terça-feira, julho 31, 2007

No tempo em que eu vendia livros.

Egas Francisco : (Egas Francisco Sampaio de Souza) Ontem procurava ao navegar pela net, algum artista brasileiro para que pudesse ser mostrado aos meus dois leitores, na galeria improvisada deste blog. Ao ver esta pintura datada de 1986 no site CCLA em homenagem ao artista, fiquei maravilhado com a beleza da obra, não hesitei, acabei naquele momento de encontrar uma preciosidade, a obra de um talentoso artista autodidata paulistano, nascido em 1939, morador da cidade de Campinas. Egas é ao mesmo tempo desenhista, cenógrafo e pintor. Sua primeira exposição foi na livraria Macunaíma, em São Paulo, no ano de 1960 e teve a apresentação do cineasta paulista Maurice Capovilla, um dos representantes do Cinema Novo. Egas Francisco é conhecido em nosso país e no exterior, com exposições individuais e coletivas de grande sucesso. Em um texto da Revista Agulha, obtive informações a respeito do artista em uma matéria em forma de entrevista, realizada por Ana Lúcia Vasconcelos, que vale uma leitura. Recomendo uma visita à página oficial do artista , no momento estava em construção, mas que oferece para agrado dos olhos e dos leitores, a imagem pintada pelo autor da escritora Hilda Hilst(1930/2004). Lembro que distribuí um título de Hilda, chamado Cartas de Um Sedutor publicada em 1991, pela editora Paulicéia, dos irmãos Perosa. Acho que pode ser ampliada para mais informações a respeito do artista, uma visita ao site Cumbuca
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Recebi ontem pela manhã uma mensagem em minha caixa postal, cuja autoria é atribuída ao imortal João Ubaldo Ribeiro, que na apresentação do texto, traz a imagem do escritor. Gostei muito do que li e procurei como sempre faço repassar para os amigos. Confesso que fiquei confuso, por ter me deparado com o texto numa versão portuguesa em um blog
lisboeta
Gosto de fazer quando tenho tempo, uma leitura mesmo que rápida em diversos blogs, tanto os portugueses como os de nossa terra. E foi por acaso que depois da leitura esbarrei com os créditos do texto como sendo de autoria do intelectual português Eduardo Prado Coelho e publicado na imprensa portuguesa. Fica claro que não vou perseguir nenhuma pista para saber ou comparar a autoria dos textos. Na net pelo que tenho conhecimento, é um território livre, podendo ao sabor do vento, creditar a confecção de um texto para qualquer um, o que é feito sem nenhum pudor e respeito aos direitos autorais.
O que me interessa particularmente, é a declaração de nosso presidente que foi inserida no texto de modo enfático e que me parece ter ficado muito orgulhoso ao dizer que é:” muito chato ter que ler”. Confesso que não esperava outra coisa proferida pelo nosso presidente, principalmente em se tratando de leitura ou de seu objeto principal que é o livro. Embora perceba o nível de consciência política, da facilidade com que tem de apreender diversos assuntos, o livro para Lula está fora de seu alcance. O tratamento dado para a recomendação da leitura, está sempre deslocado para um plano de menor importância. Fiquei abismado, pois nosso presidente ignora a importância da leitura em nossa sociedade. Quem lida ou lidou com livros, sabe da dificuldade que se tem e por teimosia viver do livro. Vivi em muitas situações como distribuidor a dura realidade de não ter colocado à disposição do leitor determinados títulos de uma editora. Por mais que se tente, a venda de um livro nas livrarias, muitas vezes encontra dificuldades, diversos fatores contribuem para que o livro fique parado no estoque de uma distribuidora, não seja aceito.
Vi livreiros que selecionavam os títulos em função do perfil de seu público, aliás estão certos, como por exemplo: quando vivo, o livreiro da Timbre, Aluízio Leite (1938/2000) ou a sua sócia Kiki, também livreira faziam os pedidos de acordo com o seu público ou os seus gostos. Há livrarias e seu público, muitas vezes o editor ou autor tinham dificuldades para entender porque de seu livro não estava em determinada livraria. Eu convidava autor ou editor para fazer uma visita ou uma rodada na praça, para sentirem de perto as livrarias. Pedidos feitos pelas livrarias ao editor ou distribuidor, geralmente são caracterizados pela quantidade de um exemplar. Como distribuidor convivi com uma disputa na praça por ter em alguns casos uma pluralidade de editoras sem a exclusividade. Achava um erro até pela extensão da praça a oferta de mais de um distribuidor, atribuido ao número pequeno de livrarias, sofri perseguição de um dos maiores distribuidores do Rio de Janeiro, chegou a boicotar minha inscrição para ser associado da Feira do Livro , na ocasião presidia a entidade ligada ao livro(ABL). Sua distribuidora Irradiação Cultural, apenas por coincidir trabalharmos com as mesmas editoras, provocava um desconforto em seus vendedores, que eram exteriorizadas por olhares e comentários. Havia situações em que eu ou o concorrente estávamos em uma mesma livraria para oferecer o mesmo titulo, ganhava às vezes quem dava o maior desconto ou quem tinha maior interação com o comprador. Alguns editores gostavam desta disputa, estimulavam... Continua no próximo post.






