia. As pessoas em sua frente, se encolhiam e ficavam assustadas com a impaciência daquele jovem. O rapaz, me pareceu mal educado, atestei por meu olhar de reprovação.Acha que por estar carregando um material pesado, quem estiver em sua frente, tem a obrigação de deixar o espaço livre, não importando, se há ou não condições para isto. Em qualquer rua de diversos bairros, ou de qualquer cidade, com estas caracteristicas; aparecem este comportamento, com sinais graves das neuroses urbanas se manifestando e reproduzindo. São impacientes, irritadiços, sem senso de humor, embora, o morador do Rio,tenha algumas peculiaridades inerentes ao humor. Mas, é no centro da cidade, a grande atração, o verdadeiro palco aberto para as diferentes representações do cotidiano. Algumas servem mesmo para o sustento, para a sua sobrivivência. Imagino que exerce um poder de transformação no individuo, tanto o pedestre, quanto, aos que se locomovem por qualquer veículo. Estão afoitos, em um exarcebante individualismo com ares de grosseria explicita.Algumas discussões são presenciadas pela platéia, ávida de novidades exibicionistas.Há sempre alguém fazendo alguma coisa e em torno dele, diversas pessoas, o grupo de assistentes, está criado.Malandros e heróis, improvisam uma convivência.
Dobrei a Rua Sete de Setembro, cheia de pessoas trabalhando e sujeiras produzidas também pelo comércio informal, um caos, colocam as mercadorias como se a calçada, aquele espaço, pertencesse ao individuo que está ali exercendo o seu digno trabalho.Ele tem de trabalhar, você necessarimente, alí não tem de transitar, preferencialmente, o de comprar as mercadorias que estão expostas.Você tem de ter a compreensão, alí, naquele espaço que é tomado, apropriado, é melhor ele está alí, do que estar roubando, como muitos alegam. Outro dia, ouvi de um trabalhador de rua, em Copacabana, reclamando, segundo ele, com a madame, como assim identificou, uma senhora indignada, com a falta de respeito.
Entrei pela Travessa do Ouvidor, também muito movimentada e de um fétido odor de esgôto. Neste espaço há uma insignificativa presença dos trabalhadores de rua, poucos se fazem presentes, os que se fixam, é para aqueles que estejam protegidos por licença, obtida na prefeitura. Entrei em uma livraria, para fazer hora., uma vez, que voltaria para casa um pouco mais tarde, devido ao encontro. Lembrei, enquanto, dava uma paquerada nos livros, recordo que esta livraria, vivia às moscas, mas o que eu soube, por um velho amigo, que foi meu namorado, no começo da faculdade, disse ao telefone, que ele arrumou grana e novos sócios. O dono, é mineiro, com fortes vinculos em uma familia do antigo governador de Minas Gerais, no final dos anos 40. O dono desta badalada livraria, foi um livreiro falido nos anos 70, conseguiu derrubar os muros de uma livraria de prestigio em Ipanema, na Praça General Osório, em um subsolo de uma galeria., freqüentada pela esquerda festiva ipanemense.
Deixei para comprar o livro em uma próxima oportunidade, aliás, é um autor que gosto muito. Em minhas caminhadas pelo bairro de Ipanema, sempre o encontrava, próximo a Rua Canning, onde morava e vivia sozinho, desde que separou de Lígia, a sua segunda mulher. Um dos nossos grandes prosadores, o cronista e escritor mineiro Fernando Sabino, que foi casado, nos anos 40, com Helena Valadares, filha do governador de Minas Gerais, Benedito Valadares. Sabino foi também dono de editora, junto com Rubem Braga e Walter Acosta, a Editora do Autor. Desfez a sociedade e montou com o cronista Rubem Braga, em 1966, a Editora Sabiá, vendida posteriormente.
A guarda municipal estava dispersando com muito rigor e com cassetetes, os ambulantes, assim que saí da livraria, percebi uma grande correria do pessoal que colocam suas mercadorias na calçada, seja no solo ou em caixotes improvisados.O ambiente, até a pouco utilizado pelo pessoal, dono da rua, era de muita imundice, uma falta de cuidado com o espaço que se pressupõe, não ser dele. Muitos poucos adquirem a consciência de limpeza. Andei mais um pouco e atravessei a caótica Avenida Rio Branco, um motorista distraido, falando ao celular, avançou o sinal, o guarda de trânsito em conversa, trabalhava. Quando eu pensava no ato deste motorista, passou por mim, um antigo colega, um militante do Partidão (PCB), estava sempre com David Capristano, que na época, era um estudante de medicina.Admirava muito o David e sua irmã Carolina. Tempos dificieis eram aqueles, de repressão e censura em todos os níveis. Nós que estudavamos ciências sociais, éramos visados por agentes do Dops.Alguns colegas, foram perseguidos. Andei pelo centro, passeando pelos fragmentos de minhas memórias. Fui até ao Largo de São Francisco, neste local, está o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ) onde fiz minha graduação.
Nesta área do centro da cidade, há uma grande concentração de pessoas, um variado comércio e muitos escritórios e empresas. Também biscateiros e garçons. O Largo, é via de acesso aos diversos pontos de ônibus, para diferentes bairros da zona norte e do subúrbio. Qualquer dia destes, vou falar sobre a Praça Tiradentes, de grande passado histórico-cultural da nossa cidade maravilhosa e de encantos mil. Ao dizer deste modo, não quero, ignorar a situação sócio-econômica, não estou disposta a mascarar a realidade, enfeitando-a, para distorcer as lentes que a observo e vivo o seu dia-a-dia.
No Largo de São Francisco, algumas vezes, tornou-se abrigo do pessoal sem-teto , do sem-terra, de vários grupos sociais; é uma parte da história da arquitetura e da biografia da cidade. Há a Igreja São Francisco de Paula., uma criação, em que a presença da arte colonial, se manifesta com trabalhos do Mestre Valentim. No meu tempo, havia uma grande concentração de mendigos e bebados e nem poderia deixar de fazer parte deste cenário urbano, a grande pivetada, que vez por outra, em nossas salas de aulas, ouviamos, um grito desesperado de Pega Ladrão! Pega! Pega! Ou, as intermináveis brigas e xingamentos entre mendigos.
Em frente ao prédio em que estudei, muito mal conservado, diga-se de passagem, passou por diversas fases, houve um momento, que pertenceu à Academia Militar, no periodo do Império, depois, Escola Central, mais tarde Escola Politécnica, que passou a ser a Escola Nacional de Engenharia do Brasil, que na década de 60, era chamada de Universidade do Brasil - UB. No final dos anos 60, mudou-se para aquele prédio a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, a primeira era no centro – Faculdade Nacional de Filosofia, esteve também, junto a Faculdade de Comunicação no prédio antigo do Instituto de Eletrotécnica, na Praça da Republica, no centro da Cidade, depois a Comunicação, é transferida para a Praia Vermelha, em 1971, houve a separação destas unidades. A Faculdade de Ciências Sociais, veio transferida do bairro de Botafogo, ou melhor, a antiga Faculdade de Filosofia – FNFi, estava situada em um casarão da Rua Marquês de Olinda, convém lembrar que era um momento de tremenda agitação intelectual.Tivemos vários professores mantidos sob suspeitas, uma de nossas maiores historiadoras Eulália Lobo, foi presa por uma semana, na ocasião da visita de Rockfeller em nosso país. Nesta rua situava, a Livraria e Editora José Olympio. O movimento estudantil, estava presente nas ruas, manifestando-se em passeatas...em palavras de ordem: Fora FMI, Fora Acordo MEC/USAID, Mais Vagas.,Liberdade para os presos , Um dois, três, gorila no xadrez, Yankees Go Home, as barricadas e greves em vários segmentos.
Passeando pela memória, esbarrei com o periodo em que eu residia na Tijuca, à parte em que eu morava, era conhecida como Engenho Velho, há muito foi transformada em Tijuca; eu era aluna do Instituto de Educação. Recordo que a área construida da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (antiga UEG), existia uma favela, a Favela do Esqueleto, que foi incluida naquele periodo de forte politica de remoção dos anos 60, nesta leva, foram incluídas a Praia do Pinto (Leblon) e a Catacumba (Lagoa). Vários estudos de diferentes disciplinas, se debruçaram sobre o assunto. O papo do atual prefeito, passa por esta discussão, de controle das favelas, da favelofobia, sobre alternativas a favelização; alimentaram, o noticiário recente sobre remoção de favelas. Parece que os politicos, gostaram do resultado obtido com as favelas de Cidade de Deus e Vila Kennedy, estranho, muito estranho o nosso país.
Uma curiosidade em passear por alguns lugares que transitei por muito tempo me levou a fazer uma visita nesta parte do centro da cidade e da minha memória.. Foi muito bom o encontro, saímos para lanchar na Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias, de longa tradição na cidade, foi inaugurada em 1894, um exemplo típico da belle époque carioca, com a sua arquitetura art nouveau, pedimos o cardápio e iniciamos uma conversa em volta do tempo, um tempo, presente em nossos olhos, em nossos ouvidos em nossa mente e nos corações de sobreviventes da cidade do Rio de Janeiro.

