terça-feira, maio 31, 2005

Na Lingua do Povo: Algumas Frases sobre as Mulheres


George Grosz - 1893/1959 - Escritor, Denhista e Pintor - Expressionista Alemão(Neue Sachlichkeit) Posted by Hello

Uma dos primeiros movimentos que faço antes de entrar na Quitanda, é passar os olhos pelos blogs interessantes que conheço ou vou descobrindo. É um desvendar constante. O primeiro passo dado, é em direção dos amigos mais próximos. Através da leitura de um deles,o Quintessencia, fiquei inspirado para recolher algumas frases, que são construídas por diversos grupos sociais, a imagem da mulher na sociedade. Esta forma de criação produzida em grande parte pelo sexo masculino, não se distancia dos preconceitos, estigmas, estereótipos que as produzem.São faladas e saboreadas ao longo dos tempos.
Afirmam de algum modo, o entendimento e a compreensão da figura feminina no universo masculino. São caracteristas sóciolingüisticas que engedram esta comunicação de cunho oral ou não. Pode até ser feita e como é, para tornar visível, mesmo que por um viés machista, preconceituoso e com pinceladas de moralismo; como as que são demonstrados em para-choques de caminhões que circulam pelo espaço rodoviário de nossas cidades.Estas frases e piadas, pululam na net. Mantém e reproduzem de modo permanente, o que é dito sobre as mulheres. Um livro interessante, que recomendo: A Mulher na Língua do Povo, é a tese de mestrado de Eliane Vasconcellos Leitão, inicialmente, publicada pela Edições Achiamé (hoje desativada), em uma série chamada "Universidade", dirigida pelo antropólogo Luiz Felipe Baêta Neves.Trabalhei com o editor da Achiamé, Robson Achiamé Fernandes. A segunda edição, foi publicada pela editora mineira Itatiaia. Esta editora tem um bom catálogo, mas é relapsa no atendimento e na comercialização de suas obras.
Vou apenas citar algumas destas frases. Na próxima oportunidade, mostrarei, a imagem contruída para os homens.

"Alguns homens amam tanto suas mulheres, que para não gastá-las, preferem usar a dos outros."
"Mulher feia é como pantufa.Dentro de casa até que vai, mas na rua dá uma vergonha."
"Mulheres são como moedas: são caras ou são coroas."
"Mulher bonita e dinheiro na mão de bêbado só servem para fazer alegria de malandro."
"Melancia grande e mulher bonita, ninguém come sozinho."
"Mulher lagosta: só come quem tem dinheiro."
"Mulher pão: tem sempre o mesmo gosto, mas você come todo dia."
"Três coisas que o homem não consegue segurar: água morro abaixo, fogo morro acima e mulher que quer dar."
"Em mulher e cavalo novo não se mete a espora."
"Nem toda mulher é vaca, mas toda mulher é vaca."
"Segredo em boca de mulher é manteiga em focinho de cão."
"Mulher MSX: Tem cerca de 20 anos, o boot é rapidinho, mas não faz nem o básico. Só serve para joguinhos."
"Não confie no céu de março, mesmo que ele ria; não confie na mulher, mesmo que ela chore." (provérbio árabe)
"Três coisas são inúteis: rio que não tem água; terra que não tem rei; mulher que não tem marido."
"A Pior mulher é a incoveniente."
"Malandro é o sapo que casa e leva a mulher pra morar no brejo."
"Três manhas tem a mulher: mentir sem cuidar,chorar sem querer, mijar onde quer."
"Mulher e cachaça em toda parte se acha."
"A Única mulher que andou na linha o trem pegou."
"Adoro a sogra de minha mulher."
"Mulher é como remédio: agita-se antes de usar."
"Em casa que mulher manda até o galo canta fino."
"Mulher é como laranja: a gente descasca e chupa."
"Se a mulher foi feita de uma costela, imagine se fosse feita do filé?"
"Mulher é como relógio: deu o primeiro defeito, nunca mais anda direito!"
"Mulher é como abelha: ou dá mel ou ferroada."
"Mulher é como lona de freio: só é boa encostada."
"Mulher e árvore só dão galho."
"Mulher é como retrato, só se revela no escuro."
"Mulher de estrada e freio de mão...só na emergência."
"Precisa-se de doméstica que entenda de caminhão."
"Marido de mulher feia só acorda assustado."

segunda-feira, maio 30, 2005

Uma Turista Paulista na Bienal do Livro


Paul Gauguin - Pintor Frances:1848/1903 Posted by Hello

Achei o momento oportuno, para se comentar, quando da leitura de uma carta de leitora paulista ao Jornal do Brasil, narrando sua experiência para ir para o RIOCENTRO(Zona Oeste), local onde se realiza a Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O lugar é distante, pior ainda, quando se trata de "turista", como é o caso da leitora, que descreve o meio de transporte para se locomover, até ao local do evento, dizendo:"Desinformada, cometi a insanidade de pagar um taxi de ida e volta.Gastei mais com a cooperativa de taxi do que a ponte aérea da Varig.Pior deixei de gastar esse suado dinheirinho ocm a aquisição de bons livros. Como nem tudo na vida é desgraça, na noite em que cheguei à Bienal não havia galã nenhum lendo poesias globais e pude então passear um pouco pelos estandes de algumas editoras para saber dos lançamentos dos meus autores preferidos.O problema é que os balconistas pediam que eu escrevesse o nome do autor num papelzinho, pois desconheciam qualquer nome que não terminasse com "Coelho" ou coisa que o valha.. A situação da missivista, está descrita no caderno B do dia 29 de maio de 2005.
Esta desinformação do balconista(vendedor) de livros, há muito é percebida por pessoas do mercado de livros ou clientes de livraria.O que prevalece é a desinformação como critério para se tornar um vendedor de livros, principalmente em bienais.Estão de passagem. Se o sujeito não tiver nenhum vinculo com a editora por algum tempo, dificilmente, vai identificar de imediato, o autor e título e finalmente a casa publicadora. Nestes eventos, se contrata uma mão-de-obra que dificilmente vai continuar no mercado.Ignoro, se alguém é incorporado aos quadros do expositor.Conheço livreiros que preferencialmente contratam pessoas jovens de boa aparência, seja do sexo feminino ou não.Acho muito bom que haja pessoas interessadas em trabalhar com livros, o importante, é a sua formação. Pode-se usar as modernas tecnologias, mas para se vender livros, precisa acrescentar algo a mais.Formar um livreiro, é necessário mais do que o tempo.Há várias combinações.Não ignoro inciativas da Unesp com a CBL, na formação deste profissional, urge o surgimento de novos valores.
Muitos livreiros preferem que o sujeito realmente mantenha pouca familiaridade com a escrita, alguns livreiros, com verniz mais intelectualizados, preferem contratar o estudante universitário, com pinceladas de conhecimento.Não é de se espantar quando alguém encontre Raízes do Brasil, do historiador Sérgio Buarque de Holanda, na seção de agricultura.Muitos vendedores não se interessam, ignoram ou desconhecem que o contato fisico com o exemplar, é de fundamental importância.Se o profissional do livro não interagir com o catálogo da editora ou as novidades(lançamentos e relançamentos)vai continuar a ignorar o que se pede. Se um "balconista", desconhece a produção editorial, da editora que ele está prestando serviço, imagine, ele em uma livraria. Hoje, há um ótimo recurso, que é a informação através do computador.É importante lembrar que a figura do vendedor, tem de ir além disso.Tem de fotografar o livro em sua memória. Embora, muitos achem que não é importante, a leitura de livros, é uma ferramenta importante para a qualificação e formação do vendedor de livros ou livreiro. Gentileza é outro dado fundamental. Não adianta o livreiro decorar os mais vendidos dos jornais, houve casos, de livreiros e revista de grande circulação, manipularem estas listas dos mais vendidos.Há estratégias de marketing em que o livro rapidinho ganha novas edições. Dou um exemplo, embora, já tive oportunidade de comentar. Se o número de lançamentos for o que eu entendi de um repórter de televisão em anunciar 1000 títulos lançados na bienal. Impossível comercializar em uma praça como a do Rio de Janeiro. Quero lembrar, que determinado autor, por exemplo, um blogueiro que tenha bastante acesso em sua página, isto não será convertido em leitores, caso o autor edite algum livro. O livro tem particularidades surpreeendentes.
Gostei da oportunidade de comentar um pouco do mercado de livros, a leitora que denuncia esta situação, não teve a chance de conhecer livrarias em que o dono ou gerente são incapazes de cumprimentar o cliente, podem lidar com eles diariamente, mas são verdadeiras ostras, se fecham.
A situação que estou envolvido é com a realidade das livrarias do Rio de Janeiro. Efetuar determinadas vendas e em determinads livrarias, é uma relação muito ruim, muitos entendem que a presença de um pracista é um incômodo. Geralmente, são bem recebidos, editoras que estão vendendo muitoooo. As editoras de ponta.

domingo, maio 29, 2005

Colado no Mural


Candido Portinari - Pintor/Poeta/Desenhista -1903/1962 Posted by Hello

Retirado do baú para ser colado no mural:

Passei na contra-mão do meu coração
Para transitar pelos caminhos
dos meus sonhos noturnos
ligados nos faróis de seus olhos.
Ando desesperado por longas
Avenidas paralelas de minhas
emoções dilaceradas nas artérias
congestionadas das ilusões.

Passarelas de um tempo, transversais
dos meus desejos detentos nas pistas
sinalizadas pelas fronteiras do seu corpo
Percorro calçadas desalinhadas.
Acompanho seus movimentos atados
aos meus.

Pego o fósforo para iluminar sombras
silenciosas e cambaleantes das rotas
tortas, perdidas nos meus desencontros.
O vento varre as vielas de cimento armado
que conduzem meu desejo saliente nas capas de revistas
folheadas na esquina escondidas
Os dedos lambuzados colados nas imagens morenas.

Cenas mudas de meu prazer.
Nádegas a declarar!
Beco escuro. Invado o túnel.
Acesso bloqueado.
Asfalto meus delírios.
Nos gritos e sussurros
O sinal está aceso,
Atravessei a rua.

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sexta-feira, maio 27, 2005

Prato do Dia: Quitanda à moda da casa!


Diego Rivera - Pintor Mexicano / Muralista - 1886/1957 Posted by Hello

Depois de olhar o mural da Quitanda, caminhei para um lugar muito especial,que fica na parte lateral esquerda, antes do final dos corredores.Um ambiente agradável de se passar a qualquer hora do dia.Para ficar à vontade,sem regras, com a garantia de não ser filmado, mas sorria!Avistei um carrinho carregado de sonhos, bombas de chocolates, balas, caramelos, sorvetes...bolos, pudins,tortas, bebidas, refrescos e refrigerantes.Balcão de comidinhas deliciosas.De um lado! Para comer sem pressa.Apenas os meus olhos, foram testemunhas das recomendações médicas, que eu poderia apenas olhar e não comer a vontade.A mesa vestida com a grife da Quitanda,indicava gastronomia de qualidade.A dose certa! O cardápio nosso de cada dia, é personalizado ao gosto do cliente.O charmoso ambiente da Quitanda, é descontraído e descolado.A cozinha mistura conhecimento, cultura, informação, ingredientes da construção e elaboração do prato.Aquele prato do dia, que é servido para o cliente saborear,recordar ao degustar uma alimentação através dos tempos.
Ontem é hoje, o amanhã é o depois.O presente é a cortesia da casa.Qualquer prato tem o preço único de R$0,99, sem direito ao centavo de trôco.Um preço justo!
Nem adianta reclamar à gerência, o consumidor tem razão, mas não leva.Carro-chefe, é segredo, nasceu de uma simples idéia de se contar o que se conta.O lugar são lugares, habitações de uma vontade que despertou no passado, ficou adormecida e resurgiu agora, resultado desta Quitanda.
A Quitanda, surgiu em meu pensamento, como expressão de múltiplas interpretações e leituras do cotidiano, com as páginas do passado, escritas nas linhas alinhavadas e inventadas nos balcões da vida. Peguei uma porção de pedaços fatiados pelo tempo.Há uma preferência pelos ingredientes brasileiros, não dispensamos os pratos mais sofisticados,que ficam guardados nas dispensas e reveladas ao sabor do vento.Apresento aqui o passaporte para uma conversa quase que diária. Banquete dos Deuses, transformados em conversas com os meus dois leitores.Não há disputas por mesas, há lugares para mais leitores, os que chegam e passam,são sempre bem-vindos.Gramas de papos pro ar, são colocadas a disposição, como refeição...como um lanche rápido.Uma delicatessen situada nos sonhos de um blogueiro e localizada na Quitanda, espaço aberto e variado de assuntos plurais.

