sexta-feira, junho 24, 2005

Escritos Silenciosos


Luiz Aquila - Artista Plástico, nascido no Rio de Janeiro, em 1943, filho do pintor e arquiteto Alcides Rocha Miranda. Aquila, obteve diversos pr�mios, tanto no Brasil, quanto no exterior, Foi aluno de Aluizio Carvão e Tiziana Bonazola no MAM.Xilogravura com Goeldi. Deu aulas na EAV/Paque Lage Posted by Hello

De passagem pelos corredores desta Quitanda, estou tendo oportunidade de conhecer pessoas encantadoras, na verdade,são blogueiras,leitoras, visitantes que transitam pela blogosfera. Na laboriosa vontade de criar um canal em que possa representar possibilidades, de múltiplas formas de dizer, conversar.Para a conversa fiada, para o papo informal. Aqui, na Quitanda, este espaço, está aberto.Entrem! Por favor, estejam a vontade!Mostro hoje, mais um escrito que estava guardado em uma das gavetas das estantes repletas de sonhos.

Entrei em seu quarto, ela estava sentada, ali no canto, acordada,
Com as mãos no rosto, escondida pelos cabelos grisalhos.
Soluçava baixinho, suspirava na cadência da dor.

Sua voz sussurrante, ecoava em meus ouvidos.
Acenou com uma das mãos, a outra segurava
um copo vazio.Pelo gesto esboçado, tímido,
evocava silenciosa à vontade de beber.

Coloquei água em seu copo, sempre preferia ao natural.
Caminhei em sua direção, também, silencioso. Mudo!
Abri à janela, o frescor da noite, invadiu aquele momento.
Afastei as cortinas. Coloquei uma cadeira antiga que tinha
sido de sua mãe, estava conservada, lustrava sempre com
Óleo de peroba.

Lembro de sua preocupação com aquela cadeira, gostava
De dizer que brincava e conversava com o tempo.
De quando, brincava de pique esconde, de fechar os olhos
Que contava de um a cem, procurava pelos cantos, alguém .

Das cantigas de roda, das músicas desafinadas das meninas
O anel que tu me destes, era vidro e se quebrou. O amor que tu
Me tinhas. Era pouco e se acabou.
Pular amarelhinha, gostava, e muito.

Estávamos mudos, silenciosos, apenas, por olhares, conversávamos
Era uma leitura silenciosa.Lágrimas que escorriam.
Palavras não ditas, frases mais que perfeitas de um tempo.
Retocados pelas lembranças.

Nos bailes bailados nos embalos de sua companhia.
Ficaram perdidos nos encontros, que agora, me
parecem ser de despedida.

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