segunda-feira, junho 26, 2006

A Imaginação

Glênio Bianchetti : Gravador/Ilustrador, Pintor e Professor. Nasceu em 1928, na cidade de Bagé. Participante de destaque do grupo de artistas identificados com a Modernidade gaúcha, que junto com Scliar, Danúbio Gonçalves, Vasco Prado e Glauco Rodrigues, fundaram o Grupo de Bagé, nos anos 50, que mais tarde deu origem ao Clube de Gravura de Porto Alegre. Um grupo de artistas com uma coloração esquerdista e vínculos com o movimento modernista paulista dos anos 20 e com a vanguarda européia. Aluno de Iberê Camargo, no Instituto de Belas Artes. Glênio, é identificado como um talentoso artista expressionista, vinculado a primeira fase do modernismo brasileiro. Artista com mais de 50 anos de carreira. Foi diretor do setor gráfico da Divisão de Cultura da Secretaria de Educação do Rio Grande Sul. Lecionou gravura na UNB. Criou painéis para a Varig. Diretor do Margs. Ilustrou em 2000, o livro Vidas Secas para a Confraria de Bibliófilos do Brasil. Participou de diversas exposições em nosso país.Possuidor de diversos prêmios.Glênio é uma figura de destaque no panorama de nossa arte, com importante contribuição pelo conjunto de sua obra, merece ser sempre apreciado.(Fonte de Consulta: Secretaria Municipal de Cultura/Porto Alegre,MAC/USP(Cassandra de Castro Assis Gonçalves/Bolsista, RioArteCultura, Investarte.)
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Olá!

Passei rápido para deixar o texto produzido recentemente, para ser colado no mural. Agradeço pelos comentários feitos e deixados por novos e velhos amigos.

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Havia combinado com Walter, que sábado, após a sessão de cinema, voltaríamos para casa, pediríamos uma pizza grande; os refrigerantes, eu havia comprado em promoção, no supermercado. Acordei cantarolando, há dias em que acordo com vontade de cantar. Aviso aos navegantes, que sou péssima cantora, muito desafinada, mais ainda, quando penso em imitar Teresa Salgueiro, cantando Alfama: “Agora, que lembro, as horas ao longo do tempo”...”Esquecida, em cada dia que passa, nunca mais revi a graça de teus olhos”... que serviu como parte da trilha sonora do filme Céu de Lisboa. Gostei deste filme quando assisti e me tornei fã do grupo português.
Walter inicialmente, não concordou, mas acabou aceitando os meus argumentos para passar o final do dia, em casa. O cinema era próximo, na saída, retornamos caminhando de mãos dadas pela avenida. A maioria do comércio tinha cerrado as portas. Camelôs, mendigos e a sujeira tomavam conta da calçada, dificultando o trânsito de pessoas. Um grupo de pivetes cheirando cola, insistiam em entrar no ônibus parado no ponto. Os passageiros no interior do ônibus, ficaram assustados. Os garotos eram bem agressivos, não conseguiram entrar e correram em disparada para pegar o próximo, não conseguiram. Sairam em disparada fazendo algazarra.
Quando chegamos à praça Serzedelo Correia, estava instalada a feira de livros, ao caminharmos em direção a uma das barracas, nos deparamos com um senhor que gritava desesperadamente por Pega Ladrão! Tentava perseguir o lépido ladrão descalço, vestido com as cores do Brasil e que sumia no meio da rua, entre os carros.Ninguém se mexeu, mas não sei se conseguiram prende-lo mais adiante.
Uma amiga disse certa vez, que éramos um casal à moda antiga, destes que ficam de mãos dadas e recebe flores de presente. Lembrávamos sempre das datas mais importantes de nossa história de vida. Em uma tarde de domingo, sem assistir televisão,apenas escutando rádio, ficamos rememorando o nosso primeiro encontro e quem tomou a iniciativa de começar a conversar. Walter negou, que tinha sido ele quem começou, afirmava que era eu quem a pretexto de acender um cigarro, perguntou se tinha fósforos; na ocasião Walter ainda fumava, tempos depois, abandonou o vício do cigarro. Lembrando hoje, fico a rir da situação, Walter ficava bastante incomodado com o cheiro, passou a ser intolerante. Eu, cada vez, fumava mais. Não renunciava a minha vontade de fumar.
Ao chegarmos em casa, o telefone estava tocando, eu atendi, eram amigos combinando para mais tarde, um encontro em um bar. Abandonamos o que inicialmente havíamos combinado e resolvemos sair com os amigos. Nove horas, foi a hora acertada, havia tempo, para mudar de tomar banho e mudar de roupa. Fomos em um bar perto de casa. Por sorte encontramos uma mesa vazia, geralmente, sentávamos nela, dali, tinha uma boa visão da rua e do interior do bar. Eu, defronte para Silvia e Walter diante de Carlos. Pedimos o de sempre. Enquanto, aguardava, eu estava olhando para o outro lado, de repente, meus olhos fixaram em um homem barbudo, com ar de intelectual, lendo um livro, que à distância, me pareceu ser Alma de Pássaro. Estava entretido na leitura, restava um pouco de bebida em um copo. Não conseguia tirar os olhos daquele estranho.Algo me atraia. Ficara pertubada com a sua presença. Walter distraia com as piadas contadas por Carlos, algumas eram repetidas, mesmo assim, risadas eram ouvidas.Carlos tinha um jeito todo especial para contar piadas.