No Mural da Quitanda: Coisas que o Povo Diz...


Beatriz Milhazes - RJ,1960 Pintora/Gravadora/Professora - Geraçao 80 -  Posted by Hello

Olá!
Hoje foi dia de olhar para o Mural e recolher frases, metáforas que fazem parte do cotidiano do povo brasileiro.São coisas que o nosso povo diz.Isto, não quer dizer, que os outros povos, não utilizem deste modo de falar e explicar determinadas realidades sociais.Cabe neste momento, alertar aos meus dois leitores, o que foi arrolado, é apenas, para efeito de demonstração, ou melhor, de exposição, do que é colocado aqui, no Mural da Quitanda.
São construidas frases, provérbios,chistes,piadas, aforismos,máximas e ditos populares; que são retiradas do universo popular,da tradição oral dos povos e de familias...como uma linguagem fácil e de fácil comunicação. São possuidoras de uma oralidade muitas vezes, revestidadas por metáforas ou entendidas como percepções de si e dos outros.Algumas falas são reflexos dos países, elas são atuantes,sua difusão é propagada no cotidiano.Está presente em todas as manifestações artisticas, seja em livros, fábulas, piadas, filmes publicitários, músicas, transitam em todos os segmentos sociais.
Há várias maneiras,que são utilizadas e compartilhadas com a pluralidade de dizeres, expressões que são compreendidas como saberes populares.Sua elaboração são produzidas por traços e caracteristicas essenciais, por exemplo: brevidade, agudeza e sensibilidade.Todas pertencentes ao universo da linguagem simbólica.Todas provindas no bojo das observações das múltiplas realidades sociais.Não pretendo dar uma feição mais exploratória ao que está no Mural, não assumo portanto, a pretensão de qualquer estudo ou qualquer vínculo com disciplinas do conhecimento,fujo deste caráter acadêmico.Sei da existências de estudiosos, folcloristas, antropólogos, historiadores, psicanalistas, pesquisadores e de bibliografias consultadas.O que se segue, trata-se de um material deixado pela clientela da Quitanda.O material é extenso, muito rico, verdadeiras pérolas.Utilizei o critéiro em que estivesse presente de alguma forma, um relacionamento das frases com a figura do animal, seja ele, de qualquer espécie, como explicação disponível; movida para compreensão e arranjo de um encadeamento para dizer desta maneira.
O que esá em exposição, é uma pequena amostra do que foi deixado pela freguesia e recolhido pelo quitandeiro em diversas fontes.
"Sapo Barbudo" -
"Mosca-Morta" -
"Camelo" -(bicicleta)
"Cabra-Macho" -
"Tigresa" -
"Gata" -
"A cavalo dado não se olha o pêlo" -
"Vida de pombinhos" -
"Picar a mula" -
"Me fazer de gato e sapato" -
"De volta à vaca fria" -
"Bacalhau" -
"Porco" -
"Peixe" -
"Urubu" -
"Boi na linha" -
"Pagar o mico" -
"Pinto calçudo" -
"Uma mosca caiu na minha sopa". -
"Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha". -
"Tucano" -
"De que adianta sermos gatas. Se amamos os cachorros. E eles só catam galinhas."
"O duro não é carregar o peso do chifre, o duro é sustentar a vaca". -
"Cada macaco no seu galho". -
"Ganhar um elefante branco". -
"É um pé de boi". -
"Vá pentear macacos!" -
"Pagar o pato" -
"A galinha do vizinho é mais gorda". -
"Cabeça-de-bagre" -
"Ovelha" - (cantor)
"Burraldo" -
"Vinho Sangue de Boi". -
"Solte os cachorros!" -
"Acertei na mosca" -
"Mulher Bacalhau: você só come uma vez por ano" -
"Soltando a franga." -
"Capar o gato" -
"Forte como um touro". -
"Comer gato por lebre". -
"Água que passarinho não bebe". -
"Vender o peixe". -
"Galo onde canta, janta". -
"Fica bobo que o jacaré te abraça". -
"Olhos de lince". -
"Lágrimas de crocodilo". -
"Dormir com as galinhas". -
"A doença vem a cavalo e vai embora a pé". -
"O Gato é um leão para o rato." -

quarta-feira, maio 25, 2005

Conversas sobre Livros, Editoras e Livrarias


Djanira da Mota e Silva - Djanira (Teresa do Amor Divino) Pintora/Ilustradora - 1914/1979 Posted by Hello

Passear pelos corredores, estandes, gôndolas, prateleiras da Quitanda, para mim, em algum momento, é ir de encontro às lembranças, reminiscências de um tempo, às vezes, não muito distante.É uma mexida no baú, tatear papéis antigos, mas não esquecidos.Este quitandeiro, há muito afastado do livro, coloca sempre à tona, juntando pedaços e laços desfeitos em sua trajetória no mercado livreiro.É de alguma forma o desenho de um mosaico, que vou projetando na medida em que, vou lembrando de situações, seja por leitura, ou encontros com pessoas ligados a este mundo literário.É uma aproximação dos bastidores, é um falar e um ouvir...de histórias pessoais, cada um dando seu depoimento, contando sua história.Situado no momento, a margem, das discussões do livro, não implica que eu não me posicione, reflita...Acho bom, que eu mantenha por um momento, um distanciamento para que com as ferramentas disponíveis possa de algum modo, deixar registrado, impressões que através de lentes que ajudam de alguma forma a construir a minha história do mercado editorial.
Lidei muito próximo de alguns editores, outros à distância, mantinha contato telefônico.Fui também divulgador editorial para muitas editoras de perfil universitário.Conheci mestres em vários departamentos das universidades que visitava para mostrar e ofertar os livros, que estavam em divulgação.No Rio de Janeiro e Niterói.Era a ligação, a ponte, entre o editor e a universidade.Foi um trabalho muito prazeroso, conheci e revi amigos, colegas do curso de ciências sociais que continuavam na universidade.
Guardo em um baú que pode não ser o da felicidade, mas serve, quando acho algo interessante, como os papéis velhos amarelados, como o artigo que encontrei, publicado no Observatório da Imprensa, de autoria do escritor Esdras do Nascimento. O texto, faz parte de uma coluna de nome Observatório Literário, publicado em maio de 1999.Achei muito interessante, pois, demonstra, através de uma pesquisa empreendida pela reportagem da Folha de São Paulo, para um texto enviado pelo correio, a seis editoras. Trata-se de uma novela de Machado de Assis, intitulada Casa Velha. Procederam para enviar o texto, da seguinte forma: "Constavam um nome desconhecido, os originais impressos em computador, estavam encardenados com espirais, o endereço do autor era um hotmail do correio eletrônico, criado especificamente para isso.Seis meses depois, a Companhia das Letrasm, a Objetiva e a Rocco responderam dizendo que não tinham interesse no livro. A Record, a L&PM e a Ediouro não responderam nem acusaram recebimento. Nenhuma delas reconheceu que se tratava de um texto de Machado de Assis".
Isa Pessoa, da Objetiva, responsável pela edição de textos e descreveu o processo de seleção, de leituras e a equipe responsável pela avaliação.Vivian Wyler, gerente editorial da Rocco, também se pronunciou. Editoras é um bom espaço para o jornalista trabalhar em seu conselho editorial, gerente.As duas citadas acima, são jornalistas, se lembrar de Maria Amélia Mello, da José Olympio, também uma mulher de formação no jornalismo.Conheci no tempo em que eu era livreiro, em Ipanema.Tem a Luciana Villas Boas, da Record, pela Planeta, agora, pelo que eu li, na Ediouro, o jornalista Paulo Roberto Pires.
Voltando para e continuando a citar a matéria, somos informados; a Folha aponta, que "Casa Velha foi publicado pela primeira vez entre 1885 e 1886, dividido em 25 episódios, na revista para senhoras A Estação. A referência imediata da obra, vem da citação da especialista em Machado de Assis, Lúcia Miguel Pereira, foi a responsável pela primeira vez em livro, a edição de Casa Velha, no ano de 1944". Há referências da edição das obras completas de Machado de Assis, por uma editora do grupo da Nova Fronteira, a existência deste volume nesta coleção.A editora era a Nova Aguillar, em boa edição, papel de primeira, encadernados, com preço um pouco acima da média.Há arrolado na coleção da editora mineira Itatiaia, com o selo da Livraria Garnier, em sua Coleção de Autores Célebres da Literatura Nacional.A livraria Garnier é uma grande referência na obra de Machado de Assis, basta consultar o último capítulo de Páginas Recolhidas, na coleção citada.
O que eu gostaria apenas de lembrar, que este livro faz parte do catálago da Editora Paz e Terra, publicado na coleção Literatura e Teoria Literária, editado em 1986 e que não se encontrava esgotado.
Fico preocupado com enorme número de livros lançados na última Bienal realizada no Rio de Janeiro, ouvi da parte de um jornalista, o insignificante número de 1000 títulos. Completamente fora da realidade, lançam para ficar encalhados, acontece, apenas espuma. Aqui no Rio de Janeiro, posso assegurar mesmo distante, a praça não comporta o número exorbitante de lançamentos ou relançamentos, mesmo como algumas editoras fazem, que é colocar livros em meios não tradicionais de comercialização.Uma via alternativa de vendas, deixo claro, que não sou contra. Livro tem de estar perto de um possivel leitor.
Se você pensar que um bairro como Copacabana, praticamente, não existe livraria, aliás, existe, mas isso, é outro papo, trata-se de uma rede. que é a Siciliano. uma livraria que muitos editores e autores, sonham com ela, mas ela não sonha com eles...Existem alguns sebos,assim, como são conhecidas as livrarias, que geralmente comercializam livros usados.Convém, não esquecer, que o preço do livro novo, ainda é bem alto, usam um fator multiplicador, que é assustador.Não esqueci de uma livraria situada na esquina da rua Francisco Sá e uma outra na rua Constante Ramos.
Observação:Esdras do Nascimento - um escritor de vários títulos,participa de uma oficina literária, como indica Sonia Coutinho entre eles: "Solidão em Familia","Tiro na Memória","Engenharia do Casamento", "Paixão bem temperada", "Lição da Noite", indicado como o melhor romance brasileiro de 1998, eleito pela Associação Paulista de Criticos de Arte.
Para dar uma lida em Sidarta,o blog da escritora Sonia Coutinho, é dar uma olhadela no nome que está linkado.Vale a pena uma visita.
Ela informa, que o Jorge Viveiros de Castro(jornalista), da 7 Letras, reeditou um livro, há muito esgotado, Os Venenos de Lucrécia, em segunda edição.

terça-feira, maio 24, 2005

Lena Frias:Jornalista e Pesquisadora - Hoje lembrei de você!


