terça-feira, maio 03, 2005

Sérgio Porto - O Genial Stanislaw Ponte Preta

Stanislaw Ponte Preta Posted by Hello


Final dos anos 60, em setembro de 1968, morria um dos nossos maiores cronistas, de infarto.Como ainda faz falta com seu aguçado senso de humor. Seu nome, Sérgio Marcos Rangel Porto, conhecido nacionalmente, como Stanislaw Ponte Preta. Sérgio Porto,era carioca de Copacabana, nasceu em 11 de janeiro de 1923. Exerceu várias atividades:jornalista, humorista, homem de televisão, teatrólogo e compositor. Era um dos seus fãs, comprava seus livros e lia sua coluna, no segundo caderno, na última página do jornal Ultima Hora(1951/1991), de Samuel Wainer(1912/1980)(Samuel foi casado com a irmã de Nara Leão, a escritora Danusa Leão, teve três filhos, Samuel Wainer Filho - Samuca(jornalista morto no ano de 1984 em acidente aéreo,foi também um dos idealizadores da FM Fluminense = A Maldita, com Luiz Antonio Melo, Monika Venerabile e outros locutores;Deborah Leão Wainer - Pink(artista plástica)quando eu estava na Editora Paz e Terra, andou fazendo capas para alguns livros)e Bruno.O jornal fechou afundado em crise.Lembro do título escrito em azul e que comprava para acompanhar as consideradas Certinhas do Lalau.Eleitas sob o rigoroso voto democrático e um olhar aguçado de Stanislaw.Lembro, quando garoto, atravessava cancela - a linha do trem - morava no bairro de São Cristóvão e fazia este trajeto para ir ao Instituto de Educação,colégio onde estudei, situado na rua Mariz e Barros, no Engenho Velho, antiga denominação de uma parte da Tijuca, próximo à Praça da Bandeira.Passava de segunda à sexta, com minha mãe e irmã, andando pela rua Sotero dos Reis. Ali, ficava o prédio da Última Hora,ficava do lado direito de quem se deslocava para Praça da Bandeira vítima dos atentados em sua sede, feitos durante a sua existência.No inicio dos anos 60 mudamos para em frente ao América Futebol Clube, na rua Campos Sales. Hoje,aquela velha rua, conhecida de minha infância, transformou-se mais tarde ou parte desta área, abriga o baixo meretrício, conhecido como Mangue.
Se pensarmos nesta década os modelos de mulheres e olharmos para hoje, com as turbinadas, siliconadas, faz uma diferença.Naqueles anos, a eleição feita por Stanislaw em sua coluna, despontava algumas destas mulheres:Íris Bruzzi, Miriam Pérsia, Maria Pompeu, Virginia Lane, Carmem Verônica, Ilka Soares, Diana Morell, Anilza Leoni, Rose Rondelli,Brigitte Blair, Mara Rúbia, Sonia Mamede, Angelita Martinez, Norma Benguel, Zelia Hoffmman e muitas outras, consideradas como as mais belas de nosso país.
Há um livro que recomendo para quem tiver interesse na biografia deste grande escritor, trata-se de Dupla Exposição: Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta, de Renato Sérgio, editado pela Ediouro.A maioria das obras de Sérgio Porto, foram editados naquele período pela editora do Autor, depois pela Sabiá, um livro pela José Olympio, mais tarde pela editora Civilização Brasileira.
Há algumas frases que recolhi, algumas delas circulam pela internet, omitindo a autoria. Estas frases estão no mural da Quitanda.Como Stanislaw Ponte Preta, era simplesmente genial.

*Antes só do que muito acompanhado.
*Carro é como mulher: só é bom pra quem tem dois.
*Parecia uma onça com sinusite.
*Estava mais duro do que nádega de estátua.
*Conversa de bêbado não tem dono.
*Está dando mais do que cará no brejo.
*Mais feio que mudança de pobre.
*No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixam de acontecer.
*Mais remendado do que paletó de mendigo.
*Quem não tem quiabo não oferece caruru.
*O terceiro sexo já está quase em segundo.
*Pra quem gosta de jiló, coruja é colibri.
*Pode-se dizer a maior besteira, mas se for dita em latim muitos concordarão.
*Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos.
*Homem que desmunheca e mulher que pisa duro não enganam nem no escuro.
*Macrobiótica é um regime alimentar para quem tem 77 anos e quer chegar aos 78.
*Se mosquito fosse malandro mordia antes e zunia depois.
*Quem dá aos pobres e empresta, adeus!
*Mais por fora do que umbigo de vedete.
*Em rio de piranha jacaré nada de costas.
*Era uma empregada tão perfeita que a patroa concordou em cozinhar para ela.
*Mais vale um filé no prato do que um boi no açougue.
*O cachorro abana o rabo quando quer agradar, a mulher, quando quer agrado.
Vou transcrever um trecho incluído em FEBEAPÁ 2, editado pela Sabiá, 1967, página 66.
PADRE NOSSO QUE ESTAIS NA DOPS
Em São Paulo, mais de 40 padres, das mais variadas ordens religiosas, ousaram fazer manifestações de protesto em frente à DOPS, principalmente por causa da maneira boçal com que os agentes da Delegacia de Ordem Politica e Social agiram para efetuar a prisão injusta de alguns beneditinos. Sobre o ocorrido, comentava um matutino do Rio, onde há um redator que faz a cobertura de sutilidades: "O Governador Abreu Sodré declarou que os padres em São Paulo não foram presos, mas conduzidos de automóvel para prestar declarações. O Senhor Gama e Silva, indiferente a eufemismos, deu logo ordem ao Departamento Federal de Segurança Pública, que soltasse os presos"
Deixo com vocês a letra desta música, interpretada pelo Quarteto em Cy, curto muito este quarteto, assim, como MPB4

Quarteto em CY



Samba do crioulo doido
Sérgio Porto



Foi em Diamantina / Onde nasceu JK
Que a princesa Leopoldina / Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva / Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa / A se casar com Tiradentes
Lá iá lá iá lá ia / O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá / O bode que deu vou te contar
Joaquim José / Que também é
Da Silva Xavier / Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas / Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta / O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro / E acabou com a falseta
Da união deles dois / Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão/ E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história/ Que é dos dois a maior glória
Da.Leopoldina virou trem / E D.Pedro é uma estação também
O, ô , ô, ô, ô, ô / O trem tá atrasado ou já passou
O, ô , ô, ô, ô, ô / O trem tá atrasado ou já passou

Nenhum comentário: