quarta-feira, setembro 21, 2005

Sem Título


Leda Catunda - Fonte: Galeira Fortes Vilaça) Nasceu em São Paulo. em 1961.Vive e trabalha na cidade.Pintora, Gravadora. Artista Intermidia e Professora. Graduada em Artes Plásticas pela FAAP - Fundação Álvares Penteado, no ano de 1984. Sua primeira exposição individual é no Rio de Janeiro, na Galeria Thomas Cohn.Lecionou na FAAP. Doutorada em Poéticas Visuais pela ECA/USP, em 2001.Representane da chamada Geração 80.Há uma matéria interessante na Revista Marie Claire, infomando que aos 38 anos editou um livro pela Cosac & Naif Edições; uma retrospectiva de sua carreira e atuou na megaexposição em São Paulo.Foi considerada na ocasião como causadora de um furor não só pelo seu trabalho, como pela sua beleza fisica, provocando o imaginário masculino.Casada por mais de 15 anos com o artista plástico Sérgio Romagnolo e tem duas filhas.Participou de diversas exposições, mas considerada como a de maior visibilidade, foi a realizada no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, no ano de 1983.Leda criou também capa de livros. Posted by Picasa

Hoje deixo exposto, parte de um texto que desenvolvo, algumas pessoas sabem deste projeto. É uma das frentes que escrevo, pois tenho pluralizado e experimentado algumas formas de narrativa.Quero lembrar aos amigos que aqui comparecem prestigiando este espaço, estou fazendo comentários sôbre os comentários feitos.