quinta-feira, outubro 13, 2005

A Felicidade de uma Vaca.

Emeric Marcier: "Casario", Aquarela, 1981
Nasceu em Cluj, na Romênia, em 1916 e faleceu em Paris, em 1990.Passou parte de sua vida no Rio de Janeiro e em Barbacena, Minas Gerais.Chegou ao Rio em 1940 e foi morar na Pensão Mauá, no bairro de Santa Teresa, sendo pensionista de Djanira, em troca de acomodações e comidas, ensinava para ela, pintura.Pintor e muralista romeno, naturalizado brasileiro.A pintura e os afrescos da Capela do Hospital Imaculada Conceição, da Santa Casa da Misericórdia, foram feitos por ele, entre os anos de 45 e 47.Com exposições em várias partes do mundo e do nosso país.Manteve contato com diversos intelectuais, colaborou para a revista O Cruzeiro.Ganhou também, muita projeção com os murais de temática religiosa.

Fonte: Bolsa de Arte, Escritório de Arte e Barbacena On line, apresentando Nossos Artistas.

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Olá! Uma bela manhã ensolarada no Rio de Janeiro. Hoje, terei a presença do neto, não tenho certeza, se terei aula de digitação moderna, que ele está querendo introduzir e me pegar para pato, nesta experiência. A informação que tenho, é que ele, retornará ao médico, estava com a garganta inflamada.Há mais de quinze dias. Minha nora e por conseguinte, o meu filho, só dão créditos para esta médica pediatra, a confiabilidade nela, é tão exagerada, que talvez esteja ofuscando a visão deles.Custo acreditar no que ouço, são muitos refratários a qualquer sugestão em busca de respostas alternativas. Por exemplo: um serviço de emergência ou um outro profissional, caso como observamos, não houve progressão na melhora de sua saúde. Rechassam de imediato.Estranho como são submissos a orientação da médica, são incapazes de contrariar ou discordar.Não quero e não pretendo subverter esta sedimentada relação, apenas, registro o meu espanto, que também, é da avó e da bisavó.Peço desculpas aos amigos e leitores por abordar assunto doméstico, mas o meu neto, com quinze meses, não come, praticamente, nada sólido. Vá entender pais e pediatras.Um grande abraço.
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Estava arrasada - acabando de colocar os óculos escuros - uma vez que, abandonei toda a família para acompanhá-lo...Segui viagem com ele. Peguei muita poeira nos olhos pelas estradas e campos afora; atravessei riachos...passei por cidades, vilas. Eu, uma verdadeira companheira, sempre por perto, me contentava em comer alguns insetos, carrapatos, capim novo ou velho, o que aparecesse pela minha frente, até o pão que o diabo amassou.Para estar junto dele. Juro! Foi tudo mentira. Eu ingenuamente, acreditei. Seu olhar bovino, seu porte, me fascinavam. Tinha momentos que eu, o flagrava olhando disfarçadamente, para as minhas divinas tetas. Sentia que era desejada. Lembro agora, com muita tristeza no coração, quando me convidava para dormir nos verdejantes pastos. Seus mugidos, são vozes que ainda ouço; é verdade, me tiravam o sono, mas querida, de patas juntas, não faço mais de jeito algum, ficar tão apaixonada. Bovino nenhum merece. Nem que aparecesse travestido de bezerro de ouro.Antes só, do que mal acompanhada.Nem que a vaca tussa. Era um boi de piranha, isto sim.Que vá pastar para criar calos.
Soube através de amigas que foi atrás de uma linda vaca, não as de presépio, que não suportava. Desconfio que era uma holandesa.Há muito não dava o ar da graça. Houve um dia que atendi um telefonema, explica, achei tratar-se de uma vaca estrangeira, tinha a língua toda enrolada, mas elegante ao mugir, não deixando cair à linha, continuou a perguntar sobre aquele ingrato, se sabia, se tinha notícias dele, pois fazia um tempo, que estava desaparecido e tinha uns serviços para ele fazer. Ela estava parada e não agüentava mais deixar as coisas sem conserto, teria uma enorme cerca para ele montar. Não havia mais outro boi na linha. Que ele telefonasse para ela , pois aguardava um contato.Desligou o telefone, não deixando de dizer que estava com as tetas cheias desta situação...Quem ela pensa que é, aquela filha de uma vaca? Só podia ser uma vaca louca.
Minha linda e adorável prima Conceição, confesso e espero que ninguém além de você, saiba, tive oportunidade de colocar um bom par de chifres, mas desisti por causa de nosso garrote, que foi muito mais desejado por mim, do que aquele quem nem ouso dizer o nome. Houve um tempo que eu passava e me sentia muito só, isolada em um cercado. Não sei se lembra desta minha fase. Mamãe, desde a morte de seu companheiro Touro Sentado, por abate, que ficou fascinadas por touros que ela via na teve, apreciava os rodeios exibidos na novela das nove. Ficava entretida, babava muito quando via o tal Bandido..Trocava babadores a todo instante, ainda me dá muito trabalho, com a idade deixa tudo fora do lugar. Lavar e cozinhar, eram, as minhas tarefas diárias, sem nenhuma outra vaca para ajudar. Como não tinha nada para fazer, há muito tempo que ele não lambia o meu cangote, dediquei-me apenas, passear pelos pastos, me distraindo com rebanhos, Certa vez, vi, com estes olhos que a terra há de comer, um bando de juritis que babavam e não tiravam os olhos de mim, para estes não dava muita bola. Conto mais a respeito deles, quando você chegar. Imagine querida prima, até um pinto todo duro, que insistia em fazer graçolas comigo.Acabei não sabendo o nome dele. Disseram que era problema psicológico daquele pinto, pois, não poderia avistar uma vaca ou uma galinha que ele ficava neste estado e convidava para sair.Um pinto daquele tamanho pra cima de mim.Mandei ele, se olhar no espelho, para ver se cresce.
Nem te conto, antes de falar deste pinto, Ceiça, conheci Barcelos, um galo turista, vindo de Portugal, tive até convite para morar lá na terrinha.. Quase que aceitei, galo bonito, mesmo idoso, mantinha a elegância, um corpo em forma, meio saradão, de peito empinado, de crista em pé, usava vestimenta muito colorida, fiquei encantada por ele. Depois conto para você... houve um problema de língua que acabei desistindo, embora, falássemos o mesmo idioma , haviam palavras ditas por nós, que cada um não entendia o que o outro falava, aí ficava difícil.Notei que ele desejava dar umas bicadas em mim, dizia, veja que galo assanhado, não parava de sonhar com o meu coxão mole.
Não sei se conto agora, ou, aguardo você chegar. Acho melhor contar agora, não vou agüentar esperar você para contar, minha língua anda pegando fogo. Ele prometeu, se eu fosse morar com ele em Lisboa, montaria só pra mim, uma pousada, que é de um amigo de infância que estava passando por dificuldades e venderia para ele muito barato. Achei o máximo, na verdade, além da língua ter aquelas dificuldades que lhe falei, mas desisti definitivamente. Tem uma outra, que ainda não lhe contei, estou muito amarradona em um cisne que vive batendo uma asa para mim.Um cisne negro muito lindo, quando passava por ele, cismava em convidar para ir ao lago, dançar; um lugar de grande concentração de bichos e gente.Prima, adoro dançar e rebolar. Sinto que vai ser um companheiro para todos os momentos, muito amoroso.O marido ideal, que sempre sonhei em encontrar e casar.Quando penso nestas coisas, lembro que não fui muito feliz naquele período, de vaca magra, aliás nem nego, a minha silhueta, tinha um belo corpinho, parecia uma bezerra. Acho que ainda vou cometer uma loucura, que me chamem de vaca louca., não estou nem aí.Nem quero lembrar daquele ingrato, fiquei desgostosa, queimei os retratos e joguei no lixo. No lixão da nossa existência. Ceiça, querida, vou me matricular em uma escola de dança. O amor está no ar.Não posso perder esta chance, senão, eu vou para o brejo.
Não consigo parar de sorrir quando, vejo o cisne, fico com uma tremedeira em minhas patas traseiras. Disse outro dia, baixinho em minha orelha esquerda, que adorava o meu rebolado, o meu traseiro. Prima, repara como estava cheio de boas intenções, muito carinhoso.Não tenho preconceito, o que vale é o amor, a felicidade, o respeito, a sinceridade, a solidariedade, a amizade, toda maneira de amar vale a pena. Serei feliz.

