Rosina Becker: Nasceu no Rio de Janeiro, em 1914 e faleceu em 2000. Artista com grande destaque no panorama da arte primitiva brasileira.Em sua obra, observa-se a presença de sua temática,nos elementos do folclore brasileiro, religiosos e populares.Participou em diversas exposições, como no Museu de Arte Contemporânea da USP.É importante lembrar que é no Rio de Janeiro, no bairro do Cosme Velho, que está localizado, o Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil - MIAN Vale a pena fazer uma visita em sua página na internet.É apontado como o maior e o mais completo acervo de pintura naïf no mundo.Seus artistas são considerados os "poetas anarquistas do pincel". Podem ousar tudo.Fonte: MIAN, TNT Escritório de Arte, Art Canal
Olá! Deixo mais um texto pregado no Mural.Dia de chuva e frio, aqui no Rio de Janeiro.
O militante, jumento Celestino, exemplar funcionário público municipal de Luar de Prata, recentemente aposentado por tempo de serviço e por excesso de carga pesada.Vivendo uma vida que não pediu a Deus.Cheia de dividas e dúvidas. Numa manhã de domingo, em conversa fiada com sua antiga companheira de luta, concluiu, que há muito tempo não era chamado para fazer nenhuma boquinha, nas festas do sindicato.
A companheira cabrita Clementina, em sua velha mania, de falar pelos cotovelos, acabou contando, que ficou indignada, ao saber nos bastidores, que havia acabado a mamata no sindicato. Terminou a fase do bom e do melhor. Muita grana sumiu pelo ralo, pelas malas e cuecas dos combatentes companheiros. Que segundo dizem, não chegaram a ver a cor do dinheiro. Mesmo assim, com os informes passados, pela leal companheira; estava sentindo desprestigiado, abandonado pelos antigos companheiros de sela.
Ele sempre colaborou muito, em arrecadar fundos para o sindicato, a organizar festas, arrasta-pés inesquecíveis, com muita birita e cerveja a dar com um pau. Chegou a criar uma caixa para colocar as verbas extras, das rifas que passava para os amigos. Até um bingo, foi montado na parte dos fundos do sindicato, foi com a sua colaboração.Celestino era um cumpridor de suas tarefas, acabara esquecido, como aposentado, viveu como burro e agora vislumbra um futuro negro pela frente. Parecia, ter sido posto no olho da rua.Levado um pontapé no traseiro.Tratado com desdém.
Logo ele, que esteve muitas vezes amarrado em árvores, postes; pegando muito sol e chuva no lombo. Algumas vezes, ameaçado de prisaõ.Verdade que não ligava muito, pois, cada um amarra o burro conforme a sua vontade... Conduziu muita carroça pelos morros da cidade. Chegava muitas vezes a dar com os burros n`água. Com muita burrada pela vida, assim, vive sem reclamar. Não se conformava em ser abandonado pelos amigos.O resto,era o resto.
Lembrou em conversa, do período acirramento em suas posições para reivindicar melhores salários, com idas diárias ao sindicato. Lembra dos áureos tempos, de varar a noite. Empacava em discussões intermináveis nas assembléias da categoria, inclusive com o amigo da onça, um militante da vanguarda do atraso.Hoje figura como dissidente de prestigio inabalável, sempre escondeu a sua condição de carreirista.
.Celestino nunca leu um livro sequer durante a sua vida de militante, como gostava de espalhar com muito orgulho. A pensar morreu um burro, dizia a sua querida avó. Preferiu preservar a vida. Houve um tempo, em que pensava na morte da bezerra. Coitada, teve uma morte triste, foi atropelada por um burro-sem-rabo, carregado de imensa pilha de caixas de papelão; avançou o sinal e deixou ali, estendida, esvaindo-se em sangue , na contra-mão atrapalhando o transito. Não prestou nenhuma ajuda, seguiu em frente...
Celestino, freqüentou pouco, muito pouco, as aulas; gostava mais de brincar no pátio ou na grama. De pular carniça com o Urubu Malandro. Não queria passar a falsa impressão, por estar carregado de livros era doutor. Uma vez, o companheiro Asnático, em plena assembléia, para me provocar, zurrava sem parar, me chamando de iletrado. Só por não ter abaixado a minha orelha, enquanto, falava. Não sei aonde que eu estava que por pouco, ia perdendo as estribeiras. Contei até 10, duas vezes. Que audácia daquele mequetrefe, mandar presente para mim, o Pai dos Burros, devolvi, assim que chegou, aqui no estábulo.
Sempre rejeitei vários tipos de leitura, quer dizer, lia o jornal do sindicato, O Burrico e comprava revistas para colorir.. Burro velho não perde a mania, olhava a coluna Idéias de Jerico e gostava de comentar com o Ludovico, nosso nobre militante, respeitado por todos, animais e humanos de qualquer condição social Soube outro dia, à boca pequena que sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. O que teria acontecido, com o velho Bode Ludovico? Foi visto da ultima vez, carregando uma pesada mala preta, nos arredores do Plano Alto do Centro. Ninguém confirmou a presença dele nesta região. Fiquei pensando com os meus botões. Debaixo deste angu tem caroço. Logo ele, deve ser intriga da oposição , querem arrumar um bode expiatório. Só pode!
quarta-feira, outubro 19, 2005
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