quinta-feira, maio 19, 2005
Abelha-Mestra de nome Violeta Parra
Violeta Parra - 1917/1967
Na Quitanda, há múltiplos espaços, para um bom papo.Melhor ainda,para se ouvir boa música.Até um palco para quem desejar mostrar que canta e encanta.Uma troca de idéias entre músicos emnpregados e dempregados, de compositores.Neste espaço da Quitanda, transita de maneira democrática, desde quem usa, Cartola oferecendo Rosas para Nelson Cavaquinho. A sogra do Dicró. Da Amália Rodrigues,Zeca Afonso, Pedro Abrunhosa. Lúcio Dalla conversando com Chico Buarque e Silvio Rodrigues na porta onde há um quadro da "Floridita", bar freqüentado pelo autor de "O Velho e o Mar".Mariza e Dulce Pontes tocando fado em companhia de Madredeus,Linda de Souza, Mafalda Veiga e Laura Pausini, convidando Martinho para falar em sua lusofonia.Teresa Teng, Misia cantando no karaokê.Há corredores que conduzem para as calçadas da Vila de Noel.Seja na Lapa de Kid Morengueira ou Tapajós,nas Andanças da flamenguista Sandra de Sá.Sentadas no fim do corredor, estavam K.D.Lang, Tracy Chapman, Tony Braxton, Marina e Angela RôRô.Meu Caro Leitor, "você precisa tomar sorvete/Na lanchonete,Andar com a gente. Me ver de perto, Ouvir aquela canção do Roberto".Aqui neste corredor musical,há música, por todos os lados.De alguma forma,estas músicas são transformadas em trilhas sonoras. Aqui, você encontra de um lado, uma roda de samba, do outro, um batuque na cozinha,um chorinho no bar da esquina carioca,uma orquestra no salão, um rock no porão, um pagode de mesa, até a jovem guarda estaciona o calhambeque. Aqui, você sente saudades da Amélia, ouve a Mosca na sopa do Raul, da festa tupiniquim, pode mesmo chamar o sindico.Aqui, o Tremendão não vai mandar a Wanderléia parar o casamento e ir para uma festa de arromba com a Rita e Roberto.Aqui, vai rolar a festa.Aqui, Clara. convidará a botafoguense Beth para cantar "eu nunca vi coisa mais bela quando ela pisa a passarela e vai entrando na avenida". Vai ouvir a Banda tocar e olhar para Carolina na janela.Aqui, se perdoa a pressa, não tem de quê, pode pegar o seu lugar no futuro.Cyva conversa com o Rui, falando sobre os quartetos.Aqui, se dança conforme a música,Toquinho cantando o poeta para visitar a Mãe Menininha do Gantois.Aquele meu amigo oculto, mas muito culto, cantava no banheiro:"Foi em Diamantina/Onde nasceu JK/Que a princesa Leopoldina/Ah! Resolveu se casar/Mas Chica da Silva/Tinha outros pretendentes/ E obrigou a princesa/ A se casar com Tiradentes/Lá lá láiá la iá/ O bode que deu, vou te contar..."
Aqui, o coro come em sintonia fina. Convivemos com a música, de maneira democrática, ao som das várias linguagens musicais.Aqui, na Quitanda, é música sem preconceito.É um encontro de ouvintes com a música,com o artista, faz parte deste show, de forma democrática. Mesmo que a quantidade da clientela cativa desta Quitanda, seja apenas de duas pessoas.Um deles, com certeza, sou eu . O outro, prefere se resguardar no anonimanto. Ele aproveitou e escolheu uma música que marcou sua vida.De algum jeito ou mesmo sem jeito. Ouvir também é conhecer e aprender a respeitar o gosto de cada um. Qualquer gênero musical é bem recebido.
Há um cartaz feito por um amigo, que colocou um trecho da canção de Carlinhos Lyra e Vinicius de Moraes.
"E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade..."
Este meu leitor oculto, em um bilhetinho, deixado em cima do balcão, tinha o recado. Quitandeiro, lembra desta letra e de sua compositora?
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
me ha dado el oido que en todo su ancho
graba notche y dia grillos y canarios
marillos, turbinas, labridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.
Meu caro amigo, lembro de quem cantava,foi muito marcante sua apresentação, ainda mais, a sua voz.É uma cantora argentina, de nome Mercedes Sosa.Através de Mercedes, comecei a ficar entusiasmado com a biografia de Violeta. A compositora e intérprete,pertenceu a Nova Canção Chilena. Foi também artista em outras artes, como pintura, escultura e tecelagem.Era amiga de Pablo Neruda, apoiava a esquerda chilena, inclusive em campanha para Salvador Allende. antes de ser eleito presidente do Chile.
Violeta, nasceu em 4 de outubro de 1917, na província de Ñuble. Formada pela Escola Normal de Santiago. Uma mulher, atuante, interpretando sua música desde menina em bares, bairros populares. No seu primeiro casamento, teve dois filhos: Isabel e Angel.Seu irmão Nicanor Parra, incentivará, a percorrer às áreas rurais, recolhendo a poesia e o canto popular. Passa a demonstrar em suas atuações a riqueza deste contato com a cultura popular. Torna-se realmente, uma intérprete dos cantos folclóricos e redesenha a imagem da América Latina para outros povos. Viaja, divulga o trabalho fascinante provindo das camadas populares, assim, como suas composições. Retorna a Santiago com intensa atividade, organizando recitais, cursos de folclore.Faz exposiçao de sua tapeçaria.Estas tapeçarias, são conhecidas como "arpilleras", uma arte popular decorativa.Obras que assumem uma dimensão bem maior, ultrapassando as fronteiras chilenas.Chegou a ser premiada como a folclorista do ano, isto, em 1954. Uma mulher incansável.Mas que não deixou de declarar que "Para mim, a pintura exprime o lado triste e sombrio da vida. A tapeçaria exprime o lado feliz", disse em um momento de sua vida.
Uma mulher singular, combativa, considerada por alguém como "abelha-mestra".Violeta, faz parte do cancioneiro popular de seu país.A poesia e a música, combinação perfeita desta compositora.Dirigiu e fundou o Museu de Arte Popular.De muitos amores,mas
por vivenciar situações emocionais diversas, acabou entrando em um estado de melancolia, solidão,logo após compor a música que eu trasncrevo para vocês, que me sensibilizou muito, ela acabou suicidando-se, no dia 05 de fevereiro de 1967. Hoje, existe um espaço criado por seus herdeiros para resgatar e preservar a obra desta que se poderia dizer, uma artista universal. La Fundación Violeta Parra
Violeta Parra, nos anos 60, ficou adoentada e conhece o músico e estudioso do folclore sul-americano, o suiço Gilbert Favré.Quando suicidou-se, estava com 50 anos, anos mais tarde, seu irmão Nicanor Parra, edita o seu livro Decimas
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