domingo, julho 22, 2007

Homenagem ao Poeta: Carlos Drummond de Andrade

Escultura do poeta Carlos Drummond de Andrade, criada pelo artista mineiro Leo Santana. Instalada em Copacabana, em frente à rua em que o poeta morou, no dia 31 de outubro de 2003 - Centenário do Poeta. Fonte de consulta: (http://www.gospeltv.com.br/)

Pela primeira vez , decidi que republicaria um texto produzido por mim aqui neste espaço. Peço desculpas para aqueles que eventualmente tiveram oportunidade de ler o texto em 2005, estou repetindo com poucas alterações. Acrescento como um dos homenageados o meu neto Ricardo, nascido em 31 de outubro de 2006. Aliás, o mesmo dia e mês de nascimento do grande escritor.

Caminhava conversando com o vento pelo calçadão seguindo sem lenço e com documentos com os olhos cheios de cores, vidrados naquela maravilha de cenário, bonito por natureza.
Vi
Os corpos dourados das mulheres de Copacabana deitadas como sereias, nas areias banhadas de sol, beijadas por homens, ondas e ventos.Dos homens e crianças sorridentes sem dentes da cola que cheiram e brincam indiferentes.
Pega! Pega Ladrão! Pega Ladrão!
Grita aflito alguém chorando a carteira voava entre pivetes, facas e canivetes. Armas do desejo de possuir.Roubam e atravessam sorridentes e triunfais.
sou di menor, tio me dá um real.
Vou seguindo em direção ao Posto Seis. Sob o céu azul de Copacabana.
Nada no bolso ou na mão. Peço uma licença poética, ao Meu Amigo Poeta para um dedo de prosa.
Meu amigo, respeito o seu silêncio, mas a infância está perdida. A mocidade está perdida, mas a vida não se perdeu...ainda.
Naquela avenida abraçada pelo mar os hotéis sorriem de felicidade. Turistas perdidos procuram as damas da noite e os gays da vida, na vida, perdidos na noite, paqueram aqueles que vivem aqui em Copa e de Copa. Olha o Poeta, em seu silêncio a paisagem encarnada e ventilada pelos odores dos corredores, dos caminhantes, dos ciclistas e golpistas; Copacabana você não me engana, não disse assim Fontoura, mas disse Caetano e Torquato, nesse país que me engana, aí de mim, Copacabana, aí de mim,ai de mim, ai de mim...
Copacabana virou filme da Carla Camurati, Ai de ti, Copacabana! Dizia Rubem Braga, porque a ti chamaram Princesa do Mar.Porque eu já fiz o sinal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia...estás perdida e cega no meio de tuas iniqüidades e de tua malícia.
E agora, Carlos?Você sentado eternamente neste banco poetando este mundo caduco.Sei que no meio do caminho tinham aquelas pedras do calçadão e bicicletas na contra-mão.Tinha a policia descansando, porque ninguém é de ferro.Carlos, eu confesso, nunca esquecerei desses acontecimentos:Tinha um corpo estendido no meio do caminho no meio do caminho tinha um corpo drogado.Um menino revoltado.
Meninas vendendo balas. Alugando corpos.
Das gaivotas em cambalhotas. Mar me fez amar Copacabana pra se amar, um só lugar, Copacabana cantava Lúcio Alves em 1951;Princesinha do Mar Só a ti Copacabana eu hei de amar.
E agora, Carlos? Lula , esqueceu que foi operário e foi viver no Paraíso virou amigo de reis e príncipes e afastou os mendigos. A festa não acabou , a miséria continuou.. As luzes da cidade estão acesas nos quiosques, na praia, nos faróis. A bebida rola e outras coisas que nem queira saber.
Copacabana sempre nos engana. Do Leme ao Posto 6. Lembro, Carlos quando você passava por mim, nos anos 80 de braços dados com Maria Julieta pelas calçadas de Ipanema. Soube que você ficou muito triste com a partida de sua filha, ela foi pra não voltar e você, depois, seguiu seus passos...Eu estava do outro lado do balcão de uma livraria daquele cineasta que dirigiu: Amei um bicheiro. Ele também foi embora, deixou um livro escrito pela Rosana Cardoso, que começa, citando seus versos: É preciso que a lente mágica Enriqueça a visão humana e do real de cada coisa. Um mais seco real extraia para que penetremos fundo. No puro enigma das figuras, está escrito em Amar se aprende amando.
E agora, Carlos? A festa não acabou, mal começou...Copacabana me enganou e um anjo meio torto, destes que colocam o boi na sombra disse: Vai, Wilton, ser de esquerda na vida militante dos sonhos, dos protestos estudantis, acabei Carlos sendo sociólogo, livreiro, distribuidor e editor. Até uma locadora de filmes criei de nome Sagarana. Lá no Catete.
Vou te contar, Carlos. Dona Vanna Piraccini, uma grande livreira, você conheceu muito, sei que você estava sempre por lá... Leonardo, era sua passagem, continua sendo uma excelente livraria, em companhia da filha Milena. Faz parte da história do livro. Lembra da campanha que você fez através do JB? Conclamando os clientes a pagarem as contas por causa daquele incêndio criminoso na livraria, queimando tudo, arquivos e livros, foi no ano de 1973.