terça-feira, outubro 11, 2005

O Show da Sabiá

Martins de Porangaba: Nasceu em Porangaba, interior de São Paulo, no ano de 1944 e começou a pintar em 1963.(Fonte: Home Page do Artista)Pintor/Desenhista/Gravador. Participou de diversas exposições individuais em nosso país e no exterior; o mais interessante que expos, na Livraria Brasiliense em São Paulo, em 1976 e três anos depois, uma exposição na Livraria Kairós, em São Paulo, em 1979.Participa intensamente de exposições coletivas, além de diversos prêmios.Edita o livro Martins de Porangaba, 25 anos de pintura que pode ser encontrado na Livraria Duas Cidades, na Rua Bento Freitas, 158 ou no site da editora e na Pinacoteca do Estado.


Ola´! Deixo para vocês meus queridos leitores e blogueiros, mais um texto que faz parte da obra maior que estou elaborando. Hoje vou ter aula de digitação avançada, dada por meu neto.Um bom final de terça e lindo dia de quarta.



Um bando de pássaros, descera do sacolejante último pau-de-arara , liderados pelo Conde Pintassilgo do Bico Fino, famoso por seu gorjeio, desfilava de penas entrelaçadas com a Sabiá da Perna Fina, cantora de fama internacional; detentora de vários prêmios nacionais e internacionais. Ficaram assustados e impacientes quando, atravessaram a rua, próximo ao sinal, quatro pivetes cercaram o casal e quiseram levar as bolsas; não conseguiram, fugiram em disparada, levando cascudos dos seguranças. A fama que os dois possuíam, não admitia que ninguém atrapalhasse. Quando Sabiá, aparecia, no pedaço, surgiam diversas focas para entrevistá-la. Era a garantia de foto na primeira página, com exclusividade da Gazeta, durante vários dias. A equipe de Pirilampo, em ação, buscava o melhor ângulo para fotografar Sabiá da Perna Fina, mas antes de se deixar fotografar, procurou uma lata de lixo para jogar a laranja que acabara de chupar.Corria a notícia de bastidores que ela, seria convidada para participar como atriz de uma nova novela das sete e posar para a revista ecológica, como veio ao mundo.Pipocavam flashes para tudo que era lado.Com muito custo conseguiu entrar na casa de show, levou algumas pisadas, algumas penas fora do lugar e o dedo inchado.Mas não perdeu a pose.
Sabiá, cansada, com a maquiagem escorrendo, diante do espelho, começou a lembrar dos tempos em que sonhava ser vocalista, de azaração nos shows das bandas em que ela curtia, como: Replicantes, Urubu Rei, De Falla, Engenheiros do Hawaai, Plebe Rude, Legião Urbana, Capital Inicial, Detrito Federal e outras bandas, como Inocentes , Ratos do Porão, Blitz, Paralamas, Titãs, do Barão Vermelho. Conde acabou com o sonho da pop-star Sabiá, chamou para examinar o palco.Com o pé doendo, lá foi ela apoiada na asa do Conde.Estava na hora e pontualmente, começou a abrir o bico.As aves aqui gorgeiam, era o que dizia o cartaz segurado pelo pardal.
Atrás, soltando a seguir, estava Cardeal do Pagode trouxe o cavaquinho, mais atrás Curió da Sanfona, vestido em uma bermuda, chapéu de palha, sandálias havaianas; veio de carona, trazendo também, os pandeiros. Prometeu pagar as passagens, assim que conseguisse receber o cachê de. Asa Branca e Azulão do Nordeste, dupla animadas, convidadas permanentes em programas dominicais da teve, aliás, não saiam da telinha. Sempre presentes, no circuito Barra – Ondina, pediram licença ao Regional e ao Trio Elétrico, em que tocavam e cantavam, para viajarem. Trouxeram como convidado, uma forte atração do grupo, o delicado felino Gato na Tuba, recém contratado pelo grupo para algumas apresentações . Não muito distante do sitio Luar de Prata, ficava a casa de show Quintal da Abelha, com música ao vivo. Sempre com a fina flor da música nacional em apresentação permanente. A casa estava lotada, filas se formavam diante da entrada. Um silêncio sepulcral tomou conta naquela noite no Sítio Luar de Prata, depois de longos uivos dados por um animal.
Desde de ontem, que apareceram vários cambistas, surgiram de tudo que é lugar, oferecendo com desconto, entradas para o show. Dr Pardal Sparrow e Dona Rolinha, policiais de plantão garantiriam a livre atuação dos profissionais.Trabalhavam sem serem importunados. O Marreco Mr.Duck que sempre era confundido na noite, com o Pato, este sim, verdadeiro cantor do grande sucesso: ”Lá vem o Pato. Pata aqui, pata acolá Lá vem o Pato Para ver o que é que há.”.Mr Duck veio acompanhado daquela galinha da noite, famosa por dar canja em vários shows de amigos e amigas, teve de ir para fila, pois os convites que receberam foram extraviados.
O Marreco Mr Duck, sentiu-se ludibriado pelos cambistas, desconfiou que a entrada era falsa.Nestas ocasiões sempre acabava pagando o pato. Meia hora depois, por pouco entra em uma discussão com Pinto Calçudo; distraído enquanto, protestava em alto grasnado contra a balburdia dos cambistas, notou que o Pinto Calçudo,verdadeiro arroz doce de pagode, no maior bico de pau, furou a fila.Ficou enfurecido queria de qualquer jeito colocar o Pinto para fora. Um galo da roça, com olhos de pitomba, apareceu de fininho para saber que confusão era aquela,deu de cocoricar sem parar, não entendia nada do que acontecia, queria era cocoricar.Distribuiu bicadas para todos. Foi ovacionado.
Cavalos e gorilas, aproximavam do evento, dispostos a dispersar com coices e mordidas, aqueles grupos de arruaceiros.O tumulto generalizou, muita gente correndo de um lado para o outro, quando, ao olharem para o chão, dão conta de um corpo estendido de uma anta ensangüentada, parecia ter batido a pacutinga, disse adeus ao mundo, foi o comentário geral. A luz da cidade apagou de repente, a cidade ficou como breu.A multidão dispersou o mais rápido possível. Era o caos. A porta do show do Quintal da Abelha, estava emperrada, uma multidão dentro da casa, gritava desesperadamente. Mariana de seu quarto também ouviu o barulho, o grito desesperado se fazia ouvir por todos. Era um grito parado no ar.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Os Gaviões

