Sei que estou ficando mais velho, pra mim pode ser a credencial para que memórias antigas sejam mais bem lembradas do que as mais recentes. Assim com este exercício, vou reconstruindo a meu modo, com um olhar sobre o passado, uma história que serve de imediato de base para estruturar minha narrativa como profissional do livro. Quando eu fechei a Quarup situada no Top Center, em Ipanema, história que já andei contando em algumas postagens do passado; fui trabalhar na livraria Unilivros (Jorge Ileli) de Ipanema, na Rua Visconde de Pirajá, 207, tempos depois fui convidado para Francisco Alves (Carlos Leal) de Ipanema, na Farme de Amoedo, número 57. As duas empresas, anos depois, desativaram as livrarias, com várias lojas nos bairros da cidade, bem como as filiais em outros estados. Nos anos
Existiam no Rio de Janeiro poucas livrarias nos anos 80, aliás, é uma constatação um tanto óbvia. As que abriam, o ciclo de vida era curto, logo em seguida, deixavam de existir. Claro que a curta sobrevivência não está restrita as livrarias, as editoras eram atingidas, assim como as distribuidoras. Nascer e morrer empresas é uma constante.
Nos anos 70 há o surgimento de editoras. Algumas com um perfil ideológico mais definido. O editor Paulo Rocco, com passagem pela Francisco Alves e pela direção do SNEL, cria em 1975, sua própria editora, que leva o seu nome e com um catálogo priorizando o autor nacional, desponta em pouco tempo com bastante sucesso. Novos autores e títulos, uma profissionalização do setor que vai ganhar forma nos anos 80. Surgimento de um jornal mensal editado pela Brasiliense, um book review, sob os cuidados de Caio Graco Prado, Cláudio Túlio Costa e Cláudio Abramo. Circulou por muito tempo entre nós, o Jornal de Letras (1949) dos irmãos Condé (João, José e Elisio). As revistas literárias como a revista José (1976) dirigida pelo editor Gastão de Holanda, que nos anos 50, criou junto com outros intelectuais a editora O Gráfico Amador (1954/1961). Muitas revistas e jornais apareceram em vários períodos de nossa vida cultural. Havia uma proliferação de revistas como a Brasiliense (1955/1964), Revista de Cultura Vozes (1907), Debate e Critica(1973/1975), Civilização Brasileira (1965/1968), Escrita(1975/1988), Revista do Livro, editada pelo INL(1965/1972), Tempo Brasileiro (1962), as revistas publicadas pela Fundação Getúlio Vargas e diversos periódicos que foram editados ao longo dos anos.
Uma poesia inquieta estava no ar, nas ruas e livrarias. A censura tratava de reprimir manifestações artísticas, recolher livros, jornais e revistas.
Hoje houve uma alteração no panorama das livrarias, surgiram as megalivrarias (mega stores), algumas aproveitaram criaram o sistema de franquias, exemplo, a livraria Nobel (1943), com muitas franqueadas. As redes de livrarias paulistanas chegaram ou ampliaram seus locais de venda, como a Siciliano, Fnac, Nobel e a Saraiva. As livrarias inicialmente localizadas em nossa cidade, como: Entrelivros, Unilivros, Eldorado, Studiolivros, Francisco Alves, Freitas Bastos, Casa Mattos Papelaria, Sodiler, Vozes, Dazibao, uma boa livraria que havia expandido lojas em outros bairros. Estas livrarias foram fechadas, reduzidas ou trocadas de mãos. A livraria Eldorado Tijuca sobrevive hoje pelas mãos de Jovaldo e Isaque, profissionais oriundos das livrarias (Sodiler e Melhoramentos). A Sodiler transformou-se
Em nossa cidade houve uma diminuição do número de livrarias, além de reduzirem bibliotecas, ainda bem, que a antiga biblioteca pública do Leblon, virou uma livraria, a Argumento, que era na Dias Ferreira, número 199 e foi para aquele local, ganhando um novo desenho, ampliando e convivendo com outros espaços e públicos. Argumento atualmente abriu novas filiais. No local da Freitas Bastos, no centro da cidade, assumiu a Ciência e Cultura, também com filiais. Há um crescimento da Travessa, do livreiro Rui Campos. Com esta nova configuração, houve ocupação de novos espaços e surgimento de redes de livrarias, mas será que houve aumento de leitores?
Claro que não ignoro as livrarias de Niterói, as que sobrevivem e as que não estão mais entre nós leitores e clientes, mas tiveram papel importante na formação de leitores, na comercialização e edição de livros, tampouco, as livrarias em outras cidades do interior do Rio de Janeiro, como a Veredas, da livreira Solange.
Até a próxima.
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Kennedy Bahia: (Patrick Maderos Kennedy Dito) Nascido em Valparaiso no Chile, em 1929, falecido em 2005. Tapeceiro chileno. Elegeu como tema de sua arte, a flora e a fauna amazônicas e o folclore da Bahia. Sua arte é de grande importância, uma referência no panorama das artes em nossa terra. Amigo de vários intelectuais, como Carybé, Jorge Amado, Carlos Bastos. Autor do livro "Uma arte, um esforço. uma luta", sem indicação de editor.
5 comentários:
linda imagem
amei
Rapaz, só vc para me lembrar dos tapetes do Kennedy, era mto famoso. E Carlos Bastos... este nome... era amigo do Carlinho e acho que do Scliar...
E as livrarias? só agoara lendo me lembrei da biblioteca do leblon.
Ainda tem aquele restaurante alemão alii na frente?
saudades
Olhe, estou vendendo o apê, do for fechar o negócio vou te visitar e conhecer o resto da família buscapé :)
bjs Laura
Boa tarde wilton,
adorei o seu texto do dia 23 de maio de 2006.
Ele se encaixa perfeitamente em um trabalho que estou fazendo para faculdade.
Gostaria de saber se posso usa-lo. é apenas para fins acadêmicos.
Obrigada e parabéns pelo seu blog.
meu e-mail: nati_ad04@hotmail.com
Obrigada
Olá!
Muito obrigado para todos os visitantes deste blog. Um abraço.
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