Pablo Picasso - 1881/1973 Posted by Hello

O mês de maio,seus dias estão em minhas lembranças, registrados em aniversários de familiares e amigos,ótimas recordações e outras nem tanto.Andava à toa na vida, quando olho para a banca da esquina e resolvo comprar, experimentar o "novo" caderno do JB,como é conhecido o Jornal do Brasil motivado pela nova equipe de jornalistas, que voltaram para o caderno B, que lembra aos leitores,ser o jornal do Rio.Não sei como explicar,mas de imediato, surgiu a recordação de uma jornalista que atuou por muito tempo naquela casa.Lembrei, que no dia 12 de maio de 2004, falecia a jornalista, pesquisadora e mangueirense Marlene Ferreira Frias, mas que assinava como Lena Frias, em sua casa, no bairro de Vila Isabel, de cancêr na mama.Fui leitor por muitos anos do Jornal do Brasil, vivenciei várias mudanças das equipes de jornalismo.Vários nomes que trabalharam no jornal, ainda, lembro.De longe, mesmo não conhecendo pessoalmente nenhum deles, ficava entristecido e solidário, com que eu lia a respeito do que andava acontecendo, principalmente, após, a aquisição do jornal pelo senhor Nelson Tanure. O meu jornal preferido,desde dos anos 60, para mim, vinha se definhando,reduzindo cadernos, suprimindo outros. perdendo aquele vigor dos velhos tempos.Uma economia de custos e de leitores, sustentada por sábios marqueteiros e consultores.Os ares de mudanças,acredito, que foram para pior.Hoje, perdi a vontade de ler e deixei de ser assinante.O noticiário, perdeu as caracteristicas que me vincularam e me transformaram em seu leitor.Recordo de uma crônica de despedida de Carlos Drummond de Andrade,parece que foi no segundo semestre de 1984.Lembro quando fui entrevistado por Mara Caballero para o caderno B,uma matéria em que falava sobre as livrarias da zona sul.Quando ela entrou na livraria, eu estava lendo, Maternidade e Sexo,de Marie Langer,obra publicada pela Artes Médicas, editora de Porto Alegre, com excelente catálogo.Mara voltou para o jornal que começara como estagiária,tornou-se editora do caderno Ela de O Globo, quando faleceu em outubro de 2003, vítima de parada cardio-respiratória. Muitos e muitos jornalistas, foram dispensados e desprezados pela direção, experiências feitas, por exemplo, com a entrada de Mario Sérgio Conti, foram abortadas.O noticiário esportivo que era o meu fio condutor incial para às páginas seguintes,aos sábados com as resenhas de livros, editado por muitos anos por Mário Pontes,o caderno Idéias. Eles, conseguiram com tanta eficiência fazer uma redução,ou melhor, uma reestruturação, que foi traduzida em uma cobertura pífia, logo me desestimularam.Fiquei entusiasmado com a mudança recente do caderno B, comentado por mim anteriormente.Continuo pensando, ser apenas uma espuma que fazem para atrair leitores distraídos.A queda do JB, acredito que se mantém, vejo jornaleiros com poucos exemplares colocados à venda.É um indicador bem preciso de que o jornal, não tem grandes vendas.No JB, fogem anunciantes e leitores, todos comungam de uma mesma vontade.Para quem utiliza o retrovisor para o passado e lembra dos cadernos de classificados , olha para hoje, percebe com clareza a mentalidade destes novos gestores. Creio que perderam o rumo.
Como leitor, não deixo de vincular a situação de consumo do povo brasileiro, cada vez, este poder diminui, o desemprego permanece com índices elevados, Se há queda no consumo de jornal, imagine, no mercado editorial...Isto tudo, para mostrar que a leitura do texto abaixo, na ocasião, fiquei muito chocado, a situação narrada na exposição dos motivos de sua demissão. Aqui, transcrevo esta declaração para ficar na memória de brasileiros e leitores de um jornal...Como disse alguém Recordar é viver, eu hoje lembrei de você, Lena Frias, que eu também, assistia em algumas participações no programa Sem Censura, comandada pela prima do jornalista Fernando Gabeira, a jornalista Leda Nagle.

“Sete anos depois do meu retorno à casa da condessa Pereira Carneiro, acabo de deixar o Jornal do Brasil, onde vivi os episódios mais intensos da minha carreira jornalística. Uma relação que se iniciou ainda nos anos 70, teve momentos de destaque e não merecia encerrar-se melancolicamente, razão pela qual pedi que me demitissem. Há pouco mais de um ano eu me vi afastada do caderno de cultura por um desses equívocos inexplicáveis, esses acidentes de percurso meio doidos que vão atrapalhando a gente. Coisas de poder e traição. Como vocês sabem, quando a então editora do Caderno B e minha amiga Regina Zappa foi derrubada numa manobra interna, eu também me vi atingida. Mas a questão é que depois de longas conversas com a direção do JB, apesar da deferência e evidente consideração com que me distingue o Flávio Pinheiro, executivo do jornal e pessoa com a qual dialogo bem, senti que o equívoco ainda se manteria, afetando as minhas atividades nessa área na qual tenho tanto a realizar."

“A dificuldade reside no fato de que o saber e a experiência que acumulei ao longo de três décadas não interessam ao JB. Ou não interessam ao meu olhar e a minha abordagem, expressão de um efetivo compromisso jamais traído com a cultura brasileira, que nunca tratei com curiosidade ou exotismo, mas como valor de identidade. A minha terra e a minha gente estão no cerne do meu interesse de profissional da cultura e da minha emoção como criadora e como intelectual. Seja a multiplicidade e diversidade da cultura, seja a capacidade que nós brasileiros temos de reinventar o viver, dentro de um cotidiano de desvalia e desvalorização daquilo que nos é fundamental como povo. Meu compromisso é com tudo aquilo que revela e exprime as matrizes de nossa verdade e da nossa integridade e brasileiros. Por isso escrevo com tanta paixão sobre o cantador Azulão da Feira de São Cristóvão, sobre Patativa de Assaré, Ariano Suassuna, Antônio Nóbrega. Sobre Gilberto Freyre e Câmara Cascudo. Sobre superstições e lendas do nosso fabulário. Sobre cordel e grial, batucadas e batuques, músicas e sons. Sobre as raízes pré-ibéricas do boi amazônico, os mistérios caboclos dos caruanas, os barros de Adauto e de Tracunhaém, as cerâmicas de Caicó, os torés dos índios, a ancestralidade e a tradição religiosa dos negros ou qualquer outra expressão ou manifestação desse amplo espectro que me explica e nos explica. Enfim, sobre as células do nosso tecido nacional que é também tão universal pelo fato simples de sermos todos humanos e partilhamos os mesmos instintos e sentimentos."

“Por isso mesmo, e pelo contraditório que se instalou, considerei ser a hora de deixar o jornal com que tenho laços tão vivos de afeto: os donos da verdade nos meios de comunicação não parecem sensibilizados ou mesmo interessados em tão profunda brasilidade. Preferem tratar a cultura brasileira como curiosidade, exotismo ou eventualidade."

“Bem, é com essa brasilidade que eu sigo e é ela que me conduz. Estou livre e pronta para oferecer consultoria, criar, orientar e executar projetos, escrever minhas crônicas e artigos. Tudo sobre Brasil. Afinal, foi a missão que recebi de Deus. Ainda este ano desejo publicar meu livro sobre jornalismo cultural, atendendo a cobranças e apelos nesse sentido com que sou honrada Brasil a fora."

“Mas francamente, acho um despudor o Jornal do Brasil me negar espaço no segmento cultural porque a minha voz e o meu talento estão a serviço do que o país tem de melhor, que é seu povo. Eu até podia ficar no JB ganhando o parco salário que ganhava, quietinha num canto, esperando pela oportunidade de assinar uma crítica de disco ou um comentário sobre isso ou aquilo. Anulada."

“Mas... quietinha, eu? Num cantinho. Eu? Anulada, eu?"

“Nunca! Eu até caio, mas de pé, denunciando a falta de vergonha que é a desqualificação da cultura que eu represento, desde a cor sépia da minha pele, até o saber bebido diretamente nas fontes populares e apurado em muito estudo, muita leitura, muita crítica, muito empenho intelectual. Considerei meu dever informar aos meus amigos e aos meios culturais e jornalismo o porquê da minha decisão As minhas relações profissionais com o JB podem até mesmo se restabelecer – o que parece bastante possível – mas, em outras bases. Por outro lado, os meios culturais e de comunicação, informados da minha atitude, estão me respondendo com enfática solidariedade e aprovação ao meu gesto, o que me desvanece, anima e conforta."

“Um abraço cordial da
Lena Frias”

sábado, maio 21, 2005

Prezado Ouvinte: A Bandnews FM - está no ar!!!


Marc Chagall - 1887/1985 Posted by Hello

Meus Caros 2 leitores, era para ter sido comentado ontem, pois foi neste dia, 20 de maio, que iniciou a programação da Bandnews Fm. Para mim, é uma tentativa muito boa,merecedora de aplausos. Ainda, tenho o hábito de ouvir mais rádio AM .Ouço principalmente a CBN(Central Brasileira de Noticias), do Sistema Globo de Rádio.Claro que sou ouvinte de outras emissoras, como de determinados programas, bem como a cobertura futebolistica.Uma nova opção, mesmo que seja na FM, é sempre bem-vinda.O rádio é o meu grande companheiro, assim, como o livro.O rádio leva uma ligeira vantagem,pois, o gasto de manuntenção, quando se pensa em rádio de pilhas... Baratos atingem uma grande população de ouvintes.O rádio, continua, passei pela fase em que acusavam que com o surgimento da televisão no Brasil, que acabaria matando o rádio.Mesmo que a televisão ainda fosse de alcance limitado e o preço dos televisores fossem caros. No inicio da televisão em nosso país, vários artistas eram provenientes do rádio. Só para citar um caso, a Rádio Nacional, havia o programa humorístico: "Balança, mas não cai", lembro, que havia o Primo Pobre, interpretado por Brandão Filho e o papel de primo rico, era caracterizado por Paulo Gracindo. Alguns anos depois, estes personagens, participaram de programas humorísticos na televisão.
Há também o fortalecimento da publicidade no rádio,um famoso noticiario radiofônico e de grande audiência, era o O Repórter Esso, com Heron Domingues, creio ser o locutor pioneiro e que mais tempo comandou, cerca de 18 anos.Depois, Alberto Curi, Roberto Figueiredo, Gontijo Teodoro,este noticiário inspirado em um programa radiofônico,inspirado no modelo norte-americano de noticias da UPI - United Press International.Seu término no rádio foi quase ao término da década de 60. Este programa migrou para a televisão, tendo o mesmo patrocinador.
O rádio, você ouve em qualquer lugar, naturalmente, estou me referindo a lugares, onde não há restrições ao uso do rádio.Ouço mais estações AMs,aqui no Rio, há poucas estações comerciais. Há crescimento e surgimento de rádios religiosas, que abrigam em sua freqüência várias crenças. Esta experîência do grupo Bandeirantes de colocar via FM, jornalismo 24 horas no ar.Acho que seria um dos caminhos do rádio, a informação de noticiário e serviços, sendo predominantes nas grades da emissoras.A Rádio Globo, está fazendo 70 anos e a Rádio Tupi chega aos 60.