Antonio Peticov:O artista mantém uma excelente página na internet, mostrando os seus trabalhos.Nasceu em Assis, no ano de 1946. Desenhista/Gravador/Escultor - Os seus dados biográficos o localizam no panorama da arte de vanguarda. a partir da segunda metadade da década de 60. Realiza e participa de diversas exposições.O artista é autodidata.Em 1990, realiza o mural em homenagem ao centenário do escritor Oswald de Andrade, com o título Movimento Antropofágico, na estação República do metrô de São Paulo.Há diversos trabalhos editados sobre a obra do autor, bem como, um livro de sua autoria, chamado Trabalhos Escolhidos, pelo MASP, em 2003.Morou em Milão, na Itália, de 1971 a 1986, voltou para Nova York, onde morou e voltou ao Brasil em 1999.(Fonte: Zona D e páginas na web)


Olá! Estive ausente por estes dias, por estar gripado. Hoje, um pouco mais revigorado, coloquei este texto que faz parte de um escrito maior sobre o sitio Luar de Prata.Agradeço as visitas e os comentários feitos, espero que agora, possa entrar em minha rotina prazeirosa de visitar os blogs amigos.Na sexta, tive aula de digitação dada pelo neto, mas por pouco tempo, estava com a garganta inflamada e teve de ir à pediatra.



Um grupo de turistas japoneses, com máquinas fotográficas, câmeras e malas pretas, chegaram durante a madrugada. O séqüito era também acompanhado por alguns gaviões, sendo que a maioria, de japoneses. Havia um da cidade de Shibuya, o mais baixinho e carrancudo. Tanaka, seu primo, na hora h, desistiu e rumou para Nagoya, mandou avisar ao grupo. O primeiro, que estava mais à frente, em destaque no grupo, parecia ser o líder; vinha com a estudante de ciências sociais, Yoshiko, moravam em Kyoto, no bairro de Gion, freqüentavam um templo budista na mesma cidade, ali se conheceram.
As informações sigilosas, foram obtidas por Otilia, saltitante perereca repórter, que repassou para o Tião, conhecido macaco velho, militante da imprensa investigativa., que registravam em um bloco de notas, tudo que obtinha da esperta perereca. O terceiro, Suzuki Shen, sempre de quimono, morou perto do Aeroporto Internacional de Narita, um aficionado por aviões; imitava o barulho deles, quando estava só. Gostava de acompanhar os aviões em corridas, mas voltava esbaforido e muito cansado, depois da frustrada disputa. Tentou por diversas vezes, alcançar o topo do Monte Fuji, não conseguiu em nenhuma delas.. Espalhava para o grupo de amigos, que era muito fácil atingir os 3.776 metros de altura. Passou a ser uma obsessão, programava a mesma coisa, todos os anos.Batia asas e não voava. Passava o dia brincando na Estação de Yokohama, depois ia para a roda gigante. Juntava um publico de meia dúzia de gatos pingados, que eram obrigados a usarem binóculos, caso , naturalmente estivessem dispostos assistirem tal façanha.Resolveu, meses depois ao receber o convite, incorporar ao grupo que viajava com destino a Luar de Prata.
Akiko, terceiro, mantinha um relacionamento não muito sério, gostava de ficar com a bulímica Aninha Patativa, uma cantora de karaokê da periferia do Rio de Janeiro, sempre que visitava amigos no Brasil. Passava e curtia muito sair de férias no Rio de Janeiro e em Okinawa, eram as cidades preferidas. Adorava beliscar os pratos da culinária destas cidades. Desconfiavam, que pertenceu a Yakusa. Informações complementares foram pedidas ao serviço secreto, mas até aquele ano, não tinha chegado, por quem tinha interesse em saber da vida enigmática daquele gavião ..
Akira, o quarto, gostava de oxigenar as penas, de levar na carteira fotos dos mais valentes samurais; foi muito apaixonado por um pombo correio. Leitor de Yukio Mishima. Conheceu seu companheiro, em uma feira de antiguidades. Teve um momento em sua vida que ficou azarando uma arara, que fazia biscates em um magazine que costumava freqüentar, às sextas-feiras.
Chegou a morar por três anos com o pombo, tiveram uma briga feia, acabaram morando em casas separadas.Incompatibilidade de gênios, era o que alegavam.O último do grupo, é um sansei, que adorava ficar vestido de ninja quando pequeno, morou por muito tempo, no bairro da Liberdade, na rua Galvão Bueno. Nos fins de semana, ia curtir com os amigos do trabalho, sessões de karaokê.Torcedor fanático do Palmeiras. Participou de uma torcida jovem, que chegou a presidir a Porcos Unidos. Houve um dia, segundo relatos, retirados dos arquivos, consta que, ao assistir uma partida, ficou tão irritado que queria invadir o campo; os xingamentos não estavam sendo o suficiente, pensou e repensou, acabou desistindo de invadir, mas os gritos de xingamento continuaram. Juiz ladrão!!Safado !!Vendido!! Adorava o “Parmera”, time que passou a admirar desde pequeno, por causa, de seu melhor amigo da escola. Foi em uma partida contra o Corinthians, que fez esta opção, de ser um torcedor palmeirense e assim, para sempre.
O grupo viajou para Mundo da Lua, ou melhor, foram convidados a passar uma temporada em Luar de Prata, chegaram sob disfarce, de modo que , ninguém os reconhecesse.No topo de uma árvore, o Urubu-Rei, observava, os turistas Um urubu malandro aproximava-se do grupo, para vender fotos do sitio.
Mariana acordou com o telefonema de sua amiga, dizendo em voz baixa. sussurrando, que tinha muitas coisas que soube e que gostaria que ela soubesse.Desligando o telefone em seguida.Desconfiou neste momento que parecia estar grampeado.