Eu solidário, fui um deles.Você chegou a fazer poema em homenagem a livraria: Ao termo da espiral que disfarça o caminho com espadanas...
Quem quiser saber mais que leia as Impurezas do Branco. Meus olhos e os seus seguem As bundas bronzeadas, as boas de bunda. Uma bela bunda, Não sei se seria da Raimunda. Que além de ser rima é solução. Aquelas que parecem sorrir. São engraçadas. Esferas harmoniosas sobre o caos. A bunda são duas luas gêmeas. Em rotundo meneio. A bunda é a bunda. Sabe meu querido poeta elas nos divertem...Sei que você dedicou Um Amor Natural para elas.
Lembra Carlos, daquela que pelo rádio da polícia, mandou o seu recado, a Kátia Flávia, gostosona que só usa calcinhas comestíveis e calcinhas bélicas. A Godiva de Irajá que se escondeu aqui em Copa.Uma Louraça Belzebu, provocante, disse a Fernanda Abreu, uma vascaína igual a nós. Lembro Carlos que você publicou vários assuntos sobre futebol. Quando é dia de futebol, virou título de um livro. Quem reuniu esta seleção de textos, foram os seus netos, achei muito legal esta iniciativa. O nosso time esta um vexame só. É governado pelo Tirano da Colina.
Poeta, quantas pessoas sentam ao seu lado passam aqui para conversar e ouvir poesia ou apenas fotografar.Carlos, a Rosa ainda não é do povo, continua com os espinhos mas elas falam, reclamam, protestam. Carlos, a coisa aqui, tá preta como disse outro poeta. O outro, poeta-cantor largou a Marieta. Mas o que queria lhe dizer; é que continuamos na luta, na luta... sem pedir licença. Os poderosos estão cada vez mais ricos. Os idosos, estes que tiram fotos de você ainda continuam penando nas filas dos postos da previdência, nos hospitais. Cresce o número de moradores de rua. Sei que os seus olhos não perguntam nada, apenas olham para as pernas brancas, pretas e amarelas. Por que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Pois é poeta, pernas pra que te quero? Olha poeta, que rabo muito gira, é de uma portuguesa com certeza, reparei no sotaque enquanto caminhava olhando Las Muchachas de Copacabana. Mamãe pro mês lhe mando umas economias. Lembrança da filha Que brilha aqui na capital. É uma estrela internacional. Esta é de autoria do Chico, que continua cada vez melhor...escrevendo livros e composições, fazendo show e indo à praia do Leblon.
Poeta adivinhe, onde? Na praia, até uma Inocente do Leblon. Foi ouvir bem de perto, parece que era um papo animado.O Arnaldo, sim, o Jabor, anda fazendo meditações diante de um bumbum. O bumbum da Juliana Paes, você meu querido poeta acho que não conheceu é uma celebridade da tv, uma artista de novela. Foi capa de revista Playboy.
E agora, Carlos? Continuamos morando em Copa, você em um posto, eu, em outro. Moro na metade do seu. Carlos, quase que ia esquecendo de lhe contar: Há mulheres colocando silicone, no considerado patrimônio nacional fazem cirurgia pra aumentar os glúteos, mas prefiro bunda ao natural, acho melhor.Quero lhe apresentar a puta da cidade, que você falou certa vez.Ouvi dizer que João amava Pedro Que amava Teresa que não amava Raimundo. Raimundo que amava Maria Que saiu da casa da tia e Joaquim que não estava nesta história, acabou mesmo suicidando, se jogando de um prédio na esquina de Figueiredo com Domingos.
Um escrito na sala do apartamento de Copacabana, escrito que não engana. Arregalou os olhos de Sebastiana, assim, cantava Eduardo Dusek. Carlos, quem está distante de nós, é a doce e querida amiga Elianne, trocou Ipanema por Cabo Frio, voltou para Ipanema e foi para Natal., levando livros e filhos...Deixou lembranças...É o nosso amor antigo, nada exige e nem pede...
Carlos, agora, meu caro poeta, vou para casa. Pretendo acordar sem sofrimento. A dor que deveras eu sinto, é a dor de não ser um poeta, nem prosador do mundo.Sou apenas um leitor e agora blogueiro. Com o abraço de sempre desse quitandeiro, velho apreciador de livros e poesias. Seu grande admirador.
Obs: Foram consultadas algumas poesias de Carlos Drummond de Andrade em páginas na web como: Drummond: Alguma Poesia e Casa do Bruxo. Versos de Drummond foram inseridos na elaboração deste texto, assim, como os autores citados e suas composições musicais. Esclareço que é uma homenagem singela e sincera ao poeta que sempre via passar por mim e que hoje passo por ele, em sua forma de escultura na Praia de Copacabana, posto 6. O que escrevi,dedico para Marilene, minha companheira por mais de 30 anos, ao filho Raoni, aos seus filhos, meus netos Ramom e Ricardo e, a minha querida amiga, a psicanalista Elianne Abreu.

