terça-feira, outubro 11, 2005

O Show da Sabiá

Martins de Porangaba: Nasceu em Porangaba, interior de São Paulo, no ano de 1944 e começou a pintar em 1963.(Fonte: Home Page do Artista)Pintor/Desenhista/Gravador. Participou de diversas exposições individuais em nosso país e no exterior; o mais interessante que expos, na Livraria Brasiliense em São Paulo, em 1976 e três anos depois, uma exposição na Livraria Kairós, em São Paulo, em 1979.Participa intensamente de exposições coletivas, além de diversos prêmios.Edita o livro Martins de Porangaba, 25 anos de pintura que pode ser encontrado na Livraria Duas Cidades, na Rua Bento Freitas, 158 ou no site da editora e na Pinacoteca do Estado.


Ola´! Deixo para vocês meus queridos leitores e blogueiros, mais um texto que faz parte da obra maior que estou elaborando. Hoje vou ter aula de digitação avançada, dada por meu neto.Um bom final de terça e lindo dia de quarta.



Um bando de pássaros, descera do sacolejante último pau-de-arara , liderados pelo Conde Pintassilgo do Bico Fino, famoso por seu gorjeio, desfilava de penas entrelaçadas com a Sabiá da Perna Fina, cantora de fama internacional; detentora de vários prêmios nacionais e internacionais. Ficaram assustados e impacientes quando, atravessaram a rua, próximo ao sinal, quatro pivetes cercaram o casal e quiseram levar as bolsas; não conseguiram, fugiram em disparada, levando cascudos dos seguranças. A fama que os dois possuíam, não admitia que ninguém atrapalhasse. Quando Sabiá, aparecia, no pedaço, surgiam diversas focas para entrevistá-la. Era a garantia de foto na primeira página, com exclusividade da Gazeta, durante vários dias. A equipe de Pirilampo, em ação, buscava o melhor ângulo para fotografar Sabiá da Perna Fina, mas antes de se deixar fotografar, procurou uma lata de lixo para jogar a laranja que acabara de chupar.Corria a notícia de bastidores que ela, seria convidada para participar como atriz de uma nova novela das sete e posar para a revista ecológica, como veio ao mundo.Pipocavam flashes para tudo que era lado.Com muito custo conseguiu entrar na casa de show, levou algumas pisadas, algumas penas fora do lugar e o dedo inchado.Mas não perdeu a pose.
Sabiá, cansada, com a maquiagem escorrendo, diante do espelho, começou a lembrar dos tempos em que sonhava ser vocalista, de azaração nos shows das bandas em que ela curtia, como: Replicantes, Urubu Rei, De Falla, Engenheiros do Hawaai, Plebe Rude, Legião Urbana, Capital Inicial, Detrito Federal e outras bandas, como Inocentes , Ratos do Porão, Blitz, Paralamas, Titãs, do Barão Vermelho. Conde acabou com o sonho da pop-star Sabiá, chamou para examinar o palco.Com o pé doendo, lá foi ela apoiada na asa do Conde.Estava na hora e pontualmente, começou a abrir o bico.As aves aqui gorgeiam, era o que dizia o cartaz segurado pelo pardal.
Atrás, soltando a seguir, estava Cardeal do Pagode trouxe o cavaquinho, mais atrás Curió da Sanfona, vestido em uma bermuda, chapéu de palha, sandálias havaianas; veio de carona, trazendo também, os pandeiros. Prometeu pagar as passagens, assim que conseguisse receber o cachê de. Asa Branca e Azulão do Nordeste, dupla animadas, convidadas permanentes em programas dominicais da teve, aliás, não saiam da telinha. Sempre presentes, no circuito Barra – Ondina, pediram licença ao Regional e ao Trio Elétrico, em que tocavam e cantavam, para viajarem. Trouxeram como convidado, uma forte atração do grupo, o delicado felino Gato na Tuba, recém contratado pelo grupo para algumas apresentações . Não muito distante do sitio Luar de Prata, ficava a casa de show Quintal da Abelha, com música ao vivo. Sempre com a fina flor da música nacional em apresentação permanente. A casa estava lotada, filas se formavam diante da entrada. Um silêncio sepulcral tomou conta naquela noite no Sítio Luar de Prata, depois de longos uivos dados por um animal.
Desde de ontem, que apareceram vários cambistas, surgiram de tudo que é lugar, oferecendo com desconto, entradas para o show. Dr Pardal Sparrow e Dona Rolinha, policiais de plantão garantiriam a livre atuação dos profissionais.Trabalhavam sem serem importunados. O Marreco Mr.Duck que sempre era confundido na noite, com o Pato, este sim, verdadeiro cantor do grande sucesso: ”Lá vem o Pato. Pata aqui, pata acolá Lá vem o Pato Para ver o que é que há.”.Mr Duck veio acompanhado daquela galinha da noite, famosa por dar canja em vários shows de amigos e amigas, teve de ir para fila, pois os convites que receberam foram extraviados.
O Marreco Mr Duck, sentiu-se ludibriado pelos cambistas, desconfiou que a entrada era falsa.Nestas ocasiões sempre acabava pagando o pato. Meia hora depois, por pouco entra em uma discussão com Pinto Calçudo; distraído enquanto, protestava em alto grasnado contra a balburdia dos cambistas, notou que o Pinto Calçudo,verdadeiro arroz doce de pagode, no maior bico de pau, furou a fila.Ficou enfurecido queria de qualquer jeito colocar o Pinto para fora. Um galo da roça, com olhos de pitomba, apareceu de fininho para saber que confusão era aquela,deu de cocoricar sem parar, não entendia nada do que acontecia, queria era cocoricar.Distribuiu bicadas para todos. Foi ovacionado.
Cavalos e gorilas, aproximavam do evento, dispostos a dispersar com coices e mordidas, aqueles grupos de arruaceiros.O tumulto generalizou, muita gente correndo de um lado para o outro, quando, ao olharem para o chão, dão conta de um corpo estendido de uma anta ensangüentada, parecia ter batido a pacutinga, disse adeus ao mundo, foi o comentário geral. A luz da cidade apagou de repente, a cidade ficou como breu.A multidão dispersou o mais rápido possível. Era o caos. A porta do show do Quintal da Abelha, estava emperrada, uma multidão dentro da casa, gritava desesperadamente. Mariana de seu quarto também ouviu o barulho, o grito desesperado se fazia ouvir por todos. Era um grito parado no ar.

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