quarta-feira, outubro 05, 2005

A Vida de um Galo.














Lula Cardoso Ayres: Trabalhadores do Eito, 1943 (Acêrvo:FJN/PE)- Óleo s/Eucatex - Artista Plástico pernabucano.Sua cidade está presente em sua obra, em qualquer seja a sua fase.Nasceu em 26 de dezembro de 1910. Começou a pintar aos 12 anos. Em 1925, após viagem à Europa, passa a residir em Paris.Estabelece os primeiros contatos com o modernismo, muda-se para o Rio de Janeiro.Foi aluno da Escola Nacional de Belas Artes. De 1929 a 1931, dedica-se aos cenários para teatro,como sua atividade principal. Em 1934, volta para Recife.O artista participa de diversas individuais pelo país, bem como, atua em bienais.Faleceu em Pernambuco em 1987. Seu nome é citado em diversos trabalhos sobre arte brasileira.Foi criado o Instituto Lula Cardoso Ayres, em sua homenagem, mantendo grande parte da obra do artista, que está sob os cuidados de seu filho, o engenheiro e pesquisador Lula Cardoso Ayres Filho e ao lado da esposa, administram o instituto.(Fonte: Pernambuco.com e Nordeste. web)



Olá! Passo para deixar este texto, em que uso o recurso de tomar os animais como protagonistas desta narrativa.


