segunda-feira, maio 02, 2005

Carcará Pega, Mata e Come

Hoje acordei cantarolando Carcará Pega, Mata e Come/ Carcará, num vai morrer de fome/ Carcará, mais coragem do que homem/ Carcará Pega, Mata e Come...Interpretação imortalizada na voz de Maria Bethânia.Ao mesmo tempo em que cantarolava,naquele momento, lembrei de três artistas de imediato: Nara Leão, nascida em Vitória, no Espírito Santo(19/01/1942 – 07/06/1989), o compositor maranhense João do Vale( João Batista do Vale, nascido em Pedreira, no dia 11 de outubro de 1934 e falece em 06 de dezembro de 1996), Zé Kéti(José Flores de Jesus, nasceu no Rio de Janeiro, 06/10/1921 – 14/11/1999), compositor de Máscara Negra, Diz Que Fui Por Aí, A Voz do Morro, Opinião– Nara, também grava várias músicas de Zé Kéti. Nara Leão, minha musa, como tive oportunidade de declarar, também , gravou Carcará. Naquela época, ainda se produzia disco em vinil. os famosos Lps, o ano de 1965.O lado A do Show Opinião, dentre as várias músicas, estava Carcará e do lado B, o trecho da Marcha da Quarta-feira de Cinzas(Carlos Lyra e Vinicius de Morais). Disco básico na discografia brasileira, um lançamento da gravadora Phillips.Nara, mesmo tendo sido a estrela do show, mas por motivo de doença, se afasta e Bethânia, é convidada.O show era no Teatro Opinião.A direção foi de Augusto Boal.Ali aparecia a voz do morro, do sertão e da classe média da zona sul. O Teatro ficava localizado em um shopping center da Rua Siqueira Campos, 143 no bairro de Copacabana. Uma fase que ficou para a história, de grande efervescência cultural e de resistência. Movimentos de protestos, surgimento de novos valores, a convivência com a ditadura militar que assume o país após, o golpe de 1964. No cenário a presença de movimentos populares, da UNE, CPC, Bossa Nova, Jovem Guarda, Ligas Camponesas, Centrais Sindicais e naturalmente os grupos de direita.


Carcará
(João do Vale e José Cândido)
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que homem
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Mas quando chega o tempo da invernada
No sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa no bico inté matá
Carcará
Pega, mata e come!

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