Fonte de Consulta: Secretaria de Estado de Cultura //Atelier Aberto //Expoarte
Na verdade eram três irmãos envolvidos com a comercialização e edição de livros; dos três, o que eu mais conversava sobre livros era Lucien Zahar (1925/1998). Gostava de ouvir suas historias, muitas delas uma narrativa em que os três irmãos eram protagonistas da história do livro no Rio de Janeiro.
A livraria Galáxia foi fruto da dissolução da sociedade da editora Zahar, cada irmão seguiu o seu destino, se não me falha a memória, isto aconteceu no inicio dos anos 70. Conheci alguns dos seus filhos que hoje estão à frente das empresas. Engraçado que no momento em que escrevo não consigo lembrar o nome da filha de Lucien, lembro de Luc que auxiliava o pai na livraria, mais ainda quando a doença abateu gravemente seu pai; Ernestinho, filho de Ernesto Zahar ficava na filial da livraria na Praça da Republica, 71, no centro de São Paulo, mas aparecia sempre na livraria do pai. Li em algum lugar que a partir de 2004 por decreto do governo municipal o nome do livreiro Ernesto Zahar passa a ser nome de rua no bairro Recreio dos Bandeirantes. Gostei da iniciativa, uma justa homenagem. A livraria Ler nos anos 70, montou uma filial no Mercado das Flores, número 28, uma pequena loja; vieram na ocasião vendedores da loja da Rua México, que mais tarde alguns destes vendedores passaram a trabalhar em Niterói, em lojas como: Diálogo, Portinari, Casa da Filosofia, Pasárgada do badalado livreiro e professor Aníbal Bragança , Gutemberg e outras da rede do maior livreiro de Niterói, o senhor Antonio.
Minha aproximação maior com Lucien nos anos 90 foi, por ter me transformado em distribuidor de diversas editoras, todas, as colocava sob regime de consignação na livraria Galáxia, de modo que sempre alimentava a livraria com novidades e a prestação de contas, era imediato. Nos anos 70 eu e minha mulher tínhamos crediário na livraria, lidávamos mais com o gerente Jaques Jonis Neto, mais tarde foi gerente comercial da Achiamé e editor da Dois Pontos, nos anos 80.
A Zahar registrava um importante catálogo na área de ciências humanas, principalmente na área de ciências sociais. A produção das ciências sociais do Rio de Janeiro encontrava acolhida na editora, por exemplo, através da família de Octávio Alves Velho militar e tradutor da editora, bem como os seus filhos Otávio e Gilberto. Fui aluno de Gilberto Velho (A Utopia Urbana: um estudo de ideologia e urbanização) e de Yvonne Maggie (Guerra de Orixá: um estudo de ritual e conflito). Muitos antropólogos em suas teses do PPGAS/UFRJ foram editados pela Zahar, assim como as teses do IUPERJ, um centro de pesquisas da Candido Mendes. Na verdade durante os anos 70/80, não só a editora Zahar que publicou o material de ciências sociais produzidos pelos centros acadêmicos do Rio de Janeiro, havia as editoras Vozes, Forense Universitária, Achiamé, Difel, Francisco Alves, Movimento, Campus, Hucitec, Imago e Paz e Terra/Graal. Notava-se a presença de artigos em publicações de periódicos como as revistas Vozes, Civilização Brasileira, Paz e Terra, Debate e Crítica, Revista de Administração de Empresas (RAE) e Ciências Políticas da Fundação Getulio Vargas, Revista América Latina, editada pelo Centro Latino-Americano de Pesquisas
Voltarei ao assunto em breve.
10 comentários:
Caríssimo, saudades de vc.
Tua memória é fantástica, aposto como lembra de coisas que eu nem lembro- da minha vida hihihi
Bjs Laura
Vc conhece José de Dome? pois é, precisamos postar sobre ele, artista fantástico, morou anos em C Frio,ma sera sergipano.
Wilton, você conhece mesmo um bocado de livrarias e editores aqui no Rio ! Você diria que o interesse pela leitura permance nos jovens brasileiros ? Acho que não gostam de ler nem jornais, quanto menos livros, estarei redondamente enganado ?
Um abraço e obrogado pela força !
Jôka
Wilton: meu amigo ,que bom ver o Quitanda repleto de novidades...assunto bem interessante...com informações preciosas...vindas de quem entende do riscado.
Uma ótima semana e obrigada pelo carinho no meu Cotidiano.
Wilton querido, vim matar saudades, e como sempre encontro coisas belíssimas postadas!
Beijos e um belo dia pra ti.
Wilton,
ler seu Quitando do Chaves é um prazer. É provável que nos conheçamos pessoalmente, mas, ao contrário da sua, minha memória não é privilegiada.
Penso que temos uma trajetória profissional com algumas semelhanças.
Fui, como sabe, livreiro, editor, distribuidor etc., em Niterói, no período de 1966-1987.
Desde 1985 dedico-me (quase) inteiramente á UFF, onde sou professor, no IACS. E continua atuando como pesquisador na área do livro e da leitura.
Tenho um blog onde faço registros que entendo sejam de interesse de outros pesquisadores da área.
É o Ler, escrever e contar ler-e-escrever.blogspot.com . Sou ainda um aprendiz no manuseio dessas ferramentas da informática, mas gosto muito de usá-las.
Você atua também atualmente na Universidade ou no ensino?
Estou muito interessado em saber se você escreveu algum artigo ou ensaio sobre o tema livrarias e editoras de ciênciais sociais ou algo semelhante.
Aguardo.
Um abraço,
Aníbal Bragança
Salve Wilton, legal o seu blog. Sou filho do Lucien Zahar e gosto sempre quando os irmãos esquecidos - Lucien e Ernesto - são lembrados como pessoas importantes na história da produção literária em nosso país. É engraçado como todos nós da família Zahar somente somos lembrados numa alusão ao Jorge Zahar que, independente da sua enorme importância, criou a Zahar Editores com os irmãos, frequentemente esquecidos pela mídia. A sua postagem resgata esta injustiça. Obrigado.
Um forte abraço,
Luiz Otávio Zahar
Só lembrando o nome da filha do Lucien Zahar - Eliane Zahar, minha muito querida irmã.
Quero agradecer a visita de vocês a este blog.Ao Luiz Otávio Zahar pelos comentários feitos e pela menção ao nome de sua irmã,revivando minha memória.
Peço desculpas pela falha do nome e de citar você como filho. Lembro que seu pai citava você, no entanto, os nomes citados em meu post, é por ter um contato maior com eles, na livraria.Há muito tempo que não vejo seu irmão Luc, mas pretendo fazer uma visita em breve.Não tenho feito nenhuma divulgação do blog e nem do tema que tenho desenvolvido e foi de uma forma silenciosa que prestei homenagens aos importantes livreiros que contribuiram com o mercado de livros no Brasil.
Luiz Otávio, seu pai e seu tio marcaram minha trajetória como profissional do livro.Um grande abraço.
Wilton:
qantos livros sobre as teses li. Zahar faz parte de minha memória....
creio que vc poderia juntar estes belos posts e fazer um livro, mesmo que for on line... Lindas memórias...!
abç
Marta
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