Zé Carijó adorava dormir com as galinhas, pois andava a toa na vida ciscando pelos terrenos alheios, sempre a procura de uma asa amiga. Levantava cedo, pulava do poleiro, a primeira coisa que fazia; escovar os dentes e dar uma bicada em uma porção de milhos verdes finos importados, que comprava na birosca da esquina. Gostava de esparramar o milho no terreiro alheio, em seguida, tomava dois copos de gemadas. Quando acabava o estoque de milhos, gostava de comprar a melhor marca..Como não sabia pronunciar o nome do produto, apontava sempre na direção da lata de milho. Geralmente, acabava com estoque da loja, que era apenas de uma unidade. Imaginava que era bom para o aparelho reprodutor, dava uma maior virilidade, uma potencialidade desmedida. Sua alimentação matinal diária; seguia os princípios de alimentação natural de sua família, que nem sempre bicava unida. Sua aparência jovial, o deixava feliz que nem pinto no lixo.
Recusava terminantemente a usar produto nacional. Desprezava as minhocas. Reclamava da qualidade dos grãos e do preço exorbitante. Estava convicto que os produtos, do exterior , eram de melhor qualidade, são superiores, aos produzidos em sua terra. Sentia muito orgulho quando, ingeria, vestia ou assistia qualquer produto importado principalmente da maior nação amiga, vizinha da Granja .
Gostava de vestir sempre com um paletó com as cores da nação amiga. Achava que tinha de ostentar no peito uma águia careca. Não gostava de voar, preferia sair montado em seu velocípede; ia rápido para ser o primeiro a chegar, para isto, avançava todos os sinais que via pela frente. Chegava cedo ao terreiro, para cantar de galo.
Criou com o seu Pinto, seu sócio, um aviário para exportação de frangos para macumba, acompanhado de um kit para despachos em encruzilhadas. Rendia além dos milhões; um enorme prestígio com as penosas da comunidade. Ao sair para depositar a féria do dia, depois do almoço, viu e cumprimentou o Galinho de Quintino, nutria por ele, uma admiração,mesmo sendo torcedor de clube adversário.
No horário de abertura do Banco Galo da Madrugada, coincidia de encontrar sempre com uma emperiquitada galinha choca, que não parava de atazanar sua paciência, implicava com ele toda vez, que avistava na fila do banco.Abria o bico para dizer que a fila dos idosos, ficava mais adiante. Neste dia, Carijó, estava de ovo virado, andava escutando maldosos comentários sobre a sua atual, e fiel companheira, estivesse parecendo uma Galinha Gorda, cheia de pelanca.
Bastava ouvir estas insinuações que o deixavam muito irritado; para partir de bicadas e pernadas no desafeto. Estava a fim de engrossar o caldo. Amo esta galinha do jeito que ela é; chego a sonhar com as suas coxas, noite e dia.Galinha velha é que dá boa canja.Gosto também do jeito meigo do olhar de galinha quando quer comer minhoca...Sonhava!
Certa vez, começou a matutar que a mistura de milho comprado para a sua companheira de nada adiantava. Que passava tormentosas e desgastantes horas diante da academia, daquele Marreco que, cismava de dar em cima de todas, considerado, como um verdadeiro, galinha. Um galinhólatra.
Mesmo que tivesse fazer uma dieta, seria as duras penas.Izildinha, companheira de fé, de Zé Carijó, não dispensava ficar ciscando diante do espelho, apreciando o embelezamento das penas.Um belo dia, voltou cacarejando feliz da academia.O ciúme de Carijó, começava a se manifestar. Brigas e bicadas surgiram na relação diária do casal.
Zé Carijó, sentia levemente que um galo em sua testa crescia. Postava-se também diante do espelho e examinava com muito cuidado sua testa. Lembrou da última vez que bateu com cabeça na quina da porta do galinheiro, acabou criando um galo, daí o cuidado, assim, justificava para os amigos íntimos que perguntavam pelo crescimento da ligeira proeminência, pois era reparada à distância, por toda a comunidade galinácea .
Izildinha, ficou convencida, tinha engordado porque achava que de grão em grão ela enchia o papo e ganhava uns quilinhos a mais.Não resistia, ficar muito tempo sem comer; os olhinhos revirados para aqueles diversos grãos caramelizados, que comprava no camelô da esquina, três vezes por semana, a deixavam de água na boca.Uma delicia!
Preocupada comprou uma balança em liquidação. Nos finais de semana, durante a madrugada, descia às pressas do poleiro e ia escondido para o quintal, para verificar se houve aumento de peso. O alivio, era que acusava apenas o acréscimo de algumas gramas.