quinta-feira, maio 19, 2005

Abelha-Mestra de nome Violeta Parra


Violeta Parra - 1917/1967 Posted by Hello

Na Quitanda, há múltiplos espaços, para um bom papo.Melhor ainda,para se ouvir boa música.Até um palco para quem desejar mostrar que canta e encanta.Uma troca de idéias entre músicos emnpregados e dempregados, de compositores.Neste espaço da Quitanda, transita de maneira democrática, desde quem usa, Cartola oferecendo Rosas para Nelson Cavaquinho. A sogra do Dicró. Da Amália Rodrigues,Zeca Afonso, Pedro Abrunhosa. Lúcio Dalla conversando com Chico Buarque e Silvio Rodrigues na porta onde há um quadro da "Floridita", bar freqüentado pelo autor de "O Velho e o Mar".Mariza e Dulce Pontes tocando fado em companhia de Madredeus,Linda de Souza, Mafalda Veiga e Laura Pausini, convidando Martinho para falar em sua lusofonia.Teresa Teng, Misia cantando no karaokê.Há corredores que conduzem para as calçadas da Vila de Noel.Seja na Lapa de Kid Morengueira ou Tapajós,nas Andanças da flamenguista Sandra de Sá.Sentadas no fim do corredor, estavam K.D.Lang, Tracy Chapman, Tony Braxton, Marina e Angela RôRô.Meu Caro Leitor, "você precisa tomar sorvete/Na lanchonete,Andar com a gente. Me ver de perto, Ouvir aquela canção do Roberto".Aqui neste corredor musical,há música, por todos os lados.De alguma forma,estas músicas são transformadas em trilhas sonoras. Aqui, você encontra de um lado, uma roda de samba, do outro, um batuque na cozinha,um chorinho no bar da esquina carioca,uma orquestra no salão, um rock no porão, um pagode de mesa, até a jovem guarda estaciona o calhambeque. Aqui, você sente saudades da Amélia, ouve a Mosca na sopa do Raul, da festa tupiniquim, pode mesmo chamar o sindico.Aqui, o Tremendão não vai mandar a Wanderléia parar o casamento e ir para uma festa de arromba com a Rita e Roberto.Aqui, vai rolar a festa.Aqui, Clara. convidará a botafoguense Beth para cantar "eu nunca vi coisa mais bela quando ela pisa a passarela e vai entrando na avenida". Vai ouvir a Banda tocar e olhar para Carolina na janela.Aqui, se perdoa a pressa, não tem de quê, pode pegar o seu lugar no futuro.Cyva conversa com o Rui, falando sobre os quartetos.Aqui, se dança conforme a música,Toquinho cantando o poeta para visitar a Mãe Menininha do Gantois.Aquele meu amigo oculto, mas muito culto, cantava no banheiro:"Foi em Diamantina/Onde nasceu JK/Que a princesa Leopoldina/Ah! Resolveu se casar/Mas Chica da Silva/Tinha outros pretendentes/ E obrigou a princesa/ A se casar com Tiradentes/Lá lá láiá la iá/ O bode que deu, vou te contar..."
Aqui, o coro come em sintonia fina. Convivemos com a música, de maneira democrática, ao som das várias linguagens musicais.Aqui, na Quitanda, é música sem preconceito.É um encontro de ouvintes com a música,com o artista, faz parte deste show, de forma democrática. Mesmo que a quantidade da clientela cativa desta Quitanda, seja apenas de duas pessoas.Um deles, com certeza, sou eu . O outro, prefere se resguardar no anonimanto. Ele aproveitou e escolheu uma música que marcou sua vida.De algum jeito ou mesmo sem jeito. Ouvir também é conhecer e aprender a respeitar o gosto de cada um. Qualquer gênero musical é bem recebido.
Há um cartaz feito por um amigo, que colocou um trecho da canção de Carlinhos Lyra e Vinicius de Moraes.
"E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade..."
Este meu leitor oculto, em um bilhetinho, deixado em cima do balcão, tinha o recado. Quitandeiro, lembra desta letra e de sua compositora?

Gracias a la Vida que me ha dado tanto

me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
me ha dado el oido que en todo su ancho
graba notche y dia grillos y canarios
marillos, turbinas, labridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Meu caro amigo, lembro de quem cantava,foi muito marcante sua apresentação, ainda mais, a sua voz.É uma cantora argentina, de nome Mercedes Sosa.Através de Mercedes, comecei a ficar entusiasmado com a biografia de Violeta. A compositora e intérprete,pertenceu a Nova Canção Chilena. Foi também artista em outras artes, como pintura, escultura e tecelagem.Era amiga de Pablo Neruda, apoiava a esquerda chilena, inclusive em campanha para Salvador Allende. antes de ser eleito presidente do Chile.
Violeta, nasceu em 4 de outubro de 1917, na província de Ñuble. Formada pela Escola Normal de Santiago. Uma mulher, atuante, interpretando sua música desde menina em bares, bairros populares. No seu primeiro casamento, teve dois filhos: Isabel e Angel.Seu irmão Nicanor Parra, incentivará, a percorrer às áreas rurais, recolhendo a poesia e o canto popular. Passa a demonstrar em suas atuações a riqueza deste contato com a cultura popular. Torna-se realmente, uma intérprete dos cantos folclóricos e redesenha a imagem da América Latina para outros povos. Viaja, divulga o trabalho fascinante provindo das camadas populares, assim, como suas composições. Retorna a Santiago com intensa atividade, organizando recitais, cursos de folclore.Faz exposiçao de sua tapeçaria.Estas tapeçarias, são conhecidas como "arpilleras", uma arte popular decorativa.Obras que assumem uma dimensão bem maior, ultrapassando as fronteiras chilenas.Chegou a ser premiada como a folclorista do ano, isto, em 1954. Uma mulher incansável.Mas que não deixou de declarar que "Para mim, a pintura exprime o lado triste e sombrio da vida. A tapeçaria exprime o lado feliz", disse em um momento de sua vida.
Uma mulher singular, combativa, considerada por alguém como "abelha-mestra".Violeta, faz parte do cancioneiro popular de seu país.A poesia e a música, combinação perfeita desta compositora.Dirigiu e fundou o Museu de Arte Popular.De muitos amores,mas
por vivenciar situações emocionais diversas, acabou entrando em um estado de melancolia, solidão,logo após compor a música que eu trasncrevo para vocês, que me sensibilizou muito, ela acabou suicidando-se, no dia 05 de fevereiro de 1967. Hoje, existe um espaço criado por seus herdeiros para resgatar e preservar a obra desta que se poderia dizer, uma artista universal. La Fundación Violeta Parra
Violeta Parra, nos anos 60, ficou adoentada e conhece o músico e estudioso do folclore sul-americano, o suiço Gilbert Favré.Quando suicidou-se, estava com 50 anos, anos mais tarde, seu irmão Nicanor Parra, edita o seu livro Decimas

quarta-feira, maio 18, 2005

Lembrando de Pedro Nava e os Aplausos para Lygia Fagundes Telles


Henri Matisse - 1869/1954 Posted by Hello

O quitandeiro aplaude , a premiada escritora brasileira Lygia Fagundes Telles,nascida em 19/4/1923, na cidade de São Paulo, por ganhar o Prêmio Camões de 2005. É um prêmio instituído, desde de 1989, pelo governo de Portugal e do Brasil.O prêmio é concedido anualmente para um autor de Língua Portuguesa.O nosso primeiro autor, a ganhar este prêmio, foi o escritor e poeta João Cabral de Melo Neto premiado em 1990. O primeiro ganhador do prêmio foi o escritor português Miguel Torga,nome literário de Adolfo Correia Rocha, nascido em uma provincia de Trás-os-Montes, em 1907 e falece em Coimbra, no 17 janeiro de 1995. No ano passado,em 2004, foi a portuguesa Agustina Bessa-Luis, nascida em Amarante, no ano de 1922 As mulheres escritoras foram contempladas em número menor, elas foram representadas por: Rachel de Queiróz, nasceu em Fortaleza, em 17/11/1910 e faleceu em 04/11/2003(Camões/1993), Sophia de Mello Breyner Andresen, Nasceu na cidade do Porto, em 06/11/1919 e faleceu em 02/07/2004(Camões/1999)e Maria Velho da Costa - Nasceu em Lisboa, em 1938(Camões/2002)esta autora,ou melhor, co-autora. é uma das três Marias, as outras duas, são: Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, da famosa obra que questionou o regime fascista que vigorava em Portugal,Novas Cartas Portuguesas, uma obra que manifestava claramente oposição aos valores femininos tradicionais.Foram levadas aos tribunais e as sanções abolidas, após a Revolução dos Cravos de abril de 1974.
Uma outra boa noticia, é o projeto de dois editores, o primeiro conheço de nome, quando foi editor da USP, criou depois, a editora Ateliê. O outro, é um garimpador de preciosidades, conhece muito o oficio de editor.Quando fui seu distribuidor, seu pequeno catálogo, era um tesouro, é um batalhador do livro, um editor para referência obrigatória na trajetória do livro no Brasil.Estou falando, de Claudio Giordano, da Editora Giordano.Os dois com o mesmo "faro editorial", resolveram reeditar a obra de um grande memorialista, que andava sendo esquecido pelo mercado editorial. Sortudo, pode-se dizer para quem achasse um título de suas memórias, Um homem conceituado, de formação médica, tratava do nosso poetinha Vinicius de Moraes. Pedro Nava, obteve boas criticas de escritores como Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.Sua obra é muito relevante e de conteúdo memorialistico. Começou com Baú de Ossos, depois vários livros, compondo a fase memorialistica de Pedro Nava,que nasceu em 05/06/1903,na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Sua trágica morte aconteceu, no dia 13 de maio de 1984, no bairro da Glória, desceu após um telefonema e foi para o Jardim da Glória, sentado em um banco, deu um tiro de revólver Taurus em sua têmpora. Nava estava com 80 anos, antes, tinha comentado com sua mulher Nieta, de que "Nunca ouvi nada tão obsceno". Sua morte houve interpretações contraditórias...Sua produção intelectual, está sob os cuidados de seu sobrinho Paulo Penido, que ajuda os editores a produzirem este acervo valioso. Isto é muito importante, para um país, que insiste em apagar ou abandonar, esquecer valiosos patrimonios da cultura brasileira.Este mês, no dia 13, fazem 21 anos da morte do grande escritor memorialista.Parabéns ao pessoal envolvido no cuidado deste acervo.Para os meus dois leitores, indico o site da Ateliê Editorial

