terça-feira, novembro 08, 2005

Ludovico, o Bode















Gledson Amorelli
- "Colheita de Algodão", óleo s/ tela, 1997. Fonte: Museu de Londrina - Gledson Franqueira Amorelli Pintor, Escultor. Cenógrafo e Professor. O artista mantém uma página na internet. Nasceu na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, no ano de 1948.Foi aluno do Mestre Gignard e Frederico Bracher Jr.É em Minas que inicia os seus estudos, através destes artistas.Participa de várias exposições em nosso país e no exterior.Em 1974, cria a Escola de Pintura Pró-Arte; em 1979, passa a viver no Rio de Janeiro.Fonte de consulta; Site do Artista e Enciclopédia de Artes Visuais.
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Olá! Dia chuvoso e de frio em minha cidade.Hoje, preferi colocar a continuação de um texto que desenvolvo, envolto em uma ficção animal, com tinturas de sátira.No final do dia, terei aulas de digitação ministradas pelo neto.Quero agradecer a todos os amigos blogueiros e leitores que compareceram neste espaço.Fico muito grato pelos comentários feitos.
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Bode Ludovico, passeava disfarçado de cabra-macho.Colocou uma peruca loura, óculos escuros e salto alto. Imaginava, assim, que ninguém iria reconhecer, mesmo tendo a companhia de sua inseparável mala preta, grudada ao corpo.Com trânsito livre pelas cercanias do Plano Alto do Centro, continuou sua caminhada, apesar da hora. Atravessou a praça vazia, de um lado para o outro.Olhou para o céu e viu apenas, um solitário condor; certificou-se, de que não era uma araponga desgarrada.Caso contrário teria de reclamar com o Bispo.Acendeu um cachimbo, pois, bodes, às vezes, gostam de cachimbos. Cumprimentou uma raposa, que acabara de sair da toca.Olhou para uma bonita perereca do brejo, que saltitava a sua frente e uma rebolativa gata siamesa, que ao lado de uma coelhinha, chamavam atenção dos passantes daquela mega quadra.
Ficou impaciente ao aguardar no semáforo, para atravessar a pista.Ameaçou duas vezes e desistiu de atravessar.Os carros e os humanos, o deixavam muito assustado.Enfim, atravessou e quase que tropeçou nas próprias pernas ao andar mais rápido, pois, o tempo de travessia de pedestres era minimo. Enxotou um galo que na calçada, pedia uns milhões para o leite dos pintinhos...Passou em frente da sede do sindicato e viu Casé, o jacaré que anda em pé, lendo um livro de Carlos Eduardo Novaes. Reconheceu Cândido Urubu, descendo de um Land Rover Defender, adentrando pela porta dos fundos da entidade.Ludovico, neste instante tivera a certeza de não ser reconhecido.O disfarce estava perfeito.Duas ratazanas passaram por ele, foram seguranças dos sindicatos da região, lançaram cobras e lagartos no ar, que ele ficou desconfiado ao escutar, um possivel envolvimento do chefe da casa.Uma repentina tosse tomou conta de Ludovico, tossia sem parar.O espirro do bode, chegou a assustar uma barata tonta que transitava calmamente, em direção ao boteco.
De longe, avistou o Sapo Barbudo de papo com a Águia Careca, em um palanque; pelo sorriso estampado do Sapo, percebeu que estava muito feliz por este encontro. Três hienas sorridentes, aplaudiam aquele momento histórico.Gritavam alucinadamente, no megafone: o Chefe é um bom companheiro, o chefe é um bom companheiro, o Sapo é um bom companheiro, ninguém pode negar!O cavalheiro Zen Nahda, chegava a galope em seu velho pangaré, todo esbaforido, com noticias do Plano Alto do Centro. A nota esclarecia, que a Águia mandara evacuar o recinto, pois suspeitava de algum membro da comissão de frente, que ali, estava infiltrado um famoso terrorista candango; segundo informações sigilosas escritas a bico de pena; havia uma observação neste sentido, no relatório, descrevendo que um individuo com aparência de um animal peludo, teria explodido uma bomba de chocolate no chão da quadra escola de samba.Uma animada conversa entre um Elefante, Tio Sam e o Tucano, pareciam tratar de planos para o futuro.Silenciaram quando perceberam que uma manifestação de grilos falantes, seguiam em passeata,tendo a frente, duas antas, três micos e um veado-campeiro, distribuindo panfletos.Algumas garças e diversas araras estavam cantando uma música do Rappa em um carro de som “ a minha alma está armada e apontada a cara pro sossego, pois paz sem voz não é paz é medo”.Xô Águia Careca!
Ludovico quando assistiu aquela circense cena, caiu na gargalhada e não notou que Dom Raton, antigo agente da Ilhota, passou por ele e o reconheceu. Por sua longa experiência, Dom Raton, percebeu que tratava-se de um disfarce por demais conhecido.Não havia mais dúvidas,aquele estranho ser de peruca loura, pertencia ao mundo dos herbívoros ruminantes. Dom Raton, garante que abandonou este tipo de servicinho, mas vez por outra, não dispensava uma boa oferta. Nas horas vagas, passou a ser guia turístico na periferia das cidade-satélites. .Pele bronzeada, pelos grisalhos. Se faz de simpático com todo mundo. Dom Juan Ratón, desenvolvia projetos para o turismo.Espalhou agencias pelo pais de divesos tipos e tamanhos.Havia acabado de inaugurar uma agencia de encontros para a prática de sexo selvagem, com as diferentes e melhores modelos de gatas,algumas delas casadas, lebres saradas e piranhas do pedaço.Em uma revista semanal um anúncio em destaque: Atende executivos, confira! Temos book! Sigilo absoluto!Aceita cartões de crédito!Comprove! Seu próximo passo, será, abrir a agencia Bambi; as coisas iam de vento em popa. Sua mais recente jogada de marketing, para o próximo ano.
Ludovico, recebeu um estranho telefonema, do outro lado da linha, um convite para uma missão.Uma missão impossível...dali em diante, Ludovico sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. O noticiário politico emudeceu, os analistas politicos tiraram férias forçadas.A venda de jornais e revistas sofreram uma bruta queda nas vendagens.

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