Emeric Marcier: "Casario", Aquarela, 1981
Nasceu em Cluj, na Romênia, em 1916 e faleceu em Paris, em 1990.Passou parte de sua vida no Rio de Janeiro e em Barbacena, Minas Gerais.Chegou ao Rio em 1940 e foi morar na Pensão Mauá, no bairro de Santa Teresa, sendo pensionista de Djanira, em troca de acomodações e comidas, ensinava para ela, pintura.Pintor e muralista romeno, naturalizado brasileiro.A pintura e os afrescos da Capela do Hospital Imaculada Conceição, da Santa Casa da Misericórdia, foram feitos por ele, entre os anos de 45 e 47.Com exposições em várias partes do mundo e do nosso país.Manteve contato com diversos intelectuais, colaborou para a revista O Cruzeiro.Ganhou também, muita projeção com os murais de temática religiosa.
Fonte: Bolsa de Arte, Escritório de Arte e Barbacena On line, apresentando Nossos Artistas.
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Olá! Uma bela manhã ensolarada no Rio de Janeiro. Hoje, terei a presença do neto, não tenho certeza, se terei aula de digitação moderna, que ele está querendo introduzir e me pegar para pato, nesta experiência. A informação que tenho, é que ele, retornará ao médico, estava com a garganta inflamada.Há mais de quinze dias. Minha nora e por conseguinte, o meu filho, só dão créditos para esta médica pediatra, a confiabilidade nela, é tão exagerada, que talvez esteja ofuscando a visão deles.Custo acreditar no que ouço, são muitos refratários a qualquer sugestão em busca de respostas alternativas. Por exemplo: um serviço de emergência ou um outro profissional, caso como observamos, não houve progressão na melhora de sua saúde. Rechassam de imediato.Estranho como são submissos a orientação da médica, são incapazes de contrariar ou discordar.Não quero e não pretendo subverter esta sedimentada relação, apenas, registro o meu espanto, que também, é da avó e da bisavó.Peço desculpas aos amigos e leitores por abordar assunto doméstico, mas o meu neto, com quinze meses, não come, praticamente, nada sólido. Vá entender pais e pediatras.Um grande abraço.
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Estava arrasada - acabando de colocar os óculos escuros - uma vez que, abandonei toda a família para acompanhá-lo...Segui viagem com ele. Peguei muita poeira nos olhos pelas estradas e campos afora; atravessei riachos...passei por cidades, vilas. Eu, uma verdadeira companheira, sempre por perto, me contentava em comer alguns insetos, carrapatos, capim novo ou velho, o que aparecesse pela minha frente, até o pão que o diabo amassou.Para estar junto dele. Juro! Foi tudo mentira. Eu ingenuamente, acreditei. Seu olhar bovino, seu porte, me fascinavam. Tinha momentos que eu, o flagrava olhando disfarçadamente, para as minhas divinas tetas. Sentia que era desejada. Lembro agora, com muita tristeza no coração, quando me convidava para dormir nos verdejantes pastos. Seus mugidos, são vozes que ainda ouço; é verdade, me tiravam o sono, mas querida, de patas juntas, não faço mais de jeito algum, ficar tão apaixonada. Bovino nenhum merece. Nem que aparecesse travestido de bezerro de ouro.Antes só, do que mal acompanhada.Nem que a vaca tussa. Era um boi de piranha, isto sim.Que vá pastar para criar calos.
Soube através de amigas que foi atrás de uma linda vaca, não as de presépio, que não suportava. Desconfio que era uma holandesa.Há muito não dava o ar da graça. Houve um dia que atendi um telefonema, explica, achei tratar-se de uma vaca estrangeira, tinha a língua toda enrolada, mas elegante ao mugir, não deixando cair à linha, continuou a perguntar sobre aquele ingrato, se sabia, se tinha notícias dele, pois fazia um tempo, que estava desaparecido e tinha uns serviços para ele fazer. Ela estava parada e não agüentava mais deixar as coisas sem conserto, teria uma enorme cerca para ele montar. Não havia mais outro boi na linha. Que ele telefonasse para ela , pois aguardava um contato.Desligou o telefone, não deixando de dizer que estava com as tetas cheias desta situação...Quem ela pensa que é, aquela filha de uma vaca? Só podia ser uma vaca louca.