Nada de importante. Encomendava os cremes de última geração, que a mantivesse sempre na linha e escondesse os pés-de-galinha, que cismavam em aparecer em seu rosto. Tinha uma obsessão, a que pudesse alcançar o poleiro o mais rápido possível, para isto não só bastava bater asas, mas ter uma agilidade maior nas pernas, precisava pular a cerca.
Em uma noite fria, logo após longas e quentes cacarejadas, resolveu dar um basta neste relacionamento. Revelou de uma vez, que estava mantendo um namorico, com um frangueiro, que conheceu em uma partida de várzea, numa tarde de domingo. Naquele mesmo domingo, quando bateram de bico e por teimosia dele, não quis acompanhá-la. Ele preferiu ficar divertindo-se com o pinto, filho da vizinha, brincando, que enganou um bobo na casca do ovo. Caía na gargalhada em seguida, dava cambalhotas de contentamento. Foi só, antes só, do que mal acompanhada. Desapareceu!Não se arrependeu.Aprendeu a pular!Dizem que depois de alguns tombos, aprendeu até ciscar para frente.
Carijó ficou chocado! Desanimado, que começou a cantar a marchinha: “Có, Có, Có, Có, Có, Có, Ró! Có Có, Có, Có, Có. Có, Ró! O galo tem saudade da galinha carijó!" Tempos depois, circulou a noticia, que ela pariu três lindos pintinhos, de uma só vez. Um dia, Izildinha, parou para observar o crescimento de seus peitos; estavam enormes. Distraída pisou em um dos seus filhotes, mas ficou aliviada, pois, pé de galinha não mata pinto.Ficou preocupada se tinha pisado em ovos. Era só o que faltava.
Izildinha, lembra depois da separação amigável com Carijó, que ela, mais duas amigas e a prima, adoravam brincar e provocar os pintos musculosos que pintavam na academia. Suas companheiras, estavam doidas para soltar a franga.
Carijó adquiriu um novo hábito...depois, de incansavelmente procurar cabelo em ovo. Segundo os comentários de botequim, nos poleiros de aposta, nas brigas de galo, sempre, após o expediente, no frigir dos ovos, encontrava sob disfarce. com o seu Peru. Iam dividir um galeto e tomar cachaça., bebiam até cair.
O Pinto José, filho do casal, nascido de chocadeira, é o que se comentava; passou a ter um relacionamento com uma galinha D`Angola que conheceu em uma sessão de descarrego.Quem poderia afirmar a veracidade desta informação era Chico Garnisé, mas encontrava-se ausente.Chico, foi o seu colega de poleiro. Aprenderam a soletrar: Eva viu o ovo e na hora do recreio a cantar: “A galinha do vizinho bota ovo amarelinho...”
Havia um galo, o mais forte de todos, na comunidade, que adorava distribuir rabo de galo para o adversário. Mas todos que enfrentava, cacarejava alto, isto para mim é pinto e partia para bicadas e unhadas. Nunca foi levado muito a sério, se vangloriava de ser um peso galo; o que constava era que gostava de babar o ovo do chefe da Granja. Depois de alguns goles, espalhava que andava comendo umas galinhas. Outra fama que tinha, era de ejaculação precoce, outras diziam, que não passava de um ladrão de galinhas.Os boatos pipocavam a torto e a direito, inclusive que era muito intimo de um papagaio que morria de ciúmes dele.
Zé Carijó cultivou o hábito de assistir, a brigas de galos. Como não gostava de ficar só, acabou escolhendo para ficar com a galinha da sua vizinha, uma carioca da gema. Uma galinha dos ovos de ouro. Enchia o peito todo orgulhoso.A outra para mim, é uma galinha morta. Acabou! Meditando, quieto no poleiro, vendo a vida passar, assim pensou, em passar o resto de seus dias, antes de ir para a panela.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Notícias do velho Bode Ludovico










Artista Plástica, nasceu em Caruaru, Pernambuco, em 1950, residente no Rio de Janeiro,Edineuza Bezerril, é uma artista que ganhou diversos elogios sobre a sua obra.Participou de diversas mostras coletivas e individuais.Produziu trabalhos em xilogravura, como cenógrafa no Teatro Gláucio Gil.Participou do Primeiro Festival de Artes de Santa Teresa.Formada em Pedagogia em 1969 e nos anos 70, fixou residência em Santa Teresa. Referência em vários livros de arte.Carlos Scliar para uma descrição desta interessante artista, diz:"Cada um vê o mundo com os olhos que a vida ensinou.Mas a expressão de um pintor tem as suas leis próprias que ele nem sabe o que tem.Se a pintura é estado de poesia com linguagem própria - reinventada por cada pintor.Edineusa nasceu pintora e está marcada a significar uma presença em nossa arte."(Fonte: HC Galeria, Pitoresco)