segunda-feira, maio 16, 2005

A Garganta Profunda de Linda Lovelace


Linda Lovelace - 1949/2002 Posted by Hello

Outro dia , navegando pelas ondas dos blogs, acabei por ancorar em dos blogs que acho muito interessante,bom mesmo... que vale a pena uma visita. Principalmente,se você estiver interessando em poesia,informação e curiosidades a respeito da vida do poeta Carlos Drummond de Andrade.É uma página plural.Este, é um dos que indico. Alí,na Laura . Você sem dúvida, encontrará sempre algo interessante,para ser lido. Pois é, meus caros dois leitores,há sempre informações de primeira, produto de uma relação íntima e pessoal com o nosso poeta.
Meus dois amigos leitores,informo, que este amigo quitandeiro, já foi proprietário de uma locadora de vídeos. Durou apenas seis meses, situada na Rua do Catete, esquina com a rua Corrêa Dutra.Fechei por ausência de clientes.Colocamos o nome de Sagarana, uma homenagem a Guimarães Rosa e ao filme Sagarana: o Duelo, dirigido por Paulo Thiago, no ano de 1973. com a participação de um elenco que conta entre outros: Joel Barcelos, Milton Morais, Ítala Nandi e mais alguns artistas. O nosso acervo,eram bem diversificado, mas eu dava um colorido verde-amarelo como prioridade. Testemunha deste acervo nacional, era o ator José Drummond, que aparecia por lá. Havia uma sessão de filmes pornôs(brasileiros e outras nacionalidades), ali, era certeza de locação de fitas.Havia sempre um consumidor, que alugava alguma fita.Uma tendência maior para o sexo masculino,lembro, que as mulheres também escolhiam. Na montagem do perfil da loja, preferimos colocar clássicos também do cinema erótico( com diversos gêneros e sub-gêneros). Lembrei deste assunto pela citação do filme que revolucionou, agitou a indústria de filmes pornográficos.Produção americana da década de 70,no ano de 1972, sob a direção de Jerry Gerard(Gerard Damiano - antigo dono de salão de beleza).Há bastante tempo que o filme virou "cult", havia uma certa dificuldade de se comprar a fita, geralmente, em lojas de fitas usadas, hoje a maioria delas fecharam. A atriz principal, considerada por muitos, a rainha do cinema pornô. Seu nome verdadeiro: Linda Susan Boreman - Linda Lovelace. O filme faturou muito, rolou muita grana, para todos, menos para ela, que reclamava por jamais ter recebido qualquer pagamento.
Linda Lovelace, asssumiu a postura depois deste filme,como inimiga da indústria pornô. Foi vítima de empresário e mais ainda, do marido Chuck Traynor, que durante as filmagens, obrigava Linda a fazer cena de sexo explícito, tendo uma arma apontada em sua direção,intimidando. Era o que se comentava nos bastidores do filme. Circulava informações sobre o filme que indicavam o controle da máfia na produção do filme. Há noticias de que o dinheiro, obtido...era muito dinheiro,consultar BBC Brasil, estava sob o controle da Máfia, ficava com tudo.Linda, no começo de sua trajetória, pensava em ser aeromoça, quando encontrou Damiano e foi feito o convite para filmar "Deep Throat"-"Gargantga Profunda" O sucesso do filme foi bom, por tirar da clandestinidade dos clubes e outros lugares, para o cinema comercial.O parceiro de Linda no filme, foi Harry Reems.O cinema citado na página da Laura, tinha tradição em passar filmes pornográficos, situava em uma galeria da Praia de Botafogo, de um lado o Cine Coral e do outro o Cine Scala. Não sei informar, se transformou em centro evangélico, que é obssessão destes templos, transformar os antigos e bons cinemas de rua ou galeria, aqui no Rio de Janeiro em templos.Há também cinemas transformados em lojas comerciais, lanchonetes, etc
Linda, assumiu uma postura feminista. Morreu em Denver, vítima dos ferimentos provocados pelo acidente de automóvel em 2002. Um breve carreira.A indústria cresceu nos anos 70, assim, como a nossa, que começava com os filmes produzidos na Boca do Lixo, uma área no centro de São Paulo.Trabalhei nesta área, quando fui da editora Paz e Terra, situada na rua do Triunfo, o cinema da Boca.Ainda retornarei ao tema em outra oportunidade.
Hoje existem o que podemos chamar de musas do cinema pornô, muitos atores e atrizes, morreram de aids, suicidio, overdose, por exemplo:
Arcadia Lake - morreu de overdose em 1990
Bambi Woods - morreu de overdose em 1986
John C Holmes - nasceu em 1944 e morreu em 1988, vitima de Aids - foi filmado a vida do ator pornô, interpretado por Val Kilmer no filme americano, Wonderland, produzido em 2003.
Para interpretar a atriz Linda Lovelace, foi chamada e aceitou o convite, a cantora Courtney Love, pensam em filmar a curta vida cinematográfica de Linda Lovelace.
Filmes de repercussão, para quem estiver interesse nos chamados clássico do cinema pornô ou erótico, a Quitanda em sessão especial,abrindo às cortinas, colocando na tela situada no corredores deste espaço, recomenda:
*O império dos sentidos - (Ai, no Corida, Japão/França, 1976) direção de Nagisa Oshima - Com Eiko Matsuda
*Atrás da Porta Verde -(Behind the Green Door, EUA, 1972) - Com Marilyn Chambers
*O Diabo na Carne de Miss Jones - (Devil in Miss Jones, EUA, 1972) - Com Georgina Spelvin
*Tabu ao Estilo Americano - (Taboo Americana Style 1, EUA, 1985) - Com Raven Obs: esta fita há mais três continuações.
*Caligula - (Caligula, EUA, 1977) direção Tinto Brass - Com Malcolm McDowell
*Miranda - (Miranda, Itália, 1985) direção Tinto Brass - Com Serena Grandi
*A Chave - (La Chiave, Itália, 1983)direção Tinto Brass - Com Stefania Sandrelli
*Contos Imorais (Contes Immoraux, França, 1973) direção Walerian Borowczyk - Com Paloma Picasso
*Emmanuelle - (Emmanuelle, França, 1974) direção Just Joechin - Com Sylvia Kristel
*La Béte - (França, 1975) direção Walerian Borowczyk - Com Sirpa Lane
Há muitos filmes que a maior estrela cinematográfica masculina é considerado, como possuidor de maior pênis, medindo 38 centímetros, que é do ator John Holmes, que acabou envolvido com drogas e dívidas em dinheiro.
Espero que gostem da lista, cinema é diversão...

sábado, maio 14, 2005

Orides Fontela: A Poetisa Esquecida


Fernand Léger Posted by Hello

Quando fui distribuidor de livros,nos anos 90, aqui na cidade do Rio de Janeiro, fui representante da Editora Duas Cidades, uma pequena editora paulista,dona de um bom catálogo .Tenho uma enorme simpatia pelo pessoal desta casa publicadora. Depois da morte do editor, Professor SantaCruz, estava sendo conduzida por Maria Antônia. A Livraria Duas Cidades, tinha um perfil de tonalidade religiosa. Foi nesta livraria e sede da editora, que nos "anos de chumbo", que Carlos Marighella, expoente dirigente comunista, muito procurado, ou melhor, caçado, pelos órgãos repressores. A imprensa vivia censurada, as noticias que circulavam, era de modo confuso, muitas vezes codificadas. O resultado, dado como morto, baleado em tiroteio. O que se sabe. que após a prisão de frades dominicanos no Rio de Janeiro,os agentes através de escuta telefonica, agentes policiais prepararam uma cilada, para Marighella ir ao ponto de encontro. Ele estava sendo vigiado pelos policiais, que monitaravam seus passos.
A Duas Cidades, é o que no mercado, chama-se uma boa editora para se trabalhar(vender). Alguns livros publicados são imprescíndíveis no panorama das ciências humanas. Pingava sempre, era uma expressão do meio livreiro.Um livrinho aqui, outro ali.As novidades eram poucas. Mas houve um momento em que eles tentaram editar poesia brasileira.Editar livros no nosso país não é fácil, mais ainda, o segmento de poesias.Acho que se deva editar poesias, mas primeiro tem de remover alguns preconceitos dos livreiros e do público, de que poesia não vende. Vende, Sim!É uma vendagem lenta, a de maior velocidade, são os legitimados pela cultura livresca, pela mídia, os nomes que circulam pela informação do leitor. Creio que foi dirigida por Augusto Massi, a coleção Claro Enigma - Uma justa homenagem a Carlos Drummond de Andrade(1902/1987)para a sua obra editada em 1951 - Esta coleção foi dedicada à poesia brasileira.Muito bem editado, uma boa apresentação,com bom preço, tudo conjugando para dar acesso ao leitor. Não durou muito tempo, mas o suficiente para que eu pudesse achar um livrinho da coleção que havia sempre pedido.Era de uma poetisa, seu nome Orides Fontela, paulista do interior de São Paulo, nascida em 1940 e morreu em 1998, aos 58 anos em um sanatório em Campos do Jordão.Morreu na miséria. Ganhadora do Prêmio Jabuti de Poesia, em 1983, pela CBL, mais tarde pela APCA, em 1996, foi premiada pelo livro Teia Editado pela Geração de Luis Fernando Emediato.Fui distribuidor da Geração, aqui no Rio de Janeiro.Havia mais um distribuidor, a Irradiação Cultural, que também fechou.
Sua trajetória era muito conturbada, tentou algumas vezes o suicídio. Mas deixou uma legião de fãs e admiradores de sua obra poética.Vou escolher para mostrar o que está editado em Teia (1996)

Desejos
Um gato
e um girassol
feliz.
Uma nudez sem nome

Um imaculado
vinho.

Vesper
A estrela da tarde está
madura
e sem nenhum perfume.

A estrela da tarde é
infecunda
e altissima.

depois dela só há
o silêncio.

