terça-feira, março 27, 2007

Sonho - A Poesia de Arlete Meggiolaro

José Antonio da Silva : Nasceu em Sales de Oliveira em 1909 , faleceu em São Paulo, em 1996. Antes de 1946, quando é reconhecido, em exposição na Casa de Cultura de São José de Rio Preto, sua trajetória surge como trabalhador rural. Anos mais tarde, na década de 80, é criado o Museu Municipal de Arte Primitiva José Antonio da Silva. Participou de diversas exposições tanto em nosso país, como no exterior. É considerado por muitos como o maior pintor primitivista. José Antonio era escritor, deixou as seguintes obras: Romance de Minha Vida, publicado em1949; Maria Clara, em 1970, Alice editada em 1972 e em 1981, a obra: Sou pintor, sou poeta. Tinha como entendimento de sua arte e de sua postura, declarando que: "Não admito que me chamem de primitivo, caipira ou ingênuo. Tem que me chamar de gênio. Já provei que sou".Fonte de Consulta:
(Pintores do Brasil, http://www.pitoresco.com.br/ http://www.triplov.com/ronildo/silva/index.htm) .
Lembro que quando fui distribuidor da Editora Unesp, recebi para comercializar em 1994, um interessante livro cujo título, é : "Silva: Quadros e Livros: Um artista caipira", autoria de Romildo Sant`Anna, tendo como capista, a artista gráfica Isabel Carballo.
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Olá!

Acordei cedo como sempre faço e aproveitei para passar na Quitanda, dar uma caminhada pelo interior dos corredores, abrir janelas e portas; arrumar prateleiras e deixar estendido no varal de poesia, uma poesia que li há pouco tempo e achei muito boa. A autora, Arlete Meggiolaro, amiga de longa data, é uma escritora e poetisa brilhante, sensível e apaixonada pelo que faz. Criou no ano passado o site Orvalho D` Alma, um espaço que abriga os seus textos e de outros autores que despontam no panorama da poesia brasileira.

Assim que obtive a anuência para publicação da poesia de Arlete, me passou por instantes em flashes, os momentos em que fui livreiro em Ipanema, nos anos 80. Ali, naquele bairro da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, criei a livraria Quarup, um espaço democrático. Uma pequena livraria que atendia aos vários segmentos da área de ciências humanas, com uma ligeira tintura para o espaço psi. Área com quem eu dialogava. Como sociólogo e livreiro, percebi com maior clareza, que as ciências sociais, vendia em Ipanema, mas não tanto quanto eu imaginava.

Neste período comecei a ler alguns textos sobre psicanálise e concentrei meu interesse em literatura infantil, devido ao meu filho. Cheguei a ser membro associado da Fundação Nacional do Livro Infantil. Meu filho nesta época estudava na Escola Nova. Fiquei antenado com a produção infantil. li bastante. Meu público eram: sociólogos, estudantes, exilados, autores, editores, professores, artistas, como a atriz-psicanalista e pintora Jacira Silva, falecida em 1995. Enfim, um pessoal que freqüentava a livraria e feiras de livros, espaço que eu também atuava.

Lembro de minha amiga psicanalista e blogueira do Caminhar, Elianne Abreu, suas poesias, seus cabelos, que lembravam em muito a vasta cabeleira de Gal Costa; seus desenhos eróticos, suas histórias como tiete e leitora de Carlos Drummond de Andrade. Elianne, perdi as contas de quantos Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes, editado pela Francisco Alves, você presenteou os amigos.

Na Quarup, lembro que abri um espaço para exposição de poesia alternativa ou marginal, os livros editados pela Achiamé; pela editora Trote, criada por Leila Miccolis, pela minha colega de faculdade Glória Pérez, Carlos Araújo, se não estou equivocado, pelo Tanussi Cardoso. De Glauco Mattoso com o Jornal Dobrabril, da editora Pindaíba Enfim, muita poesia, e ainda aparecia sempre uma edição do autor, era muito comum na ocasião. Lembro das livrarias: Dazibao, de Chico e Graça Neiva; do Rui Campos com a falida Muro de Ipanema, de sua momentânea participação na Dazibao; da Xanam na galeira do Cassino Atlântico, em Copacabana, e da Timbre (Shopping da Gávea) com Aluízio Leite (foi sócio da Muro), da Taurus do editor e poeta Jorge Bastos; da livraria Francisco Alves; da Codecri, a livraria do Pasquim, em Ipanema/Leblon, gerenciada pelo José Sanz; da Unilivros (rede) do cineasta Jorge Ileli; da Rubayat do tributarista Carlos de La Roque, da Entrelivros, falida rede de livrarias, com vários sócios, dentre eles o sr. José Silveira, Jorge Ileli; da livraria Tempos Modernos do Leblon e do gerente Alencar. Bom este papo retorno em outra ocasião, sobre as livrarias na zona sul. Por fim, meu momento como editor na co-edição De Cunhã para Cunhatã com Studio Alfa, livro da jornalista botafoguense Márcia de Almeida, com livros editados pela Codecri, filha do jornalista Newton Rodrigues. Vou deixar de papo para dar tempo de vocês fazerem a leitura do poema pendurado no varal. Agradeço muito pelas visitas.



