quarta-feira, maio 25, 2005

Conversas sobre Livros, Editoras e Livrarias


Djanira da Mota e Silva - Djanira (Teresa do Amor Divino) Pintora/Ilustradora - 1914/1979 Posted by Hello

Passear pelos corredores, estandes, gôndolas, prateleiras da Quitanda, para mim, em algum momento, é ir de encontro às lembranças, reminiscências de um tempo, às vezes, não muito distante.É uma mexida no baú, tatear papéis antigos, mas não esquecidos.Este quitandeiro, há muito afastado do livro, coloca sempre à tona, juntando pedaços e laços desfeitos em sua trajetória no mercado livreiro.É de alguma forma o desenho de um mosaico, que vou projetando na medida em que, vou lembrando de situações, seja por leitura, ou encontros com pessoas ligados a este mundo literário.É uma aproximação dos bastidores, é um falar e um ouvir...de histórias pessoais, cada um dando seu depoimento, contando sua história.Situado no momento, a margem, das discussões do livro, não implica que eu não me posicione, reflita...Acho bom, que eu mantenha por um momento, um distanciamento para que com as ferramentas disponíveis possa de algum modo, deixar registrado, impressões que através de lentes que ajudam de alguma forma a construir a minha história do mercado editorial.
Lidei muito próximo de alguns editores, outros à distância, mantinha contato telefônico.Fui também divulgador editorial para muitas editoras de perfil universitário.Conheci mestres em vários departamentos das universidades que visitava para mostrar e ofertar os livros, que estavam em divulgação.No Rio de Janeiro e Niterói.Era a ligação, a ponte, entre o editor e a universidade.Foi um trabalho muito prazeroso, conheci e revi amigos, colegas do curso de ciências sociais que continuavam na universidade.
Guardo em um baú que pode não ser o da felicidade, mas serve, quando acho algo interessante, como os papéis velhos amarelados, como o artigo que encontrei, publicado no Observatório da Imprensa, de autoria do escritor Esdras do Nascimento. O texto, faz parte de uma coluna de nome Observatório Literário, publicado em maio de 1999.Achei muito interessante, pois, demonstra, através de uma pesquisa empreendida pela reportagem da Folha de São Paulo, para um texto enviado pelo correio, a seis editoras. Trata-se de uma novela de Machado de Assis, intitulada Casa Velha. Procederam para enviar o texto, da seguinte forma: "Constavam um nome desconhecido, os originais impressos em computador, estavam encardenados com espirais, o endereço do autor era um hotmail do correio eletrônico, criado especificamente para isso.Seis meses depois, a Companhia das Letrasm, a Objetiva e a Rocco responderam dizendo que não tinham interesse no livro. A Record, a L&PM e a Ediouro não responderam nem acusaram recebimento. Nenhuma delas reconheceu que se tratava de um texto de Machado de Assis".
Isa Pessoa, da Objetiva, responsável pela edição de textos e descreveu o processo de seleção, de leituras e a equipe responsável pela avaliação.Vivian Wyler, gerente editorial da Rocco, também se pronunciou. Editoras é um bom espaço para o jornalista trabalhar em seu conselho editorial, gerente.As duas citadas acima, são jornalistas, se lembrar de Maria Amélia Mello, da José Olympio, também uma mulher de formação no jornalismo.Conheci no tempo em que eu era livreiro, em Ipanema.Tem a Luciana Villas Boas, da Record, pela Planeta, agora, pelo que eu li, na Ediouro, o jornalista Paulo Roberto Pires.
Voltando para e continuando a citar a matéria, somos informados; a Folha aponta, que "Casa Velha foi publicado pela primeira vez entre 1885 e 1886, dividido em 25 episódios, na revista para senhoras A Estação. A referência imediata da obra, vem da citação da especialista em Machado de Assis, Lúcia Miguel Pereira, foi a responsável pela primeira vez em livro, a edição de Casa Velha, no ano de 1944". Há referências da edição das obras completas de Machado de Assis, por uma editora do grupo da Nova Fronteira, a existência deste volume nesta coleção.A editora era a Nova Aguillar, em boa edição, papel de primeira, encadernados, com preço um pouco acima da média.Há arrolado na coleção da editora mineira Itatiaia, com o selo da Livraria Garnier, em sua Coleção de Autores Célebres da Literatura Nacional.A livraria Garnier é uma grande referência na obra de Machado de Assis, basta consultar o último capítulo de Páginas Recolhidas, na coleção citada.
O que eu gostaria apenas de lembrar, que este livro faz parte do catálago da Editora Paz e Terra, publicado na coleção Literatura e Teoria Literária, editado em 1986 e que não se encontrava esgotado.
Fico preocupado com enorme número de livros lançados na última Bienal realizada no Rio de Janeiro, ouvi da parte de um jornalista, o insignificante número de 1000 títulos. Completamente fora da realidade, lançam para ficar encalhados, acontece, apenas espuma. Aqui no Rio de Janeiro, posso assegurar mesmo distante, a praça não comporta o número exorbitante de lançamentos ou relançamentos, mesmo como algumas editoras fazem, que é colocar livros em meios não tradicionais de comercialização.Uma via alternativa de vendas, deixo claro, que não sou contra. Livro tem de estar perto de um possivel leitor.
Se você pensar que um bairro como Copacabana, praticamente, não existe livraria, aliás, existe, mas isso, é outro papo, trata-se de uma rede. que é a Siciliano. uma livraria que muitos editores e autores, sonham com ela, mas ela não sonha com eles...Existem alguns sebos,assim, como são conhecidas as livrarias, que geralmente comercializam livros usados.Convém, não esquecer, que o preço do livro novo, ainda é bem alto, usam um fator multiplicador, que é assustador.Não esqueci de uma livraria situada na esquina da rua Francisco Sá e uma outra na rua Constante Ramos.
Observação:Esdras do Nascimento - um escritor de vários títulos,participa de uma oficina literária, como indica Sonia Coutinho entre eles: "Solidão em Familia","Tiro na Memória","Engenharia do Casamento", "Paixão bem temperada", "Lição da Noite", indicado como o melhor romance brasileiro de 1998, eleito pela Associação Paulista de Criticos de Arte.
Para dar uma lida em Sidarta,o blog da escritora Sonia Coutinho, é dar uma olhadela no nome que está linkado.Vale a pena uma visita.
Ela informa, que o Jorge Viveiros de Castro(jornalista), da 7 Letras, reeditou um livro, há muito esgotado, Os Venenos de Lucrécia, em segunda edição.

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