sexta-feira, maio 13, 2005

Poesia na Prisão - Poemas do Povo da Noite


Livreiro Posted by Hello

Tempo de Bienal, festa para o pessoal que atua no mercado livreiro. Sorriso da cabeça aos pés. Neste mês de maio, geralmente próximo a segunda semana do calendário, foi incorporado aos grandes eventos na cidade do Rio de Janeiro, a festa do livro e dos autores, tornou-se uma tradição. Momento de interação do leitor com o autor e naturalmente a casa publicadora, faz parte desta intimidade... a outra Bienal é, em São Paulo.O momento de grande oportunidade dos editores mostrarem os seus catálogos por inteiro, isto é, os livros editados,são expostos nos estandes Por diversas situações, fica muito difícil de se encontrar em algum espaço, senão este, para expor as diversas editoras.Ali, você vê e reencontra com aquela obra que você está cansado de pedir e não consegue.Há um bom fluxo de pessoas, mas entendo, que não há uma tradução perfeita para consumidores ou formação de leitores.É um agito! Para formação e surgimento de um leitor, é feito por um processo que congrega, vários elementos, a escola,sem dúvida é o agente condutor principal desta identidade.As dicas informais, de ouvido em ouvido...O ideal, é desde pequeno, quando ele é ainda um ouvinte.Em outra fase, na sua fase de adolescente e posteriormente de adulto, um dos auxiliares importantes para conduzir este leitor, seria os cadernos literários, mas muitos deles, trazem determinados vícios, como o culto às grandes editoras e autores. Não vejo mal algum, ter uma editora (jornalista) de um caderno de livros, casada com um escritor-poeta-tradutor. Não vejo comprometimento dele ou dela com editoras ou livros simpáticos a ambos. Ela, uma experiente e inteligente jornalista, ele dispensa comentários, é por demais conhecido. Parece que ela não coordena este suplemento,pediu demissão ou foi afastada.
De qualquer forma, acho Interessante observar, são os convites feitos para estes jornalistas, de modo geral, são alçados a condição de editores, ou membro de conselho consultivo(editorial) ou “leitores”, indicando títulos, alguns, com direito a edição de sua obra. Há sempre um por perto. Muitas editoras,principalmente as menores, sofrem neste “culto” processo seletivo de se publicar resenhas ou qualquer outro tipo de informação de uma obra editada ou reeditada, a tendência é de colocar selos de editoras de ponta.Livros e mais livros são editados e nem são, de alguma forma informados, não merecem nenhuma linha.Claro, que há outros elementos que pesam para que o livro não seja publicada nenhuma resenha. Há um programa de televisão, comandada, por uma veterana jornalista, onde há presença de amigos está sempre assegurada, membros efetivos com cadeira cativa.Quantas vezes os mesmos, estão presentes..dando uma forcinha ...Quando o momento de apresentar o lançamento de um livro, ela faz uma questão enorme de omitir, a outra identidade de um livro, ela “esquece” que é a editora, parte integrante de uma obra. São três elementos: título, autor e editor.. Para ser falado de modo correto esta apresentação, só acontece, quando a editora é “camarada “ com a apresentadora.Chega a mencionar seus nomes durante ao programação.Coloquei esta situação, por ser este programa, um espaço para debates e novidades que rolam e são produzidas pelas pessoas, que ali comparecem.para divulgarem o que andam fazendo.
Há muitos livros que o público, nem vai ficar sabendo e talvez nem apareça nas prateleiras e expositores de uma livraria. A vida de um pequeno, editor, livreiro, distribuidor ou ainda um autor, não é fácil.
Vi livrarias novas ou antigas em situação de extrema dificuldade , distribuidoras e editoras fechando.Livros e muito livros encalhados em estoque,Há livros com vida muito curta, de difícil reposição.O livro tem de haver dois processos: venda e reposição. Isto faz com que ele ganhe vida e circule pelos pontos de venda, o comércio em geral. Fico preocupado com a dificuldade de editores que não conseguem espaços nas chamados mega-livrarias, pior e muito pior mesmo, é quando assume o status como rede ou cadeia de livrarias. Não se consegue grandes coisas, salvo, se o livro virar fenômeno de vendas.Cada proprietário de livraria tem um modo e sabe o que comprar, mas...deixa pra lá...vou abordar mais adiante, em outra oportunidade. Quando houver procura significativa de algum titulo, não é condição do livreiro ter este livro em sua livraria. A compre de um livro, mesmo que ele venha embalado por alguma credencial, não é uma resposta imediata, pois surge fatores que interferem na ausência de um livro em livrarias, por exemplo, a negociação de prazo, desconto e algumas editoras colocam nota mínima de faturamento, assim. como livrarias exigem desconto e prazo maior. Vender livros não é tão fácil assim, como se apregoa....A venda de um livro é composta por vários fatores...Podem ter certeza, meus caros e raros leitores. O autor , ou mesmo o seu livro não estará, pelas vias normais de comercialização, estar presente nestas livrarias, nem sob a forma de consignação,este espaço, com certeza, não é de vocês.Quando acontece, veja onde o livro de vocês foram parar... Falo ou escrevo por ter uma trajetória neste mercado por mais de duas décadas, vivenciando vários segmentos deste ramo.Finalizando, pois o momento é de festa, de boas vendas e sucesso para novos e velhos autores. nesta ocasião as vendas pululam. Uma intensa propaganda, uma boa cobertura da mídia, informando lançamentos e eventos, é uma via para conduzir o leitor a Bienal. Esta repleta de acontecimentos, autógrafos,visitas de autores estrangeiros. A França, foi eleita como o país homenageado...naturalmente, autores brasileiros, também comparecem..A que se iniciou ontem, foi a 12ª Bienal Internacional do Livro, o local é o mesmo, no distante pavilhão de exposições do Riocentro. Acho que esta distância, põe distância nisto, principalmente para quem vai de ônibus...promove de algum modo, um deslocamento do público até a Bienal, mas convém registrar que é um dispêndio de tempo.A Bienal, é um encontro, um chamamento aos leitores, com vários atrativos. Assim, como há autores inesquecíveis, há também editoras inesquecíveis, como as pequenas por exemplo.Uma delas, chama-se Editorial Livramento.Participei de várias bienais, até a metade da década de 90. Montei uma livraria no inicio dos anos 80, em Ipanema.Nos dois primeiros anos tive dois sócios que vieram do exílio.Um deles, recentemente participou como secretário de estado, do governo da Rosinha , mas desligou-se muito rápido, alegando motivos de saúde, o outro, não tive mais noticias, creio ter mudado de cidade.Eles acabaram saindo da sociedade.Eu optei para ficar com a livraria; os outros dois, tomaram rumos diferentes.
A livraria tinha um perfil de esquerda, de acordo com a minha formação em ciências sociais e com a trajetória dos sócios, de militantes da luta armada,não poderia ser diferente. Para uma Ipanema, não querendo muito, consumir livros considerados de esquerda, naquela época o maior consumo, era os da área psi.Conheci pessoas maravilhosas, clientes que se transformaram em amigos. Por falar em amigos, mantenho contato com uma querida e consumidora voraz de livros, que criou um blog, muito bom, de ótima qualidade, com assuntos envolventes e inteligentes. Vale a pena, uma visita no blog Caminhar, da Laura.
Voltando para o Editorial Livramento, lembrei de dois livros editados por esta pequena editora de esquerda, um deles, chama-se Poemas do Povo da Noite, de autoria de Pedro Tierra, pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva, militante da ALN. O outro livro, Escritos de Carlos Marighella, fundador e dirigente da ALN, assassinado pela ditadura militar em 1969. Quero colocar aqui, no mural da Quitanda, um dos poemas feitos na prisão de autoria de Pedro Tierra. Gostava de vender este livrinho de capa verde escura e distribuído pelos meus amigos da Distribuidora Século XXI, situada em São Paulo, também fechada no final da década de 80.A Livramento funcionou da metade da década de 70 e inicio dos anos 80.Sempre o colocava em posição de destaque nas livrarias por onde atuei, os livros de editoras que produziam este material.Gosto de ter estas lembranças como contribuição para a história do livro no Brasil. Vou selecionar este poema, espero que gostem.

A Palavra sepultada

Hoje eu queria dizer-lhe muitas coisas,
De resto, ninguém mais poderia ouvir-me
Seu coração receba o vento de minha dor.
A porta do calabouço cerrou os dentes
Sobre meus ossos.
A morte visita minha boca
Num murmúrio sepultado e inútil
Sinto enorme o peso das palavras.

É quando a mudez se tornou vício
É quando o muro não cercou corpo apenas
E há coisas necessitando explodir
É quando a palavra dita não vem do cerne
E se perde na cinza.

Eu queria dizer-lhe muitas coisas
Não há como faze-lo.
Na cela ao lado, um companheiro morto
Algo a dizer sobre isso?
O que pode o grito se não se perpetua?
As palavras estão gastas, mortas por dentro
Meu corpo será meu grito
Embora hoje permaneça mudo
E sem esperança de compor um canto urgente. –
(Fonte Consultada : Flamarion Maués)

quarta-feira, maio 11, 2005

Estranha Liberdade de Expressão!


F. Léger Posted by Hello

Uma amiga, deixou pregado no mural da Quitanda:

"Vem ser parceira, diz a Águia à Galinha;
Amo voar mas, depois,
O descanso da parceira
É o ninho a vida inteira!
Galinha: Não sei voar,
Não quero nem tentar,
Mas gosto de ver nas alturas, meu par!
Casaram-se depois disseram "Isto é Amor, vida minha!"
A Galinha alí, sentada, a Águia a voar sozinha"
(Charlotte Perkins Gilman -1868/1935)

Lamentamos, mas continuamos com outro tipo de censura,a mais preocupante, a dos censores togados. Foi imposta por uma figura do Poder Judiciário, ou melhor, um magistrado da Vara Cível de Goiânia , achou por bem,atendendo a um pedido do senhor deputado federal Ronaldo Caiado, antigo líder da UDR(União Democrática Ruralista)e candidato à Presidência no ano de 1989, sob alegação de ter sido ofendido pelo escritor.Entrou com um processo no Forum de Goiânia, contra a edição do livro de Fernando Morais, que estava em Paris e ignorava a decisão determinada pelo juiz, Doutor Jeová Sardinha,para mandar retirar do mercado livreiro, ou seja,apreender todos os exemplares do livro "Na Toca dos Leões", do escritor Fernando Morais, editado pela Planeta do Brasil, inclusive na sede da editora.O meritíssimo, proibe que o escritor, a editora e o publicitário, falem sobre o assunto, sob pena por descumprimento, uma multa no valor de R$ 5 mil.O nosso país é chegado a estas situações, "adora" este exercicio de volta ao passado e como George Santayana,cita:"Aqueles que esquecem o passado estão condenados a repeti-los" Pra não cair no esquecimento, será interessante dar uma olhada na Constituição Federal, promulgada em 05/10/1888, em seu Capitulo 1, artigo 5,IV,IX e 220, caput 1 e 2, consultei o Código de Processo Civil, editado pela Revista dos Tribunais.
Acho que não se deve esquecer que no final de abril, o jornalista Jorge Kajuru, por esta mesma justiça do estado de Goiás, impôs penalidade de 18 meses de prisão domiciliar, atendendo ação promovida pelas Organizações Jaime Câmara.Impedindo dele trabalhar.Quem tiver maior interesse nos tópicos ligeiramente abordados aqui, faça uma visita ao site do Observatorio da Imprensa Não esquecer das ameaças feitas ao jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto em Belém, feitas pelo diretor do jornal O Liberal em um restaurante.

Noticia boa, o novo B do Jornal do Brasil. Considerado agora como B o jornal do Rio.O caderno B, está como Editor Chefe: Ziraldo, o Editor Executivo: Luis Pimentel, Entrevistas Ricky Goodwin. Foi uma melhora, mas não deixo de pensar em Bundas e no Pasquim, nas suas diferentes fases. Bom pra nós leitores, mas a dúvida permanece, até quando a diretoria do JB, vai manter esta equipe? O que há de demissões e afastamentos, é uma grandeza...Neste B, tem Marina Colassanti, Nani, Fritz Utzeri, Antonio Torres, Fausto Wolf, Reynaldo Jardim, Márcia Peltier, Aldir Blanc,Ulisses Mattos e muito mais. Esta foi uma boa mudança, mas os outros cadernos, continuam sob meu ponto de vista, sem muito atrativo. Fui assinante do JB em várias ocasiões, na última fase foi muito conturbada,era um caos ser assinante, muitas falhas. Avisei por e-mail e telefonemas para as pessoas competentes e nada de respeitarem uma decisão de não voltar a ser assinante, nem ser incomodado pelos atendentes, tudo em vão. A irritação era tão grande, que eu falava, não volto a ser assinante, nem que o JB me ofereça um carro ou apartamento.O JB conseguia com esta fachada de moderno, de economia, da péssima situação financeira que vivenciou, demitiu muita gente.Parecia estar em uma eterna crise.Não poderia ser leitor de um jornal de estranho comportamento, Deve ter sido um grande gênio, o profissional que faz proposta desta natureza...eliminar(despedir) jornalistas e (afastar)leitores.Agora querem colocar drops na boca dos leitores.

segunda-feira, maio 09, 2005

Sabores da Música


Wassily Kandinsky (1866/1944) Posted by Hello

Como é do conhecimento de vocês, este espaço é dividido, em vários lugares.Há um em especial em que conjugamos música com comida.Tornando um ambiente agradável.Inauguramos hoje.Colocamos mesas e cadeiras à disposição do respeitável público que visita este espaço culinário.Feita esta arrumação pela parte da manhã, tudo nos conformes....Olho para o relógio e pego a lista de compras, só então, este quitandeiro como de costume, foi às compras para o restaurante popular.Verdade, que o dinheiro anda curto,uma inflação aqui e outra lá...de modo que, peguei alguns dos ingredientes de uma variedade do cardápio musical para que vocês, aos poucos provem o sabor destas composições. presentes na culinária desta Quitanda.Escolhi os trechos apenas como aperitivo de uma intensa mistura de comida e música.Há diversos compositores que bebem e comem desta fonte de alimentação para elaborarem suas letras.Em diversas manifestações artisticas, há a presença do universo da comida, simbolizada por diversas linguagens.Na música, na arte, no cinema e na literatura.Vou apresentar para vocês um pequeno menu, do que é servido, como refeição diária.No restaurante popular da Quitanda, qualquer prato, custa apenas R$0,99 , não devolvemos o trôco de R$0,01 e não adianta reclamar.Meus caros amigos, a comida tá na mesa.Sirvam-se à vontade!!!Obrigado! Voltem sempre!

