segunda-feira, junho 20, 2005

Achados e Perdidos


Alberto Guignard - Pintor fluminense(25/2/1896 - 25/06/1962) Considerado como um dos mestres da moderna pintura brasileira.Influenciado por Cézanne e Matisse e pelo surrealismo. Posted by Hello


Percorrendo os labirínticos corredores desta casa blogueira de variedades culturais,fui dando largos passos em direção ao espaço WC. Em um canto, avisto, livros e papéis,é bom que se compreenda também, como: jornais amarelados,revistas diversas de um lado, mais atrás,no canto superior, LPs antigos, um monte de fitas em VHS, com poeiras diversas que encobrem sobras do resultado de minha experiência como dono de uma locadora.Neste espaço em que fica localizada a Quitanda,divido o que sobrou para cds e outras quinquilharias, onde volta e meia, tento obstinadamente arrumar; dar um jeitinho brasileiro, à moda chaveana... desarrumo para ficar arrumado.
Embora, algumas pessoas, que manifestam de forma sempre democrática, discordando de minha arrumação, insisto e explico que é no caos, que me oriento e acho as coisas consideradas e dadas como perdidas.Surgem como verdadeiro achado.
Confesso, que nem sempre obtenho êxito, nas tentativas de localização de algo. No entanto, estou convicto de que procurando alguma coisa, às vezes, encontro outras, que nem imaginava ter no depósito de minhas mercadorias, muitas delas, feitas de sonhos, pesadelos e cacarecos.
Arrumava, é melhor assim, arrumava uma pilha de livros, quando caiu, em cima de meu pé sem provocar sérios danos, um livro de um autor gaúcho de nome Dionélio Machado (1895/1985), escreveu Os Ratos,Prêmio Machado de Assis de 1935,considerado o seu mais famoso livro. A edição que disponho, é a terceira, com a orelha feita por Carlos Heitor Cony, editado pela Civilização Brasileira, no ano de 1966.O prefácio à terceira edição, é do crítico paulista Mário de Andrade, com a data de 18/10/1944. A primeira edição é de 1935.Também, é muito considerado pela crítica um outro romance do autor, cujo título é: O Louco do Cati,que foi ditado, ao invés de ser escrito,pois era, um momento de enfermidade do autor, saiu publicado em 1942 e reeditado em 2003, pela editora Planeta. Lembrei, que Os Ratos, foi adquirido em uma queima de livros da própria editora, um grande saldão de livros, incialmente feito na própria loja da Sete de Setembro, 97. Na quarta capa do livro, o slogan da editora: "Mais Um Lançamento De Categoria da Civilização Brasileira". Detalhe, a capa deste livro, não é do pioneiro do design gráfico do mercado editorial brasileiro, que revolucionou as capas, o vienense Eugênio Hirsch, um dos nossos maiores capistas.O autor da capa, é de Marius Lauritzen Bern. Dionélio Machado foi autor de mais livros. A liqüidação dos livros, foi ampliada tempo depois, para a grande rede de livrarias, que era a Entrelivros, de vários sócios, inclusive o jornalista José Silveira, que escrevia no JB. O cineasta, que pulou fora antes da ida ao poço, foi Jorge Iléli, que trouxe o filho de seu amigo e cineasta Paulo Wanderley; partiu para montar uma livraria, editora e distribuidora Unilivros.A principal loja da Unilivros era na rua Visconde de Pirajá,207 e da Entrelivros, poderia ser considerada a loja do Largo do Machado,29. Houve um racha do pessoal da Entrelivros,a livraria agonizava, alguns sobreviventes, montam a StudioLivros em Ipanema. Mais tarde, partem para o shopping Rio Sul. A Unilivros e StudioLivros, fecharam todas as lojas.Quando estive na Unilivros, percebi nos clientes que eu conhecia, por exemplo, os artistas, que era bem freqüentada por eles, o dono como disse era cineasta. Observei e lembro que os maiores clientes-leitores, que mais compravam livros, são os atores: José Wilker disparado como um grande consumidor, em seguida, posso apontar a atriz Fernanda Montenegro e um outro devorador de livros é o diretor de tv Manoel Carlos.Claro que há mais artistas, jornalistas,professores, havia um público muito heterogêneo.
Há uma livraria na zona sul, no bairro do Leblon, que está havendo uma pendenga judicial entre os sócios.Chegou a ser publicada uma notinha na coluna de Ancelmo Góis no jornal O Globo.Não sei qual será o destino.
Meus caros três leitores, vi muita livraria tradicional fechando às portas, indo à lona e novas que não tiveram fôlego para aguentar o rojão, desaparecendo precocemente do mercado.
Aqui, no Rio de Janeiro, começou a cair uma chuva fina e insistente,junto veio trazendo o frio. Agora sinto o cheiro de chuva e do mar; particularmente, gosto desta temperatura. De tanto andar, por estes corredores vazios e de prateleiras cheias, que acabei olhando para o varal e encontrei alguma coisa escrita pendurada, que mostro a seguir:

Quero você fazendo sexo na
Cama ou na lama
Quero você em chamas
Quero ouvir o seu gemido

Quero beijar o seu prazer
Quero que você rasgue a
Fantasia.Que
Entre na folia
Quero sua poesia.

Quero seu sexo sem
Nexo
Quero seu corpo molhado
Suado
Quero apalpar os seus seios
Quero por todos os meios
Você sem pudor
Você com calor

Quero seus segredos em meus
dedos.
Quero um segundo
Quero suas coxas abertas
Quero os movimentos libertos
Quero decifrar este mundo.

Quero minha língua em sua língua
Não quero morrer à mingua.
Quero provar o seu sabor
Quero seus gestos obscenos

Quero abrir portas e janelas
Quero sua parte
Quero e desejo apenas
este momento.

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