Minha linda e adorável prima Conceição, confesso e espero que ninguém além de você, saiba, tive oportunidade de colocar um bom par de chifres, mas desisti por causa de nosso garrote, que foi muito mais desejado por mim, do que aquele quem nem ouso dizer o nome. Houve um tempo que eu passava e me sentia muito só, isolada em um cercado. Não sei se lembra desta minha fase. Mamãe, desde a morte de seu companheiro Touro Sentado, por abate, que ficou fascinadas por touros que ela via na teve, apreciava os rodeios exibidos na novela das nove. Ficava entretida, babava muito quando via o tal Bandido..Trocava babadores a todo instante, ainda me dá muito trabalho, com a idade deixa tudo fora do lugar. Lavar e cozinhar, eram, as minhas tarefas diárias, sem nenhuma outra vaca para ajudar. Como não tinha nada para fazer, há muito tempo que ele não lambia o meu cangote, dediquei-me apenas, passear pelos pastos, me distraindo com rebanhos, Certa vez, vi, com estes olhos que a terra há de comer, um bando de juritis que babavam e não tiravam os olhos de mim, para estes não dava muita bola. Conto mais a respeito deles, quando você chegar. Imagine querida prima, até um pinto todo duro, que insistia em fazer graçolas comigo.Acabei não sabendo o nome dele. Disseram que era problema psicológico daquele pinto, pois, não poderia avistar uma vaca ou uma galinha que ele ficava neste estado e convidava para sair.Um pinto daquele tamanho pra cima de mim.Mandei ele, se olhar no espelho, para ver se cresce.
Nem te conto, antes de falar deste pinto, Ceiça, conheci Barcelos, um galo turista, vindo de Portugal, tive até convite para morar lá na terrinha.. Quase que aceitei, galo bonito, mesmo idoso, mantinha a elegância, um corpo em forma, meio saradão, de peito empinado, de crista em pé, usava vestimenta muito colorida, fiquei encantada por ele. Depois conto para você... houve um problema de língua que acabei desistindo, embora, falássemos o mesmo idioma , haviam palavras ditas por nós, que cada um não entendia o que o outro falava, aí ficava difícil.Notei que ele desejava dar umas bicadas em mim, dizia, veja que galo assanhado, não parava de sonhar com o meu coxão mole.
Não sei se conto agora, ou, aguardo você chegar. Acho melhor contar agora, não vou agüentar esperar você para contar, minha língua anda pegando fogo. Ele prometeu, se eu fosse morar com ele em Lisboa, montaria só pra mim, uma pousada, que é de um amigo de infância que estava passando por dificuldades e venderia para ele muito barato. Achei o máximo, na verdade, além da língua ter aquelas dificuldades que lhe falei, mas desisti definitivamente. Tem uma outra, que ainda não lhe contei, estou muito amarradona em um cisne que vive batendo uma asa para mim.Um cisne negro muito lindo, quando passava por ele, cismava em convidar para ir ao lago, dançar; um lugar de grande concentração de bichos e gente.Prima, adoro dançar e rebolar. Sinto que vai ser um companheiro para todos os momentos, muito amoroso.O marido ideal, que sempre sonhei em encontrar e casar.Quando penso nestas coisas, lembro que não fui muito feliz naquele período, de vaca magra, aliás nem nego, a minha silhueta, tinha um belo corpinho, parecia uma bezerra. Acho que ainda vou cometer uma loucura, que me chamem de vaca louca., não estou nem aí.Nem quero lembrar daquele ingrato, fiquei desgostosa, queimei os retratos e joguei no lixo. No lixão da nossa existência. Ceiça, querida, vou me matricular em uma escola de dança. O amor está no ar.Não posso perder esta chance, senão, eu vou para o brejo.
Não consigo parar de sorrir quando, vejo o cisne, fico com uma tremedeira em minhas patas traseiras. Disse outro dia, baixinho em minha orelha esquerda, que adorava o meu rebolado, o meu traseiro. Prima, repara como estava cheio de boas intenções, muito carinhoso.Não tenho preconceito, o que vale é o amor, a felicidade, o respeito, a sinceridade, a solidariedade, a amizade, toda maneira de amar vale a pena. Serei feliz.
quinta-feira, outubro 13, 2005
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