"Seu garçom faça o favor
De me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo
E um copo d`água bem gelada
Feche a porta da direita
Com muito cuidado." - Noel Rosa e Vadico - "Conversa de Botequim"

"Caso sério
Ao som de um bolero
Dose Dupla
Românticos de Cuba Libre
Misto Quente
Sanduiche de gente." - Rita Lee e Roberto de Carvalho - "Caso Sério"

"Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida,diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer." - "Marcelo Frommer/Arnaldo Antunes/Sérgio Brito
- "Comida"

"Yes, nós temos bananas
Bananas para dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda e faz crescer
Yes, nós temoms banana
Bananas pra dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda e faz crescer" - Alberto Ribeiro e João de Barro - "Yes, Nós temos banana"

"Chiquita Bacana
Lá da Martinica
Se veste com uma casca
De banana nanica" - Alberto Ribeiro e João de Barro - "Chiquita Bacana"

"Eu quero um ovo de codorna
pra comer. O meu problema ele
tem que resolver.
Eu tô madurão
Passei da flor da idade
Mas ainda tenho. Alguma mocidade
Vou cuidar de mim
Pra não acontecer
Vou comprar ovo de codorna
Pra comer
Eu estava triste
Quase apavorado
Estavam me fazendo
De pobre coitado
Minha companheira
Tá feliz porque
Eu comprei ovo de codorna
pra comer." - Severino Ramos / Luiz Gonzaga - "Ovo de Codorna"

"Saudade, entonce aí é ruim
Eu tiro isso por mim, que vivo doido a sofrer
Aí quem me dera voltar pros braços do meu xodó
Saudade assim faz roer e amarga qui nem jiló
Mas ninguém pode dizer que me viu triste a chorar
Saudade, o meu remédio é cantar" - Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira "Qui nem jiló"

"Da manga rosa quero o gosto e o sumo
Melão maduro sapoti juá
Jabuticaba teu olhar noturno
Beijo travoso umbu-caja
Pele macia ai carne de caju
Saliva doce doce mel mel de uruçu
Linda morena fruta de vez temporana
Caldo de cana-caiana
Vem me desfrutar
Linda morena fruta de vez temporana
Caldo de cana-caiana
Vou te dsfrutar
Morena tropicana
Eu quero teu sabor." - Alceu Valença e Vicente Barreto - "Morena Tropicana"

"Dez entre brasileiros preferem feijão
Esse sabor bem Brasil
Verdadeiro fator de união da familia
Esse sabor de aventura
Famoso Pretão Maravilha
Faz mais feliz a mamãe, o papai
O filhinho e a filha
Dez entre dez brasileiros elegem feijão
Puro, com pão, com arroz
Com farinha ou com macarrão
Macarrão, macarrão!
E nessas horas esquecem dos seus preconceitos
Gritam que esse crioulo
É um velho amigo do peito" - Gonzaguinha "O Preto que satisfaz" - As Frenéticas

"Sabe essas noites que você sai caminhando sozinho
De madrugada com a mão no bolso
(Na rua)
E você fica pensando naquela menina
Você fica torcendo e querendo que ela
tivesse
(Na sua)
Aí finalmente você encontra o broto
Que felicidade(que felicidade)
Você convida ela pra sentar(muito obrigada)
Garçom uma cerveja(Só tem chope)
Desce dois desce mais
Amor, pede mais uma porção de batata frita
OK você venceu batata frita
Ai blá blá blá blá blá blá blá
Ti ti ti ti ti ti ti ti ti ti - Blitz - "Você não soube me amar" - Evandro Mesquita,Ricardo Barreto, Zeca Mendigo e Guto

"Você sabe o que é caviar?
Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar
Mas você sabe o que é caviar?
Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar
Caviar é comida de rico curioso fico,
só sei que se come na mesa
de poucos fartura adoidado
Mas se olha pro lado depara com a fome
Sou mais ovo frito, farofa e torresmo
Pois na minha casa é o que mais se consome
Por isso, se alguém vier me perguntar
O que é caviar, só conheço de nome
E dessa iguaria até posso provar" - Zeca Pagodinho - Caviar

"Adoro, sei lá por que,
Esse olhar
Meio escudo
Que em vez de qualquer álcool forte pede água Perrier
Adoro, sei lá por que,
Esse olhar
Meio escudo
Que não quer o meu álcool forte e sim água Perrier" - Adriana Calcanhoto - Água Perrier

"Já passou seus blusões
Já pregou seus botões
Preparou pimentões recheados
pra jantar
Toda se enfeitou
Se lavou, perfumou
Mas só não confirmou
Se você vai regressar" - Leci Brandão - "Pimentões Recheados"

"Domingo, lá na casa do Vavá
Teve um tremendo pagode
Que você não pode imaginar
Provei do famoso feijão da Vicentina
Só quem é da Portela é que sabe
Que a coisa é divina
Tinha gente de todo lugar
No pagode do Vavá." - Paulinho da Viola - "No Pagode do Vavá"

"Ó nêga pode preparar o jiló
Ó nêga pode preparar o jiló
(Mais pimenta)
Já engoli sapo, já tomei catrapo, ninguém teve dó
Aprendi que nesse mundo não se dá ponto sem nó
Sou vagabundo sofrido quase reduzido a pó
Por isso ó nêga
Ó nêga pode preparar o jiló
Ó nêga pode preparar o jiló
(Mais com pimenta)." - Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho - "Jiló com Pimenta"

"Forrando a mesa com jornal
na TV preto e branco num canto
O Brasil fez um gol e ninguém viu
Enrolaram na antena
Um pedaço de Bombril
Encostei um cigarro aceso
Derrubei o petisco no nhão
E pedi pra neguinha
Fritar mais camarão
Pode fritar
Que a turma do samba
já tá pra chegar
E eu também tô querendo camarão
Frita logo um montão." - Flávio Silva e Adilson Ribeiro - "Bar da Neguinha" - Beth Carvalho

"Um dia, o Sérgio Cabral falou que
O Dino do violão era goiabada-cascão
em caixa, a coisa assim muito rara
Então, pra nós agora, tudo que é coisa
rara, difícil de achar e boa virou
goiabada-cascão." - Wilson Moreira e Nei Lopes - "Goiabada Cascão"

"Será que ela tá na cozinha
Guizando a galinha à cabidela?
Será que esqueceu da galinha
E ficou batucando na panela?
Será que no meio da mata
Na moita, morena ainda chocalha?
Será que ela não ficou afoita
Pra dançar na chama da batalha?
Morena de Angola que leva
O chocalho amarrado na canela
Passando pelo regimento ela faz
requebrar a sentinela
Morena de Angola que leva o chocalho
amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho
é que mexe com ela." - Chico Buarque "Morena de Angola" - Clara Nunes

sábado, maio 07, 2005

Nos Salões da Infância

Hoje, resolvi abrir o salão de brincadeiras.Aqui,há diversos espaços, divisões e sub-divisões para vários produtos. Este pedaço fica bem no canto de minha memória.Vesti a fantasia que aparece em momentos surpreendentes.O velho sorriso colorido de volta...Limpando um pouco a poeira que ficou impregnada por um tempo.
Minha primeira tarefa. Apanhar um balde, vassoura e detergentes para lustrar o melhor de uma fase, que eu ainda curto.Quem gosta de ler como eu .Sou um leitor. Leio tudo, até bula de remédio,mesmo que seja preciso, me socorrer de uma lente de aumento, para fazer a leitura daquelas miúdas letrinhas.
Resolvi, ligar as luzes do salão e começar a contar as coisas que o povo diz.Fiquei muito empolgado, muito mais ainda, por ter um neto...isto é, um passo na direção das coisas do passado, uma olhadela pelo retrovisor.Apenas,para resgatar por este registro, o que ainda é mantido no inconciente de uma parte, de um segmento da população de determinadas regiões do país.Abrir este espaço. é colorir um momento. È dar as mãos à infância, é ir ao encontro do sorriso do neto.Abri o velho caderno espiralado, amarelecido,com capa de plástico transparente, mas que consigo ler e transcrever para vocês.Faz parte do universo popular, amarrado em brincadeiras e advinhas.Muitas delas deletadas, consideradas ultrapassadas, face aos avanços da tecnologia, do cinema e de muitas outras coisas que estão a disposição do consumidor jovem, atual e antenado com o futuro. Passado, este tempo, aqui, se faz presente.

1) Um trem elétrico faz determinado percurso em 90 minutos.Outro faz o mesmo percurso em uma hora e meia. Qual deles faz o percurso mais rapidamente?

2) Um trem elétrico sobe a serra de Petrópolis a 140 km por hora. Um outro desce à mesma velocidde. Para que lado vai a fumaça?

3) Uma cabra está amarrada com uma corda de 2 metros e a árvore está distante 3 metros do rio. Como faz para beber água?

4) Você sabe quando é que de 19, tirando 1, fica 20?

5) Qual é a metade de 33?

6) Qual a fruta que só a primeira letra vale 50?

7) Qual é o múmero que não fica em pé?

8) A gente ajunta 1 abacaxi, 2 maçãs, 3 laranjas e 4 bananas. O que que a gente tem?

9) Uma pessoa que nasceu em Minas, viveu em São Paulo e morreu no Amazonas, o que ela é?

10) Um pato botou um ovo na beira do lago. Aonde foi parar o ovo?

Respostas:
1) Trem elétrico não tem fumaça.

2) Fazem em igual tempo.

3) A cabra bebe a água normalmente, pois não está presa à arvore.

4) Quando em algarismo romano XIX

5) 3, porque dividindo 33 ao meio dá 3.

6) Laranja

7) Sessenta

8) Uma salada

9) Defunto

10)Foi parar em lugar nenhum. Pato não bota ovo.

quarta-feira, maio 04, 2005

Escritos no Varal

Monet Posted by Hello


Recolhendo o que foi deixado pregado no varal do quintal da Quitanda.Esta área, está tombada, é uma parte do patrimônio deste espaço, destinado aos papéis avulsos,rascunhos,rabiscos, cartazetes, depois de expostos, são guardados em um baú.Sempre encontro coisas interessantes...alguns dos escritos estavam grafados em latim.Lembrei de um personagem criado por Leandro Konder, chamada Bartoloméia,havia também o personagem Alberto, o velho sapateiro anarquista. Escreveu para o jornal, não lembro bem, se o JB ou no O Globo. Conheci o "companheiro" Leandro Konder, na livraria Francisco Alves, na rua Farme de Amoedo em Ipanema, trabalhei ali, por um período de dois anos. Leandro é pessoa muito gentil e simpática.Não é uma pessoa arrogante. Uma doce figura, assim, como a sua mãe, que também freqüentava a livraria, comprava livros para os netos.Leandro Konder um homem culto, filósofo conceituado - pensador marxista - tradutor - foi quem introduziu Lukács no Brasil- escritor de diversas obras.Falar sobre este grande intelectual mesmo como de passagem para esta apresentação, é importante ressaltar aqui,um outro parceiro de Leandro, o intelectual, também professor e autor Carlos Nelson Coutinho com imensa bagagem intelectual e militância. Encontrei Leandro mais tarde, quando fui para as Edições Graal, que era de propriedade do deputado cassado Max da Costa Santos, depois de sua morte, assume o seu filho, mas não fica por muito tempo, estava mais interessado em asa delta - porém, antes de vender para o empresário Fernando Gasparian, proprietário do jornal Opinião, da editora Paz e Terra e de fazendas, casado com a irmã de Dilson Funaro, a senhora Dalva Gasparian. Neste intervalo, aparecem duas pessoas que estiveram na editora, ficaram um período por lá, um foi o lendário livreiro Aluizio Leite o outro, o autor Gustavo Barbosa, editado inicialmente pela Codecri(editora do jornal O Pasquim), o famoso Dicionario de Comnunicação em co-autoria com Carlos Alberto Rabaça e mais tarde Grafitos no Banheiro, pela Brasiliense.
Agora exponho para vocês, um pouco das coisas que o povo diz ou canta, Como aqui, é uma Quitanda, há de tudo, mistura-se alhos e bugalhos...lembra a Casa da Mãe Joana
*"Alea jacta est" - A sorte está lançada
*"Ave Maria!" - Salve, Maria!
*"Veni, vidi, vici" - Vim, vi, venci
*"Dulcia non mernit, qui non gustavit amara" - Não merece o doce quem não experimenta o amargo
*"Dum tacent, clamant" - O seu silêncio fala alto
*"In vino, véritas" - No vinho a verdade
*"Vox populi, vox Dei" - Voz do povo, voz de Deus
*"Dum spiro, spero" - Enquanto respiro, espero
*Dura lex, sed lex" - A lei(é)dura, mas (é)lei
*"Ne sutor ultra crepidam" - Que o sapateiro não passe além do sapato
*"A posteriori" - De trás para diante
*"A priori" - De frente para trás
*"Quid pro quo" - Uma coisa pela outra - confusão
*"Quo vadis?" - Aonde vais?
*"Persona non grata" - Pessoa não grata
*"Loco citato" - No mesmo lugar - No mesmo livro
*"In albis" - Em branco
*"A.D" - abreviatura de Anno Domini
*"Lupo agnum eripere" - Tirar da boca do lobo
*"Ipsis litteris" - Com as mesmas letras. - nos mesmos termos
Observação, foram consultados, os seguintes livros;Não perca o seu Latim, Paulo Rónai, Editora Nova Fronteira, RJ, 1980 - a segunda, uma raridade "Phrases e Curiosidades Latinas", de Arthur Vieira de Rezende e Silva,editado por Baptista de Souza, 1918
Na outra ponta do varal encontrei:
"Quem acha vive se perdendo" - Noel Rosa
"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é/ é ruim da cabeça ou doente do pé" - Dorival Caymmi
"Tire o seu sorriso do caminho/ que eu quero passar com a minha dor" - Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho
"Queixo-me às rosas/mas que bobagem,as rosas não falam/ simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti" - Cartola
"Agora vou mudar a minha conduta/ eu vou à luta/ pois eu quero me aprumar/ vou tratar você com força dupla/ pra poder me reabilitar/pois esta vida não é sopa/ e eu pergunto: com que roupa/ com que roupa eu vou/ao samba que você me convidou" - Noel Rosa
"Hoje eu quero a paz de criança dormindo/quero abandono de flores se abrindo/ para enfeitar a noite do meu bem/ quero a alegria de um barco voltando/quero ternura de mãos se encontrando/ para enfeitar a noite do meu bem" - Dolores Duran
"O Rio de Janeiro continua lindo/ O Rio de Janeiro continua sendo/ O Rio de Janeiro, fevereiro e março" - Gilberto Gil
"Podem me prender/Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer,
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio, não!" - Zé Kétti
"Tá legal
Eu aceito o argumento/Mas não me altere o samba tanto assim/
Olha que a rapaziada/Está sentindo a falta/ De um cavaco/
De um pandeiro ou de um tamborim" - Paulinho da Viola
"Tem certos dias/ Em que eu penso em minha gente/
E sinto assim/ Todo o meu peito se apertar/
Porque parece/ Que acontece de repente/
Feito um desejo de eu viver/ Sem me notar" - Garoto - Vinicius de Morais e Chico Buarque
"Um homem também chora, menina morena
Também deseja colo, palavras amenas
Precisa de carinho, precisa de ternura
Precisa de um abraço da própria candura" - Gonzaguinha