terça-feira, julho 17, 2007

Papo sobre Livrarias: Uma Conversa sem Fim.

Não fico espantado, não fico surpreso com pesquisas a respeito do consumo de livros em nosso país, como a que foi publicada em O Globo, em matéria assinada por Maiá Menezes, no dia 4 de julho de 2007. Apenas confirma a minha visão a respeito do baixo consumo de livros por parte do público identificado como universitário. Esse era o meu público alvo, uma vez que, sempre trabalhei para este universo de leitores, seja através da divulgação, comercialização e distribuição de editoras em que predominavam em seus catálogos, o livro universitário e com alguma concentração na área de ciências humanas. Meu termômetro muitas vezes foram livrarias abrigadas em universidades, bienais, feiras de livros nas praças da cidade, livrarias localizadas nos bairros e outros espaços onde eu pudesse atuar. Era o meu segmento predileto, a oportunidade de rever professores e colegas da universidade, sempre encontrava com alguém. Deixo claro que como profissional, representei como vendedor, através de distribuidoras, editoras que eram especializadas em literatura infantil,como a Memórias Futuras, uma editora situada em Laranjeiras, ou astrologia, como a editora Hipocampo. localizada em Botafogo, de Beatriz em parceria de alguns títulos com Massao Ohno.
Minha condição de antigo vendedor pracista, ou distribuidor; possibilitou e deu garantias para que eu pudesse visitar diversas livrarias no Rio de Janeiro e uma parte da praça do centro de São Paulo e de alguns bairros da capital, quando atuei por lá no inicio dos anos 90 pela Editora Paz e Terra/Edições Graal. Foi sem dúvida um aprendizado. São praças bem distintas. Aqui no Rio de Janeiro, como profissional, eu compunha muito bem o perfil de um vendedor/leitor da Paz e Terra, sempre fui identificado como da Paz e Terra /Graal não só como divulgador enquanto trabalhei na área universitária ou mais tarde como pracista das editoras na praça do Rio de Janeiro. Foram as editoras que estive por mais tempo como profissional, assim, como tinha um bom transito com Marcus Gasparian, que fui convidado para ir para São Paulo. Os irmãos Laura e Marcus Gasparian, gerenciavam a simpática livraria no final do Leblon, depois, a livraria ocupou o espaço da antiga biblioteca pública do Leblon. A livraria do Rio ficava mais sob os cuidados de Laura, as lojas (Argumento e Livre) de São Paulo, sob a gerência da matriarca Dalva Gasparian. Marcus era mais ligado a editora, ajudava o pai, Fernando Gasparian. Nesta ocasião ajudei na montagem da livraria Poiesis em Ipanema de Denise Emmer, era no mesmo prédio em foi situada a minha livraria.
Acho que o contato direto que se estabelece entre o pracista e o livreiro, ainda vejo como o mais credenciado para visualizar e detectar o comportamento de vendas de uma editora, muito diferente daqueles que se arvoram em se pronunciar a respeito de livros.
O pracista é um profissional que lida com a observação direta, o pedido (compra) por parte do livreiro, seja ele um livreiro badalado ou não, dono de uma pequena livraria ou comprador de uma rede de livrarias.
