quinta-feira, setembro 29, 2005

A Companhia de Regina

Laerpe Motta - Óleo s/tela. (Museu de Arte de Londrina)- Pintor, Desenhista, Escultor e Artista Plástico - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1933.Em 1995, como publicitário ganhou o prêmio máximo em um concurso de cartazes, para o 36ºCongresso Eucaristico Internacional.Em 1977, ganhou prêmio como escultor para a Casa da Moeda.Artista premiado em Paris.

Olá!Deixo este texto no varal, para secar, acabou de sair do fôrno da cozinha de pensamentos da Quitanda.Desejo uma ótima quarta-feira.

Regina tinha acabado de fazer 40 anos, no dia de 17 de setembro. Vários amigos e amigas compareceram a pequena reunião que promoveu, naquela noite de sábado.Ofereceu, aos convidados, cervejas e salgadinhos. Mais tarde, a torta e o bolo foram oferecidos. Cantaram parabéns e aos poucos, os amigos foram dispersando e se despedindo da aniversariante. Fim de festa, o apartamento desarrumado. Regina, cansada e feliz, aguardava um telefonema que ainda não tinha sido dado. Não recebeu o telefonema que aguardava. Os dois filhos do casamento com Marcos; a menina Vera e o rapaz Orlando, beijaram e abraçaram a mãe, mas avisaram que iriam sair para encontrar com a turma, para comemorar o aniversário de uma colega da escola, em uma discoteca.Voltariam tarde.
Regina aproximou-se da janela para ver os filhos saírem e observar se viria uma pessoa conhecida, caminhando da rua Raul Pompéia, em direção ao seu prédio na rua Souza Lima.O telefone insistia em ficar mudo e Regina, mantinha-se ansiosa.As horas passaram, nem a visita aparecia, nem o telefone tocava.Desistiu, foi tomar banho.Acendeu a luz, ligou o chuveiro, a água escorria.
Diante do espelho, olhando de frente, despida, atentou para os peitos caídos, a barriga um pouco flácida, algumas estrias, as coxas com um pouco de celulite.Encarou mais uma vez, de frente para o espelho, que apenas confirmava, um doce olhar, um lindo sorriso e um bonito rosto.Reflexos de sua parte exterior.Colocou a tristeza de lado, ao lembrar daquele rapaz que passou por ela e achou uma mulher gostosa, uma coroa enxuta. Achou um pouco atrevido, mas no fundo gostou. Percebeu que o rapaz ainda deu uma olhada em seu corpo e a parte em que fixou o olhar para a parte dos seus quadris.Distraída em seus pensamentos e nos intervalos dos sonhos de olhos abertos.Aquele homem, aquele olhar, deram garantia para mim, que não era só a beleza que ele privilegiava, o corpo bonito, a idade. Acho que ele me viu por inteira, Sei que Marcos, me abandonou por uma mulher mais jovem, que começou como sua secretária, mantinha um romance com ela, por mais de dois anos.Mas passou!Cada um morando em sua casa, eu com os meus filhos e Marcos com a nova mulher.
De manhã, levantei cedo, o sol parecia querer conversar comigo, me abraçar e dizer que sou muito importante, não haveria de ficar preocupada com as gatas, as sereias da praia. Atravessei a pista e fui em direção ao Leme, eram quatro quilômetros que me levam ao prazer de viver.Trabalho como professora, outro meu prazer, embora, hoje em dia, o trabalho de lidar com alunos, seja bem diferente de quando me formei e iniciei a minha profissão .Pensei um dia, fazer teatro, queria interpretar personagens de minhas fantasias.Meu pai e minha mãe ficaram chocados com a idéia e trataram de remover o meu intento o mais rápido possível.Disseram que o meu destino estava traçado, eu tinha vocação para lidar com crianças, usei como meu argumento final para eles, que eu iria me dedicar ao teatro infantil. A conversa não evoluiu, não prosperou. Não insisti, desisti. Hoje, pelo calçadão , em companhia de meus pensamentos, ando só. Sei que sou bonita como sou, uma mulher atraente, inteligente e muito companheira. Amiga de meus filhos e sei ser uma boa mãe.
Na verdade não sei se preciso de um companheiro, mas se pintar, acho que vou pensar mais vezes.Sei que sou bonita e gostosa, para inicio de conversa, isto é bom demais.Aquele olhar do rapaz na rua, disse muito mais, disse que sou mulher.Vou passar em uma livraria, na Avenida Copacabana, escolher um romance, pegarei o primeiro que me agradar, não importa o autor, será minha agradável e interessante companhia.

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