Outro dia conversava aqui na Quitanda, sobre a minha fase de morador da Tijuca. Citei que morava próximo de um artista, muito brilhante, compositor, jornalista. Seu nome: Torquato Pereira Araújo Neto – Torquato Neto - nascido em Teresina, no Piauí, em 09/11/1944.Morava no quarteirão anterior ao meu. Eu morava em frente ao América Futebol Clube e ele em uma vila da rua Campos Salles.Tenho impressão que era com os pais. No inicio da década de 70, cometeu o suicídio , se não estou enganado, no prédio da esquina de Mariz e Barros com a rua Ibiturana. Um dia após o seu aniversário, em 10/11/1972. Fiquei sem compreender bem, aquele gesto. Lembro que houve uma grande festa nesta vila, com a presença de diversos artistas, entre eles:.Marieta Severo, vi de longe. Realmente uma bonita mulher. Ela fazia o papel de “Rato”, na novela “Sheik de Agadir”, de Gloria Magadan, exilada autora cubana e de grande popularidade e que foi abalada com a entrada de Janete Clair(1925/1983). Glória, ainda chegou a supervisionar a nossa "Maga das 8". Há dois livros interessantes para serem lidos que tratam da trajetória de Janete Clair. O primeiro de Artur Xexéo, editado pela Relume Dumará(editor Alberto Dumará) na coleção perfis. o segundo, é de autoria de Mauro Ferreira, Nossa Senhora das Oitos, pela Mauad( editora Isabel Mauad). Glória, depois sai da Globo e vai para a Tupi, fracassa e vai escrever em outra freguesia, ou seja em Miami. A novela foi feita sob a direção de Régis Cardoso (1935/2005), na Rede Globo, no ano de 1966. Como declarei, conhecia de vista, não tenho certeza, se já era casado e se tinha filhos nesta ocasião. Nesta época, já cursava o curso de ciências sociais.
Li que ele colaborou como jornalista no suplemento O Sol, do Jornal dos Sports – que se caracterizava pela cor rosa de sua folha de rosto.Um dos poucos jornais que o noticiário esportivo dominava. Nos fins de semana, havia um suplemento, trazendo os resultados dos vestibulares e outros assuntos ligados a educação. A censura, acabou muito rápido , com esta experiência de um grupo de jornalistas. Caetano menciona o “o sol nas bancas de revista me enche de alegria e preguiça...Quem lê tanta noticia”, composta, em Alegria, Alegria. Ou será que é equivoco de minha interpretação? Torquato também tem composição em parceria com Caetano Veloso, Gilberto Gil e manteve uma coluna no jornal Ultima Hora, de Samuel Wainer (1912/1980). Wally Salomão ( 1944/2003 poeta premiado, amigo de Torquato, participou com ele do movimento tropicalista, lançou um livro bastante raro, que se chama: Os últimos dias de Paupéria . Conheci Wally Salomão na editora da filha da proprietária da Forense, herdou de seu pai, a senhora Regina Bilac Pinto Zingoni,. A filha era quem cuidava da Forense Universitária.Conversamos sobre livros e distribuição. Nesta época eu tinha a Distribuidora Editora Obra Aberta. Wally, uma pessoa que era sensível aos problemas do mercado editorial, um bom papo. Mostro agora para vocês a letra abaixo: Passo agora um pouco deste grande e sensível poeta. Para muitos, O Anjo Torto
Geléia Geral – (Gilberto Gil e Torquato Neto)
Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira que o Jornal do Brasil anuncia
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi
A alegria é a prova dos nove e a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o sol é mais limpo e Mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem, Pindorama, país do futuro
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi
É a mesma dança na sala, no Canecão, na TV
E quem não dança não fala, assiste a tudo e se cala
Não vê no meio da sala as relíquias do Brasil:
Doce mulata malvada, um LP de Sinatra, maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano, superpoder de paisano, formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela, carne-seca na janela, alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade, hospitaleira amizade, brutalidade jardim
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi
Plurialva, contente e brejeira miss linda Brasil diz "bom dia"
E outra moça também, Carolina, da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos e a saúde que o olhar irradia
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi
Um poeta desfolha a bandeira e eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto tropicália, bananas ao vento
Ê, bumba-yê-yê-boi ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê é a mesma dança, meu boi
Deixo mais esta letra, que faz parte do panorama da música popular brasileira.
Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
Nem bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem, eu só sei dizer
Vem, nem que seja só
Pra dizer adeus.
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