Observei que muitos compradores não tinham a menor noção do livro que eu apresentava ou de outros colegas, representantes de editoras Aqui cabe registrar que muitos vendedores pracistas, desconhecem também o seu objeto de venda, muitos o fazem de modo mecânico; condicionados pegam os livros (novidades) e vão rodar a praça, estão atrelados a metas de vendas.
Há muitos obstáculos para um livro não ser comprado por um livreiro e destaco um deles: é a participação das editoras, na exigência de mínimo de compras para se formalizar a emissão de uma nota fiscal. Muitas editoras usam a linguagem consensual, de não fornecer o pedido se não cumprir o mínimo, muitas vezes condicionados ao salário mínimo. Sempre fui flexível nesta relação, enviava sob forma de vale provisório, em primeiro lugar estava o atendimento aos clientes: leitor e livreiro, isto gerava em mim uma grande satisfação.
Engraçado muitos vendedores/editoras que eram intransigentes, reclamavam das vendas. Algumas lançavam mão da presença de gerentes para verificar o comportamento da praça e se possível com as mais modernas técnicas de venda e persuasão, convenceriam o cliente a comprar. Muitos editores esquecem que a simples presença deste representante não implica em aumento de vendas ou mesmo que se efetue alguma venda; salvo, se vier com alguma proposta promocional e se estiver na projeção de compras do livreiro, vi colegas constrangidos com a presença a tiracolos de gerentes em suas visitas diárias, monitorando o vendedor. Uma grande editora monitorava o vendedor, telefonando em seguida para a livraria visitada, além de registrar o horário de entrada e saída do vendedor da loja, confirmado pela assinatura do responsável pelo atendimento.
O quadro de vendas estava se alterando, a figura do vendedor e ou do distribuidor no inicio dos anos 90, distribuidoras e pequenas livrarias entrando em colapso, estavam desaparecendo. Novos recursos de vendas são acionados, algumas livrarias são maquiadas para serem transformadas em distribuidoras, gozando do desconto de praxe.
Um novo desenho estava sendo criado pelas livrarias, estavam surgindo megas livrarias, novas roupagens e combinações são introduzidas nas livrarias sobreviventes. As livrarias tradicionais ficaram asfixiadas e longe dos benefícios que as megas são contempladas, insistem bravamente e teimam em disputar com as redes. Sua sobrevivência implica muitas vezes na preservação do livreiro, um atendimento mais personalizado.
Uma nova arquitetura, novas opções sofisticadas são oferecidas aos clientes. As redes de livrarias oriundas no Rio de Janeiro, não sobreviveram como: Unilivros, Entrelivros e Studiolivros , ou a Sodiler, a ultima grande rede de livrarias no Rio de Janeiro, agora sendo gerida pela Laselva Bookstore, uma grande rede paulistana. Enquanto por um lado circula boatos na imprensa, dando conta de que a rede Siciliano, pode ter o controle passado para a Ediouro, que vivenciou esta experiência nos anos 80, abrindo e fechando lojas, como a Curió.
Bem volto a conversar sobre livrarias, livros e editoras o mais breve possível. Até a próxima oportunidade. Um grande abraço.