sexta-feira, junho 17, 2005
Sobre Editoras
Kurt Schwitters - Pintor/Escultor/Poeta Alemão - 1887/1948 - Participante do Dadaísmo - Movimento artistico e literário, de essência anárquica, criado em 1915 por artistas, poetas e intelectuais exilados em Zurique, durante a Primeira Guerra Mundial (1914/1918)
Meus Caros Dois Leitores, o mercado editorial anda agitado, com as transações efetuadas recentemente. Sinal dos tempos!Quem está nos descobrindo, são os espanhóis, estão vindo pra ficar.Desta vez, além da presença ,o objetivo, a ser alcançado, são as grandes editoras.As notícias que circularam durante a semana pelo Observatório da Imprensa e pelo site da Câmara Brasileira do Livro,informam que a tradicional editora Nova Fronteira, fundada pelo ex-governador e jornalista Carlos Lacerda (1914/1977), em dezembro de 1965 e atualmente comandada por seu neto, Carlos Augusto Lacerda;foi adquirida pela Ediouro. Para quem não se lembra, esta é a Edições de Ouro, que surgiu em 1961, que é a maior e tradicional produtora de palavras cruzadas, através de suas revistas de passatempo, Coquetel. São proprietários de uma gráfica , Tecnoprint. Publicou um respeitável catálogo em formato de bolso de grandes clássicos estrangeiros e uma extensa lista de autores brasileiros, como: Castro Alves, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Vinicius de Morais, é importante salientar que tinham preços acessíveis, baratos mesmo. Atualmente investem em histórias em quadrinhos, tendo o jornalista Rodrigo Fonseca, como editor. já foi proprietária de livrarias, mas depois, desativaram.Foi fundada em 1939, por dois irmãos, Jorge e Antonio Gertum Carneiro, sendo que um deles, foi assassinado.O controle da editora, está com os herdeiros, creio que o nome de um deles, é Jorge Carneiro. Fiquei pasmo com a noticia, realmente, surpreendente.
Lembro na condição de leitor e de antigo livreiro, de alguns autores da Nova Fronteira, assim como, que na parte inferior após o seu logotipo, na quarta capa, o slogan: "sempre um bom livro".Lembro que houve uma polêmica, a respeito das edições de Fernando Pessoa, que em Portugal, os direitos de publicação, pertencem a Assírio Alvim, e que foram negociados com a Companhia das Letras e a Nova Fronteira, que consta em seu catálogo, doze títulos de Fernando Pessoa, não reconhecia através de nossa legislação, a venda destes títulos para a Companhia e que continuaria a publicar Fernando Pessoa, a revelia da editora portuguesa.Confesso que não sei explicar qual foi o resultado. Que houve um abalo entre eles, houve.
Editora de grande penetração no mercado, a Nova Fronteira,.abria qualquer porta, não só pelos bons autores de seu catálogo, como os dicionários produzidos. Qual a livraria, que deixaria de ter um dicionário e se este fosse o Aurélio? Fui muito amigo, de um vendedor pracista da editora e posteriormente, dono de uma boa livraria em Copacabana, a Criação, mas por falta de clientes, acabou fechando. Livraria que se "preza", não pode deixar de comprar dicionários. A Nova Fronteira, passou por várias fases, inclusive, acabando com o departamento de vendas, entregando a um distribuidor para a cidade do Rio de Janeiro, sendo que editora tem sede nesta cidade.A Nova Fronteira, de certa forma, se complementa com as editoras Nova Aguillar e mais recentemente, a Lacerda Editores, tendo como editor responsável,Sebastião Lacerda e que foi fundada em 1996.
Na parte societária, tinha um sócio de peso, como o ex-presidente do Banco Central, o senhor Armínio Fraga.Corria, quando eu atuava, nos bastidores do mercado de livros que a Nova Fronteira, estava balançando, e foi socorrida pelo BNDES. Na década de 90, eu aponto como um momento também de grande crise para o mercado livreiro.Livrarias tradicionais, editoras pequenas e grandes vivenciam crises, que levam algumas a encerrarem suas atividades.Acho que a Nova Fronteira piorou muito, com a retirada do Dicionário Aurélio de seu extenso catálogo, perdendo os direitos de edição, que foram obtidos por uma editora de Curitiba, o grupo Positivo.A Nova Fronteira revigorou o antigo Dicionário Caldas Aulete, que foi publicado no final do século XIX.
A Ediouro está realmente com fome de livros, comeu a metade da fatia da Nova Fronteira, além de se deliciar com as editoras Agir e Relume-Dumará. Fico aqui, imaginando a vida de um pequeno editor, aquele que está iniciando, o autor que não tem selo que edita ,por conta própria, não chego a dizer, dos autores, que financiam suas obras em determinadas editoras, ou conseguem financiamento para editar e co-editar;como é difícil, fazer a colocação (venda) nas livrarias.Agrava muito quando é o tipo de rede, como a livraria paulistana Siciliano, do senhor Oswaldo Siciliano.Os livreiros dão prioridade as editoras de ponta, como: Companhia das Letras, Rocco, Record, Objetiva e Nova Fronteira. Se o quadro atual, das editoras citadas, não modificou e se houve, deve ter sofrido pouca alteração.Uma grande transformação do mercado editorial, aconteceu, com a presença da Companhia das Letras,a partir de 1986;lançando cerca de quatro livros por mês, com boa apresentação gráfica,pela qualidade dos textos e também fundamental, uma gráfica.O editor Luis Schwarcz, da Companhia das Letras, atuou por algum tempo na editora Brasiliense,fundada em 1943. Uma editora, que eu considero como de esquerda, diferente, por exemplo, da Nova Fronteira ou Record; ao lado de Caio Graco da Silva Prado (1931/1992), filho, do historiador Caio Prado Jr.(1907/1990). Importante lembrar, que grande parte das tradicionais editoras brasileiras, são controladas por famílias.
Os espanhóis estão chegando, o grupo Prisa-Santilhana, abocanhou um bom pedaço da Objetiva. engolindo 75% desta boa editora.Vou voltar a este assunto. O melhor disto tudo, é que continuaremos a ter o prazer pela leitura.
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