Olá! Depois de ter recebido as aulas antecipadas para o dia de sábado, o meu neto, que não concluiu a lição, resolveu atender o apelo dos pais para ir à praia.O horário que resolveram, eu e a avó, não gostamos. Principalmente eu, que nunca fui à praia, as onze horas da manhã.O que faz um neto, com o avô. Primeiro que não é recomendado, mas os pais acharam que podia,lá fui eu e mais tarde avó para ver pela primeira vez, o contato de meu neto com o mar. Assim que chegou ficou assustado, evitava aproximar da água.Achamos muito gozado o experimento da água salgada, a expressão que fez, foi hilária.Para mim ir à praia ou caminhar,este último, o que mais faço,é sempre bem cedo.Não gosto de praia depois das 10.Como moro bem próximo, a praia, resolvemos trazer o menino para casa.Reduzimos sob protestos, a permanência por mais tempo do neto. Os pais ficaram.Hoje, um dia ensolarado, aproveitei e deixei, a continuação de um post anterior, uma fábula politica que trata do sumiço do bode,publicado no mês passado.Deixo no varal parte da continuação do texto. Um bom final de tarde.

Durante a madrugada, uma notícia em edição extraordinária, dada pela Rádio Papagaio – a que repete as mesmas monótonas noticias durante toda a programação -. Exatamente às três horas e três minutos e três segundos, o locutor de plantão que cochilava , levantou assustado para comunicar: Atenção!!!Atenção!!! Há fortes indícios de que foi visto entrando, acompanhado, uma estranha figura semelhante a um bode velho, em um local suspeito, nas cercanias de Plano Alto do Centro.
Sob a proteção do anonimato, mas que desconfiou, ter sido uma hiena, pois, não parava de rir, informava que figura semelhante a um bode, continuava ,o locutor plantonista, que apresentava uma gagueira repentina quando tratava de noticias de impacto e de interesse da população. Volto a repetir:Atenção!! Atenção!! O local descrito, é muito freqüentado, por diversas raposas militantes, algumas galinhas liberais, diversas piranhas oxigenadas, gatos malhados e gatas saradas, ratos espertos e espertas ratazanas, coelhinhas desnudas e antas politicas.
Uma noite movimentada e agitada, dentro e fora daquele prédio.Carroças, carroções,carrinhos de mão, velocípedes,patinetes e triciclos atrapalhavam o trânsito nas pistas.Um pixote de cabelo rastafari, sem ser incomodado, vendia amendoins em pó, balas de "ioguti" e outras guloseimas.Toda a mercadoria em promoção.Um engraxate conseguiu dar um brilho no pisante de uma autoridade.
Leões-de-chácara, atentos controlavam a entrada de estranhos, um pato fingindo ser ganso foi barrado; mesmo possuindo as credenciais da Granja do Ovo Virado, não tinha sido reconhecida a assinatura do Molusco, pela portaria. A grande falha observada, apontava, o local indicado,como do lado esquerdo e o Molusco, deixado levar-se por sua assessoria, entendeu que teria de assinar pela direita.Deu no que deu, o companheiro pato, foi barrado.Não adiantou mostrar a velha carteirinha do partido, não foi reconhecida, parece que sofreu o desgaste natural do tempo.O pato, pateta ficou; mesmo assim, descrente, por pouco não levou uns safanões.
A qualquer momento, voltaremos...em edi...A noticia foi interrompida, por um apagão na cidade, ficando sem energia, por poucas horas.O telefone, subitamente desligado.Não muito distante dali, algumas quadras da realização da festa, apareceu uma cabrita, de cílios postiços, com a boca cheia de formiga. Dois cães policiais indicados por ordens superiores, iriam conduzir as investigações,ficaram muito cabreiros, com o que farejaram.Pareciam estar diante de um intricado problema de exploração. Um tamanduá, junto com um amigo da onça, rondava o local, mas acharam melhor cambar fora.Na corrida, o tamanduá esbarrou, em uma mala preta, camuflada, que estava encostada em uma parede da suntuosa sede do partido, base de sustentação do Molusco.Um alto dirigente, no interior da carroça importada, observava o movimento; mandou em seguida o seu motorista, disfarçar e apanhar a mala. Com dificuldades pelo peso, conseguiu com muito esforço carregar a mala, para o interior da carroça. Seis baba-ovos, escolhidos a dedo pelo dirigente, ajudaram no interior do prédio do partido, a carregar a pesada mala.
No dia seguinte o sol nas bancas de revistas, iluminava as manchetes do jornal de oposição; o Tagarela, do grupo Folhas Soltas, lembrava em letras garrafais: Por onde anda Ludovico, o bode velho, que sumiu, ninguém sabe, ninguém viu? Uma nota em pé-de-página, assegurava que o bode, tinha sido visto, pelas bandas das Gerais.Precisava mais uma vez, de confirmação, de checagem dos dados que foram passados por uma araponga. A noticia dada pela madrugada pela rádio Papagaio, não se confirmou.A verdade que foi apurada, tratava-se de um gato pardo, que durante a noite foi confundido com um bode carregando o que parecia ser pela distância, uma sacola.A manchete do jornal concorrente, insistia em requentar a noticia, em seus vários veículos, tanto no rádio, na tv, na internet, garantia que Ludovico, o velho bode, foi visto na capital, carregando uma mala preta, informação prestada em off, por um espírito de porco.Perseguida pela imensa legião de focas em busca da noticia , acabaram na pressa, todas, se dirigindo ao circo.Era, o inicio do grande espetáculo.