quarta-feira, maio 04, 2005

Escritos no Varal

Monet Posted by Hello


Recolhendo o que foi deixado pregado no varal do quintal da Quitanda.Esta área, está tombada, é uma parte do patrimônio deste espaço, destinado aos papéis avulsos,rascunhos,rabiscos, cartazetes, depois de expostos, são guardados em um baú.Sempre encontro coisas interessantes...alguns dos escritos estavam grafados em latim.Lembrei de um personagem criado por Leandro Konder, chamada Bartoloméia,havia também o personagem Alberto, o velho sapateiro anarquista. Escreveu para o jornal, não lembro bem, se o JB ou no O Globo. Conheci o "companheiro" Leandro Konder, na livraria Francisco Alves, na rua Farme de Amoedo em Ipanema, trabalhei ali, por um período de dois anos. Leandro é pessoa muito gentil e simpática.Não é uma pessoa arrogante. Uma doce figura, assim, como a sua mãe, que também freqüentava a livraria, comprava livros para os netos.Leandro Konder um homem culto, filósofo conceituado - pensador marxista - tradutor - foi quem introduziu Lukács no Brasil- escritor de diversas obras.Falar sobre este grande intelectual mesmo como de passagem para esta apresentação, é importante ressaltar aqui,um outro parceiro de Leandro, o intelectual, também professor e autor Carlos Nelson Coutinho com imensa bagagem intelectual e militância. Encontrei Leandro mais tarde, quando fui para as Edições Graal, que era de propriedade do deputado cassado Max da Costa Santos, depois de sua morte, assume o seu filho, mas não fica por muito tempo, estava mais interessado em asa delta - porém, antes de vender para o empresário Fernando Gasparian, proprietário do jornal Opinião, da editora Paz e Terra e de fazendas, casado com a irmã de Dilson Funaro, a senhora Dalva Gasparian. Neste intervalo, aparecem duas pessoas que estiveram na editora, ficaram um período por lá, um foi o lendário livreiro Aluizio Leite o outro, o autor Gustavo Barbosa, editado inicialmente pela Codecri(editora do jornal O Pasquim), o famoso Dicionario de Comnunicação em co-autoria com Carlos Alberto Rabaça e mais tarde Grafitos no Banheiro, pela Brasiliense.
Agora exponho para vocês, um pouco das coisas que o povo diz ou canta, Como aqui, é uma Quitanda, há de tudo, mistura-se alhos e bugalhos...lembra a Casa da Mãe Joana
*"Alea jacta est" - A sorte está lançada
*"Ave Maria!" - Salve, Maria!
*"Veni, vidi, vici" - Vim, vi, venci
*"Dulcia non mernit, qui non gustavit amara" - Não merece o doce quem não experimenta o amargo
*"Dum tacent, clamant" - O seu silêncio fala alto
*"In vino, véritas" - No vinho a verdade
*"Vox populi, vox Dei" - Voz do povo, voz de Deus
*"Dum spiro, spero" - Enquanto respiro, espero
*Dura lex, sed lex" - A lei(é)dura, mas (é)lei
*"Ne sutor ultra crepidam" - Que o sapateiro não passe além do sapato
*"A posteriori" - De trás para diante
*"A priori" - De frente para trás
*"Quid pro quo" - Uma coisa pela outra - confusão
*"Quo vadis?" - Aonde vais?
*"Persona non grata" - Pessoa não grata
*"Loco citato" - No mesmo lugar - No mesmo livro
*"In albis" - Em branco
*"A.D" - abreviatura de Anno Domini
*"Lupo agnum eripere" - Tirar da boca do lobo
*"Ipsis litteris" - Com as mesmas letras. - nos mesmos termos
Observação, foram consultados, os seguintes livros;Não perca o seu Latim, Paulo Rónai, Editora Nova Fronteira, RJ, 1980 - a segunda, uma raridade "Phrases e Curiosidades Latinas", de Arthur Vieira de Rezende e Silva,editado por Baptista de Souza, 1918
Na outra ponta do varal encontrei:
"Quem acha vive se perdendo" - Noel Rosa
"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é/ é ruim da cabeça ou doente do pé" - Dorival Caymmi
"Tire o seu sorriso do caminho/ que eu quero passar com a minha dor" - Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho
"Queixo-me às rosas/mas que bobagem,as rosas não falam/ simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti" - Cartola
"Agora vou mudar a minha conduta/ eu vou à luta/ pois eu quero me aprumar/ vou tratar você com força dupla/ pra poder me reabilitar/pois esta vida não é sopa/ e eu pergunto: com que roupa/ com que roupa eu vou/ao samba que você me convidou" - Noel Rosa
"Hoje eu quero a paz de criança dormindo/quero abandono de flores se abrindo/ para enfeitar a noite do meu bem/ quero a alegria de um barco voltando/quero ternura de mãos se encontrando/ para enfeitar a noite do meu bem" - Dolores Duran
"O Rio de Janeiro continua lindo/ O Rio de Janeiro continua sendo/ O Rio de Janeiro, fevereiro e março" - Gilberto Gil
"Podem me prender/Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer,
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio, não!" - Zé Kétti
"Tá legal
Eu aceito o argumento/Mas não me altere o samba tanto assim/
Olha que a rapaziada/Está sentindo a falta/ De um cavaco/
De um pandeiro ou de um tamborim" - Paulinho da Viola
"Tem certos dias/ Em que eu penso em minha gente/
E sinto assim/ Todo o meu peito se apertar/
Porque parece/ Que acontece de repente/
Feito um desejo de eu viver/ Sem me notar" - Garoto - Vinicius de Morais e Chico Buarque
"Um homem também chora, menina morena
Também deseja colo, palavras amenas
Precisa de carinho, precisa de ternura
Precisa de um abraço da própria candura" - Gonzaguinha

"Viver a poesia é muito mais importante e difícil do que escrevê-la" - Murilo Mendes
"A poesia se afastou dos livros, agora está nos jornais" - Carlos Drummond de Andrade
"Um país se faz com homens e livros" - Monteiro Lobato
"Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê" - Cartaz pregado na parede lateral da Livraria Civilização Brasileira, na rua Sete de Setembro, no centro do Rio de Janeiro.

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