Olhava e pensava naquele homem misterioso. Divagava. Que horror! Eu uma senhora casada, e em companhia do marido e de amigos que poderiam a qualquer momento flagrar meu comportamento. Não sei, mas eu senti que ele me olhava.Acho que chamei atenção dele. Há quanto tempo, um homem não me olha daquele jeito. Sabe lá, se Walter poderia ler os meus pensamentos. Pensei em trocar de lugar com Silvia, de onde ela estava, teria uma dificuldade em olhar para aquele estranho barbudo. Que bobagem a minha, acabei, ficando no mesmo lugar. Comecei a pensar no homem, será que estava sozinho, ou aguardava a companhia feminina, uma daquelas lindas mulheres de Copacabana. Dei asas a minha imaginação, imaginando tanto, que em certo momento, não prestei atenção a pergunta que Silvia me fez. Respondi qualquer coisa, para o seu espanto. Pela segunda vez, acabei de modo lacônico, respondendo. Achei que Silvia como mulher tinha percebido meu ligeiro interesse no homem barbudo, que distraído, lia um livro. Não poderia por um entusiasmo infantil, de adolescente, perder o contrôle sobre mim. Disfarçava e voltava meu olhar e ouvido para o grupo. Caso contrário, acabaria deste modo, provocando um mal estar.

Fiquei aliviada, quando percebi, que o homem fechava o livro e pedia a conta. Distante eu controlava todos os seus movimentos. Levantou, passou por mim, deu uma olhada para o relógio e foi embora.Nem me reparou. Que alivio, eu o acompanhei seguindo por meus olhos, até o momento em que fez sinal para o taxi e partiu.
Meia hora depois, pedimos a conta. Walter muito animado pelos chopes tomados, acabou me dando um beijo. Despedimos dos amigos e fomos para casa dormir, no dia seguinte, o trabalho nos aguardava. Deixei de ser sonhadora, voltei a dura realidade das minhas tarefas do cotidiano.



4 comentários:

Janaina disse...

Quando há amor, a realidade e a rotina são sempre lindas. Como seu texto.

ananda disse...

Adorei o texto e estou a gostar muito do blog. Voltarei com mais tempo para ler tudo. ;) Obrigada pela visitinha. Beijo enorme!

SV disse...

Wilton, sempre aprendo algo por aqui. Seja em artes, seja em crônicas.

Amigo, encerrei hoje a série "Atrás de seus olhos". Espero que tenhas apreciado!

Um abraço,

Sílvio

Anônimo disse...

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