terça-feira, abril 05, 2005

A Bela Florbela Espanca

Olá! Meus Caros Amigos, estive ausente desta Quitanda, simplesmente, por não conseguir, mesmo que eu tenha feito insistentes e vãs tentativas de se postar algo interessante para ser repartido com os possiveis leitores da Quitanda. Acho que vai ser a última tentativa de se tentar postar e preservar este espaço. Criei, como uma forma de dizer, de conversar, exibir nas prateleiras o que tenho feito. São escritos e gerados no envolvimento do cotidiano, das leituras que eu faço e refaço. Se tudo der certo, tentarei colocar o que foi postado anteriormente e mesmo assim, vi frustrado na condição de blogueiro. Não logrei êxito. Para abrir uma das frestas emperradas desta Quitanda, depois de alguma escolha, resolvi mostrar uma poesia de uma escritora alentejana, poetisa nascida em Vila Viçosa, de nome Florbela D`Alma da Conceição Lobo Espanca - Bela, como era chamada pelos íntimos. O dia 8 de Dezembro, é muito marcante na trajetória desta mulher, que soube traduzir de forma sensível o universo feminino lusitano. A referência marcante destas datas: O dia 8 de dezembro de 1894, dia do nascimento, o dia 08 de dezembro de 1913, casa-se no civil com Alberto Moutinho e no dia 8 de dezembro de 1930, aos 36 anos, deu fim à vida, cometendo o suícidio ao ingerir dois frascos de Veronal, remédio que utilizava para dormir, encontrados posteriormente , embaixo de sua cama. Futuramente publicarei mais escritos desta grande poetisa. No momento, vou escolher este: Ser Poeta, publicado em 1930, no livro Charneca em flor
Achei muito interessante a biografia desta mulher portuguesa, onde se desvenda o registro do surgimento de sua neurastenia. Dos casamentos, de sua vida familiar. Foi uma trajetória bem rica no seu fazer poético. Futuramente postarei mais coisas sobre ela, a Bela Florbela Espanca. É um convite permanente à leitura. Uma fatia do sonho que faz parte da Quitanda.
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens ! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino Animal de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome , é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insastifeita!

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