Na sexta-feira, dois homens e duas mulheres ficaram reunidos para assistirem a novela das oito. Susana tinha imposto esta condição, só depois da novela, iriam sair. Haviam combinados que assim que terminasse a novela e após um telefonema que teria de ser feito, o encontro seria na quadra da escola de samba, Acadêmicos da Zona Norte. Duas caixas de cervejas, foram reservadas, tinham sido pagas por Susana. Ao atravessarem a pista, do outro lado da quadra, uma blitz policial, estava sendo feita.A mesa de bar, vazia, parecia aguardar a presença deles. Havia poucas pessoas no local. Muita cerveja, suor e samba, era o ritual dos membros daquele grupo. Cervejas, copos misturados com restos de cigarros e de alguns petiscos naquela mesa no canto do bar, bem à direita de quem vai ao banheiro. Susana segurando um copo de cerveja, ajeitou de imediato a alça do vestido e olhou para o relógio, que marcava vinte e três horas;certificou-se que eram as mesmas do seu relógio de pulso.Pegou o celular e voltou a telefonar, ficou preocupada, estava desligado.
Dois homens de preto, e de óculos da mesma cor, aproximaram da mesa e perguntaram algo, que não souberam responder. Diante da negativa, os dois ficaram por mais alguns instantes, pareciam procurar alguém. Um deles, de repente, foi até ao banheiro, não demorou muito, saindo em seguida. No lado de fora da quadra, um carro, esperava por eles, assim que entraram, o carro disparou; o barulho foi ouvido por Susana, que também, não deixara de reparar quando o homem mais baixo e um pouco calvo, mais mal encarado do que o outro, passara por ela, fazendo um sinal com a cabeça de agradecimento. Achou muito estranho, comentou em voz baixa com Leonor.
Sentada em uma das cadeiras de uma mesa antes do final da quadra, Flor, uma sambista, acompanhava o ritmo dos instrumentos de percussão batendo com as mãos na mesa enquanto, decorava a letra do samba enredo vencedor daquele ano. Seu Carvalho, lisboeta, dono do Café e Bar Luso, que ficava instalado perto da quadra da escola de samba, alisava o bigode, tal era a felicidade pelo faturamento, que quase sempre acontecia naquele horário. Ariosto, auxiliar de garçom, não tirava os olhos de cima daquela morena sensual. Tinha combinado com Pedro Chulé, seu colega de trabalho, que a mesa, aquela mesa, só quem atendia, era ele. Pedro Chulé, fôra o apelido dado por Ariosto quando moravam juntos no mesmo quarto daquele apartamento em Copacabana, no final do posto 6.
Manuel Carvalho , veio para o Brasil, após a Revolução dos Cravos, acontecida em abril de 1974, não gostava nenhum pouco da música composta por Zeca Afonso, Grândola, Vila Morena, que acabou virando hino da revolução. Que mudou Portugal e a vida de Manuel Carvalho.. E viu a euforia do povo português, pela ultima vez , dali em diante procurou amadurecer a idéia de morar no Brasil e o que foi feito.Mudando-se, na primeira semana de maio, com a familia por indicação de amigos para o bairro da Tijuca, lá pelos lados da rua Professor Gabizo, nas imediações do Hospital Grafee Guinle.
Augusta, do outro lado da sala, conversava com o sobrinho, sobre o tio, dizendo, como gostava de um bom fado. A música portuguesa, mantinha os vinculos com a terrinha, o marido, escutava sentado em uma poltrona, enquanto limpava um Lp de Carlos do Carmo. Em todas as manhãs de domingo,como de hábito, logo cedo, colocava a musica de Amália Rodrigues, que ele gostava de dizer para muitos; ser, uma das maiores fadistas de todos os tempos. Era ouvinte, de todos os fados, procurava saber dos lançamentos. Tinha passado em uma loja e encomendado uma fadista que ao ouvir, na casa de um amigo, gostou muito. Uma cantora portuguesa de nome Mariza, era o que tinha anotado em um papel. Manuel tinha uma canção em particular que ouvia sempre, em uma altura mais elevada do que o costume, aliás, ele e os vizinhos do andar em que morava - Lisboa Antiga, trazia as boas recordações dos velhos tempos de namôro com Augusta. No almoço em casa, costuma ficar em companhia do vinho tinto Barca-Velha, que conheceu nos tempos de jovem, quando frequentava altas recepções que tinha acesso, levado por seu pai. Gostava de outros vinhos do Porto e tomava, que por um motivo ou outro, quando não tinha o de sua preferência. Uma vez em conversa deitado com Augusta, revelou que tomou um vinho tinto brasileiro da vinicola Miolo.
Augusta, sua mulher, nasceu em Póvoa de Varzim, no distrito de Aveiro, em Oliveira do Bairro; gostava de ouvir o guitarrista Carlos Parede, fã ardorosa do guitarrista. Estava a escutar, uma outra canção que gostava, cantada por Roberto Leal, Arrebita, a música que tinham acabado de ouvir, antes de preparar o almoço e seguir para o bar. Antes de sair, ajeitou-se diante do espelho. O sobrinho, ainda, brincou com a tia, que ela estava muito bonita. Despediu com um beijo na face, de seu sobrinho que estava criando, único filho de sua irmã mais velha solteira, que morreu infartada em Queluz
Manuel Carvalho, torcedor aqui no Brasil, do Clube de Regatas Vasco da Gama. Tinha cinco anos quando o Estádio de Carnide , mais tarde conhecido como o Estádio da Luz foi inaugurado.Nunca mais esqueceu daquela data.Torcedor do Sport Lisboa e Benfica, benfiquista, acompanhava sempre que podia os resultados do seu clube de coração.Ia aos estádios gritar Bem-fica!!Bem-fi-ca e esperar os golos acontecer.Quando era derrotado, vinha pra casa com uma tristeza estampada no rosto e um mau humor difícil de se conviver.Nos anos 70, conheceu Augusta em uma das ruas de Lisboa. Manuel vestia uma camisola oficial do SL Benfica.e tinha acabado de esbarrar em Augusta, que trazia junto ao corpo, o livro de Eça de Queirós, Correspondência de Fradique Mendes Manuel, andava desligado enquanto caminhava, pela Avenida General Norton de Matos e cantarolava baixinho, ”Sou, Sou Benfica”.

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