Sonho

Aconchego-me,
laço com abraço
o meu travesseiro,
meu corpo suga da paz.
E a medida
que esta plenitude
toma do meu ser etéreo,
delícias em pensamentos
arrojam centelhas de sonhos.
Nesta viagem
deslizo em tufos de plumas.
O cortejo do real
em sublimes fantasias
que se esmiúçam
como nuvens ao vento

Eis que,
pela fresta do meu devaneio
jorra uma luz dourada,
é a sua silhueta avivada.
E como um anjo amoroso
agasalha-me sob suas asas.
Somos almas gêmeas,
que na serenidade e
sob a imensidão do universo,
flutuamos no
êxtase do mesmo vôo.

Arlete Meggiolaro ©
Extraído do livro –
Alma Fecundada^- Vol. I – Florescência do ser

quarta-feira, março 21, 2007

Rono Figueiredo. Homenagem Silenciosa

Rono Figueiredo: Artista Plástico - Idade 29 anos. Nasceu na Bahia. Um jovem talentoso artista. Falecimento em fevereiro de 2007. Sua pintura me sensibilizou, assim como o artista, pois cheguei a colocar um link para a sua página. Rono descobriu que eu tinha prestado esta pequena homenagem, passou por aqui, em junho de 2006 e postou um agradecimento. Gostou muito por ter linkado a sua página. Fiquei abalado ao ler a noticia e foi por acaso, procurava um outro artista quando me deparei em uma comunidade do Orkut em homenagem ao artista baiano. Não pude contactar Rono mais vezes, fiquei envolvido com o nascimento de meu segundo neto e logo em seguida, fiquei ausente da Quitanda. Uma pena! Despontava como um grande artista baiano. Fique com Deus, Grande Artista.
Imagem: Ventre - Acrilico sobre tela.
Fonte:
http: ronofigueiredo.blogspot.com

terça-feira, março 20, 2007

Escrevendo sobre mercado editorial















Moacir Faria
:
Moacir Soares de Faria, artista goiano, nascido em São Jorge , na Chapada dos Veadeiros. Artista deficiente e identificado com a Art Brut; termo criado por Jean Dubuffet, nos anos 40 para a arte feita por artistas sem educação artistica
(Fonte de Consulta:http://www.altiplano.com.br/)


Olá!

Reapareço após longo período afastado deste espaço. Volto a escrever sem a promessa de produzir textos com assiduidade inicial de quando criei o blog. A vontade de escrever e a saudade da Quitanda prevaleceram. Daí o meu retorno. Claro que pedidos de amigas blogueiras, foram levados em consideração.

Atualmente estou mergulhado em um levantamento da produção ficcional brasileira dos anos 80. É sem sombra de dúvidas um trabalho árduo e que agrava mais por não contar com nenhum recurso. Esbarro com muitas lacunas, tenho observado e me deixa convicto que há poucos registros sobre a memória do mercado editorial brasileiro.

Aqui, sinto realmente que marquei bobeira em não ter coletado um material que hoje poderia ser de grande valia para o que eu pretendo investigar. Como já tive oportunidade de salientar, trabalhei com diversos editores, e fui representante de diversas editoras como distribuidor nos anos 90. Embora, por muito tempo sempre em conversas com os editores a pauta dominante era o mercado de livros. O que estava sendo editado, comercializado na cidade do Rio de Janeiro, livrarias ou editoras que haviam fechado. Comentávamos também sobre preço de livros ou até indicações de livros para reimpressão.

Trabalhei por mais de uma vez com os editores: Fernando Gasparian, falecido no ano passado, em 07/10/2006, era o proprietário das editora (Paz e Terra, Livraria Argumento e Edições Graal) e Robson Achiamé Fernandes (Achiamé) que há muito não vejo, a informação que disponho, salvo engano, transformou-se em um editor de obras libertárias, anarquistas. Lembro que vendia os livros de Edgar Rodrigues, militante anarquista vindo de Portugal para o Brasil em 1950.

Vou continuar escrevendo no mural, pendurar “poesias”, contos ou rabiscar uma miscelânea qualquer no varal, remexer no baú e rascunhar sobre o meu cotidiano. O livro como sempre faz parte deste meu universo. Continuo lendo, principalmente obras dos anos 80. Fico fuçando em sebos, principalmente, os de Copacabana.

Espantado tenho presenciado a falta de informação, matéria prima do trabalhador em livraria de livros usados. Um desconhecimento total. Há poucas livrarias em que você possa identificar o vendedor leitor, aliás, através de uma enquete indagando: “o que é mais importante numa livraria?”, publicada hoje no site Leia Livro da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, liderava como o mais votado, exatamente a figura do vendedor leitor.

Outro dia, eu e Marilene, visitamos a Livraria Argumento, inaugurada em Copacabana, fomos comprar um livro pra Ramom. Para minha surpresa fui atendido por uma vendedora que tinha sido minha cliente quando eu trabalhava na Francisco Alves e na Unilivros; colocamos em dia, os papos, quando lembrei que a mãe, uma psicóloga, era na ocasião uma grande consumidora de livros, foi também minha cliente.

Mesmo com a chegada de nova estação, o tempo no Rio de Janeiro, está nublado e com um calor intenso, pelo menos estou sentindo. Ramom está o maior barato, muito levado; o nascimento do irmão, ou melhor, a convivência com Ricardo tem sido beligerante, acho mesmo que nem seria diferente. O ciúme é inerente ao ser humano.

Bom, estou de volta, espero entrar no ritmo. Um abraço para todos que aqui passam.