"Viver a poesia é muito mais importante e difícil do que escrevê-la" - Murilo Mendes
"A poesia se afastou dos livros, agora está nos jornais" - Carlos Drummond de Andrade
"Um país se faz com homens e livros" - Monteiro Lobato
"Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê" - Cartaz pregado na parede lateral da Livraria Civilização Brasileira, na rua Sete de Setembro, no centro do Rio de Janeiro.

terça-feira, maio 03, 2005

Sérgio Porto - O Genial Stanislaw Ponte Preta

Stanislaw Ponte Preta Posted by Hello


Final dos anos 60, em setembro de 1968, morria um dos nossos maiores cronistas, de infarto.Como ainda faz falta com seu aguçado senso de humor. Seu nome, Sérgio Marcos Rangel Porto, conhecido nacionalmente, como Stanislaw Ponte Preta. Sérgio Porto,era carioca de Copacabana, nasceu em 11 de janeiro de 1923. Exerceu várias atividades:jornalista, humorista, homem de televisão, teatrólogo e compositor. Era um dos seus fãs, comprava seus livros e lia sua coluna, no segundo caderno, na última página do jornal Ultima Hora(1951/1991), de Samuel Wainer(1912/1980)(Samuel foi casado com a irmã de Nara Leão, a escritora Danusa Leão, teve três filhos, Samuel Wainer Filho - Samuca(jornalista morto no ano de 1984 em acidente aéreo,foi também um dos idealizadores da FM Fluminense = A Maldita, com Luiz Antonio Melo, Monika Venerabile e outros locutores;Deborah Leão Wainer - Pink(artista plástica)quando eu estava na Editora Paz e Terra, andou fazendo capas para alguns livros)e Bruno.O jornal fechou afundado em crise.Lembro do título escrito em azul e que comprava para acompanhar as consideradas Certinhas do Lalau.Eleitas sob o rigoroso voto democrático e um olhar aguçado de Stanislaw.Lembro, quando garoto, atravessava cancela - a linha do trem - morava no bairro de São Cristóvão e fazia este trajeto para ir ao Instituto de Educação,colégio onde estudei, situado na rua Mariz e Barros, no Engenho Velho, antiga denominação de uma parte da Tijuca, próximo à Praça da Bandeira.Passava de segunda à sexta, com minha mãe e irmã, andando pela rua Sotero dos Reis. Ali, ficava o prédio da Última Hora,ficava do lado direito de quem se deslocava para Praça da Bandeira vítima dos atentados em sua sede, feitos durante a sua existência.No inicio dos anos 60 mudamos para em frente ao América Futebol Clube, na rua Campos Sales. Hoje,aquela velha rua, conhecida de minha infância, transformou-se mais tarde ou parte desta área, abriga o baixo meretrício, conhecido como Mangue.
Se pensarmos nesta década os modelos de mulheres e olharmos para hoje, com as turbinadas, siliconadas, faz uma diferença.Naqueles anos, a eleição feita por Stanislaw em sua coluna, despontava algumas destas mulheres:Íris Bruzzi, Miriam Pérsia, Maria Pompeu, Virginia Lane, Carmem Verônica, Ilka Soares, Diana Morell, Anilza Leoni, Rose Rondelli,Brigitte Blair, Mara Rúbia, Sonia Mamede, Angelita Martinez, Norma Benguel, Zelia Hoffmman e muitas outras, consideradas como as mais belas de nosso país.
Há um livro que recomendo para quem tiver interesse na biografia deste grande escritor, trata-se de Dupla Exposição: Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta, de Renato Sérgio, editado pela Ediouro.A maioria das obras de Sérgio Porto, foram editados naquele período pela editora do Autor, depois pela Sabiá, um livro pela José Olympio, mais tarde pela editora Civilização Brasileira.
Há algumas frases que recolhi, algumas delas circulam pela internet, omitindo a autoria. Estas frases estão no mural da Quitanda.Como Stanislaw Ponte Preta, era simplesmente genial.

*Antes só do que muito acompanhado.
*Carro é como mulher: só é bom pra quem tem dois.
*Parecia uma onça com sinusite.
*Estava mais duro do que nádega de estátua.
*Conversa de bêbado não tem dono.
*Está dando mais do que cará no brejo.
*Mais feio que mudança de pobre.
*No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixam de acontecer.
*Mais remendado do que paletó de mendigo.
*Quem não tem quiabo não oferece caruru.
*O terceiro sexo já está quase em segundo.
*Pra quem gosta de jiló, coruja é colibri.
*Pode-se dizer a maior besteira, mas se for dita em latim muitos concordarão.
*Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos.
*Homem que desmunheca e mulher que pisa duro não enganam nem no escuro.
*Macrobiótica é um regime alimentar para quem tem 77 anos e quer chegar aos 78.
*Se mosquito fosse malandro mordia antes e zunia depois.
*Quem dá aos pobres e empresta, adeus!
*Mais por fora do que umbigo de vedete.
*Em rio de piranha jacaré nada de costas.
*Era uma empregada tão perfeita que a patroa concordou em cozinhar para ela.
*Mais vale um filé no prato do que um boi no açougue.
*O cachorro abana o rabo quando quer agradar, a mulher, quando quer agrado.
Vou transcrever um trecho incluído em FEBEAPÁ 2, editado pela Sabiá, 1967, página 66.
PADRE NOSSO QUE ESTAIS NA DOPS
Em São Paulo, mais de 40 padres, das mais variadas ordens religiosas, ousaram fazer manifestações de protesto em frente à DOPS, principalmente por causa da maneira boçal com que os agentes da Delegacia de Ordem Politica e Social agiram para efetuar a prisão injusta de alguns beneditinos. Sobre o ocorrido, comentava um matutino do Rio, onde há um redator que faz a cobertura de sutilidades: "O Governador Abreu Sodré declarou que os padres em São Paulo não foram presos, mas conduzidos de automóvel para prestar declarações. O Senhor Gama e Silva, indiferente a eufemismos, deu logo ordem ao Departamento Federal de Segurança Pública, que soltasse os presos"
Deixo com vocês a letra desta música, interpretada pelo Quarteto em Cy, curto muito este quarteto, assim, como MPB4

Quarteto em CY



Samba do crioulo doido
Sérgio Porto



Foi em Diamantina / Onde nasceu JK
Que a princesa Leopoldina / Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva / Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa / A se casar com Tiradentes
Lá iá lá iá lá ia / O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá / O bode que deu vou te contar
Joaquim José / Que também é
Da Silva Xavier / Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas / Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta / O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro / E acabou com a falseta
Da união deles dois / Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão/ E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história/ Que é dos dois a maior glória
Da.Leopoldina virou trem / E D.Pedro é uma estação também
O, ô , ô, ô, ô, ô / O trem tá atrasado ou já passou
O, ô , ô, ô, ô, ô / O trem tá atrasado ou já passou

segunda-feira, maio 02, 2005

Carcará Pega, Mata e Come

Hoje acordei cantarolando Carcará Pega, Mata e Come/ Carcará, num vai morrer de fome/ Carcará, mais coragem do que homem/ Carcará Pega, Mata e Come...Interpretação imortalizada na voz de Maria Bethânia.Ao mesmo tempo em que cantarolava,naquele momento, lembrei de três artistas de imediato: Nara Leão, nascida em Vitória, no Espírito Santo(19/01/1942 – 07/06/1989), o compositor maranhense João do Vale( João Batista do Vale, nascido em Pedreira, no dia 11 de outubro de 1934 e falece em 06 de dezembro de 1996), Zé Kéti(José Flores de Jesus, nasceu no Rio de Janeiro, 06/10/1921 – 14/11/1999), compositor de Máscara Negra, Diz Que Fui Por Aí, A Voz do Morro, Opinião– Nara, também grava várias músicas de Zé Kéti. Nara Leão, minha musa, como tive oportunidade de declarar, também , gravou Carcará. Naquela época, ainda se produzia disco em vinil. os famosos Lps, o ano de 1965.O lado A do Show Opinião, dentre as várias músicas, estava Carcará e do lado B, o trecho da Marcha da Quarta-feira de Cinzas(Carlos Lyra e Vinicius de Morais). Disco básico na discografia brasileira, um lançamento da gravadora Phillips.Nara, mesmo tendo sido a estrela do show, mas por motivo de doença, se afasta e Bethânia, é convidada.O show era no Teatro Opinião.A direção foi de Augusto Boal.Ali aparecia a voz do morro, do sertão e da classe média da zona sul. O Teatro ficava localizado em um shopping center da Rua Siqueira Campos, 143 no bairro de Copacabana. Uma fase que ficou para a história, de grande efervescência cultural e de resistência. Movimentos de protestos, surgimento de novos valores, a convivência com a ditadura militar que assume o país após, o golpe de 1964. No cenário a presença de movimentos populares, da UNE, CPC, Bossa Nova, Jovem Guarda, Ligas Camponesas, Centrais Sindicais e naturalmente os grupos de direita.


Carcará
(João do Vale e José Cândido)
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que homem
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Mas quando chega o tempo da invernada
No sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa no bico inté matá
Carcará
Pega, mata e come!